Fragmentos
do Livro de Urântia
(Parte XVIII)
Rodolfo
Domenico Pizzinga
O
erro (o mal) é a penalidade da imperfeição.
O
erro (o mal) é a penalidade da imperfeição. As qualidades
da imperfeição ou os fatos da má-adaptação
revelam-se no nível material por meio da observação crítica
e da análise científica, e no nível moral, por intermédio
da experiência humana. A presença do mal se constitui em prova
das imprecisões da mente e da imaturidade do Eu em evolução.
O mal, portanto, é também uma medida da imperfeição
na interpretação do universo. A possibilidade de cometer erros
é inerente à aquisição da Sabedoria; ao esquema
de progredir do parcial e do temporal até o total e eterno, do relativo
e imperfeito ao final e perfeito. O erro é a sombra do incompleto-relativo,
que deve necessariamente cair sobre a senda ascendente do homem no universo,
antes da perfeição do Paraíso. O erro (o mal) não
é uma qualidade real do universo; é simplesmente a observação
de uma relatividade, na inter-relação entre a imperfeição
do finito incompleto e os níveis ascendentes do Supremo e do Último.
O
trabalho da vida de Jesus em Urântia, na verdade, foi
iniciado por João Batista... Muito da doçura especial de Jesus
e da sua compreensão compassiva da natureza humana, ele herdou do seu
pai; o dom de ser um Grande Mestre e a sua imensa capacidade de se indignar,
por retidão,1
ele herdou da sua mãe.
A
má adaptação da vida autoconsciente ao universo resulta
em desarmonia cósmica. A divergência final, entre a vontade da
personalidade e as tendências do universo, termina no isolamento intelectual
e na segregação da personalidade. À perda da chama-piloto
do espírito residente sobrevém a cessação da existência
espiritual.
Há
sete diferentes concepções de espaço, enquanto ele é
condicionado pelo tempo. O espaço é medido pelo tempo; não
o tempo pelo espaço. A confusão do cientista cresce a partir
do fracasso em reconhecer a realidade do espaço. O espaço não
é meramente um conceito intelectual da variação na relação
entre os objetos do universo. O espaço não é vazio; e
a única coisa que o homem conhece e que, mesmo parcialmente, pode transcender
o espaço é a sua mente. A mente pode funcionar independentemente
do conceito de relação espacial dos objetos materiais. O espaço
é relativa e comparativamente finito, para todos os seres cujo 'status'
é o de criatura. Quanto mais a consciência se aproxima do conhecimento
das sete dimensões cósmicas, tanto mais o conceito de espaço
potencial se aproxima da ultimidade. Mas o potencial do espaço é
uma ultimidade verdadeira apenas no nível absoluto. O conceito de tempo-espaço,
para uma mente de origem material, está destinado a passar por sucessivas
ampliações, à medida que a personalidade-alma consciente
e pensante ascende nos níveis do universo. Quando o homem alcançar
a mente que sabe intervir entre os planos material e espiritual da existência,
as suas idéias sobre o espaço-tempo serão enormemente
expandidas quanto à qualidade de percepção e quanto à
quantidade da experiência. As concepções cósmicas,
em expansão, de uma personalidade espiritual em avanço, são
devidas ao aumento tanto da profundidade da visão interior quanto do
escopo da consciência. E à medida que a personalidade-alma continua,
para cima e para dentro, e passa para os níveis transcendentais, o
conceito de tempo-espaço, de modo crescente, irá se aproximar
dos conceitos, fora de tempo e de espaço. Relativamente e conforme
se vai conseguindo alcançar o transcendental, estes conceitos no nível
do absoluto hão de ser presenciados pelos filhos do destino último.
O bem e o mal são meramente
palavras a simbolizar os níveis relativos da compreensão humana
do universo observável.
A bondade, como a verdade, é
sempre relativa e, infalivelmente, contrasta com o mal. É a percepção
dessas qualidades de bondade e de verdade que capacita as personalidades-almas
em evolução dos homens a tomar aquelas decisões pessoais
cujas escolhas são essenciais para a sobrevivência eterna.
Para
que possa haver a escolha moral, a possibilidade do mal é necessária,
mas não a realidade do mal. Uma sombra é apenas relativamente
real. O mal real não é necessário como uma experiência
pessoal. O mal potencial atua igualmente bem, como um estímulo para
a decisão, nos domínios de progressão moral e nos níveis
inferiores do desenvolvimento espiritual. O mal se transforma em uma realidade
da experiência pessoal apenas quando a mente faz dele a sua escolha.
No
dia 21 de agosto do ano 7 a.C., ao meio-dia, com a ajuda e as ministrações
carinhosas de mulheres viajantes amigas, Maria deu à luz um pequeno
varão: Jesus de Nazaré.2
Ao oitavo dia, conforme a prática judaica,
foi circuncidado e formalmente denominado Joshua (Jesus).
Nas
cortes do templo estavam freqüentemente presentes duas figuras
dignas de nota: Simeão, um cantor, e Anna, uma poetisa. Simeão
era da Judéia e Anna, da Galiléia. Estes dois estavam
quase sempre juntos e ambos eram íntimos do sacerdote Zacarias,
que havia confiado o segredo de João e Jesus a eles. E, tanto
Simeão quanto Anna, ansiavam pela vinda do Messias, e a sua
confiança em Zacarias os levara a acreditar que Jesus fosse
o libertador esperado do povo judeu. Zacarias sabia para que dia era
esperado que José e Maria aparecessem no templo com Jesus;
e acertou com Simeão e Anna, antecipadamente, que ele indicaria,
com a saudação da sua mão levantada, qual, na
procissão das crianças recém-nascidas, era Jesus.
