Fragmentos do Livro de Urântia
(Parte XXI e Considerações Finais)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Ó, tu que tens pouca fé, por que duvidaste?

 

Nós alimentamos a multidão, mas isto não levou as pessoas a ficarem famintas pelo Pão da Vida nem a terem sede das Águas da Retidão Espiritual.1

 

Meus irmãos, não ansieis pelo alimento que perece, mas buscai o Alimento Espiritual que nutre até à Vida Eterna.

 

Eu não vos ensinei que a minha carne é o Pão da Vida nem que o meu sangue é a Água da Vida. Mas eu disse que a minha vida na carne é uma outorga do Pão do Céu. O fato da Palavra de Deus outorgada à carne e o fenômeno do Filho do Homem submetido à vontade de Deus constituem uma realidade da experiência que é equivalente ao sustento divino. Vós não podeis comer a minha carne nem podeis beber do meu sangue, mas podeis tornar-vos um em espírito comigo, do mesmo modo que eu sou uno em espírito com o Pai. Vós podeis ser nutridos pela Palavra Eterna de Deus,2 que é de fato o Pão da Vida, e que foi outorgado à semelhança da carne mortal; e podeis ter a vossa personalidade-alma regada pelo Espírito Divino, que é verdadeiramente a Água da Vida. O Pai mr enviou ao mundo para mostrar como Ele deseja residir nos homens e conduzi-los; e, assim, eu tenho vivido esta vida na carne para inspirar todos os homens a buscar conhecer também a Vontade do Pai celeste residente e fazer a Sua vontade.

 

Vós estais desertando os mandamentos quando vos apegais às tradições dos homens.

 

Não é o que entra no corpo pela boca ou o que tem acesso à mente por meio dos olhos e dos ouvidos que suja o homem. O homem só se suja por aquele mal que se origina dentro do Coração, e que tem expressão nas palavras e feitos de tais pessoas ímpias. Não sabes que é do Coração que saem os maus pensamentos, os projetos perversos de assassinato e de roubo, os adultérios, junto com o ciúme, o orgulho, a ira, a vingança, as injúrias e o testemunho falso? E são estas as coisas que sujam os homens, e não se eles comerem o pão com mãos que não foram lavadas segundo o cerimonial.

 

Em verdade, em verdade, eu vos digo: todos os vossos pecados serão perdoados; mas aquele que blasfemar contra Deus com deliberação e com má intenção nunca terá o perdão.3

 

Em tudo o que fizerdes, não vos torneis nunca unilaterais nem excessivamente especializados.

 

Se vós, por uma coordenação com a verdade, aprenderdes a dar o exemplo nas vossas vidas desta magnífica integridade de retidão, os vossos semelhantes humanos, então, vos seguirão para poder obter o que vós adquiristes desse modo. A medida pela qual os buscadores da verdade são atraídos para vós representa a medida do vosso dom de verdade, a vossa retidão. A escala, na qual vós tendes de vos delongar na vossa mensagem ao povo, de um certo modo, é a medida da vossa incapacidade de viver a vida reta e íntegra, a vida coordenada em relação à verdade.

 

As religiões do mundo têm duas origens: a natural e a da revelação. Em qualquer época e em meio a qualquer povo podem ser encontradas três formas distintas de devoção religiosa. E estas três manifestações do impulso religioso são: 1ª) A religião primitiva. O impulso seminatural e instintivo de temer as energias misteriosas e de adorar as forças superiores, principalmente em uma religião da natureza física. Esta é a religião do medo; 2ª) A religião da civilização. Os conceitos e as práticas religiosas que avançam nas raças civilizadas. Esta religião deriva de uma teologia intelectual cuja autoridade é a tradição religiosa já preestabelecida. Esta é a religião da mente; e 3ª) A verdadeira religião – Esta religião é proveniente de uma revelação dos valores supra-naturais. Nela há uma visão e um discernimento parcial das realidades eternas, um vislumbre da bondade e da beleza do caráter infinito do Pai no céu. É a Religião do Espírito, tal como fica demonstrada na experiência humana. Esta é a Religião da Revelação.

