Fragmentos
do Livro de Urântia
(Parte XIII)
Rodolfo
Domenico Pizzinga
Proclamação
da missão de Maquiventa Melquisedeque, 1.973 anos antes do nascimento
de Jesus: Eu sou Melquisedeque, Sacerdote de El Elyon, o Altíssimo,
o único Deus.
Trindade
do Paraíso
(Eternidade
e Universalidade)
Segundo
a Ordem de Melquisedeque, Jesus é um Sacerdote, ou
seja, um Ministro para sempre.1
Na
Igreja de Melquisedeque as pessoas se comprometiam a memorizar e seguiam a
seguinte crença (Credo da Colônia de Salém): 1°) Eu
acredito em El Elyon, o Deus Altíssimo, o único Pai Universal
e Criador de todas as coisas; 2°)
Eu aceito a aliança de Melquisedeque com o Altíssimo,
que confere o favor de Deus à minha fé; sem sacrifícios,
nem holocaustos; e 3°)
Eu prometo obedecer aos sete mandamentos de Melquisedeque e contar as boas
novas desta aliança com o Altíssimo a todos os homens.
Os
Sete Mandamentos promulgados por Melquisedeque (Mandamentos da Religião
de Salém) são:
1°) Não servirás a nenhum Deus senão ao Criador Altíssimo
do Céu e da Terra.
2°)
Não duvidarás de que a fé é a única condição
necessária para a salvação eterna.
3°)
Não darás falso testemunho.
4°)
Não matarás.
5°)
Não furtarás.
6°)
Não cometerás adultério.
7°)
Não mostrarás desrespeito pelos teus pais nem pelos mais velhos.
O
que o Antigo Testamento registra como conversas entre Abraão e Deus,
na realidade, aconteceu entre Abraão e Melquisedeque. Posteriormente,
os escribas encararam o termo Melquisedeque como sinônimo de Deus. Os
registros de tantos contatos de Abraão e Sara com o Anjo do Senhor
referem-se às suas numerosas entrevistas com Melquisedeque.
Os
principais inibidores do crescimento místico-espiritual são
o preconceito e a ignorância.
Segundo
Lao-Tsé, 'a bondade engendra a bondade, mas, para aquele que é
verdadeiramente bom, o mal também gera a bondade... “A Deidade
Absoluta não se esforça em lutas, contudo, é sempre vitoriosa;
não força a Humanidade, mas permanece sempre pronta para responder
aos seus desejos verdadeiros; a vontade de Deus é eterna em paciência
e perene na inevitabilidade da sua expressão... 'O homem bom procura
não reter a verdade para si próprio, antes, ele intenta passar
estas riquezas aos seus semelhantes, pois isto é a realização
da verdade. A vontade do Deus Absoluto sempre beneficia, nunca destrói;
o propósito do verdadeiro crente é sempre agir, nunca coagir.'
Gautama
Sidarta: 'Sede vós próprios os artesãos da
vossa salvação... Segundo os ensinamentos originais de Gautama,
a salvação é alcançada pelo esforço humano,
independentemente da ajuda divina; não há lugar para a fé
salvadora nem para as preces aos poderes supra-humanos.'
Os
mandamentos morais da pregação de Gautama foram cinco:
1.
Não matarás.
2. Não roubarás.
3. Não quebrarás a castidade.
4. Não mentirás.
5. Não tomarás bebidas intoxicantes.
Segundo
Gautama Sidarta, o
Nirvana
pode ser experienciado durante a existência mortal; não é
um estado de aniquilação completa. Implica em uma condição
de Illuminação Suprema e de bem-aventurança superna,
em que todas as correntes que prendem o homem ao mundo material são
rompidas. Há, portanto, a libertação dos desejos da vida
mortal e a libertação de qualquer ameaça de jamais voltar
a experienciar a encarnação... A mais alta felicidade está
ligada à busca inteligente e entusiasta de metas dignas, e esta realização
constitui o verdadeiro progresso na auto-realização cósmica.
A
grande verdade do ensinamento de Gautama Sidarta
foi a proclamação
de um universo de justiça absoluta. Ele ensinou a melhor Filosofia-sem-Deus
jamais antes inventada pelo homem mortal. Ensinou o humanismo ideal que, de
um modo eficaz, arrancou toda a base das superstições, dos rituais
de magia e do medo de fantasmas e demônios.
A
suprema palavra da Religião de Akhnaton, na vida diária, era
'retidão', isto é, o reto proceder.
