Fragmentos do Livro de Urântia
(Parte II)

Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

Jesus de Nazaré, na experiência humana, atingiu a realização plena da personalidade espiritual potencial.

 

O homem consegue a união com Deus, mas não como uma gota de água poderia encontrar a unidade com o oceano. O homem consegue a união divina por meio de uma comunhão recíproca espiritual progressiva, pelo relacionamento da personalidade com o Deus pessoal, ao atingir, de modo crescente, a natureza divina, por meio de uma conformidade inteligente, buscada com todo o seu Coração, à vontade divina.

 

A realidade última do universo não pode ser captada pela matemática, nem pela lógica, nem pela filosofia; apenas a experiência pessoal pode captá-la, em conformidade progressiva com a vontade divina de um Deus pessoal.1

 

 

 

Nem o espaço nem o tempo podem ser absolutos nem infinitos.

 

As limitações humanas e o mal em potencial não fazem parte da natureza divina, mas a experiência mortal e todas as relações do homem com o mal são, certamente, uma parte da auto-realização sempre expansiva de Deus, nos filhos-do-tempo...2

 

A justiça do Pai Universal não pode ser influenciada pelos atos e realizações das Suas criaturas, pois não há iniqüidade no Senhor, nosso Deus, não há favorecimento de pessoas e não há aceitação de oferendas. Quão fútil é fazer apelos pueris a este Deus para que modifique os Seus decretos imutáveis, de modo a evitar as justas conseqüências da ação das Suas Leis.3

 

 

 

Mesmo na justiça que vem da colheita plantada pelo erro, a Justiça Divina ainda tem a misericórdia a temperá-la. A Sabedoria Infinita é o árbitro eterno que determina as proporções da justiça e da misericórdia a serem dispensadas em qualquer circunstância. A conseqüência inevitável para o erro e a rebelião deliberados contra o Governo de Deus4 é a perda da existência... O resultado final do pecado pleno e deliberado é o aniquilamento. Em última análise, os indivíduos identificados com o pecado destroem a si próprios ao se tornarem inteiramente irreais por meio da adoção da iniqüidade. O desaparecimento factual de uma criatura, no entanto, é sempre retardado, até que a ordem comandada pela justiça corrente, naquele universo, tenha sido inteiramente cumprida. A cessação da existência geralmente é decretada no juízo dispensacional ou no juízo epocal do reino ou dos reinos. Em um mundo como o de Urântia, ela vem ao fim de uma dispensação planetária. A cessação da existência pode ser decretada, em tais épocas pela ação coordenada de todos os tribunais da jurisdição, que vão desde o conselho planetário, passando pelas cortes dos Filhos Criadores, até os tribunais de julgamento dos Anciães dos Dias. O mandato de dissolução tem origem nas cortes mais altas do superuniverso, seguindo uma confirmação ininterrupta da sentença original, na esfera de residência daquele que adota o mal; e então, quando a sentença de extinção houver sido confirmada do alto, a execução é feita por um ato direto dos juízes que residem e atuam nos centros do governo do superuniverso. Quando uma sentença como esta é finalmente confirmada, é como se o ser, identificado com o pecado, instantaneamente não tivesse existido. Não há ressurreição desse destino; ele é perdurável e eterno. Os fatores da identidade da energia vivente são resolvidos pelas transformações no tempo e pela metamorfose no espaço, nos potenciais cósmicos, dos quais emergiram certa vez. Quanto à personalidade do ser iníquo, é ela despojada do seu veículo de continuidade vital, em vista do fracasso de tal criatura ao efetivar as escolhas e as decisões finais que lhe teriam assegurado a vida eterna. Quando o abraçar contínuo do pecado, pela mente, culmina em completa identificação com a iniqüidade, então, ao cessar da vida, pela dissolução cósmica, esta personalidade isolada é absorvida na Supra-alma da criação, tornando-se uma parte da experiência de evolução do Ser Supremo. Nunca mais aparece como uma personalidade. A sua identidade é transformada, como se nunca tivesse existido. No caso de uma personalidade residida por um Ajustador, os valores espirituais experimentados sobrevivem na realidade da continuidade do Ajustador... O mal não diluído, o erro completo, o pecado voluntário e a iniqüidade não mitigada são, inerente e automaticamente, suicidas. Tais atitudes, de irrealidade cósmica, podem sobreviver no universo apenas em razão da tolerância misericordiosa transitória que depende e aguarda a ação determinante nos mecanismos da justiça e da equanimidade da parte dos tribunais que buscam encontrar o juízo da retidão no universo... O papel dos Filhos Criadores, nos universos locais, é o da criação e da espiritualização. Estes Filhos se devotam à execução efetiva do plano do Paraíso, de ascensão mortal progressiva, de reabilitação dos rebeldes e dos pensadores em erro, mas, quando todos os seus esforços, plenos de amor, forem finalmente e para sempre rejeitados, o decreto final de dissolução é executado pelas forças que agem sob a jurisdição dos Anciães dos Dias.5

