Fragmentos
do Livro de Urântia
(Parte XXI e Considerações Finais)
Rodolfo
Domenico Pizzinga
—
Ó, tu que tens pouca fé, por que duvidaste?
—
Nós alimentamos a multidão,
mas isto não levou as pessoas a ficarem famintas pelo Pão da
Vida nem a terem sede das Águas da Retidão Espiritual.1
—
Meus irmãos, não ansieis
pelo alimento que perece, mas buscai o Alimento Espiritual que nutre até
à Vida Eterna.
—
Eu não vos ensinei que a minha
carne é o Pão da Vida nem que o meu sangue é a Água
da Vida. Mas eu disse que a minha vida na carne é uma outorga do Pão
do Céu. O fato da Palavra de Deus outorgada à carne e o fenômeno
do Filho do Homem submetido à vontade de Deus constituem uma realidade
da experiência que é equivalente ao sustento divino. Vós
não podeis comer a minha carne nem podeis beber do meu sangue, mas
podeis tornar-vos um em espírito comigo, do mesmo modo que eu sou uno
em espírito com o Pai. Vós podeis ser nutridos pela Palavra
Eterna de Deus,2
que é de fato o Pão da Vida, e que foi outorgado à semelhança
da carne mortal; e podeis ter a vossa personalidade-alma regada pelo Espírito
Divino, que é verdadeiramente a Água
da Vida. O Pai mr enviou ao mundo para mostrar como Ele deseja residir
nos homens e conduzi-los; e, assim, eu tenho vivido esta vida na carne para
inspirar todos os homens a buscar conhecer também a Vontade do Pai
celeste residente e fazer a Sua vontade.
—
Vós estais desertando os mandamentos
quando vos apegais às tradições dos homens.
—
Não é o que entra no
corpo pela boca ou o que tem acesso à mente por meio dos olhos e dos
ouvidos que suja o homem. O homem só se suja por aquele mal que se
origina dentro do Coração, e que tem expressão nas palavras
e feitos de tais pessoas ímpias. Não sabes que é do Coração
que saem os maus pensamentos, os projetos perversos de assassinato e de roubo,
os adultérios, junto com o ciúme, o orgulho, a ira, a vingança,
as injúrias e o testemunho falso? E são estas as coisas que
sujam os homens, e não se eles comerem o pão com mãos
que não foram lavadas segundo o cerimonial.
—
Em verdade, em verdade, eu vos digo:
todos os vossos pecados serão perdoados; mas aquele que blasfemar contra
Deus com deliberação e com má intenção
nunca terá o perdão.3
—
Em tudo o que fizerdes, não
vos torneis nunca unilaterais nem excessivamente especializados.
—
Se vós, por uma coordenação
com a verdade, aprenderdes a dar o exemplo nas vossas vidas desta magnífica
integridade de retidão, os vossos semelhantes humanos, então,
vos seguirão para poder obter o que vós adquiristes desse modo.
A medida pela qual os buscadores da verdade são atraídos para
vós representa a medida do vosso dom de verdade, a vossa retidão.
A escala, na qual vós tendes de vos delongar na vossa mensagem ao povo,
de um certo modo, é a medida da vossa incapacidade de viver a vida
reta e íntegra, a vida coordenada em relação à
verdade.
—
As religiões do mundo têm
duas origens: a natural e a da revelação. Em qualquer época
e em meio a qualquer povo podem ser encontradas três formas distintas
de devoção religiosa. E estas três manifestações
do impulso religioso são: 1ª) A religião primitiva.
O impulso seminatural e instintivo de temer as energias misteriosas e de adorar
as forças superiores, principalmente em uma religião da natureza
física. Esta é a religião do medo; 2ª) A religião
da civilização. Os conceitos e as práticas religiosas
que avançam nas raças civilizadas. Esta religião deriva
de uma teologia intelectual cuja autoridade é a tradição
religiosa já preestabelecida. Esta é a religião da mente;
e 3ª) A verdadeira religião – Esta religião
é proveniente de uma revelação dos valores supra-naturais.
Nela há uma visão e um discernimento parcial das realidades
eternas, um vislumbre da bondade e da beleza do caráter infinito do
Pai no céu. É a Religião do Espírito, tal como
fica demonstrada na experiência humana. Esta é a Religião
da Revelação.