As
religiões têm resistido longamente sem sustentação
filosófica, mas poucas filosofias, como tais, têm perdurado muito
sem alguma identificação com a religião. Uma filosofia
está para a religião como a concepção está
para a ação. No entanto, o estado humano ideal é aquele
em que a filosofia, a religião e a ciência estão fundidas
em uma unidade significativa, por meio da ação conjunta da sabedoria,
da fé [confiança]
e da experiência.
A
religião cristã, como um sistema urantiano de crença,
surgiu por meio da composição dos seguintes ensinamentos, influências,
credos, cultos e atitudes pessoais individuais: 1°) os ensinamentos de
Melquisedeque, que são um fator básico em todas as religiões
do Ocidente e do Oriente surgidas nos últimos quatro mil anos;
2°) o sistema hebraico de moralidade, de ética,
de teologia e de crença tanto na Providência quanto no supremo
Yavé; 3°)
a concepção zoroastriana da luta entre
o bem cósmico e o mal, que já havia deixado a sua marca tanto
no Judaísmo, quanto no Mitraísmo. Por meio de um contato prolongado,
que acompanhou as lutas entre o Mitraísmo e o Cristianismo, as doutrinas
do profeta iraniano tornaram-se um forte fator na determinação
da fusão teológica e filosófica e da estrutura dos dogmas,
dos princípios e da cosmologia das versões helenizadas e latinizadas
dos ensinamentos de Jesus; 42°)
os cultos dos mistérios, especialmente o Mitraísmo,
mas também a adoração da Grande Mãe no culto frígio.
Até mesmo as lendas do nascimento de Jesus em Urântia se tornaram
matizadas pela versão romana do nascimento miraculoso do salvador-herói
iraniano, Mitras, cujo advento na Terra supôs-se ter sido testemunhado
apenas por um punhado de pastores trazendo presentes, os quais haviam sido
informados deste evento iminente pelos anjos; 5°)
o fato histórico da vida humana de Joshua ben
José, a realidade de Jesus de Nazaré, como Cristo glorificado,
o Filho de Deus; 6°)
o
ponto de vista pessoal de Paulo de Tarso. E deveria ser registrado que o Mitraísmo
fora a religião dominante de Tarso durante a sua adolescência.
Paulo mal sonhava que as suas bem-intencionadas cartas aos seus convertidos
iriam algum dia ser consideradas pelos cristãos posteriores como a
'Palavra de Deus'. Os instrutores bem-intencionados como ele não devem
ser considerados responsáveis pelo uso feito dos seus escritos por
sucessores mais recentes; e 7°)
o
pensamento filosófico dos povos helenísticos, de Alexandria
e Antióquia, através da Grécia até Siracusa e
Roma. A filosofia dos gregos estava mais em harmonia com a versão de
Paulo, para o Cristianismo, do que com qualquer outro sistema religioso da
época, e se tornou um fator importante para o sucesso do Cristianismo
no Ocidente. A filosofia grega, ligada à teologia de Paulo, ainda forma
a base da ética européia.
A
religião concretiza a sua mais elevada ministração
social quando tem as menores ligações com as instituições
seculares da sociedade. Nas idades passadas, desde que as reformas sociais
ficaram grandemente confinadas ao domínio moral, a religião
não teve de ajustar a sua atitude a mudanças amplas nos sistemas
econômico e político. O problema principal da religião
foi o esforço para substituir o mal pelo bem, dentro da ordem social
existente da cultura política e econômica. A religião,
por isto, acabou tendendo a perpetuar, indiretamente, a ordem estabelecida
da sociedade e a fomentar a manutenção do tipo existente de
civilização. Todavia, a religião não deveria estar
diretamente empenhada nem na criação de ordens sociais novas
nem na preservação das antigas. A verdadeira religião
de fato opõe-se à violência, como técnica de evolução
social; mas não se opõe aos esforços inteligentes da
sociedade para adaptar os seus usos e costumes, ajustando as suas instituições
às novas exigências das condições econômicas
e culturais. A religião aprovou as reformas sociais ocasionais dos
séculos passados, mas, no século vinte, ela é chamada,
por necessidade, a enfrentar os ajustes devidos a uma reconstrução
social abrangente e contínua. As condições de vida alteram-se
tão rapidamente que as modificações institucionais devem
ser grandemente aceleradas, e a religião deve, conseqüentemente,
apressar a sua adaptação a essa ordem social nova e sempre mutante...
