Fragmentos
do Livro de Urântia
(Parte XX)
Rodolfo
Domenico Pizzinga
—
Tem sido indicado a vós esperar pela vinda do Reino
de Deus; agora eu estou anunciando que este Reino, há muito esperado,
está próximo e à mão, e até mesmo que já
está aqui e em meio a nós. Em todo reino deve haver um rei assentado
no seu trono e decretando as leis desse reino. E assim vós desenvolvestes
um conceito do Reino do céu como um governo glorificado do povo judeu
sobre todos os povos da Terra, com um Messias assentado no trono de Davi e,
desse local de poder miraculoso, promulgando as leis para todo o mundo. Mas,
meus filhos, não vedes com os olhos da fé e não ouvis
com o ouvido do espírito. Eu declaro que o Reino do céu é
a realização e o reconhecimento do Governo de Deus dentro dos
Corações dos homens. É bem verdade, há um Rei
neste Reino, e este Rei é o meu Pai e vosso Pai. De fato, nós
somos os seus súditos leais, mas, transcendendo de longe a este fato
está a verdade transformadora de que nós somos os seus filhos.
Na minha vida tal verdade está se tornando manifestada para todos.
O nosso Pai também se assenta em um trono, mas não um trono
feito pelas mãos. O trono do Infinito é a eterna morada do Pai
no céu dos céus; Ele completa todas as coisas e proclama as
Suas Leis de universos a universos. E o Pai também governa dentro dos
corações dos Seus filhos na Terra pelo espírito que Ele
enviou para viver dentro das almas dos homens mortais. Quando fordes súditos
desse Reino, de fato ouvireis a lei do Soberano do Universo; mas quando, por
causa do Evangelho do Reino que eu vim declarar, vós vos descobrirdes
pela fé, como filhos, não mais vos vereis como criaturas súditas
da lei de um rei Todo-Poderoso, mas vos vereis como filhos privilegiados de
um Pai divino e amantíssimo. Em verdade, em verdade, eu vos digo: enquanto
a vontade do Pai for como uma lei, para vós, difícil será
estar no Reino. Mas quando a vontade do Pai se tornar verdadeiramente a vossa
vontade, então estareis de fato no Reino, porque o Reino ter-se-á
tornado assim uma experiência estabelecida dentro de vós. Enquanto
a Vontade de Deus for a vossa Lei, vós permanecereis como nobres súditos
escravos; mas quando vós acreditardes neste novo evangelho da filiação
divina, a vontade do meu Pai torna-se a Vossa vontade, e vós, então,
sereis elevados à alta posição de filhos livres de Deus,
filhos liberados do Reino.
—
Não é sábio que
o dono da festa participe das complicações com a família
dos seus convidados; um pai sábio nunca toma partido nas pequenas rixas
entre os seus próprios filhos.
—
Tiago, Tiago, quando foi que eu ensinei
a vós que devêsseis ver tudo do mesmo modo? Eu vim ao mundo para
proclamar a liberdade espiritual, com o fito de que os mortais pudessem ter
o poder de viver vidas individuais de originalidade e de liberdade, diante
de Deus. Eu não desejo que a harmonia social e a paz fraterna sejam
compradas com o sacrifício da livre personalidade e da originalidade
espiritual. O que eu vos peço, meus apóstolos, é a unidade
espiritual – e isto vós podeis experimentar na alegria da vossa
dedicação unida a fazer de todo o Coração a Vontade
do meu Pai no céu. Vós não tendes que ver de um modo
igual, nem tendes de sentir do mesmo modo, nem mesmo pensar da mesma maneira,
para serdes espiritualmente iguais. A unidade espiritual deriva da consciência
de que cada um de vós é residido, e crescentemente dominado,
pela dádiva espiritual do Pai Celeste. A vossa harmonia apostólica
deve crescer do fato de que a esperança espiritual de todos vós
é idêntica pela origem, pela natureza e pelo destino. Deste modo,
vós podeis experienciar uma unidade perfeccionada de propósito
espiritual e de compreensão espiritual que nasce, sim, da consciência
comum da identidade dos vossos espíritos residentes vindos do Paraíso;
e vós podeis desfrutar de toda esta profunda unidade espiritual, mesmo