—
Até que as raças se tornem
altamente inteligentes e mais amplamente civilizadas, persistirão muitas
cerimônias infantis e supersticiosas, que são tão características
das práticas da religião evolucionária dos povos primitivos
e retrógrados. Enquanto a raça humana progride até o
nível de um reconhecimento mais elevado e mais geral das realidades
da experiência espiritual, uma grande quantidade de homens e mulheres
continuará a demonstrar uma preferência pessoal por aquelas religiões
autoritárias, que exigem apenas um consentimento intelectual. A Religião
do Espírito, ao contrário, requer uma participação
ativa da mente e da personalidade-alma no corpo a corpo diário com
as realidades rigorosas da experiência humana progressiva.
—
E por muito tempo ainda viverão
na Terra indivíduos temerosos, hesitantes e acomodados que preferirão
assegurar assim as suas consolações religiosas, ainda que, arriscando
a sorte com as religiões de autoridade, comprometam a soberania da
personalidade, degradem a dignidade do respeito próprio e renunciem
totalmente ao direito de participar da mais emocionante e inspiradora de todas
as experiências humanas possíveis: a busca pessoal da verdade,
a alegria de encarar os perigos da descoberta mental, a determinação
para explorar as realidades da experiência religiosa pessoal, a satisfação
suprema de experienciar o triunfo pessoal da realização factual
no triunfo da confiança espiritual sobre a dúvida intelectual,
do modo como honestamente são conquistados na aventura suprema de toda
a existência humana – o homem buscando seu Deus Interior, para
si próprio e por si próprio, e O encontrando.
—
Eu vos convoquei a nascer de novo –
a nascer do Espírito. Eu vos tirei das trevas do autoritarismo, da
letargia da tradição para a Luz transcendente da realização
da possibilidade de fazerdes, para vós próprios, a maior descoberta
que é possível à personalidade-alma humana realizar:
a experiência superna de encontrar Deus para vós próprios,
dentro de vós próprios e por vós próprios; e de
fazerdes tudo isto como um acontecimento na vossa própria experiência
pessoal. E, assim, podereis passar da morte para a Vida, do autoritarismo
da tradição para a experiência de conhecer a Deus; assim
vós passareis das trevas à LLuz, de uma fé racial herdada
a uma fé pessoal conquistada pela experiência real. E, por meio
disto, ireis progredir, de uma teologia da mente, passada a vós pelos
vossos ancestrais, a uma verdadeira Religião do Espírito, que
será edificada nas vossas personalidades-almas como um dom eterno.
—
As religiões da autoridade só
podem dividir os homens e arregimentá-los em frentes conscientes uns
contra os outros; a Religião do Espírito, progressivamente,
congregará os homens e os levará a se tornarem compreensivos
e compassivos uns para com os outros. As religiões autoritárias
exigem dos homens uniformidade na crença; mas isto é impossível
de ser alcançado no estado presente de coisas no mundo. A Religião
do Espírito requer apenas unidade de experiência – uniformidade
de destino – permitindo a plena diversidade de crenças. A Religião
do Espírito requer uniformidade apenas de visão interior, não
uniformidade de ponto de vista nem de enfoque. A Religião do Espírito
não requer uniformidade de ponto de vista intelectual, requer apenas
a unidade dos sentimentos espirituais. As religiões da autoridade cristalizam-se
em credos sem vida; a Religião do Espírito cresce em alegria
e na liberdade dos feitos enobrecedores, no serviço do amor e na ministração
da misericórdia.
—
Não há vocações
que sejam santas e vocações que sejam seculares. Todas as coisas
são sagradas nas vidas daqueles que são guiados pelo Espírito,
isto é, isto é, que são subordinados à verdade,
enobrecidos pelo amor, dominados pela misericórdia, e controlados pela
equanimidade – a justiça.
—
Quando principiardes a encontrar Deus
em vossos Corações, em breve vós começareis a
descobri-Lo nos Corações dos outros homens e, finalmente, em
todas as criaturas do universo.
—
Não cometais, contudo, o erro
de tentar provar a outros homens que vós encontrastes Deus; vós
não podeis conscientemente gerar uma prova válida para tal,
se bem que existam duas demonstrações positivas e poderosas
do fato de que vós sois conhecedores de Deus, e elas são: 1ª)
os frutos do Espírito de Deus que se mostram na rotina diária
da vossa vida; e 2ª) o fato de todo o plano da vossa vida fornecer uma
prova positiva de que vós tendes, sem reservas, arriscado tudo o que
sois e que possuís na aventura da sobrevivência após a
morte, na busca da esperança de encontrar o Deus da eternidade, cuja
presença em vós foi provada antecipadamente no tempo.