Para essa ocasião Anna havia escrito um poema que Simeão
passou a cantar, para surpresa de José, de Maria e de todos
os que estavam reunidos nos pátios do templo. E o hino deles,
para a redenção do filho primogênito, foi assim:
Abençoado seja o Senhor, Deus de Israel,
Que nos visitou e trouxe a redenção ao seu povo;
A trombeta da salvação, Ele fez soar por todos nós
Na casa do seu servo Davi.
Assim como falou da boca dos seus sagrados profetas
– Salvação dos nossos inimigos e da mão
de todos aqueles que nos odeiam;
Para mostrar misericórdia para com os nossos pais, na lembrança
da Sua santa aliança –
O juramento que fez a Abraão, nosso pai,
De conceder-nos que nós, sendo libertados da mão dos
nossos inimigos,
Pudéssemos servir a ele sem temores,
Em santidade e retidão perante ele, por todos os nossos dias.
E que tu, sim, menino prometido, sejas chamado de Profeta do Altíssimo;
Porque irás, diante do semblante do Senhor, estabelecer o seu
Reino;
Dar conhecimento da salvação a seu povo
Em remissão dos seus pecados.
Regozijemos com a doce misericórdia do nosso Deus, porque a
aurora do alto veio nos visitar
Para resplandecer sobre aqueles que estão nas trevas e na sombra
da morte;
Para guiar os nossos pés nos caminhos da paz.
E, pois, deixemos agora o Vosso servo partir em paz,
Ó
Senhor, conforme a Vossa Palavra,
Pois os meus olhos viram já a Vossa salvação,
Que por Vós foi preparada diante da vista de todos os povos;
Luz que resplandece para esclarecimento até dos gentios
E para glória do nosso povo de Israel.
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Perguntas
feitas por Jesus no templo: O que realmente existe no Santo dos
Santos, atrás do véu? Por que as mães devem ser segregadas
dos adoradores masculinos do templo? Se Deus é um Pai que ama os seus
filhos, por que toda essa matança de animais para ganhar o favor divino?
teriam os ensinamentos de Moisés sido mal interpretados? Se o Templo
é dedicado à adoração do Pai no céu, é
coerente permitir a presença daqueles que estão empenhados nas
trocas seculares e no comércio? O esperado Messias irá ser um
príncipe temporal a assentar-se no Trono de Davi ou irá ele
funcionar como a LLuz da Vida para o estabelecimento de um Reino Espiritual?
Máximas,
citações de algumas escrituras e ensinamentos espirituais atribuídos
a Jesus – exemplo de um Caminho novo e vivo para o homem até
o Deus de seu Coração; Ponte Mística do parcial ao divinal,
do terrenal ao celestial, do temporal ao eternal:
—
É chegado o momento no qual eu devo cuidar dos assuntos do meu Pai?
—
Ó Jerusalém, Jerusalém e seus habitantes, que escravos
sois subservientes ao jugo romano e vítimas das vossas próprias
tradições. Mas eu voltarei para purificar o templo e para libertar
o meu povo desta servidão!
—
O espírito do Senhor Deus está em mim, pois o Senhor me ungiu;
Ele enviou-me para trazer boas-novas aos mansos, medicar os que tiverem o
coração alquebrado, proclamar a liberdade aos prisioneiros e
libertar os aprisionados espiritualmente; para proclamar o ano da graça
e o dia do ajuste com o nosso Deus; para confortar todos os afligidos, dar
a eles a beleza em lugar de cinzas, o óleo da alegria em lugar de luto,
uma canção de louvor em vez do espírito da tristeza,
para que sejam chamadas de árvores da retidão aquelas que foram
plantadas pelo Senhor e com as quais Ele pode ser glorificado.
—
Buscai o bem e não o mal, para que possais viver e para que assim o
Senhor, o Deus das hostes, possa estar convosco. Odiai o mal e amai o bem,
estabelecei o julgamento à entrada da porta. Talvez o Senhor Deus conceda
a Sua graça aos remanescentes de José.
—
Lavai-vos e purificai-vos; afastai o mal dos vossos atos diante dos Meus olhos;
cessai de fazer o mal e aprendei a fazer o bem; buscai a justiça; aliviai
os oprimidos. Defendei o órfão e pedi pela viúva.
—
Com o que me apresentarei perante o Senhor para inclinar-me diante do Senhor
de toda a Terra? Deverei chegar perante Ele com ofertas de holocaustos e com
bezerros de um ano? Será que o Senhor ficará satisfeito com
milhares de carneiros, com dezenas de milhares de ovelhas ou com rios de óleo?
Deveria eu dar o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto
do meu corpo pelo pecado da minha alma? Não! Pois o Senhor mostrou-nos,
ó homens, o que é bom. E o que o Senhor espera de vós
a não ser que sejais justos, que ameis a misericórdia e que
caminheis humildemente junto com o vosso Deus?
—
A quem, então, comparareis o Deus que domina o círculo da Terra?