diante da maior diversidade entre as vossas atitudes individuais de pensamento
intelectual, de sentimentos, de temperamento e de conduta social. As vossas
personalidades podem ser diversas de um modo animador e marcadamente diferentes
enquanto as vossas naturezas espirituais e os vossos frutos espirituais, de
adoração divina e de amor fraterno podem ser tão unificados,
que todos aqueles que contemplarem as vossas vidas irão certamente
tomar conhecimento dessa identidade de espírito e dessa unidade de
alma. Eles irão reconhecer que vós estivestes comigo e que,
por meio desse fato e de um modo aceitável, aprendestes como fazer
a Vontade do Pai no céu. Vós podeis alcançar a unidade,
no serviço de Deus, até mesmo quando estiverdes prestando tal
serviço segundo a técnica dos vossos próprios dons de
mente, corpo e alma. A vossa unidade espiritual implica duas coisas que sempre
se harmonizarão nas vidas dos crentes individuais. A primeira: vós
estais possuídos por um motivo comum para uma vida de serviço;
todos vós desejais fazer, acima de qualquer coisa, a Vontade do Pai
no céu. E a segunda: todos vós tendes uma meta comum de existência;
todos vós tendes o propósito de encontrar o Pai nos céus
para, por meio disto, demonstrardes ao universo que vos tornastes como Ele.
—
De fato, João batizou com a
água; mas, quando entrardes no Reino do céu, vós sereis
batizados com o Espírito.
—
Um dia, vós conhecereis a Verdade,
e a Verdade vos libertará.1
—
O medo é o maior escravizador
do homem e o orgulho a sua grande fraqueza.
—
Quanto à minha mensagem e aos
ensinamentos dados aos meus discípulos, vós deveríeis
julgá-los pelos seus frutos. Se proclamarmos a vós as Verdades
do Espírito, o Espírito testemunhará dentro dos vossos
Corações que a nossa mensagem é genuína. A respeito
do Reino e sobre a vossa convicção e a aceitação
que o Pai Celeste tem de vós, eu pergunto-vos, dentre vós, qual
o pai que, sendo um pai digno e de bom coração, manteria o seu
filho ansioso ou na expectativa quanto ao 'status' dele na família
ou quanto à segurança do seu lugar no afeto do Coração
do seu pai? Acaso vós, que sois pais terrenos, tendes prazer em torturar
os vossos filhos com a incerteza sobre a constância do amor que os vossos
corações humanos mantêm por eles? O vosso Pai no céu
também não deixa os Seus filhos do Espírito, pela fé,
na incerteza duvidosa quanto à posição deles no Reino.
Se recebeis a Deus como o vosso Pai, então, de fato e de verdade sois
os filhos de Deus. E se sois filhos, então estareis seguros na vossa
posição e quanto a tudo o que diz respeito à filiação
eterna e divina. Se vós acreditardes nas minhas palavras, conseqüentemente
vós acreditais Nele que me enviou e, acreditando assim no Pai, vós
vos estais certificando do vosso 'status' como cidadãos celestes. Se
fizerdes a Vontade do Pai no céu, nunca ireis fracassar na realização
da Vida Eterna de progresso no Reino Divino. O Espírito Supremo irá
testemunhar junto aos vossos espíritos que vós sois verdadeiramente
filhos de Deus. E se sois filhos de Deus, então nascestes do Espírito
de Deus; e todo aquele que houver nascido do Espírito tem em si próprio
o poder de superar qualquer dúvida; e esta vitória, que supera
toda a incerteza, é a vitória da vossa própria fé.
Disse o profeta Isaías, falando desses tempos: ‘Quando o Espírito
do alto é vertido sobre nós, então o trabalho da retidão
se transforma em paz, em silêncio e, para sempre, em convicção’.
E, para todos aqueles que verdadeiramente crêem neste Evangelho, eu
me transformarei na garantia de que serão recebidos nas misericórdias
eternas e na Vida, que perdurará para sempre, do Reino do meu Pai.
E então, vós, que ouvis esta mensagem e que credes neste Evangelho
do Reino, sois os filhos de Deus, e vós tendes a vida eterna; e a evidência,
para todo o mundo, de que nascestes do Espírito é que vós
amais uns aos outros com sinceridade.