A religião deve tornar-se uma poderosa influência para a estabilidade
moral e o progresso espiritual, funcionando dinamicamente em meio a estas
condições sempre em modificação e aos ajustes
econômicos sem-fim... A religião não deve se tornar organicamente
envolvida no trabalho secular de reconstrução social e de reorganização
econômica. Todavia, ela deve se manter, de um modo ativo, à altura
destes avanços da civilização, reafirmando com nitidez
e com vigor os seus mandatos morais, os seus preceitos espirituais e a sua
filosofia progressiva de viver humano e de sobrevivência transcendental.
O espírito da religião é eterno, mas a forma da sua expressão
deve ser reformulada toda vez que o dicionário da linguagem humana
for revisado.
Todavia,
a religião institucionalizada está, no presente momento, num
impasse, dentro de um círculo vicioso. Ela não pode reconstruir
a sociedade sem primeiro se reconstruir a si própria; e, sendo uma
parte tão integral da ordem estabelecida, ela não podese reconstruir
a si própria antes que a sociedade tenha sido radicalmente reconstruída.
Os religiosos devem funcionar, na sociedade, na indústria e na política
como indivíduos, não como grupos nem como partidos ou instituições.
Um grupo religioso que presume funcionar como tal, em separado das atividades
religiosas, imediatamente se torna um partido político, uma organização
econômica ou uma instituição social. O coletivismo religioso
deve limitar os seus esforços ao apoio das causas religiosas... O Cristianismo
inicial era inteiramente isento de qualquer envolvimento civil, de engajamentos
sociais e de alianças econômicas. Só o Catolicismo institucionalizado
posterior se tornou uma parte orgânica da estrutura política
e social da civilização ocidental.
Para
se atingir uma civilização altamente elevada em termos culturais,
torna-se necessário que se forme, primeiro, o tipo ideal de cidadão;
e, então, em segundo lugar, virão os mecanismos sociais adequados
e ideais, por meio dos quais esta cidadania pode controlar as instituições
econômicas e políticas de uma sociedade humana tão avançada.
Há
sempre o grande perigo de que a religião se torne distorcida e desvirtuada,
na busca de falsas metas, exatamente como quando, nos tempos de guerra, cada
nação em contenda prostitui a sua religião na propaganda
militar. O zelo sem amor sempre causa danos à religião, do mesmo
modo que a perseguição desvia as atividades da religião
para a realização de algum impulso sociológico ou teológico.
A religião pode manter-se isenta de alianças seculares nefastas
apenas se:
1. Tiver uma filosofia criticamente corretiva.
2. Se Mantiver livre de quaisquer alianças de ordem social, econômica
e política.
3. Tiver comunidades criativas, confortadoras e que se desenvolvam na expansão
do amor.
4. Intensificar o progressivo discernimento espiritual e a apreciação
dos valores cósmicos.
5. Impedir o fanatismo por meio das compensações da atitude
mental científica.
Vós
deveis ter sempre em mente que a verdadeira religião existe
para vos fazer conhecer a Deus como o vosso Mestre 'in Corde' e
ao homem como vosso irmão. A religião não é
a crença escrava em ameaças de punição
nem em promessas mágicas de recompensas futuras.
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Jesus
procurou restaurar a dignidade do homem quando declarou que todos os homens
são filhos de Deus.
O
sectarismo é uma doença da religião institucionalizada,
enquanto o dogmatismo é uma escravização da natureza
espiritual. De longe, é melhor ter uma religião sem uma igreja,
do que uma igreja sem religião... Quando a religião se torna
institucionalizada, o seu poder para o bem fica reduzido, ao passo que as
possibilidades para o mal se tornam grandemente multiplicadas. Os perigos
da religião formalizada são: a fixação das crenças
e a cristalização dos sentimentos; a acumulação
de direitos e interesses adquiridos com um crescimento da secularização;
a tendência para a padronização e a fossilização
da verdade; o desvio da religião para o serviço da igreja, em
vez do serviço de Deus; a inclinação dos líderes
para se tornarem administradores, em vez de ministradores; a tendência
a formar seitas e divisões competitivas; o estabelecimento de uma autoridade
eclesiástica opressiva; a criação da atitude aristocrática
do tipo 'povo-escolhido'; o estímulo ao surgimento de idéias
falsas e exageradas sobre o sagrado; a transformação da religião
em algo rotineiro e a petrificação da adoração;
a tendência a venerar o passado e ignorar as solicitações
do presente; o fracasso em fazer interpretações atuais da religião;
o envolvimento com as funções das instituições
seculares; a criação do mal que é a discriminação
por castas religiosas; o perigo de se transformar em um juiz ortodoxo intolerante;
o fracasso de manter vivo o interesse da juventude aventurosa e a perda gradativa
da mensagem salvadora do evangelho da salvação eterna... A religião
formal restringe os homens nas suas atividades espirituais pessoais, em vez
de liberá-los para o serviço mais elevado de edificadores do
Reino.