—
Este mundo é apenas uma ponte;
passai por ele, mas não deveis pensar em construir nele um local de
residência.
—
Ainda que o céu e a Terra passem,
as minhas palavras sobre a verdade não passarão.
—
Vós não deveis apenas
ser purificados de todos os pecados conscientes; mas deveis também
vos recusar a dar abrigo até mesmo aos sentimentos de culpa.
—
O povo se leva por demais a sério;
eles são inteiramente desprovidos de qualquer apreciação
do senso de humor. A religião pesadona dos fariseus nunca poderia ter
tido origem junto a um povo com algum senso de humor. A eles também
falta a coerência; eles ficam atentos às moscas, mas engolem
camelos.
—
Para dar os frutos do Espírito,
vós deveis nascer do Espírito. Deveis deixar-vos ensinar pelo
Espírito e ser conduzidos pelo Espírito, se quiserdes viver
a Vida plena do Espírito entre os vossos semelhantes. Mas não
cometais o erro do carpinteiro tolo que passa o seu precioso tempo esquadrinhando,
medindo e aplainando a madeira comida pelos cupins e apodrecida por dentro,
sendo que, depois de todo o seu trabalho em um barrote podre, terá
de rejeitá-lo como inadequado para ser parte das fundações
da construção que seria levantada, devendo suportar os ataques
do tempo e das tempestades. Que cada homem se certifique de que as fundações
intelectuais e morais do caráter sejam tais que suportem adequadamente
a superestrutura da natureza espiritual, que se amplia e se enobrece, e assim
deve transformar a mente mortal para então, em conjunção
com esta mente recriada, realizar a evolução da personalidade-alma
até o destino imortal. A vossa natureza espiritual é um desenvolvimento
vivo, mas a mente e a moral do indivíduo são o solo a partir
do qual as manifestações mais elevadas do desenvolvimento humano
e do destino divino devem florescer. O solo da personalidade-alma em evolução
é humano e material, mas o destino desta criatura combinada –
de mente e de espírito – é espiritual e divino.
—
Não permitais, a vós
próprios, vos tornardes cegos pelo preconceito e paralisados pelo medo.
—
O que pode um homem dar em troca da
Vida Eterna?
—
Eu te digo que até mesmo quando
um copo de água for dado a uma alma sedenta, os mensageiros do Pai
sempre registrarão um tal serviço de amor.
—
As Escrituras são errôneas
e de todo humanas, pela sua origem, mas não vos enganeis: elas constituem
a melhor coleção de sabedoria religiosa e de verdade espiritual
a ser encontrada em todo o mundo, neste momento... Entretanto, não
acredites, nem por um momento, que o Deus do Amor comandou os teus antepassados
que prosseguissem na batalha para matar todos os inimigos deles – homens,
mulheres e crianças... As Escrituras refletem sempre, e sempre refletirão,
o 'status' intelectual, moral e espiritual daqueles que as criaram. Acaso
não percebeste que os conceitos de Yavé4
crescem, em beleza e glória, à medida que os profetas fazem
os seus registros, de Samuel a Isaías? As Escrituras são destinadas
à instrução religiosa e ao guiamento espiritual. Elas
não são uma obra nem de historiadores nem de filósofos...
Muitos buscadores honestos da verdade têm sido, e continuarão
a ser, confundidos e desalentados por essas doutrinas da perfeição
das Escrituras... A autoridade da verdade é o próprio Espírito
que reside nas Suas manifestações vivas e não as palavras
mortas dos homens menos iluminados e supostamente inspirados de uma outra
geração. E ainda que estes homens santos de outrora tivessem
vivido vidas inspiradas e preenchidas pelo Espírito, isto não
quer dizer que as palavras deles sejam, do mesmo modo, espiritualmente inspiradas.
Hoje, não fazemos o registro dos ensinamentos do nosso Evangelho do
Reino, para que, quando eu tiver partido, não vos torneis rapidamente
divididos, em vários grupos de defensores da verdade, por causa das
diversidades das vossas interpretações dos meus ensinamentos.
Para esta geração, é melhor que estas verdades sejam
vividas, evitando fazer o registro delas por escrito.