—
A menos que um homem tenha nascido
do Alto, ele não pode ver o Reino de Deus. A menos que um homem nasça
do Espírito, ele não pode entrar no Reino de Deus. Aquele que
nasce da carne é carne; mas aquele que nasce do Espírito é
Espírito. Quando sopra o vento, tu escutas o farfalhar das folhas,
mas não podes ver o vento – nem de onde vem, nem para onde vai
– e assim é com todos os nascidos do Espírito. Com os
olhos da carne, podes te aperceber das manifestações do Espírito,
mas não podes discernir de fato o Espírito.
—
O Espírito do Pai no céu
já reside em ti. Se quiseres ser conduzido por esse Espírito
vindo do Alto, tu irás, muito em breve, começar a ver com os
Olhos do Espírito, e, então, por meio da escolha sincera, serás
guiado pelo Espírito, nascerás no Espírito, desde que
o teu propósito de viver seja o de fazer a vontade do teu Pai que está
no céu.2
E, assim, tendo nascido no Espírito e estando feliz no Reino de Deus,
tu começarás a colher na tua vida diária os frutos abundantes
do Espírito.
—
Uma verdadeira família baseia-se
nos sete fatos seguintes: 1º) O fato da existência. As relações
da Natureza e os fenômenos da semelhança mortal estão
ligados na família: os filhos herdam alguns traços dos pais.
Os filhos têm origem nos pais; a existência da personalidade depende
de um ato dos pais. A relação entre o pai e o filho é
inerente em toda a Natureza e pertence a todas as existências vivas;
2º) A segurança e o prazer. Os verdadeiros pais têm
um grande prazer em prover as necessidades dos filhos. Muitos pais, não
contentes em suprir meramente as necessidades dos seus filhos, gostam também
de prover os seus prazeres; 3º) A educação e a instrução.
Os pais sábios planejam cuidadosamente a educação e a
instrução adequada dos seus filhos e filhas. Quando jovens,
eles são preparados para as responsabilidades maiores da vida; 4º)
A disciplina e as restrições. Os pais previdentes também
cuidam da disciplina necessária, da orientação, da correção
e, algumas vezes, das restrições a serem feitas à sua
progênie imatura; 5º) O companheirismo e a lealdade. O pai
afetuoso mantém um relacionamento íntimo e amoroso com os filhos.
O seu ouvido fica sempre aberto aos seus pedidos; ele está sempre pronto
a compartilhar das provações deles e a ajudá-los nas
dificuldades. O pai está supremamente interessado no bem-estar progressivo
da sua progênie; 6º) O amor e a misericórdia. Um
pai compassivo perdoa livremente; os pais não conservam memórias
vingativas contra os seus filhos. Os pais não são como juízes,
nem como inimigos, nem como credores. As verdadeiras famílias são
construídas na tolerância, na paciência e no perdão
[compreensão];
e 7º) A provisão para o futuro. Os pais temporais gostam
de deixar uma herança para os seus filhos. A família continua
de uma geração para a outra. A morte apenas põe fim a
uma geração para marcar o começo de outra. A morte termina
com a vida de um indivíduo, mas não necessariamente com a vida
da família.
—
Em verdade, em verdade, digo a vós,
que aquele que conquista o controle sobre o próprio ego é maior
do que aquele que conquista uma cidade. A automestria é a medida da
natureza moral do homem, e é indicadora do seu desenvolvimento espiritual.