Levantai os vossos olhos e contemplai Aquele que criou todos os mundos, que
cria as suas hostes pelo seu número e as chama a todas pelos nomes.
Ele faz todas essas coisas, graças à grandeza do Seu poder e,
porque Ele é forte em poder, nenhuma delas falha. Ele dá poder
aos fracos e, àqueles que estão exauridos, Ele aumenta a força.
Não temais, pois Eu estou convosco; não desanimeis, pois Eu
sou o vosso Deus. Eu fortalecer-vos-ei e ajudar-vos-ei; sim, Eu sustentar-vos-ei
com a mão direita da minha retidão, pois Eu sou o Senhor, o
vosso Deus. E Eu segurarei a vossa mão direita, dizendo a vós:
não temais, pois Eu ajudar-vos-ei.
—
E sois, pois, as Minhas testemunhas, diz o Senhor, e os Meus servidores, a
quem Eu escolhi para que todos saibam e acreditem em Mim e compreendam que
Eu sou o Eterno. Eu, sim, Eu sou o Senhor, e além de Mim não
há nenhum salvador.
—
Minha hora ainda não chegou.
—
Mãe Maria, a tristeza não vai nos ajudar; estamos todos dando
o melhor de nós, e o sorriso da mãe bem que poderia nos inspirar
a fazer ainda melhor. Dia a dia, somos fortalecidos para essas tarefas, pela
nossa esperança de dias melhores que virão.
—
Se sou um filho predestinado, não devo assumir obrigações
[casamento]
que durem toda uma vida, até o momento em que o meu destino se torne
manifestado.
—
Deixai que as mentes pueris e obscuras do meu povo sirvam ao seu Deus como
Moisés mandava; é melhor que o façam, mas nós,
que vimos a LLuz da Vida, cessemos de nos aproximar do nosso Pai pelo caminho
escuro da morte. Sejamos livres no conhecimento da verdade do amor eterno
do nosso Pai eterno.
—
Eu sou Alfa e Ômega, o começo e o fim, o primeiro e o último.3
Certa
vez, quando Jesus foi chamado de Emanuel, ele respondeu simplesmente:
— Não, não eu; este é o meu irmão mais velho.
—
A casa de José nunca recebeu esmolas e nós não podemos
comer o pão dos outros, enquanto eu tiver braços fortes e os
meus irmãos puderem trabalhar.
— A despeito de quem eu seja e do poder que possa ou não exercer,
eu tenho sempre sido e sempre serei submisso à Vontade do meu Pai do
Paraíso.
—
Sede pacientes. Sede sábios nos vossos conselhos e eloqüentes
nas vossas vidas...
Jesus
disse a Tiago:
— Mas, meu filho, eu continuarei a enviar a todos vós alguma
coisa, todos os meses, até que a minha hora chegue. E o que eu enviar
será usado por ti segundo as necessidades das ocasiões. Use
as minhas economias para as necessidades da família ou para os prazeres,
como julgares adequado. Use-as no caso de doença ou aplica-as para
emergências inesperadas, que podem suceder a qualquer membro individual
da família.
—
Mas tu crês que o grande peixe de fato engoliu Jonas? Meu amigo, todos
nós somos Jonas, com vidas para viver de acordo com a Vontade de Deus
e, sempre que tentamos fugir do dever que se nos apresenta, escapando em direção
a tentações alheias, colocamo-nos sob o controle imediato de
influências que não são dirigidas pelos poderes da verdade
nem pelas forças da retidão. A fuga do dever é o sacrifício
da verdade. Escapar do serviço, à LLuz e à Vida, só
pode resultar nesses conflitos exaustivos, com as difíceis baleias
do egoísmo, que levam finalmente à obscuridade e à morte,
a menos que esses Jonas, que abandonaram a Deus, voltem os seus Corações,
mesmo que estejam nas profundezas do desespero, à procura de Deus e
da Sua bondade. E, quando essas almas, tão desencorajadas, procuram
sinceramente a Deus – em fome de verdade e sede de retidão –
nada há que as mantenha limitadas ao cativeiro. Seja qual for a profundidade
na qual se tenham mergulhado, quando procuram a LLuz, de todo o Coração,
o Espírito do Senhor Deus dos céus irá libertá-las
do seu cativeiro; as circunstâncias malignas da vida as arrojarão
em alguma terra firme plena de oportunidades frescas, de serviço renovado
e de vida mais sábia.
—
Meu irmão, Deus é amor e, portanto, Ele deve ser bom; e a Sua
bondade é tão grande e real que não pode conter as coisas
pequenas e irreais do mal. Deus é tão positivamente bom que
não há absolutamente nenhum lugar Nele para o mal negativo.
O mal é a escolha imatura e o passo impensado daqueles que são
resistentes à bondade, que rejeitam a beleza e que são desleais
com a verdade. O mal é apenas a desadaptação da imaturidade
ou a influência dissociativa e de distorção que a ignorância
tem. O mal é a escuridão inevitável que persegue os passos
da pouca sabedoria, que rejeita a LLuz. O mal é aquilo que é
escuro e inverdadeiro e, quando conscientemente abraçado e adotado,
voluntariamente, transforma-se em pecado.