 

 

Entropia por Iniqüidade
(meramente pictorial)

 

 

 

Afinal, a maior evidência da bondade de Deus e a suprema razão para amá-Lo é a dádiva do Pai, que reside em cada um de vós – o Ajustador que tão pacientemente aguarda a hora em que ireis, ambos, transformar-vos em um. Eternamente! (Grifo meu).

 

Deus vive dentro de vós... Ele enviou a Si próprio, ao Seu espírito, para viver dentro de vós e para lutar arduamente, do vosso lado, na busca dos objetivos da vossa carreira eterna.

 

A experiência de amar é, em muito, uma resposta direta à experiência de ser amado.

 

A verdadeira Religião requer que o supramundo da natureza do espírito seja conhecedor das necessidades fundamentais do mundo humano e que seja sensível a elas. A Religião Evolucionária pode se tornar ética, mas apenas a Religião Revelada é moral e espiritual de um modo verdadeiro.

 

Os fatos físicos são suficientemente uniformes, mas a verdade é um fator vivo e flexível na filosofia do universo. As personalidades em evolução são apenas parcialmente sábias e relativamente verazes nas suas comunicações. Podem estar certas apenas dentro dos limites da sua experiência pessoal. Aquilo que, pela aparência, pode ser totalmente verdadeiro em um lugar, pode ser apenas relativamente verdadeiro em outro segmento da criação. E assim, a história das coisas espirituais, como é contada por inúmeros indivíduos procedentes de várias esferas, pode, algumas vezes, variar quanto aos detalhes, devido a essa relatividade na totalização do conhecimento e na abrangência da experiência pessoal, bem como na duração e no alcance desta mesma experiência.

 

 

 

Quando o homem busca a Verdade, ele está buscando o divinamente real.

 

Os filósofos, de maneira geral, cometem o seu mais grave erro quando são conduzidos à falácia da abstração e à prática de focalizar a sua atenção em um aspecto da realidade e de proclamar, então, um tal aspecto isolado como sendo a verdade inteira. O filósofo sábio irá sempre recorrer ao projeto da criação que está por trás e que é preexistente a todos os fenômenos universais. O pensamento criador, invariavelmente, precede à ação criadora. A autoconsciência intelectual pode descobrir a beleza da verdade e a sua qualidade espiritual, não apenas pela consistência filosófica dos seus conceitos, mas, ainda mais certa e seguramente, pela resposta inequívoca do sempre presente Espírito da Verdade. A felicidade vem como conseqüência do reconhecimento da verdade, porque esta pode ser factual e pode ser vivenciada. O desapontamento e a tristeza advêm após o erro, porque, não sendo este uma realidade, não pode ser factualizado pela experiência. A Verdade Divina é mais conhecida pelo seu Aroma Espiritual.

 

A busca eterna é de unificação, de coerência divina... O encanto mesmo da arte humana consiste na harmonia da sua unidade.