Vós jejuastes e orastes, segundo a velha ordem; e como novas criaturas
que sois, no renascimento pelo Espírito, vos é ensinado a acreditar
e a rejubilar. No Reino do Pai, vós deveis transformar-vos em novas
criaturas; as velhas coisas devem passar. Observai, pois eu vos mostro como
todas as coisas devem se tornar novas. E, pelo amor que tendes uns pelos outros,
vós deveis convencer o mundo de que passastes da escravidão
à liberdade, da morte para a Vida Eterna. Segundo o velho caminho,
vós buscais suprimir, obedecer e vos colocar em conformidade com as
regras do viver; pelo novo caminho vós sois primeiro transformados,
na vossa personalidade-alma interior, pelo Espírito da Verdade e sois
fortalecidos por ele, com a renovação espiritual constante da
vossa mente e, assim, sereis dotados com o poder de atuar do modo certo, rejubilante
e cumprindo, com graça e aceitação, a vontade perfeita
de Deus. Não vos esqueçais de que é a vossa fé
pessoal nas promessas imensamente grandes e preciosas de Deus, o que assegura
que vos tornareis participantes da natureza divina. Assim, pela vossa fé
e pela transformação do Espírito, vós vos tornais
na realidade os templos de Deus; e o Espírito Dele, de fato, reside
dentro de vós. Se, então, o Espírito reside em vós,
não mais sois escravos da carne, mas sois, sim, filhos livres e libertos
do Espírito. A nova Lei do Espírito proporciona-vos a liberdade
do autocontrole e da automestria, em substituição à velha
lei do medo, da escravidão e da prisão ao ego, na auto-renúncia.
Quantas vezes, após haverdes feito o mal, vós pensastes em atribuir
os vossos atos à influência do maligno, quando, em realidade,
fostes levados pelas vossas próprias tendências naturais? E o
profeta Jeremias não vos disse, há muito tempo, que o coração
humano engana, acima de todas as coisas, e que é, algumas vezes, até
mesmo desesperadamente perverso? Quão fácil para vós
é que sejais enganados, e que, por isto, caiais em medos tolos, em
concupiscências diversas e nos prazeres escravizantes da malícia,
da inveja e mesmo do ódio vingativo! A salvação se dá
por meio da regeneração do Espírito, e não pelos
atos de retidão na carne. Vós vos justificais pela fé,
e pela graça sois admitidos à comunhão entre irmãos,
e não pelo medo e pela renúncia da carne; embora os filhos do
Pai, nascidos do Espírito, sejam sempre e cada vez mais os mestres
sobre o próprio ego e tudo o que é pertinente aos desejos da
carne. Quando souberdes que sois salvos pela fé, vós estareis
na paz real de Deus. E tudo o que vier no caminho desta paz celeste está
destinado a ser santificado no serviço eterno dos filhos, sempre em
avanço, do Deus eterno. Doravante, não é um dever, mas
é como um alto Privilégio que, ao buscardes a perfeição
no amor do Pai, vos limpeis de todos os males da mente e do corpo. A vossa
filiação tem o seu fundamento na fé, e deveis permanecer
insensíveis ao medo. O vosso júbilo nasce da confiança
na Palavra Divina e, conseqüentemente, não sereis levados a duvidar
da realidade do amor e da misericórdia do Pai. É a bondade mesma
de Deus que conduz os homens ao arrependimento verdadeiro e genuíno.
O vosso segredo da mestria e do controle sobre o ego está ligado à
vossa fé no Espírito Residente, que sempre trabalha por amor.
Mesmo esta fé salvadora que tendes, não a tendes por vós
próprios; é também uma dádiva de Deus. E, se sois
filhos desta fé viva, não sois mais escravos do vosso ego, pois
sois, antes, os Mestres triunfantes de vós próprios –
sois os filhos libertados de Deus. Se, pois, sois nascidos do Espírito,
então, meus filhos, estais para sempre libertados das correntes autoconscientes
de uma vida de auto-renúncia e de vigilância sobre os desejos
da carne, e sereis transladados para o Reino rejubilante do Espírito,
do qual espontaneamente vós mostrareis os frutos, vindos do Espírito,
na vossa vida diária; e os frutos do Espírito são, em
essência, o tipo mais elevado de autocontrole agradável e enobrecedor;
são o auge mesmo da realização terrestre para os mortais
– a verdadeira mestria sobre vós próprios.
—
Meus irmãos: deveis aprender
o valor do descanso e a eficácia do relaxamento. Deveis compreender
que o melhor método de resolver certos problemas emaranhados é
o de abandoná-los por algum tempo. Então, quando voltardes refrescados
do descanso ou da adoração, estareis aptos a atacar os vossos
problemas com uma cabeça mais clara e com a mão mais firme,
para não mencionar o Coração que estará mais resoluto.
