Fragmentos do Livro de Urântia
(Parte VI)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

A religião não é a única a ser dogmática; a filosofia natural tende igualmente a dogmatizar. Um renomado educador religioso chegou à conclusão de que o número sete era fundamental à natureza porque há sete aberturas na cabeça humana; mas se ele tivesse sabido mais sobre a química, ele poderia ter advogado tal crença fundamentado em um fenômeno verdadeiro do mundo físico. Em todos os universos físicos do tempo e do espaço, apesar da manifestação universal da constituição decimal da energia, há uma reminiscência, sempre presente, da realidade da organização eletrônica sétupla da pré-matéria. O número sete é básico para o universo central e para o sistema espiritual de transmissões inerentes do caráter; mas o número dez, o sistema decimal, é inerente à energia, à matéria e à criação material. O mundo atômico, contudo, apresenta uma certa caracterização periódica que é recorrente em grupos de sete – uma marca de nascença que esse mundo material carrega e que indica a sua longínqua origem espiritual. Esta persistência sétupla da constituição criativa é exibida nos domínios químicos como uma recorrência de propriedades químicas e físicas semelhantes, em grupos separados e periódicos de sete, quando os elementos básicos são arranjados segundo a ordem seqüencial das suas massas atômicas. Quando os elementos químicos de Urântia são, assim, ordenados em uma fila qualquer, uma certa qualidade ou propriedade tem a tendência de se repetir a cada sete elementos. Esta mudança periódica a cada sete ocorre decrescentemente e com variações em toda a tabela periódica, sendo mais intensamente observável nos primeiros grupos ou de massas atômicas mais baixas. A começar por qualquer elemento, após se notar uma propriedade, esta qualidade irá mudar por seis elementos consecutivos, mas ao alcançar o oitavo, ela tende a reaparecer, isto é, o oitavo elemento, quimicamente ativo, assemelha-se ao primeiro, o nono ao segundo, e assim por diante. Este fato, do mundo físico, aponta inequivocamente a constituição sétupla da energia ancestral e indica a realidade fundamental da diversidade sétupla das criações do tempo e do espaço. O homem deveria também notar que há sete cores no espectro natural.

 

 

 

 

A Mente Cósmica é setuplamente diversificada no tempo e no espaço, e congloba todos os níveis da mente finita coordenando-se experiencialmente com os níveis da deidade evolucionária da Mente Suprema, e transcendentalmente com o nível existencial da mente absoluta – os circuitos diretos do Agente Conjunto.

 

Na avaliação e no reconhecimento da Mente, deveria ser lembrado que o universo não é nem meramente mecânico nem absurdamente mágico; ele é um mecanismo com e regido por Leis. Na aplicação prática, contudo, se as Leis da Natureza operam naquilo que parecem ser os reinos duais do físico e do espiritual, na realidade, eles são apenas um.

 

 

 

 

As mentes do espaço-tempo, organizadas a partir das energias do tempo e do espaço, ficam sujeitas aos mecanismos do tempo e do espaço.

 

 

 

 

No Universo dos universos, o movimento e a gravitação no universo são facetas gêmeas do mecanismo impessoal do espaço-tempo. Os níveis de sensibilidade à gravidade, para o espírito, a mente e a matéria, são totalmente independentes do tempo, mas apenas os níveis verdadeiros da atualidade do espírito são não-espaciais (independentes do espaço). Os níveis mais elevados da mente do universo – os níveis da Mente Espiritual – podem também ser não espaciais, mas os níveis da mente material, tais como a mente humana, são sensíveis às interações da gravitação do universo, apenas perdendo esta sensibilidade à proporção que se identificam com o espírito. Os níveis da realidade do espírito são reconhecidos pelo seu conteúdo de espírito; e a espiritualidade no tempo e no espaço é medida na proporção inversa da sensibilidade à gravidade linear. A sensibilidade à gravidade linear é uma medida quantitativa da energia não espiritual. Toda a massa – ou energia organizada – está sujeita a essa atração, a menos que o movimento e a mente atuem sobre ela. A gravidade linear é a força de coesão, de curto alcance, do macrocosmo, do mesmo modo que as forças da coesão interna do átomo são as forças de curto alcance do microcosmo. A energia física materializada, organizada naquilo que se chama de matéria, não pode atravessar o espaço sem ter a sua sensibilidade à gravidade linear alterada. Se bem que esta sensibilidade à gravidade seja diretamente proporcional à massa, ela é modificada pelo espaço intermediário, de um modo tal que o resultado final, quando expresso pelo inverso do quadrado da distância,1 nada mais é do que grosseiramente aproximado. O espaço, finalmente, predomina sobre a gravitação linear por causa da presença, nele, das influências antigravitacionais de numerosas forças supramateriais que operam para neutralizar a ação da gravidade e todas as respostas a ela.