—
O teu Pai no céu, ao dotar-te com o poder de escolha entre a verdade
e o erro, criou o potencial negativo do caminho positivo da LLuz e da Vida;
mas tais erros do mal são realmente inexistentes, até o momento
em que uma criatura inteligente opta pela sua existência, quando escolhe
de modo errado o seu caminho de vida. Então, tais males são
potencializados até a categoria do pecado, pela escolha consciente
e deliberada de uma criatura obstinada e rebelde. É por isto que o
nosso Pai no céu permite que o bem e o mal estejam juntos até
o fim da vida, da mesma forma que a Natureza permite ao trigo e ao joio crescerem
um ao lado do outro até a colheita.
—
Devemos viver a Vida Celeste enquanto estamos na Terra, por meio de uma submissão
diária à vontade do Pai celestial.
—
Já que tu sabes como ser amável e posto que valorizas a justiça,
talvez Deus tenha colocado esse homem equivocado perto de ti para que o conduzas
a um caminho melhor. Talvez tu sejas o Sal que irá fazer com que esse
irmão se torne mais agradável a todos os outros homens; isto
é, se tu não tiveres perdido o teu sabor. Assim como estão
as coisas, esse homem é o teu amo, porque os seus modos malvados têm
uma influência desfavorável sobre ti. Por que não afirmar
o teu domínio sobre o mal pela virtude do poder da bondade e, assim,
tornar-te tu o mestre de todas as relações entre ambos? Posso
predizer que o bem em ti pode vencer o mal nele, se tu deres ao bem uma oportunidade
boa e justa. Não há aventura mais apaixonante, no curso da existência
mortal, do que o regozijo de atuar como um parceiro na vida material que se
une à energia espiritual e à verdade divina, em uma das suas
lutas triunfantes contra o erro e o mal. É uma experiência maravilhosa
e transformadora tornar-se o canal vivo da LLuz Espiritual, para os mortais
que permanecem na escuridão espiritual. Se fores mais abençoado
no conhecimento da verdade do que esse homem, a necessidade dele devia te
desafiar. Certamente não és o covarde que ficaria na praia vendo
perecer um semelhante que não sabe nadar. Quão mais valiosa
é a personalidade-alma daquele homem que se debate nas trevas, se comparada
ao seu corpo afundando na água!
—
Nenhum homem é estranho para aquele que conhece a Deus. Na experiência
de encontrar o Pai no céu, tu descobres que todos os homens são
irmãos teus; e como pode parecer estranho que alguém se regozije
com o encontro de um irmão descoberto recentemente? Tornarmo-nos amigos
de irmãos e irmãs e sabermos dos seus problemas e aprendermos
a amá-los é a suprema experiência da vida.
—
A vontade de Deus é o caminho de Deus; é compartilhar da escolha
de Deus em face de qualquer alternativa potencial. Fazer a vontade de Deus,
portanto, é a experiência progressiva de se tornar mais e mais
como Deus; e Deus é a fonte e o destino de tudo o que é bom,
belo e verdadeiro. A vontade do homem é o caminho do homem, a soma
e a essência daquilo que o mortal escolhe ser e fazer. A vontade é
a escolha deliberada de um ser autoconsciente, que toma a decisão-conduta
baseada na reflexão inteligente.
—
O cão tem uma mente que pode conhecer o homem material, o seu mestre,
mas não pode conhecer a Deus, que é espírito; por isso
o cão não possui uma natureza espiritual e não pode desfrutar
de uma experiência espiritual. O cão pode ter uma vontade derivada
da Natureza e aumentada pelo aperfeiçoamento, contudo tal poder de
mente não é uma força espiritual, nem pode ser comparada
à vontade humana, porque não é reflexiva – não
é resultado do discernimento entre os significados morais mais elevados,
nem da escolha dos valores espirituais e eternos. É a posse de tais
poderes, de discernir o que é espiritual e de escolher a verdade, que
faz do homem mortal um ser moral, uma criatura dotada com os atributos de
responsabilidade espiritual e com o potencial de sobrevivência eterna.
—
As vontades humanas que estão inteiramente ocupadas em tomar apenas
decisões temporais, sobre questões materiais da existência
animal, estão condenadas a perecer no tempo. Aqueles que tomam decisões
morais de todo o Coração e que fazem escolhas espirituais incondicionais
estão assim identificados progressivamente com o Espírito Divino
que neles reside; e, portanto, transformam-se aproximando cada vez mais dos
valores da sobrevivência eterna – a interminável progressão
do Serviço Divino.
—
A vontade é aquela manifestação da mente humana que capacita
a consciência subjetiva a expressar a si mesma objetivamente e a experimentar
o fenômeno de aspirar a ser semelhante a Deus.
—
Jeová é o Deus que foi desenvolvido das revelações
de Melquisedeque e da aliança com Abraão. Os judeus foram a
progênie de Abraão e, subseqüentemente, ocuparam a mesma
terra em que Melquisedeque viveu, ensinou e da qual ele enviou mestres a todo
o mundo; e a religião deles finalmente retratava um reconhecimento
do Senhor Deus de Israel, como o Pai Universal no céu, mais claro do
que qualquer outra religião do mundo.
—
O orgulho da erudição não espiritualizada é algo
traiçoeiro na experiência humana. O verdadeiro professor mantém
a sua integridade intelectual, continuando para sempre em seu aprendizado.