De novo, muitas vezes vereis que o problema terá o seu tamanho e as
suas proporções encolhidas, durante o tempo em que estivestes
descansando a vossa mente e o vosso corpo.
—
Todos os que beberem da água
da Terra terão sede novamente; mas quem beber da Água do Espírito
vivo nunca mais terá sede. Esta Água da Vida tornar-se-á
dentro dele como um poço de água fresca, jorrando até
a Vida Eterna.
—
A tua salvação não
vem de saberes como os outros deveriam adorar, nem onde; mas vem de receberes
no teu próprio Coração a Água da Vida.
—
O ódio é a sombra do
medo; a vingança é a máscara da covardia.
—
A prece que é incompatível
com as leis conhecidas e estabelecidas de Deus é uma abominação
para as Deidades do Paraíso.3
—
O mal é a transgressão
inconsciente ou não intencional da Lei Divina, a Vontade do Pai. O
mal é, do mesmo modo, a medida da imperfeição da obediência
à Vontade do Pai. O pecado é a transgressão consciente,
consabida e deliberada da Lei Divina, a Vontade do Pai. O pecado é
a medida da falta de vontade de se ser conduzido divinamente e dirigido espiritualmente.
A iniqüidade é a transgressão voluntária, determinada
e persistente da Lei Divina, a Vontade do Pai. A iniqüidade é
a medida da rejeição continuada do plano de amor do Pai para
a sobrevivência da personalidade-alma e da ministração
misericordiosa de salvação do Filho. Por natureza, antes do
renascimento do Espírito, o homem mortal fica sujeito a tendências
inerentes para o mal, mas tais imperfeições naturais de comportamento
não são pecado, nem iniqüidade. O homem mortal está
apenas começando a sua longa ascensão até a perfeição
do Pai no Paraíso. Ser imperfeito ou parcial, por limitação
dos dons naturais, não é pecaminoso. O homem está de
fato sujeito ao mal, mas ele não é, em nenhum sentido, um filho
do maligno, a menos que ele tenha consciente e deliberadamente escolhido os
caminhos do pecado e da vida da iniqüidade. O mal é inerente à
ordem natural deste mundo, mas o pecado é uma atitude de rebelião
consciente que foi trazida a este mundo por aqueles que caíram da LLuz
Espiritual entrando em trevas espessas. Os homens são, de fato, maus
por natureza, mas não são necessariamente pecadores. O novo
nascimento – o Batismo do Espírito – é essencial
para a libertação do mal e é necessário para a
entrada no Reino do céu, mas nada disto trai o fato de o homem ser
filho de Deus. E esta inerente presença, em potencial, do mal, não
significa que o homem esteja, de um modo misterioso, apartado do Pai que está
no céu, de uma maneira tal, que deva, como se fora um estranho e um
forasteiro, ou um filho adotado, buscar a adoção legal do Pai,
de algum modo. Todas estas noções nascem, em primeiro lugar,
do entendimento errado do Pai e, em segundo lugar, da ignorância da
origem, da natureza e do destino do homem. Os gregos e outros povos ensinaram
que o homem descende da melhor perfeição, tendo caído
diretamente no olvido ou destruição; eu vim para mostrar que,
com a entrada no Reino, o homem está ascendendo certa e seguramente
até Deus e à perfeição divina. Qualquer ser que,
de alguma maneira, não alcança os ideais divinos e espirituais
da Vontade do Pai eterno é potencialmente mau, mas tais seres não
são, em nenhum sentido, pecadores, e menos ainda iníquos. ‘Aqueles
que têm o Espírito de Deus de fato são filhos de Deus’.
Conquanto haja uma parte material do pai humano no filho natural, há
uma parte espiritual do Pai Celeste em todos os filhos.
—
A presença do mal, por si só,
é um teste suficiente para a ascensão do homem; já o
pecado não é essencial à sobrevivência.
—
De uma vez por todas, sede libertados
da superstição de que Deus aflige o homem a comando daquele
que é o maligno.