 

A moralidade proclamada ao exagero e isolada da religião moderna, que fracassa em manter a devoção e a lealdade de muitos dos homens deste século, poderia se reabilitar se, além dos seus mandatos morais, tivesse a mesma consideração pelas verdades da ciência, pelas verdades da filosofia, pelas verdades da experiência espiritual e pelas belezas da criação física, bem como pelo encanto da arte intelectual e pela grandeza de uma realização genuína de caráter. O desafio religioso desta época é dirigido àqueles homens e àquelas mulheres que, pela sua visão ampla e voltada para o futuro, e, pelo discernimento da sua luz interna, ousarão construir uma nova e atraente filosofia de vida, partindo dos conceitos modernos, sutilmente integrados, da verdade cósmica, da beleza universal e da bondade divina. Uma tal visão, nova e reta, da moralidade, atrairá tudo o que existir de bom na mente do homem e convocará o que houver de melhor na alma humana.

 

Toda a verdade – material, filosófica ou espiritual – é tanto bela quanto boa. Toda a beleza real – a arte material ou a simetria espiritual – é tanto verdadeira quanto boa. Toda a bondade genuína – seja a moralidade pessoal, seja a eqüidade social, seja o ministério divino – é igualmente verdadeira e bela. A saúde, a sanidade e a felicidade são integrações da verdade, da beleza e da bondade ao se misturarem na experiência humana. Estes níveis de uma vida eficaz advêm, pela unificação de sistemas de energia, de sistemas de idéias e de sistemas espirituais.

 

O propósito real de toda a educação, no universo, é tornar efetiva a melhor coordenação do filho isolado dos mundos com as realidades mais amplas da sua experiência em expansão.

 

O Pai Universal está constantemente presente em todas as partes e em todos os Corações... A criatura não apenas existe em Deus, mas também Deus vive na criatura... Aquele que habita no amor habita em Deus; e Deus nele... O verdadeiro Deus não está longe, é parte de nós; o Seu Espírito fala de dentro de nós.6

 

Nas idades do tempo, o bem-estar de uma parte pode, algumas vezes, parecer diferente do bem-estar do todo; no círculo da eternidade, entretanto, essas diferenças aparentes inexistem.7

 

Para ser considerado: 1º) A coragem – a força de caráter – é desejável? Então, o homem deve ser criado em um ambiente que requeira um enfrentamento das dificuldades e uma reação às decepções; 2º) O altruísmo – o serviço aos semelhantes – é desejável? Então, a experiência de vida deve propiciar o deparar-se com situações de desigualdade social; 3º) A esperança – a grandeza da confiança – é desejável? Então a existência humana deve se confrontar constantemente com inseguranças e incertezas renovadas; 4º) A fé – a suprema afirmação do pensamento humano – é desejável? Então, a mente humana deve ser colocada frente a grandes dificuldades, nas quais sempre sabe menos do que pode crer; 5º) O amor à verdade e a disposição de ir até onde quer que esse amor conduza são desejáveis? Então, o homem deve crescer em um mundo no qual o erro esteja presente e a falsidade seja sempre possível; 6º) O idealismo – um conceito muito próximo do divino – é desejável? Então, o homem deve labutar em um ambiente de relativa bondade e beleza, em cercanias que estimulem a busca incontida de coisas melhores; 7º) A lealdade – a devoção ao dever mais elevado – é desejável? Então, o homem deve continuar indo em frente, apesar de rodeado de possibilidades de traição e deserção. O valor da devoção ao dever advém do perigo implícito de fracasso; 8º) O desapego – o espírito do auto-esquecimento – é desejável? Então, o homem mortal deve viver frente a frente com o incessante clamor de um ego inescapável, que exige reconhecimento e honras. O homem não poderia escolher, de um modo dinâmico, a vida divina, se não existisse uma vida do ego à qual renunciar. O homem não poderia nunca se aferrar à salvação, na retidão, se não houvesse nenhum mal em potencial exaltando e diferenciando o bem, por contraste; 9º) O prazer – a satisfação da felicidade – é desejável? Então, o homem deve viver em um mundo no qual a alternativa da dor e a probabilidade do sofrimento sejam possibilidades experimentáveis sempre presentes.