—
O mal é um conceito relativo. Surge da observação das
imperfeições que sobressaem na sombra projetada por um universo
finito de coisas e seres, à medida que tal cosmo obscurece a LLuz Viva
da expressão universal das realidades eternas do Único Infinito.
O mal potencial é inerente ao estado, necessariamente incompleto, da
revelação de Deus, como uma expressão da ilimitabilidade
e da eternidade, quando limitadas ao tempo e ao espaço. O parcial,
em presença do todo completo, constitui a relatividade da realidade,
cria a necessidade da escolha intelectual e estabelece níveis de valor
para o reconhecimento e a resposta espiritual. O conceito limitado e incompleto
do Ilimitado, que é mantido pela mente temporal e limitada, da criatura,
é, em si e por si mesmo, o mal potencial. Contudo, o erro, o qual vai
se ampliando, cometido, por uma falta injustificada, ao se fazer uma retificação
espiritual razoável dessas desarmonias intelectuais e insuficiências
espirituais, originalmente inerentes, é equivalente à realização
do mal factual. Todos os conceitos estáticos ou mortos são potencialmente
malignos. A sombra finita da verdade relativa e viva está em contínuo
movimento. Os conceitos estáticos invariavelmente atrasam a ciência,
a política, a sociedade e a religião. Os conceitos estáticos
podem representar um certo conhecimento, mas são deficientes de Sabedoria
e desprovidos de verdade. No entanto, não permitas que o conceito de
relatividade te desguie a ponto de falhares no reconhecimento da coordenação
do universo, que se dá sob o guiamento da Mente Cósmica, em
vista do seu controle estabilizado pela energia e pelo espírito do
Supremo.
—
Meu filho, tudo deve esperar a chegada da sua hora. Tu nasces no mundo, mas
nenhuma quantidade de ansiedade e nenhuma manifestação de impaciência
irão te ajudar a crescer. Tu deves, em todos esses assuntos, esperar
pela ação do tempo. Só o tempo amadurecerá a fruta
verde na árvore. Estações seguem-se umas às outras
e o pôr-do-sol vem depois do nascer do sol, mas apenas com o passar
do tempo.
—
Bem sei que tu gostarias de ser deixado a sós, com o teu desconsolo;
mas não seria nem amável nem justo da minha parte receber tão
generosa ajuda de ti para saber o melhor caminho para Fênix, e então,
sem titubear, afastar-me de ti sem sequer fazer o menor esforço para
responder ao teu evidente apelo, por ajuda e orientação, com
respeito ao melhor caminho ao objetivo do destino que o teu Coração
busca, enquanto tu te deténs aqui nas colinas. Da mesma forma que tu
conheces tão bem o caminho para Fênix, tendo passado por ele
muitas vezes, também eu conheço bem o caminho para a cidade
das tuas esperanças desapontadas e ambições frustradas.
E, posto que tu me pediste ajuda, eu não te desapontarei.
—
Não, filho, não por palavras, mas pela expectativa do teu olhar,
que me chegou até o Coração. Meu filho, para quem ama
o seu semelhante é fácil perceber quando há um pedido
de ajuda na expressão de desencorajamento e desespero no seu semblante.
Assenta-te a meu lado, enquanto eu te conto sobre os Caminhos do Serviço
e as Estradas da Felicidade que conduzem, do sofrimento do ego, às
alegrias das ações do amor, na fraternidade dos homens e no
serviço do Deus que está no céu.
—
Meu amigo, levanta-te! Fica de pé como deve um homem ficar! Tu podes
estar cercado de pequenos inimigos e estares sendo retardado por muitos obstáculos,
mas as coisas grandes e as coisas reais deste mundo e do universo estão
do teu lado. O Sol se levanta a cada manhã para te saudar, exatamente
como faz aos homens mais poderosos e prósperos da Terra. Vê que
tens um corpo forte e músculos poderosos; a tua dotação
física é melhor do que a comum. E, está claro, inútil
é que fiques assentado aqui nas montanhas lamentando-te dos infortúnios,
reais ou imaginários. Entretanto, poderias fazer grandes coisas com
o teu corpo se te apressasses a ir até onde as grandes coisas esperam
para ser feitas. Tu estás tentando fugir do teu ego infeliz, mas isto
não pode ser feito. Tu e os problemas da vida são reais; não
podes escapar deles enquanto viveres. No entanto, pensa outra vez, tua mente
é clara e capaz. O teu corpo robusto tem uma mente inteligente a dirigi-lo.