—
A ira é uma manifestação
material que, de um modo geral, representa a medida do fracasso da natureza
espiritual em conquistar o controle das naturezas intelectual e física
combinadas. A ira indica falta de amor fraterno, tolerante, que se soma à
falta de auto-respeito e de autocontrole. A ira exaure a saúde, degrada
a mente e limita a atuação do Espírito que instrui a
personalidade-alma do homem. 'A raiva mata o homem tolo.' 'O homem se dilacera
na própria cólera.' 'Aquele que tem a raiva lenta é de
grande compreensão'; 'aquele que se irrita logo exalta a loucura.'
Vós todos sabeis que 'uma resposta suave afasta a cólera', e
que 'palavras pesadas estimulam a raiva.' 'A prudência protela a cólera',
enquanto 'aquele que não tem nenhum controle sobre o seu próprio
ego é como uma cidade sem defesa e sem muros.' 'A ira é cruel
e a raiva é ultrajante.' 'Os homens irados põem fogo na discussão,
enquanto os furiosos multiplicam as suas transgressões.' 'Não
sejais apressados em espírito, pois a ira repousa no seio dos tolos.'
Deixa o teu Coração ser dominado pelo amor, para que o teu Espírito-guia
tenha pouco trabalho em te libertar da tendência de dar vazão
àquelas explosões de fúria animal, que são incompatíveis
com a posição de filiação divina.
—
Um Coração contente causa
o bem tanto quanto um medicamento.
—
No Reino do céu, que eu vim
proclamar, não há um rei poderoso no alto; este Reino é
uma família divina. O centro e a cabeça, universalmente reconhecidos
e adorados incondicionalmente, desta vasta irmandade de seres inteligentes
é o meu Pai e o vosso Pai. Eu sou o seu Filho, e vós também
sois filhos Dele. E, portanto, é eternamente verdadeiro que todos vós
e eu somos irmãos, no domínio celeste, e isto é ainda
mais verdadeiro, já que nós nos tornamos irmãos na carne,
nesta vida terrena.
—
Deixai que a vossa humildade tenha
uma origem espiritual e que não seja uma exibição ilusória
do sentimento autoconsciente de superioridade.
—
Os trajetos das estrelas no céu
absolutamente nada têm a ver com os acontecimentos da vida humana na
Terra. A Astronomia é uma busca própria da ciência, mas
a Astrologia é uma massa de erros supersticiosos que não tem
nenhum lugar no Evangelho do Reino.
— O exame dos órgãos
internos de um animal morto há pouco nada pode revelar sobre o tempo,
sobre os acontecimentos futuros nem sobre os resultados vindouros das questões
humanas.
—
Os espíritos dos mortos não
voltam para se comunicar com as suas famílias nem com os antigos amigos
entre os vivos.
—
Os encantos e as relíquias são impotentes para
curar a doença, para proteger contra os desastres ou a influência
de maus espíritos; a crença de que todo esse material influencie
o mundo espiritual nada é senão uma superstição
grosseira.
—
Tirar a sorte, embora possa ser uma
forma conveniente de decidir sobre dificuldades menores, não é
um método indicado para desvelar a Vontade Divina. As conseqüências
resultam sendo uma questão de acaso material. O único meio de
comunhão com o mundo espiritual está contido na dotação
do Espírito à Humanidade, o Espírito Residente do Pai,
junto com o Espírito efusionado do Filho e a influência onipresente
do Espírito Infinito.
—
A adivinhação, a bruxaria
e a feitiçaria são superstições de mentes ignorantes,
como o são também as ilusões da magia. A crença
em números mágicos, em presságios de boa sorte e nos
arautos da má sorte, é tudo uma pura e infundada superstição.
—
A interpretação dos sonhos
é um sistema ignorante de especulação fantástica
amplamente supersticioso e sem base. O Evangelho do Reino nada deve ter em
comum com os sacerdotes-adivinhos da religião primitiva.
—
Os espíritos do bem ou do mal
não podem residir em símbolos materiais de argila, de madeira
ou de metal; os ídolos nada mais são do que o material de que
são feitos.
—
As práticas dos magos, dos bruxos
e dos feiticeiros derivaram das superstições dos egípcios,
dos assírios, dos babilônios e dos antigos cananeus. Os amuletos
e todas as espécies de encantamentos são inúteis tanto
para ganhar a proteção dos bons espíritos, quanto para
proteger dos supostos espíritos maus.