 

Até que as raças se tornem altamente inteligentes e mais amplamente civilizadas, persistirão muitas cerimônias infantis e supersticiosas, que são tão características das práticas da religião evolucionária dos povos primitivos e retrógrados. Enquanto a raça humana progride até o nível de um reconhecimento mais elevado e mais geral das realidades da experiência espiritual, uma grande quantidade de homens e mulheres continuará a demonstrar uma preferência pessoal por aquelas religiões autoritárias, que exigem apenas um consentimento intelectual. A Religião do Espírito, ao contrário, requer uma participação ativa da mente e da personalidade-alma no corpo a corpo diário com as realidades rigorosas da experiência humana progressiva.

 

E por muito tempo ainda viverão na Terra indivíduos temerosos, hesitantes e acomodados que preferirão assegurar assim as suas consolações religiosas, ainda que, arriscando a sorte com as religiões de autoridade, comprometam a soberania da personalidade, degradem a dignidade do respeito próprio e renunciem totalmente ao direito de participar da mais emocionante e inspiradora de todas as experiências humanas possíveis: a busca pessoal da verdade, a alegria de encarar os perigos da descoberta mental, a determinação para explorar as realidades da experiência religiosa pessoal, a satisfação suprema de experienciar o triunfo pessoal da realização factual no triunfo da confiança espiritual sobre a dúvida intelectual, do modo como honestamente são conquistados na aventura suprema de toda a existência humana – o homem buscando seu Deus Interior, para si próprio e por si próprio, e O encontrando.

 

Eu vos convoquei a nascer de novo – a nascer do Espírito. Eu vos tirei das trevas do autoritarismo, da letargia da tradição para a Luz transcendente da realização da possibilidade de fazerdes, para vós próprios, a maior descoberta que é possível à personalidade-alma humana realizar: a experiência superna de encontrar Deus para vós próprios, dentro de vós próprios e por vós próprios; e de fazerdes tudo isto como um acontecimento na vossa própria experiência pessoal. E, assim, podereis passar da morte para a Vida, do autoritarismo da tradição para a experiência de conhecer a Deus; assim vós passareis das trevas à LLuz, de uma fé racial herdada a uma fé pessoal conquistada pela experiência real. E, por meio disto, ireis progredir, de uma teologia da mente, passada a vós pelos vossos ancestrais, a uma verdadeira Religião do Espírito, que será edificada nas vossas personalidades-almas como um dom eterno.

 

As religiões da autoridade só podem dividir os homens e arregimentá-los em frentes conscientes uns contra os outros; a Religião do Espírito, progressivamente, congregará os homens e os levará a se tornarem compreensivos e compassivos uns para com os outros. As religiões autoritárias exigem dos homens uniformidade na crença; mas isto é impossível de ser alcançado no estado presente de coisas no mundo. A Religião do Espírito requer apenas unidade de experiência – uniformidade de destino – permitindo a plena diversidade de crenças. A Religião do Espírito requer uniformidade apenas de visão interior, não uniformidade de ponto de vista nem de enfoque. A Religião do Espírito não requer uniformidade de ponto de vista intelectual, requer apenas a unidade dos sentimentos espirituais. As religiões da autoridade cristalizam-se em credos sem vida; a Religião do Espírito cresce em alegria e na liberdade dos feitos enobrecedores, no serviço do amor e na ministração da misericórdia.

 

Não há vocações que sejam santas e vocações que sejam seculares. Todas as coisas são sagradas nas vidas daqueles que são guiados pelo Espírito, isto é, isto é, que são subordinados à verdade, enobrecidos pelo amor, dominados pela misericórdia, e controlados pela equanimidade – a justiça.