 

Em todo o universo, cada unidade é considerada como uma parte do todo. A sobrevivência e a harmonia da parte dependem da cooperação com o plano e o propósito do todo.

 

 

 

 

O único mundo evolucionário sem erro (sem a possibilidade de um juízo pouco sábio) seria um mundo sem inteligência livre... O homem em evolução deve ser falível, se houver de ser livre... A inteligência livre e inexperiente não pode ser, certamente, de início, uniformemente sábia... Entretanto, a possibilidade de o juízo errôneo (o mal) transformar-se em pecado ocorre apenas quando a vontade humana endossa, conscientemente, e adota, de propósito, um juízo deliberadamente imoral.8

 

Há uma Lei Unificadora que rege o universo... As causas do universo não podem ser inferiores aos efeitos do universo... A palavra de ordem do universo é progresso... Os universos são eternamente estáveis. A estabilidade se sustenta em meio à instabilidade aparente. Existem uma ordem e uma segurança subjacentes em meio às perturbações da energia e aos cataclismos físicos nos domínios estelares.

 

A natureza traz um vínculo de perfeição, de uniformidade, de imutabilidade, de majestade e de maravilhosidade que vem do círculo da eternidade; mas, em cada universo, planeta e vida individual, esta natureza é modificada, qualificada e desfigurada casualmente pelos atos, erros e deslealdades das criaturas dos sistemas e dos universos evolucionários. É por isto que a natureza tem sempre o ânimo mutável e caprichoso, se bem que estável, no fundo, e que varia de acordo com os procedimentos vigentes em cada universo local. A natureza é a perfeição dividida pela incompletude, pelo mal e pelo pecado dos universos inacabados. Este quociente expressa, assim, tanto do perfeito quanto do parcial, tanto do eterno quanto do temporal. A evolução contínua modifica a natureza fazendo aumentar o seu conteúdo de perfeição e reduzindo o conteúdo de mal, de erro e de desarmonia da realidade relativa.9

 

 

 

 

O fenômeno da natureza é uma superimposição das imperfeições da evolução progressiva (que são meramente interrupções momentâneas inevitáveis na projeção de um filme ascensional sempre em movimento) e, algumas vezes, das conseqüências da rebelião insurrecional... A natureza é uma requalificação estipulada das leis da perfeição, projetada e levada a efeito pelos planos evolucionários do universo local... A natureza também é uma manifestação do inacabado, do incompleto, das elaborações imperfeitas do desenvolvimento, do crescimento e do progresso de um universo experimental, em evolução cósmica.

 

 

 

 

As imperfeições observadas da evolução progressiva, como foi dito acima, são meramente interrupções momentâneas inevitáveis na projeção de um filme sempre em movimento ascensional. E são essas mesmas interrupções defeituosas da perfeição em ilimitada continuidade que possibilitam à mente finita do homem material captar fugazmente a atualidade divina, no tempo e no espaço. E se a natureza está relativamente desfigurada, se a sua face de beleza tem cicatrizes, se as suas feições ficaram murchas pela rebelião, é porque a conduta errônea e o pensamento desviado das miríades de criaturas, que são uma parte desta mesma natureza, têm contribuído para a sua desfiguração no tempo.

