Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Loja de Maridos

 

Foi inaugurada, há mais ou menos uns três meses, em New York City, a The Husband Store! Oba! A The Husband Store é uma novíssima e incrível loja de departamentos na qual moças casadoiras podem escolher um marido que lhes agrade. E pagar pela compra, claro! Ou será que alguém acha que marido é assim de grátis?

Na entrada, um homem lindíssimo e muito educado (mas que não está à venda) informa às pressurosas clientes como a loja funciona.

Só se pode visitar a loja uma vez. Uma vida, uma visita.

Há seis andares à disposição das interessadas e os atributos dos maridos que estão à venda vão melhorando à medida que a potencial compradora vai subindo os andares. É preciso ter paciência! E fôlego!

Há, contudo, uma pequena restrição: pode-se comprar qualquer marido e a escolha é livre em um determinado andar, ou subir mais andares, mas não se pode descer, a não ser para sair da The Husband Store diretamente para o olho da rua. E as moças devem estar atentas, pois já foram avisadas pelo homem lindíssimo e muito educado que só podem visitar a The Husband Store uma única vez na vida. Não há repeteco! Caso não comprem seus maridos, se quiserem casar terão que conquistá-los com seus próprios encantos. Vão ter que suar la chemise igualzinho ao quadrado mágico do Parreira.

Por último, os maridos não podem ser vendidos à prazo; o preço ajustado deverá ser pago imediatamente. É à vista, e não adianta pechinchar. Afinal, The Husband Store é uma loja de departamentos de New York City, e não o Baú da Felicidade do Silvio Santos, em que o sujeito depois que começa a comprar não pára mais. Morre pagando porque não consegue parar de comprar. É mais ou menos como comer amendoim: comeu um, tem que comer 479... zilhões. E depois que a criatura acaba de comer, fica ruminando por mais ou menos uma hora e meia. Não se acaba nunca de comer amendoim! Há sempre um pedacinho que aparece de repente entre os dentes.

Tudo isto muito bem esclarecido, uma mocinha serelepe de uns 157 anos – que nunca havia ouvido falar do Baú do Sen(h)or Abravanel e muito menos do velho Abrava – decidiu visitar os diversos andares da loja para escolher um marido. Afinal ela já estava ficando meio passadinha! Respirou fundo e começou o périplo.

No primeiro andar ela viu um cartaz em que estava escrito:

Andar 1 - Aqui todos os homens têm bons empregos.

No segundo andar um outro cartaz informava:

Andar 2 - Neste andar os homens têm ótimos empregos e adoram crianças.

No terceiro andar o aviso incentivava:

Andar 3 - Aqui os homens têm excelentes empregos, adoram crianças e são todos bonitões.

Uau! — exclamou a moçoila. Mas foi tentada a subir mais um andar.

No andar seguinte o cartaz anunciava:

Andar 4 - Aqui os homens têm maravilhosos empregos, adoram crianças, são lindíssimos e gostam de ajudar nos trabalhos domésticos.

Ai! Meu Deus! Esse é homem da minha vida. — pensou a raparigota. Mas, continuou subindo.

No andar seguinte...

Andar 5 - Este é um andar especial. Aqui estão disponíveis homens que têm excepcionais empregos, adoram crianças, são maravilhosamente lindos, amam de paixão ajudar nos trabalhos domésticos e, ainda por cima, são extremamente românticos e inusualmente carinhosos. É pegar ou largar!

Apesar dos seus 157 anos, a mocinha serelepe vacilou e resolveu subir até o sexto e último andar. Quem sabe no sexto andar encontraria um que, além das qualidades anteriores, também fizesse cafuné! Lá encontrou o seguinte comunicado:

Andar 6 - Você é a visitante número 931.456.012 que veio a este andar. Não existem homens à venda aqui. Este andar existe apenas para provar que a maioria dos seres humanos são impossíveis de ser contentados. Obrigado por ter visitado The Husband Store. Volte em sua próxima encarnação.

 

 

 

 

 

 

uero mais... Quero mais... Quero mais...

Por que me contentar com tão pouco?

Um bocadinho mais... Só um tantinho mais!

Dane-se! Eu sou mesmo meio louco!

 

uero... Quero mais... Quero muito mais...

A vida é tão curta... Eu sou tão jovem...

Um tico mais... Só um pedacinho mais!

Dane-se! Quero mais! Aprovem ou reprovem!

 

á quem viva continuamente insatisfeito

e em tudo apontando uma falta ou um defeito.

Mas, na vida, nem tudo pode ser atendível!

 

uerer mais liberdade e conhecimento,

trabalhar para prover seu próprio sustento,

é desejável, inteiramente lícito e aplausível.

 

 

 

 

Música de fundo:

Theme From New York, New York (Fred Ebb & John Kander)

Fonte:

http://www.scaryhalloweensounds.com/sounds/midis/MP/MP.html

Websites consultados:

http://www.imagecomics.com/blog.php

http://www.greatdreams.com/et.htm

http://redhog.org/Projects/Art/Pictures/Pen%20sketches/