A
religião não pode ser outorgada, nem
recebida, nem
emprestada, nem
aprendida, nem perdida.
É uma experiência pessoal que se amplia proporcionalmente à
busca crescente dos valores finais. O crescimento cósmico, assim, acompanha
a acumulação de significados e a elevação sempre
em expansão dos valores. Contudo, o crescimento em nobreza é,
em si mesmo, geralmente inconsciente.
O desenvolvimento espiritual depende,
em primeiro lugar, da manutenção de uma conexão espiritual
viva com as verdadeiras Forças Espirituais e, em segundo lugar, da
produção contínua de frutos espirituais: dando aos semelhantes
a ministração daquilo que foi conquistado/recebido.
O progresso espiritual é fundamentado no reconhecimento intelectual
da própria pobreza espiritual combinada à autoconsciência
da fome de perfeição – ao desejo de conhecer e de se fusionar
com o Deus Interior e de ser como Ele, 'in Sanctum Cordis'.
A Vida Eterna é a busca sem-fim
dos valores místicos e espirituais.
A
verdadeira religiosidade não se resume a uma simples técnica
para alcançar uma paz mental estática e presumidamente abençoada;
antes, é um impulso para organizar a personalidade-alma para o serviço
dinâmico. É o alistamento de toda a individualidade no serviço
leal de amar o Deus 'in Corde' e de servir ao homem.
A
vivência místico-espiritual é o viver devotado, e o viver
devotado é o viver criativo, original e espontâneo. Novas percepções
místico-espirituais
surgem de conflitos que iniciam a escolha de novos e melhores hábitos
de reação, no lugar de formas antigas e inferiores. Novos significados
emergem apenas em meio a conflitos; e os conflitos persistem apenas em face
da recusa de esposar os valores mais elevados, portadores de significados
superiores.
Não pode haver crescimento sem
conflito psíquico e sem agitação espiritual. A organização
de um modelo filosófico de vida requer uma considerável perturbação
nos domínios filosóficos da mente. A lealdade não é
exercitada em nome daquilo que é grande, bom, verdadeiro e nobre sem
uma batalha. O esforço é seguido do esclarecimento da visão
espiritual e da ampliação do discernimento de visão cósmica.
E o intelecto humano reluta contra ser desmamado da alimentação
das energias não-espirituais da existência temporal. A mente
animal indolente rebela-se com o esforço exigido pela luta na solução
dos problemas cósmicos. Entretanto, o grande problema do viver místico
consiste na tarefa de unificar os poderes da personalidade-alma da pessoa
por meio da predominância do Amor. A saúde, a eficiência
mental e a felicidade surgem da unificação dos sistemas físico,
mental e espiritual.
A
felicidade mais elevada está indissoluvelmente ligada
ao progresso espiritual. O crescimento espiritual gera um júbilo duradouro,
uma paz que ultrapassa qualquer entendimento.
O leito do rio não é
o rio; mas por ele correm as águas... Pouquíssimos seres-no-mundo
aprenderam como estabelecer para si próprios uma filosofia de vida,
em lugar de aceitar o autoritarismo religioso. Seja como for, a progressão
do crescimento espiritual conduz por meio do conflito e da estagnação
à
coordenação concertada, da insegurança à
confiança indubitável, da confusão na consciência
à unificação da personalidade, de um objetivo temporal
até o eterno, do cativeiro do medo à liberdade da filiação
divina.2
A
maturidade é
proporcional à substituição do prazer pessoal pelos significados
mais elevados, e mesmo pela lealdade aos conceitos mais elevados das situações
diversificadas da vida e das relações cósmicas.
A verdadeira religião é
amor vivo – uma vida de Serviço.
Se um ser-no-mundo realizou o Cristo
Interno, é uma nova criatura; as velhas coisas passaram e todas as
coisas estão se tornando novas.
A
interdependência econômica e a irmandade social irão, finalmente,
querendo o ser-no-mundo ou não, gostando
o ser-no-mundo ou não, conduzir
à fraternidade.