—
Nada do que a natureza humana tiver
tocado pode ser considerado infalível. Por meio da mente do homem,
a Verdade Divina, de fato, poderá resplandecer; mas sempre com uma
pureza relativa e com uma divindade parcial.
—
O maior dos erros do que se ensina
sobre as Escrituras é a doutrina de que são livros de sabedoria
selados pelo mistério, e que apenas as mentes sábias podem interpretar.
As revelações da Verdade Divina não são seladas,
a não ser pela ignorância humana, pelo fanatismo e pela intolerância
da mente estreita. A Luz das Escrituras é obscurecida apenas pelo preconceito
e obliterada pela superstição. Um medo falso do sagrado impediu
que a religião fosse salvaguardada pelo bom senso. O medo da autoridade
dos escritos sagrados do passado impede efetivamente que as personalidades-almas
honestas de hoje aceitem a nova Luz do Evangelho – a Luz que os mesmos
homens conhecedores de Deus, de outra geração, tão intensamente
almejaram ver. E o aspecto mais triste de tudo é o fato de que alguns
dos instrutores, partidários da santidade desse tradicionalismo, conhecem
a verdade. Eles compreendem mais ou menos plenamente as limitações
das Escrituras, mas eles são covardes morais e intelectualmente desonestos.
Eles sabem a verdade a respeito das sagradas Escrituras, mas preferem ocultar
do povo esses fatos perturbadores. E, assim, desvirtuam e deturpam as Escrituras,
fazendo delas um guia, cheio de detalhes escravizadores da vida diária
e de uma autoridade sobre coisas não-espirituais, em vez de apelar
para os escritos sagrados como um depositário de sabedoria moral, de
inspiração religiosa e de ensinamento espiritual, vindos dos
homens conhecedores de Deus, em outras gerações.
—
Estes são os três caminhos
de lutar e de resistir ao mal: 1°) retribuir o mal com o mal. Este método
é positivo, mas é incorreto; 2°) sofrer o mal sem queixa
e sem resistência. Este método é puramente negativo; e
3°) retribuir o mal com o bem. Este método é positivo e
reto.
—
A vingança nada tem em comum
com o Reino do céu.
—
Se tiveres que julgar, julgai com retidão.
—
Se alguém tiver sede, que venha
a mim e beba.
—
Se um homem mantiver viva a Palavra
no seu Coração, ele nunca sentirá o gosto da morte.
—
Sede sábios como a serpente
e inofensivos como a pomba.
—
O Evangelho do Reino deve ser proclamado
a todo o mundo, tanto aos gentios quanto aos judeus. Ao cuidar dos enfermos,
abstende-vos de ensinar a esperar milagres. Proclamai uma fraternidade espiritual
dos filhos de Deus; e não um reino exterior de poder terreno e de glória
material. Evitai a perda de tempo em um excesso de conversas e de visitas
sociais e outras trivialidades que possam diminuir a vossa devoção,
de Coração pleno, a pregar o Evangelho. Se a primeira casa que
tiverdes escolhido, como centro, demonstrar ser uma casa digna, ficai lá
durante toda a permanência nessa cidade. Deixai bem claro, a todos os
fiéis, que é chegada a hora de romper abertamente com os líderes
religiosos dos judeus, em Jerusalém. Ensinai que todo o dever do homem
se resume neste único mandamento: Amai o Senhor, vosso Deus, com toda
a vossa mente e a vossa personalidade-alma; e amai ao vosso semelhante como
a vós próprios.
—
Cuidado com o levedo dos fariseus,
feito na hipocrisia, nascido do preconceito e nutrido na serventia à
tradição.
—
Nunca esqueçais de que a riqueza
não é duradoura. O amor pela riqueza, muito freqüentemente,
obscurece e até mesmo destrói a visão espiritual. Nunca
deixeis de reconhecer o perigo de que a riqueza se converta na vossa dona,
em vez de se converter na vossa serva. De que vale ganhar todo o ouro do mundo
e perder a personalidade-alma? Não sejais ansiosos nem vos preocupeis
com as coisas da vida temporal, com o que ireis comer e mesmo com o que vestir
o corpo. O bem-estar e o progresso da personalidade-alma são mais do
que comida e bebida, e estão muito acima destas mesquinhas preocupações.
—
No momento das provações
é que a personalidade-alma de um homem se revela; a provação
deixa a descoberto aquilo que realmente está no Coração.