 

Quando principiardes a encontrar Deus em vossos Corações, em breve vós começareis a descobri-Lo nos Corações dos outros homens e, finalmente, em todas as criaturas do universo.

 

Não cometais, contudo, o erro de tentar provar a outros homens que vós encontrastes Deus; vós não podeis conscientemente gerar uma prova válida para tal, se bem que existam duas demonstrações positivas e poderosas do fato de que vós sois conhecedores de Deus, e elas são: 1ª) os frutos do Espírito de Deus que se mostram na rotina diária da vossa vida; e 2ª) o fato de todo o plano da vossa vida fornecer uma prova positiva de que vós tendes, sem reservas, arriscado tudo o que sois e que possuís na aventura da sobrevivência após a morte, na busca da esperança de encontrar o Deus da eternidade, cuja presença em vós foi provada antecipadamente no tempo.

 

Este mundo é apenas uma ponte; passai por ele, mas não deveis pensar em construir nele um local de residência.

 

 

Ainda que o céu e a Terra passem, as minhas palavras sobre a verdade não passarão.

 

Vós não deveis apenas ser purificados de todos os pecados conscientes; mas deveis também vos recusar a dar abrigo até mesmo aos sentimentos de culpa.

 

O povo se leva por demais a sério; eles são inteiramente desprovidos de qualquer apreciação do senso de humor. A religião pesadona dos fariseus nunca poderia ter tido origem junto a um povo com algum senso de humor. A eles também falta a coerência; eles ficam atentos às moscas, mas engolem camelos.

 

Para dar os frutos do Espírito, vós deveis nascer do Espírito. Deveis deixar-vos ensinar pelo Espírito e ser conduzidos pelo Espírito, se quiserdes viver a Vida plena do Espírito entre os vossos semelhantes. Mas não cometais o erro do carpinteiro tolo que passa o seu precioso tempo esquadrinhando, medindo e aplainando a madeira comida pelos cupins e apodrecida por dentro, sendo que, depois de todo o seu trabalho em um barrote podre, terá de rejeitá-lo como inadequado para ser parte das fundações da construção que seria levantada, devendo suportar os ataques do tempo e das tempestades. Que cada homem se certifique de que as fundações intelectuais e morais do caráter sejam tais que suportem adequadamente a superestrutura da natureza espiritual, que se amplia e se enobrece, e assim deve transformar a mente mortal para então, em conjunção com esta mente recriada, realizar a evolução da personalidade-alma até o destino imortal. A vossa natureza espiritual é um desenvolvimento vivo, mas a mente e a moral do indivíduo são o solo a partir do qual as manifestações mais elevadas do desenvolvimento humano e do destino divino devem florescer. O solo da personalidade-alma em evolução é humano e material, mas o destino desta criatura combinada – de mente e de espírito – é espiritual e divino.

 

Não permitais, a vós próprios, vos tornardes cegos pelo preconceito e paralisados pelo medo.

 

O que pode um homem dar em troca da Vida Eterna?

 

Eu te digo que até mesmo quando um copo de água for dado a uma alma sedenta, os mensageiros do Pai sempre registrarão um tal serviço de amor.

 