 

A tradição religiosa é o registro, imperfeitamente preservado, das experiências dos homens sabedores e conhecedores de Deus (deturpado in Corde) das eras passadas. Contudo, tais registros não são confiáveis como guias para a vida religiosa, nem como fonte de informação verdadeira sobre o Pai Universal (deturpado in Corde). Tais crenças antigas têm sido invariavelmente alteradas pelo fato de o homem primitivo haver sido um elaborador de mitos... O povo de Urântia continua a sofrer a influência de conceitos primitivos de Deus. Os deuses desencadeados na tormenta, que sacodem a Terra na sua cólera e que derrubam os homens na sua ira, os que infligem o seu julgamento descontente na forma de penúria e de enchentes – estes são os deuses da religião primitiva; não são os Deuses que vivem nos universos e que os governam. Tais conceitos são uma relíquia dos tempos em que os homens supunham que o universo estivesse sob o domínio e sob o controle dos caprichos de tais deuses imaginários. O homem mortal, entretanto, está começando a se dar conta de que vive em um reino de relativa lei e de relativa ordem, no que diz respeito às políticas administrativas e à conduta dos Criadores Supremos e dos Controladores Supremos... A idéia bárbara de apaziguar a um Deus irado, fazendo propiciações para um Senhor ofendido, tentando ganhar os favores da Deidade; e tudo isto por meio de sacrifícios e de penitências ou mesmo pelo derramamento de sangue, é sinal de uma religião totalmente pueril e primitiva, de uma filosofia indigna de uma era esclarecida pela ciência e pela verdade. Tais crenças são extremamente repulsivas aos seres celestes e aos governantes divinos que servem e reinam nos universos. É uma afronta a Deus acreditar, sustentar ou ensinar que o sangue inocente deva ser derramado com a finalidade de conquistar os Seus favores ou de conjurar uma ira divina fictícia... Que distorção do caráter infinito de Deus não é o ensinamento de que o Seu coração paternal, em Sua suposta frieza e dureza austeras, não era tocado pelos sofrimentos e infortúnios das Suas criaturas, de que a Sua terna misericórdia não seria distribuída senão quando Ele visse o Seu Filho inocente sangrando e morrendo na cruz no Calvário!

 

Continua...

 

_____

Notas:

1. Se for mesmo possível que seja alcançada e realizada a realidade última do Universo, se e quando isto acontecer, o passo posterior será a fusão da consciência realizada com esta mesma realidade última universal.

2. Podemos até nos envergonhar de nossas relações com o mal, pois, afinal, somos seres, ainda, limitados. O que não devemos é permitir que esta vergonha nos impeça de tentar sempre melhorar e de seguir em frente. Especulando, penso que enquanto não for alcançada a realidade última do Universo, de uma forma ou de outra, um pouco mais ou um pouco menos, mais envergonhadores ou menos envergonhadores que sejam nossas relações com o mal, haveremos de cometer equívocos que, mais ou menos intensamente, afetarão o equilíbrio e a harmonia universais. E, mais uma vez, repito e insisto: jamais desistir!

 

 

3. Para as pessoas que admitem a existência de um Pai Universal Infinito, Criador Fiel e Divino, Ordenador Universal Incriado, Alma Suprema, Mente Primordial, Espírito Ilimitado, Imortal, Eterno, Auto-existente, Magnânimo, Onibenevolente etc., a maior absurdez é mesmo a futilidade de fazer apelos pueris a este Deus para que modifique os Seus decretos imutáveis, e admitir que Ele possa aceitar oferendas para que mude uma coisinha aqui outra ali ou faça um abatimento aqui outro ali. É errado pensar que Deus possa ser persuadido a amar os Seus filhos por meio de sacrifícios ou pela intercessão das Suas criaturas subordinadas. Os que, de alguma forma, ignorantemente tentam negociar com Deus, na verdade, estão transacionando com o demônio que criaram – cuja residência, conforme adverte Jorge Adoum, é o nosso Plexo Fundamental, onde mora o Inimigo Secreto autor e inspirador de todo mal e que tem sido por nós alimentado há milênios. Ora, como poderiam ser apagados os Registros Akáshicos? Como poderia ser abolida a Lei da Compensação? Como poderia ser extinta a Lei de Causa e Efeito? Como, enfim, poderíamos apre(e)nder se não quebrássemos a cara lá de vez em quando? No Universo ainda que para o próprio Universo as coisas se passem, por assim dizer, inconscientemente tudo tem uma dupla finalidade: educar e libertar. E tudo depende da compreensão. Enquanto não compreendermos, por exemplo, que, sob todos os aspectos, feijoada, sarapatel e sarrabulho são venenos para o corpo e para a personalidade-alma, no mínimo, incomodaremos os outros com os nossos puns caxinguentos. Ainda que o talionato cósmico inexista, a coisa toda se passa meio como está escrito: Não vos enganeis: do que semeardes, daquilo também colhereis. Enfim, os que admitem a existência de um Deus-Pai Criador, Onipotente, Magnânimo e Onibenevolente deveriam paralelamente admitir que este mesmo Deus-Pai está ciente e é sabedor das necessidades de todos nós, antes mesmo de que se faça uma rogativa a Ele, pois o seu circuito pessoal inclui todas as personalidades e o seu Espírito Infinito está presente todo o tempo e em todos os lugares.