—
Os portais da misericórdia não
serão fechados pelo preconceito e pela arrogância de falsos instrutores
e de pastores insinceros, os quais são como aqueles sepulcros esbranquiçados
que, mesmo parecendo belos por fora, no lado de dentro estão cheios
de ossos de cadáveres e de todos os tipos de sujeira espiritual.
—
A menos que nasçais de novo,
que nasçais do Espírito, vós não podereis entrar
no Reino de Deus.
—
Os vossos pais acreditaram durante
um tempo demasiado longo que a prosperidade seria um sinal da aprovação
divina, e que a adversidade seria uma evidência do descontentamento
de Deus. Eu declaro que estas crenças são superstições.
Não observastes que um número muito maior de pobres recebe o
Evangelho com alegria e imediatamente entram no Reino? Se a fortuna evidencia
o favorecimento divino, por que os ricos tantas vezes se negam a crer nas
boas-novas do céu?
—
Há três grupos de acontecimentos
que podem ocorrer nas vossas vidas: 1°) podeis participar dos acontecimentos
normais da vida que vós e os vossos semelhantes levam na face da Terra;
2°) podeis ser vítimas de um acidente da Natureza ou de um infortúnio
humano, mas estes acontecimentos, de nenhum modo, são arranjados de
antemão nem produzidos pelas Forças Espirituais do Reino; e
3°) podeis fazer a colheita dos vossos esforços diretos para corresponder
às leis naturais que governam o mundo.
—
Nas questões de doença
e de saúde, devíeis saber que esses estados do corpo são
o resultado de causas materiais; a saúde não é o sorriso
do céu nem a aflição é o desagrado de Deus.
—
Nenhum homem pode servir a dois senhores;
ou bem ele odiará um deles e amará o outro, ou então
ele ficará com um enquanto ao outro ele desprezará. Não
podereis servir a Deus e às riquezas.
—
Ai de vós, sacerdotes principais
e dirigentes, que tomais as propriedades dos pobres e que exigis o pagamento
de impostos pesados...
—
Ai de vós, falsos instrutores,
guias cegos! O que pode ser esperado de uma nação quando os
cegos guiam os cegos?
—
Ai de vós que dissimulais quando
fazeis um juramento!
—
Ai de vós, escribas e fariseus
e todos os hipócritas que asseguram o dízimo da menta, do anis
e do cominho e, ao mesmo tempo, desconsiderais as questões de mais
peso da Lei – a fé, a misericórdia e o juízo!
—
Ai de vós, escribas, fariseus
e hipócritas! Sois escrupulosos ao limpar o lado de fora da taça
e do prato, quando lá dentro fica a sujeira da extorsão, dos
excessos e da tapeação.
—
Ai de todos vós que rejeitais
a verdade e desprezais a misericórdia!
—
A todos os que possuem mais será
dado, e eles terão em abundância; mas, aquele que não
possui, até mesmo aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
—
Vós podeis trabalhar sempre
para persuadir às mentes dos homens, mas não deveis jamais ousar
obrigá-los.
—
Não deveis ser crédulos
passivos nem ascetas insípidos; não deveríeis vos transformar
em sonhadores nem em andarilhos que, indolentemente, confiam em uma Providência
fictícia que proporciona as necessidades da vida.
—
Ao longo das vicissitudes da vida,
lembrai-vos sempre de amar-vos uns aos outros. Não luteis com os homens
nem mesmo com os descrentes. Mostrai misericórdia mesmo àqueles
que abusam de vós com desprezo. Mostrai-vos cidadãos leais,
artesãos probos, vizinhos dignos de louvor, membros devotados da família,
pais compreensivos e crentes sinceros na fraternidade universal.
—
Tomai deste cálice, todos vós,
e bebei dele. Este será o cálice da lembrança de mim.
Este é o cálice da bênção de uma nova dispensação
de Graça e de Verdade. E será, para vós, o emblema do
outorgamento e da ministração do Divino Espírito da Verdade.
E eu não beberei novamente deste cálice convosco até
que beba em uma nova forma convosco no Reino Eterno do Pai.
—
Tomai este pão da lembrança
e comei-o. Eu vos disse que sou o Pão da Vida. E este Pão da
Vida é a Vida unida do Pai e do Filho, em uma só dádiva.
A Palavra do Pai, como revelada no Filho, é de fato o Pão da
Vida.