As Escrituras são errôneas e de todo humanas, pela sua origem, mas não vos enganeis: elas constituem a melhor coleção de sabedoria religiosa e de verdade espiritual a ser encontrada em todo o mundo, neste momento... Entretanto, não acredites, nem por um momento, que o Deus do Amor comandou os teus antepassados que prosseguissem na batalha para matar todos os inimigos deles – homens, mulheres e crianças... As Escrituras refletem sempre, e sempre refletirão, o 'status' intelectual, moral e espiritual daqueles que as criaram. Acaso não percebeste que os conceitos de Yavé4 crescem, em beleza e glória, à medida que os profetas fazem os seus registros, de Samuel a Isaías? As Escrituras são destinadas à instrução religiosa e ao guiamento espiritual. Elas não são uma obra nem de historiadores nem de filósofos... Muitos buscadores honestos da verdade têm sido, e continuarão a ser, confundidos e desalentados por essas doutrinas da perfeição das Escrituras... A autoridade da verdade é o próprio Espírito que reside nas Suas manifestações vivas e não as palavras mortas dos homens menos iluminados e supostamente inspirados de uma outra geração. E ainda que estes homens santos de outrora tivessem vivido vidas inspiradas e preenchidas pelo Espírito, isto não quer dizer que as palavras deles sejam, do mesmo modo, espiritualmente inspiradas. Hoje, não fazemos o registro dos ensinamentos do nosso Evangelho do Reino, para que, quando eu tiver partido, não vos torneis rapidamente divididos, em vários grupos de defensores da verdade, por causa das diversidades das vossas interpretações dos meus ensinamentos. Para esta geração, é melhor que estas verdades sejam vividas, evitando fazer o registro delas por escrito.

 

Nada do que a natureza humana tiver tocado pode ser considerado infalível. Por meio da mente do homem, a Verdade Divina, de fato, poderá resplandecer; mas sempre com uma pureza relativa e com uma divindade parcial.

 

O maior dos erros do que se ensina sobre as Escrituras é a doutrina de que são livros de sabedoria selados pelo mistério, e que apenas as mentes sábias podem interpretar. As revelações da Verdade Divina não são seladas, a não ser pela ignorância humana, pelo fanatismo e pela intolerância da mente estreita. A Luz das Escrituras é obscurecida apenas pelo preconceito e obliterada pela superstição. Um medo falso do sagrado impediu que a religião fosse salvaguardada pelo bom senso. O medo da autoridade dos escritos sagrados do passado impede efetivamente que as personalidades-almas honestas de hoje aceitem a nova Luz do Evangelho – a Luz que os mesmos homens conhecedores de Deus, de outra geração, tão intensamente almejaram ver. E o aspecto mais triste de tudo é o fato de que alguns dos instrutores, partidários da santidade desse tradicionalismo, conhecem a verdade. Eles compreendem mais ou menos plenamente as limitações das Escrituras, mas eles são covardes morais e intelectualmente desonestos. Eles sabem a verdade a respeito das sagradas Escrituras, mas preferem ocultar do povo esses fatos perturbadores. E, assim, desvirtuam e deturpam as Escrituras, fazendo delas um guia, cheio de detalhes escravizadores da vida diária e de uma autoridade sobre coisas não-espirituais, em vez de apelar para os escritos sagrados como um depositário de sabedoria moral, de inspiração religiosa e de ensinamento espiritual, vindos dos homens conhecedores de Deus, em outras gerações.

 

Estes são os três caminhos de lutar e de resistir ao mal: 1°) retribuir o mal com o mal. Este método é positivo, mas é incorreto; 2°) sofrer o mal sem queixa e sem resistência. Este método é puramente negativo; e 3°) retribuir o mal com o bem. Este método é positivo e reto.

 

A vingança nada tem em comum com o Reino do céu.

 

Se tiveres que julgar, julgai com retidão.

 

Se alguém tiver sede, que venha a mim e beba.

 

Se um homem mantiver viva a Palavra no seu Coração, ele nunca sentirá o gosto da morte.

 

Sede sábios como a serpente e inofensivos como a pomba.

 

O Evangelho do Reino deve ser proclamado a todo o mundo, tanto aos gentios quanto aos judeus. Ao cuidar dos enfermos, abstende-vos de ensinar a esperar milagres. Proclamai uma fraternidade espiritual dos filhos de Deus; e não um reino exterior de poder terreno e de glória material. Evitai a perda de tempo em um excesso de conversas e de visitas sociais e outras trivialidades que possam diminuir a vossa devoção, de Coração pleno, a pregar o Evangelho. Se a primeira casa que tiverdes escolhido, como centro, demonstrar ser uma casa digna, ficai lá durante toda a permanência nessa cidade. Deixai bem claro, a todos os fiéis, que é chegada a hora de romper abertamente com os líderes religiosos dos judeus, em Jerusalém. Ensinai que todo o dever do homem se resume neste único mandamento: Amai o Senhor, vosso Deus, com toda a vossa mente e a vossa personalidade-alma; e amai ao vosso semelhante como a vós próprios.