Põe a tua mente a trabalhar para resolver os problemas do corpo; ensina
o teu intelecto a trabalhar para ti; recusa seres dominado, por mais tempo,
pelo medo, como um irracional que não pensa. A tua mente deveria ser
a tua aliada corajosa na solução dos teus problemas na vida,
em vez de seres tu, como tens sido, um escravo abjeto do medo e um servo fiel
da depressão e da derrota. O mais valioso de tudo, porém, o
teu potencial de êxito real, é o espírito que vive dentro
de ti, e que irá estimular e inspirar a tua mente a controlar a si
mesma e a ativar o teu corpo. Basta que tu a liberes dos males do medo, capacitando,
assim, a tua natureza espiritual a começar a tua libertação
dos males da inação, por meio do poder da presença da
fé viva. E então, imediatamente, esta fé vencerá
o medo dos homens, pela presença premente de um novo e todo-dominante
amor pelos teus semelhantes, que logo irá preencher a tua alma, até
o extravasamento, mediante a consciência que nasceu no teu Coração
de que és um filho de Deus. Neste dia, meu filho, renascerás
restabelecido como homem de fé, de coragem e de Serviço devotado
ao homem, para a glória de Deus. E quando tu te tornares, assim, reajustado
à vida dentro de ti, tornar-te-ás também reajustado ao
universo; e terás nascido de novo – nascido em espírito
– e, daí em diante, toda a tua vida irá se transformar
em uma única realização vitoriosa. Os problemas apenas
te revigorarão; o desapontamento incentivar-te-á a ir à
frente; as dificuldades desafiar-te-ão e os obstáculos irão
estimular-te. De pé, jovem rapaz! Diz adeus à vida de terrores
humilhantes e de covardia evasiva. Apressa-te de volta ao dever; e vive a
tua vida na carne como um filho de Deus – um mortal dedicado ao enobrecedor
serviço do homem na Terra e destinado ao soberbo e eterno serviço
de Deus na eternidade.
—
O tempo é a corrente que flui dos eventos temporais percebidos pela
consciência da criatura. Tempo é um nome dado ao arranjo-sucessão
por meio do qual os eventos são reconhecidos e diferenciados. O universo
do espaço é um fenômeno relacionado ao tempo, como é
visto de qualquer posição interior, fora da morada fixa do Paraíso.
O movimento do tempo é revelado apenas em relação a algo
que, como um fenômeno no tempo, não se move no espaço.
No universo dos universos, o Paraíso e as suas Deidades transcendem
a ambos, ao tempo e ao espaço. Nos mundos habitados, a personalidade-alma
humana é a única realidade, do mundo físico que pode
transcender à seqüência material dos eventos temporais.
Os animais não percebem o tempo como o homem o sente; e, mesmo para
o homem, em função da sua visão seccional e circunscrita,
o tempo surge como uma sucessão de eventos. Mas à medida que
o homem ascende e progride interiormente, a visão amplificada desta
sucessão de eventos é tal que ele pode discerni-la, cada vez
mais, na sua totalidade. Aquilo que, anteriormente, surgia como uma sucessão
de eventos, então, será visto como um círculo inteiro
e perfeitamente relacionado. Deste modo, a simultaneidade circular irá,
de forma crescente, deslocar a consciência daquilo que se foi, na seqüência
linear de eventos.
—
Se tu queres realmente encontrar Deus, este desejo é por si mesmo a
evidência de que já O encontraste. O teu problema não
é que não consigas encontrar Deus, pois o Pai já te encontrou;
o teu obstáculo é simplesmente que ainda não conheces
a Deus. Disse o Profeta Jeremias: ‘Me buscarás e Me encontrarás,
quando Me buscares com todo o teu Coração'. E, de novo, este
mesmo profeta disse: ‘E Eu te darei um Coração para que
Me conheças, que Eu sou o Senhor e, pois, pertencerás ao Meu
povo e serei o teu Deus’. E nas escrituras é dito: ‘Ele
olha para os homens e, se alguém disser eu pequei e perverti aquilo
que era o certo e isto não me trouxe proveito, então Deus libertará
a alma daquele homem da escuridão, e ele verá a LLuz'.
—
Sê valente enquanto cresces até te tornares homem. E depois de
teres alimentado o corpo, aprende como alimentar também a alma. E o
meu Pai no céu estará contigo e te guiará.
—
O critério para os verdadeiros valores deve ser buscado no mundo espiritual
e nos níveis divinos da realidade eterna. Para um mortal ascendente,
todos os padrões inferiores e materiais devem ser reconhecidos como
transitórios, parciais e inferiores. O cientista, enquanto tal, fica
limitado à descoberta da relação entre os fatos materiais.
Enquanto cientista, ele não tem o direito de asseverar ser nem materialista
nem idealista. Se fizer uma tal escolha, ele estará abandonando a sua
posição de cientista verdadeiro; pois qualquer afirmação
desta ordem só cabe mesmo à essência da Filosofia. A menos
que o discernimento moral e o nível da realização espiritual
da Humanidade sejam elevados proporcionalmente, o avanço ilimitado
de uma cultura puramente materialista pode, afinal, se tornar uma ameaça
para a civilização. Uma ciência puramente materialista
abriga, dentro de si mesma, a semente potencial da destruição
de todo o esforço científico, pois esta mesma atitude pressagia
o colapso final de uma civilização que teria abandonado o seu
senso de valores morais e que teria repudiado a sua meta de alcance na realização
espiritual.
Para
um soldado romano, enquanto caminhavam ao longo do rio Tibre, Jesus disse:
— Que o teu Coração seja tão valente quanto o teu
punho. Ousa fazer justiça e ser grande o suficiente para demonstrares
misericórdia. Obriga a tua natureza mais baixa a obedecer a tua natureza
mais elevada, como tu obedeces aos teus superiores. Reverencia a bondade e
exalta a verdade. Escolhe o belo em lugar do feio. Ama os teus semelhantes
e busca a Deus com plenitude de Coração, pois Deus é
o teu Pai no céu.
