LIBERTAS QUÆ SERA TAMEN
(Liberdade, Ainda Que Tardia)

 

 

Custe o que custar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Peide quem peidar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Chore quem chorar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Reclame quem reclamar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Conspire quem conspirar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Ameace quem ameaçar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Jacarezeie quem jacarezar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Amanuense quem amanuensar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Minute quem minutar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Arrebanhe quem arrebanhar, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Doa a quem doer, Liberdade!
Sempre Liberdade!
A qualquer preço, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Independentemente dos percalços, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Independentemente das dificuldades, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Independentemente do esforço necessário, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Independentemente de qualquer sofrimento, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Independentemente das perdas e ganhos, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Categoricamente: Liberdade!
Sempre Liberdade!
Irreversivelmente: Liberdade!
Sempre Liberdade!
Custe caro ou barato, Liberdade!
Sempre Liberdade!
Libertas est Primum Categoria!
Libertas est Mater Omnium Categoriæ!

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

— Eu estava em casa. Sozinho. Isolado.
Então, o desespero pintou.
Saí. Fui passear num 'shopping'.
O desespero aumentou.
Resolvi voltar para casa.
O desespero piorou.
Em silêncio, mergulhei no Silêncio.
O desespero se mandou.

 

 

 

 

— Eu queria ser livre e independente, porém,
acreditava piamente em céu, em inferno e no jacaré do Bolsonaro.
Eu queria ser livre e independente, porém,
acreditava piamente na H2O consagrada do R. R. Soares e a bebia.
Eu queria ser livre e independente, porém,
acreditava piamente nos feijões mágicos do Valdemiro Santiago e os comia.
Eu queria ser livre e independente, porém,
acreditava piamente em glossolalias de araque.
Eu queria ser livre e independente, porém,
acreditava piamente em promessas e em milagres.
Eu queria ser livre e independente, porém,
acreditava piamente na força miraculosa dos dízimos e dos trízimos.
Só quando me libertei dessas miragens e dessas ilusões
foi que, realmente, me tornei um ser humano livre.

 

 

 

 

— Eu achava que deus queria,
então, eu fazia.
Eu achava que deus não queria,
então, eu não fazia.
Um dia, me dei conta de que deus
não quer nem deixa de querer absolutamente nada.
Então, Compreendi que, 'in potentia', ' Deus sum, tu es Deus, ipse est Deus'.
Quando transmutarmos 'in potentia' 'in atu',
nós nos tornaremos CONSCIUS DEOS.

 

 

 

 

— Quando eu era criança,
queria que a minha mãe
fizesse o dever de casa por mim.
Quando eu me tornei adulto,
queria que os outros
fizessem tudo para mim.
Quando eu fiquei velhinho,
eu não sabia fazer nada.
Aí, já era tarde para aprender!

 

 

 

— Vacina que faz virar jacaré!
E, apalermado, eu acreditei!
Vacina que faz pegar AIDS!
E, aparvalhado, eu acreditei!
Vacina que não serve para nada!
E, apatetado, eu acreditei!
Fiz uso da razão; estabeleci relações.
Então, dessa bosta toda me livrei!

 

 

 

 

— Disseram que eu era burro.
Fiquei muito triste e chorei.
Disseram que eu era inocente útil.
Não entendi, mas, me conformei.
Disseram que eu tinha que ser bucha de canhão.
Aí também já foi demais. Não topei.

 

 

 

 

— Busquei a liberdade do lado de fora,
entretanto, não a encontrei.
Também busquei a felicidade do lado de fora,
e, igualmente, não a encontrei.
Então, resolvi buscar dentro, no meu Coração.
Aí, sim, encontrei as duas, juntinhas,
de mãos dadas. Namorando!
Nunca mais busquei nada do lado de fora.
Tudo o que se faz debaixo do Sol [do lado de fora]
é ilusão, vaidade e vento que passa. (Eclesiastes I: 14.)