 

Cuidado com o levedo dos fariseus, feito na hipocrisia, nascido do preconceito e nutrido na serventia à tradição.

 

Nunca esqueçais de que a riqueza não é duradoura. O amor pela riqueza, muito freqüentemente, obscurece e até mesmo destrói a visão espiritual. Nunca deixeis de reconhecer o perigo de que a riqueza se converta na vossa dona, em vez de se converter na vossa serva. De que vale ganhar todo o ouro do mundo e perder a personalidade-alma? Não sejais ansiosos nem vos preocupeis com as coisas da vida temporal, com o que ireis comer e mesmo com o que vestir o corpo. O bem-estar e o progresso da personalidade-alma são mais do que comida e bebida, e estão muito acima destas mesquinhas preocupações.

 

 

 

No momento das provações é que a personalidade-alma de um homem se revela; a provação deixa a descoberto aquilo que realmente está no Coração.

 

Os portais da misericórdia não serão fechados pelo preconceito e pela arrogância de falsos instrutores e de pastores insinceros, os quais são como aqueles sepulcros esbranquiçados que, mesmo parecendo belos por fora, no lado de dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de todos os tipos de sujeira espiritual.

 

A menos que nasçais de novo, que nasçais do Espírito, vós não podereis entrar no Reino de Deus.

 

Os vossos pais acreditaram durante um tempo demasiado longo que a prosperidade seria um sinal da aprovação divina, e que a adversidade seria uma evidência do descontentamento de Deus. Eu declaro que estas crenças são superstições. Não observastes que um número muito maior de pobres recebe o Evangelho com alegria e imediatamente entram no Reino? Se a fortuna evidencia o favorecimento divino, por que os ricos tantas vezes se negam a crer nas boas-novas do céu?

 

Há três grupos de acontecimentos que podem ocorrer nas vossas vidas: 1°) podeis participar dos acontecimentos normais da vida que vós e os vossos semelhantes levam na face da Terra; 2°) podeis ser vítimas de um acidente da Natureza ou de um infortúnio humano, mas estes acontecimentos, de nenhum modo, são arranjados de antemão nem produzidos pelas Forças Espirituais do Reino; e 3°) podeis fazer a colheita dos vossos esforços diretos para corresponder às leis naturais que governam o mundo.

 

Nas questões de doença e de saúde, devíeis saber que esses estados do corpo são o resultado de causas materiais; a saúde não é o sorriso do céu nem a aflição é o desagrado de Deus.

 

Nenhum homem pode servir a dois senhores; ou bem ele odiará um deles e amará o outro, ou então ele ficará com um enquanto ao outro ele desprezará. Não podereis servir a Deus e às riquezas.

 

Ai de vós, sacerdotes principais e dirigentes, que tomais as propriedades dos pobres e que exigis o pagamento de impostos pesados...

 

Ai de vós, falsos instrutores, guias cegos! O que pode ser esperado de uma nação quando os cegos guiam os cegos?

 

Ai de vós que dissimulais quando fazeis um juramento!

 

Ai de vós, escribas e fariseus e todos os hipócritas que asseguram o dízimo da menta, do anis e do cominho e, ao mesmo tempo, desconsiderais as questões de mais peso da Lei – a fé, a misericórdia e o juízo!

 

Ai de vós, escribas, fariseus e hipócritas! Sois escrupulosos ao limpar o lado de fora da taça e do prato, quando lá dentro fica a sujeira da extorsão, dos excessos e da tapeação.

 

Ai de todos vós que rejeitais a verdade e desprezais a misericórdia!