 

 

4. Governo de Deus Ordem e Harmonia universais.

5. Isto foi assim, é assim e será assim. Um mortal identificado com o pecado torna-se inteiramente não-espiritual na sua natureza (e, portanto, pessoalmente irreal), e, por fim, acaba por experimentar a extinção do seu ser. A irrealidade, e mesmo a incompletude da natureza da criatura, não pode existir para sempre em um universo, cada vez mais, crescentemente espiritual. Mas, se em um dado momento, se manifestar uma incipiente sombra de arrependimento – arrependimento efetivamente sincero! – a entropia dissolutiva não acontecerá. Seja como for, a entropia dissolutiva só ocorre em casos extremos; furtar uma moeda do chapéu de um pobre ou mentir para ascender profissionalmente, por exemplo, são coisas graves e vexatórias, mas não levam à entropização do ser-no-mundo. Agora, quem sistematicamente comete crimes ignóbeis, pavorosos e repulsivos contra a Humanidade... Enfim, se Deus existe, penso que o que Ele mais deseje é que todos os homens se libertem pelo conhecimento da Verdade (ainda que todas as verdades sejam relativas, pois todo conhecimento finito e todo entendimento da criatura são relativos, já que todas as informações e todos os ensinamentos, ainda que possam ser colhidos em fontes elevadas e fidedignas, são apenas relativamente completos, isto é: são precisos apenas em relação ao local e são verdadeiros apenas para a pessoa), pois, em todas as nossas aflições Ele se aflige conosco.

6. Esta é, em nós, a Voz do Silêncio.

7. Às vezes, admitimos que houve uma injustiça aqui um descompasso ali. Estas admissibilidades são produtos tão-somente de nossa relativa ignorância. Somos todos parte da família universal, e devemos, portanto, algumas vezes, compartilhar da disciplina desta família. Tenhamos em mente que o conforto e o bem-estar mais elevado família universal sempre tem prioridade sobre o conforto e o bem-estar pessoal, e isto, algumas vezes, é compreendido como carma coletivo. Seja como for, se merecermos, ressurgiremos como ouro.

8. Por favor, releia a nota 2. Tudo o que a mente humana alcança de divino e tudo aquilo que a alma humana adquire são conquistas da experiência; são, em última análise, realidades da experiência pessoal derivadas da peregrinação do ser-no-mundo, e, portanto, estes dois relativos 'tudos' se constituem em uma posse única e pessoal. A experiência pessoal é intransferível e intransmissível. Pense nisto: a emoção e o prazer do devotamento consciente e sincero ao dever cumprido gerará sempre a tentação de descumpri-lo.

9. É por isto que tenho insistido e vou, mais uma vez, insistir: somos responsáveis por tudo.

 

Fundo musical:

Prelude nº 9 (Johann Sebastian Bach)

Fonte:

http://www.karaokenet.com.br/karaoke2/midisclassicos.htm

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.