 

 

 

 

Os mecanismos cósmicos extremamente complexos – e que aparentam surgir de um modo altamente automático tendem sempre a esconder a presença da mente intrínseca que os originou, para toda e qualquer inteligência, no universo, que esteja em um nível muito abaixo daquele da natureza e da capacidade do mecanismo em si mesmo. E, por isto, torna-se inevitável que os mecanismos mais elevados do universo pareçam, para as ordens mais baixas de criaturas, não ter mente. A única exceção possível desta conclusão seria a de atribuir uma mente ao incrível fenômeno de um universo que aparentemente se automantém. Mas esta é uma questão para a Filosofia, mais do que de experiência real. Enfim, como a Mente coordena o universo, a rigidez dos mecanismos não existe. O fenômeno da evolução progressiva, associado à automanutenção cósmica, é universal. A capacidade de evolução do universo é inexaurível para infinitude da espontaneidade. O progresso, no sentido da unidade harmoniosa, a síntese experiencial crescente superposta a uma complexidade sempre crescente de relações, só poderia ser alcançado por uma mente que tenha propósito e que seja dominante.

 

 

 

 

A mente é sempre criativa e tende para: 1. criação de mecanismos materiais; 2. descoberta de mistérios ocultos; 3. exploração de situações remotas; 4. formulação de sistemas mentais; 5. alcance dos objetivos da Sabedoria; 6. realização de níveis do espírito; e 7. cumprimento dos destinos divinos – supremos, últimos e absolutos... O espírito é o arquiteto; a mente é o construtor; o corpo é a edificação material... As energias físicas, espirituais e mentais, como tais e nos seus estados puros, não interagem integralmente como factualizações no universo dos fenômenos. No Paraíso, as três energias estão coordenadas; em Havona têm de ser e são coordenadas. Ao passo que, nos níveis de atividades finitas do universo, todas as gamas de predominâncias devem ser encontradas: a material, a mental e a espiritual. Em situações não pessoais do tempo e do espaço, a energia física parece predominar; mas também parece que quanto mais a função da mente-espírito se aproxima da (compreensão da) Divindade, em propósito, e da supremacia, em ação, tanto mais nitidamente a fase do espírito se torna predominante. Parece também que, no nível último, o espírito-mente pode se tornar quase completamente dominante. No nível absoluto, o espírito certamente é predominante. E daí em diante, no reino do tempo e do espaço, sempre que uma realidade do espírito divino esteja presente, sempre que uma mente-espírito real estiver funcionando, sempre haverá uma tendência a produzir uma contraparte material ou física daquela realidade do espírito.

 

O espírito é a realidade criativa; a contraparte física é o reflexo, no tempo-espaço, da realidade do espírito – a repercussão física da ação criativa da mente-espírito. A Mente domina universalmente a matéria, exatamente como esta, por sua vez, é sensível e responde ao controle último do espírito. E, no homem mortal, apenas aquela mente que livremente se submete ao direcionamento do espírito pode almejar sobreviver à existência mortal do espaço-tempo...

 

 

 

 

Em geral, referimo-nos a Urântia como sendo o 606 de Satânia, em Norlatiadeque de Nébadon, significando o seiscentésimo sexto mundo habitado do sistema local de Satânia, situado na constelação de Norlatiadeque, uma das cem constelações do universo local de Nébadon. As constelações são a primeira divisão de um universo local; os seus governantes fazem a ligação dos sistemas locais de mundos habitados com a administração central do universo local em Sálvington, e, por refletividade, com a superadministração dos Anciães dos Dias em Uversa. O governo da vossa constelação está situado em um agrupamento de 771 esferas arquitetônicas, das quais Edêntia é a mais central e a maior de todas, sendo a sede da administração dos Pais da Constelação, os Altíssimos de Norlatiadeque. A própria Edêntia é aproximadamente cem vezes maior do que o vosso mundo. As setenta maiores esferas que rodeiam Edêntia têm cerca de dez vezes o tamanho de Urântia, enquanto os dez satélites girando ao redor de cada um desses setenta mundos são aproximadamente do tamanho de Urântia. Essas 771 esferas arquitetônicas são equiparáveis em tamanho às de outras constelações.