Ao
orador no fórum, Jesus disse:
— A tua eloqüência é aprazível, a tua lógica
é admirável e a tua voz é agradável, mas o teu
ensinamento dificilmente é verdadeiro. Se tu pudesses apenas gozar
da satisfação inspiradora de conhecer a Deus, como o teu Pai
espiritual, então tu poderias empregar os teus poderes de oratória
para libertar os teus semelhantes da sujeição às trevas
e da escravidão à ignorância.
Eu,
se fosse rico, consagraria a riqueza material à elevação
da vida material, como também ministraria conhecimentos, sabedoria
e serviço espiritual para o enriquecimento da vida intelectual, para
o enobrecimento da vida social e para o avanço da vida espiritual.
Eu administraria a riqueza material como um depositário sábio
e eficaz dos recursos de uma geração e para o benefício
e o enobrecimento das gerações próximas e subseqüentes.
Meu
bom amigo, percebo que és um buscador sincero da sabedoria e um amante
honesto da verdade. Estou, portanto, disposto a colocar diante de ti a minha
visão da solução para os teus problemas, no que eles
têm a ver com as responsabilidades da riqueza. Faço isto porque
pediste o meu conselho e, ao te dar este conselho, não me ocupo da
riqueza de nenhum outro homem rico; estou oferecendo este conselho apenas
a ti e para a tua orientação pessoal. Se tu desejares honestamente
considerar a tua fortuna como uma responsabilidade, se tu queres te transformar
em um administrador sábio e eficiente dos teus bens acumulados, então
eu te aconselharia a fazer a seguinte análise das fontes das tuas riquezas:
pergunta a ti próprio, e faz o melhor para encontrar a resposta honesta:
de onde veio essa riqueza? E, como ajuda no estudo das fontes da tua grande
fortuna, eu sugeriria que tivesses em mente os dez métodos diferentes
de acumular a riqueza material: 1°) A riqueza herdada – as riquezas
que se originam de pais e de outros ancestrais; 2°) A riqueza descoberta
– as riquezas que vieram dos recursos não cultivados da mãe
Terra; 3°) A riqueza do comércio – as riquezas obtidas pelo
lucro justo na troca e no intercâmbio de bens materiais; 4°) A riqueza
indevida – as riquezas que derivaram de uma exploração
injusta ou da escravização do semelhante; 5°) A riqueza
dos juros – a renda proveniente das justas e honestas possibilidades
de ganho do capital investido; 6°) A riqueza do gênio – as
riquezas provindas de recompensas de dons criativos e inventivos da mente
humana; 7°) A riqueza acidental – as riquezas que derivam da generosidade
de um semelhante ou que têm origem nas circunstâncias da vida;
8°) A riqueza roubada – as riquezas asseguradas pela injustiça,
pela desonestidade, pelo roubo e pela fraude; 9º). A riqueza de fundos
– as riquezas colocadas nas tuas mãos pelos teus semelhantes
para algum uso específico, agora ou no futuro; 10º) A riqueza
ganha – as riquezas derivadas diretamente do teu próprio trabalho
pessoal, a recompensa justa e honesta dos esforços diários da
tua mente e do teu corpo. E assim, meu amigo, se tu quiseres ser um administrador
fiel e justo da tua grande fortuna, perante Deus e no serviço dos homens,
tu deves dividir aproximadamente os teus bens nessas dez grandes divisões
e, então, continuar a administrar cada porção de acordo
com a interpretação sábia e honesta das leis da justiça,
da eqüidade, da probidade e da verdadeira eficiência, embora o
Deus no céu não irá te condenar se, algumas vezes, tu
errares nas situações duvidosas, quanto à consideração
da misericórdia e da generosidade para com a infelicidade das vítimas
sofridas em circunstâncias desafortunadas da vida mortal. Quando tiveres
dúvida séria e sincera sobre a eqüidade e a justiça
das situações materiais, que as tuas decisões favoreçam
aqueles que estão em necessidade, que favoreçam aqueles que
sofrem da infelicidade de privações imerecidas. Assim, eu te
aconselharia a:
1.
Como administrador da riqueza herdada tu deverias considerar as suas fontes.
Tu estás sob a obrigação moral de representar a geração
passada na transmissão honesta da riqueza legítima às
gerações que se sucedem, depois de subtraíres uma taxa
justa, em benefício da geração atual. Entretanto, tu
não és obrigado a perpetuar nenhuma desonestidade ou injustiça
que tiver sido envolvida na acumulação injusta dessa riqueza,
ainda que cometida pelos teus ancestrais. Qualquer porção da
tua riqueza herdada que resulta como sendo proveniente de fraude ou de injustiça,
tu podes desembolsar de acordo com as tuas convicções de justiça,
generosidade e restituição. O remanescente da tua legítima
riqueza herdada tu podes fazer uso com eqüidade e transmitir, em segurança,
como curador, de uma geração para a outra. A discriminação
sábia e o julgamento sadio deveriam ditar as tuas decisões quanto
ao legado das riquezas para os teus sucessores.
2.
Todo aquele que desfruta de riqueza obtida pelas descobertas deveria se lembrar
de que um indivíduo só pode viver na Terra senão por
um curto período de tempo e que deveria, por isto, fazer a provisão
adequada ao compartilhamento dessas descobertas para o bem do maior número
possível de semelhantes seus. Ainda que ao descobridor não devesse
ser negada uma recompensa pelos esforços da descoberta, ele não
deveria egoisticamente pretender reclamar exclusividade sobre todas as vantagens
e bênçãos derivadas da revelação dos recursos
acumulados pela Natureza.