 

A todos os que possuem mais será dado, e eles terão em abundância; mas, aquele que não possui, até mesmo aquilo que tem ser-lhe-á tirado.

 

Vós podeis trabalhar sempre para persuadir às mentes dos homens, mas não deveis jamais ousar obrigá-los.

 

Não deveis ser crédulos passivos nem ascetas insípidos; não deveríeis vos transformar em sonhadores nem em andarilhos que, indolentemente, confiam em uma Providência fictícia que proporciona as necessidades da vida.

 

Ao longo das vicissitudes da vida, lembrai-vos sempre de amar-vos uns aos outros. Não luteis com os homens nem mesmo com os descrentes. Mostrai misericórdia mesmo àqueles que abusam de vós com desprezo. Mostrai-vos cidadãos leais, artesãos probos, vizinhos dignos de louvor, membros devotados da família, pais compreensivos e crentes sinceros na fraternidade universal.

 

Tomai deste cálice, todos vós, e bebei dele. Este será o cálice da lembrança de mim. Este é o cálice da bênção de uma nova dispensação de Graça e de Verdade. E será, para vós, o emblema do outorgamento e da ministração do Divino Espírito da Verdade. E eu não beberei novamente deste cálice convosco até que beba em uma nova forma convosco no Reino Eterno do Pai.

 

Tomai este pão da lembrança e comei-o. Eu vos disse que sou o Pão da Vida. E este Pão da Vida é a Vida unida do Pai e do Filho, em uma só dádiva. A Palavra do Pai, como revelada no Filho, é de fato o Pão da Vida.

 

Eu sou aquele que sou. Eu sou o Pão da Vida. Eu sou a Água Viva. Eu sou a LLuz do Mundo. Eu sou o desejo de todos os tempos. Eu sou a porta aberta para a salvação eterna. Eu sou a realidade da Vida Perpétua. Eu sou o bom pastor. Eu sou o caminho da perfeição infinita. Eu sou a ressurreição e a vida. Eu sou o segredo da sobrevivência eterna. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Eu sou o Pai infinito dos meus filhos finitos. Eu sou a verdadeira videira; vós sois os ramos. Eu sou a esperança de todos que conhecem a verdade viva. Eu sou a ponte viva de um mundo para outro. Eu sou o elo vivo entre o tempo e a eternidade.

 

Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.

 

Consummatum est.

 

 

 

 

Considerações Finais

 

 

 

 

O Livro de Urântia (The Urantia Book) – publicado em 12 de outubro de 1955 tal como foi recebido – salvo melhor juízo, se constitui de uma tentativa de reescrever a história da formulação do Cristianismo, desembocando (em alguns aspectos de forma novadora e reveladora) em uma revisitação do nascimento, da vida, dos ensinamentos e da crucificação de Joshua ben José, Jesus – o Cristo.

 

Esta obra monumental – que contrasta em latitude e longitude com o sectarismo dos crentes católicos (Cristianismo, uma coisa; Catolicismo, outra) – não se resume a revisitar o nascimento, a vida, os ensinamentos e a crucifixão de Jesus, mas indubitavelmente este foi o ponto de chegada.

 

Todavia, entre tantos outros temas, a obra se propõe, por exemplo, a: apresentar um novo conceito do cosmos, expor minuciosamente uma grande quantidade de níveis diferentes e variados de personalidades celestiais, transmitir a existência, além da Terra, de diversos planetas habitados, confirmar a origem evolutiva da Humanidade e inclusão de um cosmos evolutivo, sustentar indícios de múltiplas Deidades Criadoras e tentar familiarizar o leitor com termos e conceitos restauradores como Primeira Fonte e Centro, Havona, Suprauniversos, Ser Supremo, Espíritos Maiores, Espaço Exterior, Diretores de Potência, Ajustadores, Intermediadores, Modeladores de Pensamento, Morontiais de Existência, Corpo de Reserva de Destino, Rebelião de Lúcifer, Adão e Eva, Corpo de Finalidade e Paraíso.