 

Em Edêntia, há milhares e milhares de criaturas vivas, que a vossa imaginação certamente não poderia conceber. Toda a criação animal é de uma ordem inteiramente diferente das espécies animais grosseiras dos planetas evolucionários. Contudo, toda essa vida animal é bastante inteligente e deliciosamente prestativa, e todas as várias espécies são surpreendentemente gentis e de um companheirismo tocante. Não há criaturas carnívoras2 nesses mundos arquitetônicos; nada há, em toda a Edêntia, que faça qualquer ser vivo ter medo.

 

O tempo passado nos setenta mundos educacionais de cultura moroncial de transição, somado ao tempo de ascensão mortal, em Edêntia, forma o período mais estabilizado na carreira de um mortal ascendente, até o 'status' de finalitor. Esta é, pois, realmente a vida moroncial típica. Do mesmo modo que passareis por uma ressintonização todas as vezes que tiverdes de passar de um mundo cultural até outro, vós ireis manter o mesmo corpo moroncial; e não há períodos de inconsciência da personalidade.

 

Nos mundos das mansões, vós ireis completar a unificação da personalidade mortal em evolução; na capital do sistema, vós tereis alcançado a cidadania de Jerusém (sede central do sistema local de Satânia) e tereis atingido a boa vontade de submeter o ego às disciplinas das atividades em grupo e empreendimentos coordenados; mas agora, nos mundos de educação da constelação, vós ireis alcançar a socialização real da vossa personalidade moroncial em evolução. Esta superna aquisição cultural consiste em aprender: 1º) como viver com felicidade e trabalhar eficazmente com dez companheiros moronciais diversos, dez desses grupos estando agrupados em uma companhia de cem indivíduos e, depois, federados em corpos de mil; 2º) como coabitar alegremente e cooperar sinceramente com dez univitátias, os quais, ainda que sejam semelhantes intelectualmente aos seres moronciais, são muito diferentes em todos os outros sentidos. E, então, vós deveis funcionar com esse grupo de dez, enquanto ele se coordena com outras dez famílias, que, por sua vez, são confederadas em um corpo de mil univitátias; 3º) como conseguir se ajustar simultaneamente tanto aos companheiros moronciais quanto a esses univitátias anfitriões. Adquirir a capacidade de cooperar voluntária e eficazmente com a vossa própria ordem de seres, em associação íntima de trabalho com um grupo de criaturas inteligentes e de algum modo dessemelhantes; 4º) como, funcionando assim socialmente, junto com seres semelhantes e não-semelhantes a vós próprios, conseguir entrar em harmonia intelectual com eles e efetuar os ajustes vocacionais com ambos os grupos de colaboradores; 5º) como, ao mesmo tempo, conseguir uma socialização satisfatória da personalidade, no nível intelectual e no nível vocacional; como aperfeiçoar mais ainda a capacidade de viver em contato íntimo com seres semelhantes e ligeiramente diferentes, com irritabilidade gradativamente decrescente e ressentimentos cada vez menores. Os diretores de retrospecção contribuem muito para esta última realização, mediante suas atividades grupais com jogos; 6º) como ajustar todas estas técnicas variadas de socialização, para fazer prosseguir a coordenação progressiva da carreira de ascensão ao Paraíso, ampliando a própria visão do universo, e aumentando a capacidade de compreender os significados das metas eternas intrínsecas a essas atividades, aparentemente insignificantes, do tempo e do espaço; e 7º) e de que forma, então, elevar ao extremo, como em um clímax, todos estes procedimentos de multissocialização, com a concomitância de um engrandecimento do discernimento espiritual, no que lhe são pertinentes as ampliações de todas as fases do dom pessoal, por meio de uma associação grupal-espiritual e de uma coordenação moroncial. Intelectual, social e espiritualmente, duas criaturas morais não duplicam, meramente, os seus potenciais pessoais de realização no universo, pela técnica da associação; elas estão muito mais próximas, sim, de quadruplicar as suas possibilidades de êxito e de realização.

