Fragmentos do Livro de Urântia
(Parte XIV)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Conquanto o discernimento divino ou espiritual seja uma dádiva, o conhecimento humano deve evoluir.1

 

A verdade não pode ser senão relativamente inspirada, se bem que a revelação seja invariavelmente um fenômeno espiritual. Ainda que as afirmações que se refiram à cosmologia nunca sejam inspiradas, estas revelações são de um valor imenso, ao menos transitoriamente, tornando os conhecimentos claros, pois elas: 1°) reduzem a confusão, por meio de uma eliminação do erro; 2°) fazem a coordenação dos fatos e das observações que são conhecidos ou que estão para ser conhecidos; 3°) restauram partes importantes do conhecimento perdido a respeito de acontecimentos de uma época em um passado distante; 4°) fornecem a informação que preencherá lacunas vitais no conhecimento adquirido de outro modo; e 5°) apresentam dados cósmicos, de modo a iluminar os ensinamentos espirituais contidos na revelação que os acompanha.

 

A ciência lida com os fatos; a religião ocupa-se apenas dos valores. Por intermédio da Filosofia esclarecida, a mente esforça-se para unir os significados dos fatos e dos valores, chegando, assim, a um conceito da realidade relativamente completa. Lembrai-vos de que a ciência é o domínio do conhecimento, a Filosofia opera no reino da sabedoria e a religião atua na esfera da experiência pela fé. A religião, entretanto, apresenta duas fases de manifestação: 1ª) a religião evolucionária – é experiência da adoração primitiva (a religião que se deriva da mente); e 2ª) a religião revelada é a atitude universal que deriva do espírito; é a convicção e a crença na conservação das realidades eternas, a sobrevivência da personalidade e a realização de alcançar, afinal, a Deidade Cósmica in Corde . É parte do plano do universo que, mais cedo ou mais tarde, a religião evolucionária esteja destinada a receber a expansão espiritual da revelação.

 

Os cientistas reúnem os fatos; os filósofos coordenam as idéias; os profetas exaltam os ideais.

 

Durante a progressão moroncial, cada vez mais, a certeza da verdade (pela experiência pessoal única e intransitiva) substitui a [in]certeza da fé... A vontade moral abrange decisões baseadas no conhecimento, no raciocínio ampliado pela sabedoria e sancionado, quando é o caso, pela fé religiosa. Estas escolhas são atos de natureza moral e evidenciam a existência da personalidade moral, a precursora da personalidade moroncial e, afinal, do 'status' espiritual verdadeiro e libertador.

 

Pela alforria da escravidão ilusional, o ser-no-mundo, de verdade relativa em verdade relativa, irá se aproximando da Verdade, e, progressivamente, esta Verdade o irá libertando.

 

 

 

 

Entre outros ensinamentos, Jesus apontou o Caminho para a libertação da cegueira espiritual, para a realização humana da fraternidade entre os seres mortais e para a Consciência Moroncial da irmandade-uniciadade de todas as criaturas do universo – o Serviço-descoberta da realidade espiritual e o Ministério-revelação da bondade dos valores espirituais.

 

 

 

 

Os covardes morais nunca alcançam os planos elevados do pensamento filosófico; é necessário coragem para invadir novos níveis de experiência e para tentar a exploração de domínios desconhecidos da vida intelectual.

 

A fé falsifica quando nega a realidade e confere conhecimentos presumidos ou adulterados. A fé é traidora quando fomenta a traição à integridade intelectual e deprecia a lealdade aos valores supremos e aos ideais cósmicos. A fé viva não fomenta o fanatismo, não fomenta a perseguição e não fomenta a intolerância. A fé não impede a imaginação criativa nem mantém um preconceito irracional contra as descobertas da investigação científica. A fé espiritual e verdadeira revitaliza a religião e obriga o religioso a viver heroicamente a Regra de Ouro. O zelo da fé espiritual e verdadeira está de acordo com o conhecimento e os seus esforços são o prelúdio de uma Paz Profunda.

 

Embora reconhecendo que a religião seja imperfeita e limitadora, existem ao menos duas manifestações práticas da sua natureza e da sua função: 1ª) o estímulo espiritual e a pressão filosófica da religião tendem a levar o homem a projetar a sua apreciação dos valores morais diretamente para fora, na direção dos assuntos ligados aos seus semelhantes – a reação ética da religião; e 2ª) a religião cria, para a mente humana, uma incipiente consciência espiritualizada da realidade divina, baseada em conceitos antecedentes de valores morais, derivada deles pela fé e coordenada com conceitos superimpostos de valores espirituais. A religião, por isto, torna-se um censor dos assuntos mortais, uma forma de crédito moral de confiança glorificada na realidade, nas realidades do tempo realçadas e nas realidades mais duradouras da eternidade. O propósito de uma Religião Verdadeira não é satisfazer a curiosidade sobre Deus, mas, sim, proporcionar a constância intelectual e a segurança filosófica de estabilizar e de enriquecer a vida humana, combinando o mortal com o eterno, o parcial com o universal, o homem com o Deus de seu Coração. É por intermédio da experiência religiosa verdadeira que os conceitos humanos da idealidade se tornam dotados e plenos de realidade espiritual. A razão, por si só, jamais poderá ratificar os valores e a excelência da experiência religiosa interior. Todavia, será sempre verdade que qualquer um que se disponha a cumprir a Vontade de seu Deus Interior compreenderá a validade dos valores espirituais. Esta é a maior aproximação que pode ser realizada, no nível mortal, para oferecer provas da realidade de experiência religiosa autêntica. Seja como for, nunca haverá uma prova científica ou lógica da Divindade.