—
Eu sou aquele que sou. Eu sou o Pão
da Vida. Eu sou a Água Viva. Eu sou a LLuz do Mundo. Eu sou o desejo
de todos os tempos. Eu sou a porta aberta para a salvação eterna.
Eu sou a realidade da Vida Perpétua. Eu sou o bom pastor. Eu sou o
caminho da perfeição infinita. Eu sou a ressurreição
e a vida. Eu sou o segredo da sobrevivência eterna. Eu sou o caminho,
a verdade e a vida. Eu sou o Pai infinito dos meus filhos finitos. Eu sou
a verdadeira videira; vós sois os ramos. Eu sou a esperança
de todos que conhecem a verdade viva. Eu sou a ponte viva de um mundo para
outro. Eu sou o elo vivo entre o tempo e a eternidade.
—
Pai, perdoa-lhes, pois não sabem
o que fazem.
—
Consummatum est.
Considerações
Finais
O
Livro de Urântia (The Urantia Book) – publicado
em 12 de outubro de 1955 tal como foi recebido – salvo melhor juízo,
se constitui de uma tentativa de reescrever a história da formulação
do Cristianismo, desembocando (em alguns aspectos de forma novadora e reveladora)
em uma revisitação do nascimento, da vida, dos ensinamentos
e da crucificação de Joshua ben José, Jesus – o
Cristo.
Esta
obra monumental – que contrasta em latitude e longitude com o sectarismo
dos crentes católicos (Cristianismo, uma coisa; Catolicismo, outra)
– não se resume a revisitar o nascimento, a vida, os ensinamentos
e a crucifixão de Jesus, mas indubitavelmente este foi o ponto de chegada.
Todavia,
entre tantos outros temas, a obra se propõe, por exemplo, a: apresentar
um novo conceito do cosmos, expor minuciosamente uma grande quantidade de
níveis diferentes e variados de personalidades celestiais, transmitir
a existência, além da Terra, de diversos planetas habitados,
confirmar a origem evolutiva da Humanidade e inclusão de um cosmos
evolutivo, sustentar indícios de múltiplas
Deidades Criadoras e tentar familiarizar o leitor com termos
e conceitos restauradores como Primeira
Fonte e Centro, Havona, Suprauniversos, Ser Supremo, Espíritos Maiores,
Espaço Exterior, Diretores de Potência, Ajustadores, Intermediadores,
Modeladores de Pensamento, Morontiais de Existência, Corpo de Reserva
de Destino, Rebelião de Lúcifer, Adão e Eva, Corpo de
Finalidade e Paraíso.
Os
membros fundadores da Irmandade Urântia enfatizam que os Escritos de
Urântia
não estão de nenhuma maneira vinculados ao que se denomina Espiritismo
ou Doutrina Espírita.
Penso, contudo, que a mensagem do Livro
de Urântia poderia ter sido escrita de forma mais palatável,
pois, em certos aspectos, mais do que obscura e ininteligível, foi
incompreensível para mim, como penso que seja incompreensível
para o leitor comum. Em parte, talvez, isto se deva à dificuldade de
apresentar conceitos espiritualmente tão amplos e tão controversos
que se tornam obrigatoriamente limitados pela linguagem humana (em inglês,
no caso). Mas, sinceramente, reconheço o mérito e o esforço
de seus desconhecidos autores (o Livro de Urântia nem sequer
leva a marca da imprensa que o imprimiu) em apresentar esta nova visão
do porquê da existência do Universo e das Leis que o governam.
Segundo
meu entendimento, resumirei a seguir o que de mais importante a obra encerra
em suas entrelinhas: 1º) tudo depende exclusivamente de nós; 2º)
somos responsáveis por tudo; 3º) em nosso interior há um
Deus in potentia
projetável e construível pelo próprio ser-no-mundo;
4º) o Reino dos Céus está em nós; 5º) pelo
mérito – tão-somente pelo mérito – nos libertaremos;
6°) se não nos libertarmos, perderemos o Privilégio de inscrever,
para um registro duradouro, nossa Impressão Digital nos Arquivos Cósmicos.
Seja
como for, quanto mais eu leio obras sobre espiritualismo, esoterismo e misticismo,
mais me convenço de que o viver-morrer samsárico mundanal pode
e deve ser transmutado, aqui e agora, em um Morrer —› Nascer Místico-alquímico.
Mas, tudo depende de nosso esforço pessoal. Enfim, se tivermos coragem
para Morrer, Nasceremos.