 

Os membros fundadores da Irmandade Urântia enfatizam que os Escritos de Urântia não estão de nenhuma maneira vinculados ao que se denomina Espiritismo ou Doutrina Espírita.

 

Penso, contudo, que a mensagem do Livro de Urântia poderia ter sido escrita de forma mais palatável, pois, em certos aspectos, mais do que obscura e ininteligível, foi incompreensível para mim, como penso que seja incompreensível para o leitor comum. Em parte, talvez, isto se deva à dificuldade de apresentar conceitos espiritualmente tão amplos e tão controversos que se tornam obrigatoriamente limitados pela linguagem humana (em inglês, no caso). Mas, sinceramente, reconheço o mérito e o esforço de seus desconhecidos autores (o Livro de Urântia nem sequer leva a marca da imprensa que o imprimiu) em apresentar esta nova visão do porquê da existência do Universo e das Leis que o governam.

 

Segundo meu entendimento, resumirei a seguir o que de mais importante a obra encerra em suas entrelinhas: 1º) tudo depende exclusivamente de nós; 2º) somos responsáveis por tudo; 3º) em nosso interior há um Deus in potentia projetável e construível pelo próprio ser-no-mundo; 4º) o Reino dos Céus está em nós; 5º) pelo mérito – tão-somente pelo mérito – nos libertaremos; 6°) se não nos libertarmos, perderemos o Privilégio de inscrever, para um registro duradouro, nossa Impressão Digital nos Arquivos Cósmicos.

 

Seja como for, quanto mais eu leio obras sobre espiritualismo, esoterismo e misticismo, mais me convenço de que o viver-morrer samsárico mundanal pode e deve ser transmutado, aqui e agora, em um Morrer —› Nascer Místico-alquímico. Mas, tudo depende de nosso esforço pessoal. Enfim, se tivermos coragem para Morrer, Nasceremos.

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. A dupla natureza humana, que, em certo sentido, recorda as Colunas do Templo (Jachin e Boaz), é formada de sete entidades: as três disposições para o futuro (três membros superiores) – Manas, Buddhi e Athma – e os quatro níveis (freqüenciais) inferiores – Corpo Físico, Corpo Etérico, Corpo Astral e o Eu – todos integrando uma Unidade harmônica e indissolúvel ao longo da vida. Segundo os teósofos e os antroposofistas, foi em meados da Era Lemúrica (Terceira Raça Raiz) que a Trindade Superior do homem se uniu ao conjunto denominado quatro membros inferiores da natureza humana. Na Escola Pitagórica de Crotona, este conhecimento era simbolizado por um triângulo eqüilátero sobreposto a um quadrado. Então, é fácil compreender o porquê da falta de fome pelo Pão da Vida e pelas Águas da Retidão Espiritual: isto foi assim, continua assim e permanecerá assim enquanto o Corpo Astral tiver mais domínio e mais influência do que o Eu Interior. Nossa escravidão só começará a desvanecer quando esta polaridade se inverter. (A educativa animação em flash abaixo é meramente pictorial).

 

 

2. Isto pode ser entendido como o Verbum Dimissum et Inenarrabile.

3. Em termos místicos, isto pode ser entendido da seguinte forma: enquanto o ser-no-mundo recusar a União Místico-alquímica com o Deus de seu Coração, não poderá ver a Santa LLuz, e dependerá de encarnações sucessivas em planos semelhantes para poder compensar sua ignorância e obstinação. Não há compensação ou efetivo aprendizado fora da encarnação. Entretanto, em Planos Superiores a coisa é diferente.

4 Yavé = IHVH.

 

Página da Internet consultada:

http://vahini.org/MP3-downloads
/bhajans-mantras.html

 

Fundo musical:

Prelude nº 9 (Johann Sebastian Bach)

Fonte:

http://www.karaokenet.com.br/karaoke2/midisclassicos.htm

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.