 

 

 

 

O homem não é simplesmente um mero acidente evolucionário.

 

O que o conhecimento e a razão não podem fazer, a Sabedoria Cósmica in Corde intuitivamente aconselha-nos a promover a nossa transformação espiritual.

 

A Unidade é mais encontrada na experiência humana por intermédio da Filosofia. E, ainda que o corpo do pensamento filosófico deva estar sempre baseado em fatos materiais, a personalidade-alma e a energia da verdadeira dinâmica filosófica são um discernimento espiritual dos seres mortais.

 

A libertação-ascensão é uma técnica da evolução da mente mortal escapando da identificação com a matéria por intermédio dos reinos da ligação moroncial ao 'status' elevado de correlação espiritual no universo... A união da atitude científica e do discernimento religioso, pela intermediação da Filosofia, é parte da longa experiência de ascensão do homem. As aproximações da matemática e as certezas que vêm do discernimento interior sempre requerem a função harmonizadora da lógica da mente em todos os níveis da experiência anteriores ao da realização máxima do Supremo.

 

 

 

 

Precisamos compreender e aceitar o fato de que tanto a ciência quanto a religião estão em desenvolvimento permanente. Portanto, necessitam, ambas, de uma autocrítica mais penetrante e destemida, de uma consciência maior de estarem incompletas neste momento da sua evolução. Os educadores, tanto da ciência quanto da religião, freqüentemente ficam autoconfiantes e dogmáticos em excesso. A ciência e a religião podem apenas ser autocríticas sobre os seus próprios fatos. E o momento de partida – que é único – é a partir do atual estágio dos fatos.

 

A Metafísica, mas muito mais seguramente a Revelação,2 proporciona um terreno comum de confluência para as descobertas tanto da ciência quanto da religião, e torna possível a tentativa humana de correlacionar logicamente estes domínios (ainda) separados, porém, interdependentes, do pensamento, em uma Filosofia bem equilibrada de estabilidade científica e de certeza Religiosa.

 

Mesmo para as ordens mais elevadas de inteligências do universo, a ilimitabilidade universal é compreensível apenas parcialmente, e a finalidade3 da atualidade cósmica só é compreensível relativamente.4

 

O crescimento da compreensão da atualidade cósmica como realidade realizada é condicionado pelas circunstâncias das sucessivas idades universais.

 

 

 

 

Mesmo uma tentativa de conceituar a integração final se torna inseparável das fruições da eternidade inqualificável, e é, portanto, praticamente irrealizável em qualquer tempo futuro concebível... Em um momento inconceptivelmente distante, na eternidade futura, do completar final de todo o universo-mestre, não há dúvida de que todos nós olharemos para o passado de toda a sua história como se fora apenas o começo 5

 

 

 

 

O tempo, o espaço e a experiência são limitações para os conceitos que as criaturas podem formar; e, ainda sem o tempo, apartadas do espaço e afora a experiência, nenhuma criatura poderia ter nem mesmo uma compreensão limitada da realidade do universo. Sem a sensibilidade para o tempo, provavelmente, nenhuma criatura evolucionária poderia perceber as relações de seqüência. Sem a percepção espacial, nenhuma criatura poderia conceber as relações de simultaneidade. Sem a experiência, a criatura evolucionária não poderia sequer existir. E assim, o tempo, o espaço e a experiência são os grandes auxiliares do homem, na percepção da realidade relativa, mas são também os obstáculos mais formidáveis à sua percepção concertada da atualidade universal.

 

 

 

 

 

 

 

O ser-no-mudo que realizou e se fusionou com o Deus de seu Coração6 está interiormente Illuminada pela adoração e é externamente devotada, de todo o seu Coração, ao Serviço da fraternidade universal de todas as personalidades, Serviço este de ministração e que é repleto de misericórdia e motivado pelo amor.

 

 

Continua...

 

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Notas:

1. Nós não devemos ficar sentados esperando que caia do céu ou de sei lá onde o que necessitamos; temos de nos esforçar. O conhecimento humano deve evoluir, tanto quanto o papel higiênico evoluiu para a duchinha higiênica. Qualquer dádiva depende de nós porque, em potência, nós somos a própria dádiva que estamos requestando.

2. Particularmente a Revelação de natureza Iniciática.

3. Haverá uma finalidade na sempiterna atualidade cósmica ou somos nós que estabelecemos metas e finalidades?

4. Isto é o mesmo que dizer que a compreensão da Verdade será sempre relativa.

5. Mesmo assim, desisitir jamais!

6. Mas não é necessário ao ser-no-mundo já ter realizado e se fusionado com o Deus de seu Coração para ser misericordioso e amoroso. A misericórdia e o amor nascem no exato momento em que há predisponência para este amalgamamento.

 

Página da Internet consultada:

http://www.fluid.co.jp/docs/pafec/
pafec010_vibro020_construction.htm

 

Fundo musical:

Prelude nº 9 (Johann Sebastian Bach)

Fonte:

http://www.karaokenet.com.br/karaoke2/midisclassicos.htm

 

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