 

 

 

 

E, naquele dia em que estiverdes meritosamente preparados para deixar Edêntia, com o intuito de dar início à peregrinação até Sálvington, vós ireis parar e olhar para trás, e tereis uma das mais belas e mais repousantes percepções de todas as vossas épocas de aprimoramento neste lado de cá do Paraíso. Mas a verdadeira glória perceptiva aumentará tão-somente quando ascenderdes no sentido interno, ou seja, quando conseguirdes alcançar uma capacidade mais concertada da valoração dos significados divinos e dos valores místicos e espirituais.

 

 

Continua...

 

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Notas:

1. A gravitação universal é uma força fundamental de atração que age entre todos os objetos por causa de suas massas, isto é, a quantidade de matéria de que são constituídos. A gravitação mantém o universo unido. Por exemplo: ela mantém juntos os gases quentes no Sol e faz os planetas permanecerem em suas órbitas. A gravidade da Lua causa as marés oceânicas na Terra. Por causa da gravitação, os objetos sobre a Terra são atraídos em sua direção. A atração física que um planeta exerce sobre os objetos próximos é denominada força da gravidade. Na obra Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica, publicada em 1687, cujo tema central era a universalidade da força gravitacional, Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de janeiro de 1643 – Londres, 31 de março de 1727) analisou o movimento dos corpos com e sem atrito sob a ação de forças centrípetas. Os resultados foram aplicados a corpos em órbita, projéteis, pêndulos e corpos em queda livre próximos da Terra. Newton demonstrou ainda que os planetas eram atraídos para o Sol com uma força que variava com o inverso do quadrado da distância, e fez a generalização desta demonstração para todos os corpos celestes atraídos uns pelos outros. Nesta obra, Newton estabeleceu a Lei da Gravitação Universal (que Albert Einstein, 1879 – 1955, entendeu ser uma conseqüência da estrutura geométrica do espaço-tempo), cujo enunciado é: Si Globorum duorum in se mutuò gravitantium materia undique, in regionibus que à centris equalier distant, homogenia sit: erit pondus Globi alterutrius in alterum reciprocè ut quadratum distantia inter centra. Todos os objetos no Universo atraem todos os outros objetos com uma força direcionada ao longo da linha que passa pelos centros dos dois objetos, e que é proporcional ao produto das suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da separação entre os dois objetos. Matematicamente, esta Lei pode ser escrita da seguinte forma:

 

Lei da Gravitação Universal

 

em que F é a força gravitacional entre dois objetos; G é a constante universal da gravitação ou constante newtoniana de gravitação (G = 6,67428(67) x 10-11 m3kg-1s-2) e expressa a atração gravitacional que se produz entre dois objetos de um quilograma cada, separados pela distância de um metro; m1 e m2 são as massas dos dois objetos que estão a exercer atração gravitacional mútua; e r é a distância entre os centros dos dois corpos.

As outras Leis de Newton são:

1ª) Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.

2ª) A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção de linha reta na qual aquela força é imprimida.

3ª) A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade; as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas.

2. Estou convencido de que, pelo menos, 90% dos problemas de saúde dos seres humanos derivam da ingesta de carne, de sangue e de outros produtos de origem animal. Por exemplo, a halitose, certas alergias e a tensão pré-menstrual (TPM) serão amenizadas – e poderão até desaparecer! – se forem abolidos o leite e os seus derivados da dieta diária. Leite de vaca foi feito para bezerro, não para humanos; leite de cabra foi feito para cabrito, não para humanos; leite humano foi feito para humanos, não para animais. Também estou convencido, ainda que a maioria dos profissionais que se dedicam à profilaxia e ao tratamento dos dentes não concorde com isto, de que a cárie dental, entre outros estimuladores, não depende apenas da maior ou menor quantidade de açúcar ingerido; a ingesta sistemática de carne provoca uma mixórdia fermentativa pútrida buco-estomacal que propicia a destruição da estrutura dentária por corrosão progressiva. Resumidamente, a cárie acontece quando os restos dos alimentos que ingerimos são transformados em ácidos prejudiciais aos dentes; e, para o corpo físico e para a personalidade-alma, não há restolho pior do que sangue e carne de animais.

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.idealgratis.com/

http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Pyramid_35_spheres.gif

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Lei_de_Newton

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Constante_gravitacional

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Lei_da_gravita%C3%A7%C3%A3o_universal

http://www.ccvalg.pt/astronomia/
historia/isaac_newton.htm

 

Fundo musical:

Prelude nº 9 (Johann Sebastian Bach)

Fonte:

http://www.karaokenet.com.br/karaoke2/midisclassicos.htm

 

Direitos autorais:

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