3.
Se os homens escolherem conduzir os negócios por meio do comércio
e da troca, eles terão direito a um lucro justo e legítimo.
Todo comerciante merece o pagamento pelos seus serviços; o mercador
tem direito ao seu salário. A eqüidade no comércio e um
tratamento honesto conferido a um semelhante, nos negócios organizados
do mundo, criam muitas espécies diferentes de riquezas de lucros e
todas essas fontes de riquezas devem ser julgadas pelos mais altos princípios
da justiça, honestidade e eqüidade. O comerciante honesto não
deveria hesitar em ter o mesmo lucro que, com contentamento, ele daria ao
seu companheiro comerciante em uma transação semelhante. Ainda
que esta espécie de riqueza não seja idêntica à
renda individualmente ganha, quando os negócios são conduzidos
em uma larga escala, ao mesmo tempo, tais riquezas honestamente acumuladas
dotam o seu possuidor de uma eqüidade considerável quanto a ter
voz ativa na sua subseqüente redistribuição.
4.
Nenhum mortal que é sabedor de Deus e busca fazer a vontade divina
pode se rebaixar a se engajar nas opressões da riqueza. Nenhum homem
nobre esforçar-se-á para ajuntar riquezas e acumular o poder
da riqueza, feita sobre a escravidão ou na exploração
injusta dos seus irmãos na carne. As riquezas são uma maldição
moral e um estigma espiritual quando são provenientes do suor de homens
mortais sob opressão. Toda esta riqueza deveria ser devolvida para
aqueles que assim foram roubados ou para os filhos ou netos deles. Uma civilização
perdurável não pode ser construída sobre a prática
da espoliação do salário do trabalhador.
5.
A riqueza honesta tem direito aos juros. Desde que os homens emprestem e tomem
emprestado, aquilo que são os juros justos pode ser recebido desde
que o capital emprestado provenha de riqueza legítima. Primeiro, purifica
o teu capital antes de reivindicar os juros. Não sejas tão pequeno
e ávido a ponto de te curvares à prática da usura. Nunca
te permitas ser tão egoísta a ponto de empregar o poder do dinheiro
para ganhar vantagens injustas sobre o teu companheiro que labuta. Não
cedas à tentação de exigir juros usurários do
teu irmão em desespero financeiro.
6.
Se por acaso conseguires a riqueza por meio dos arroubos do gênio, se
as tuas riquezas provêm de recompensas de dons inventivos, não
reivindiques uma parte injusta como remuneração. O gênio
deve um pouco, tanto aos seus ancestrais quanto à sua progênie;
do mesmo modo ele deve obrigação à raça, à
nação e às circunstâncias das suas descobertas
inventivas; ele deveria também se lembrar de que foi como um homem
entre os homens que ele trabalhou e completou as suas invenções.
Seria igualmente injusto privar o gênio de todo o aumento da sua riqueza.
E será sempre impossível aos homens estabelecer leis e regras
aplicáveis igualmente a todos esses casos de distribuição
eqüitativa da riqueza. Tu deves, primeiro, reconhecer o homem como teu
irmão, e, se desejares honestamente fazer por ele como gostarias que
ele fizesse por ti, os imperativos comuns da justiça, da honestidade
e da probidade te guiarão no estabelecimento justo e imparcial e na
liquidação de todo problema que acontecer de recompensa econômica
e de justiça social;
7.
Exceto pelas taxas justas e legítimas ganhas na administração,
nenhum homem deveria fazer reivindicação pessoal sobre aquela
fortuna que o tempo e o acaso fizeram cair nas suas mãos. As riquezas
acidentais deveriam ser consideradas um tanto sob a luz de serem um depósito
a ser gasto para o benefício do próprio grupo social ou econômico.
Aos possuidores de uma tal fortuna deveria ser consentida a maior voz ativa
na determinação da distribuição sábia e
efetiva desses recursos pelos quais não trabalharam. O homem civilizado
não deverá sempre considerar tudo o que ele controla como sendo
posse pessoal e privada sua.
8.
Se alguma parte da tua fortuna é consabidamente proveniente de fraudes,
se algo da tua riqueza foi acumulado por práticas desonestas ou métodos
injustos, se as tuas riquezas são o produto de negociações
injustas com os seus semelhantes, apressa-te a restituir todos estes ganhos
obtidos de modo desonesto aos seus devidos proprietários. Faz correções
completas e, assim, purifica a tua fortuna de todas as riquezas desonestas.
9.
A gestão da riqueza que uma pessoa faz, para o benefício de
outrem, é uma responsabilidade solene e sagrada. Não coloques
em risco nem em perigo essa gestão. Extrai para ti próprio,
ao gerir qualquer desses bens, apenas aquilo que todos os homens honestos
permitiriam.
10.
Aquela parte da tua fortuna que representa os ganhos dos teus próprios
esforços mentais e físicos – se o teu trabalho tem sido
feito com justiça e eqüidade – verdadeiramente te pertence.
Nenhum homem pode impugnar o teu direito de manter e usar tal riqueza da forma
como tu julgares adequada, desde que o teu exercício desse direito
não cause dano aos teus semelhantes.