Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

Devaneios... Afirmações... Sentimentos...

Palavras... Frases... Discursos... Idéias...

Temos que ter muito cuidado com nossos pensamentos,

com nossas atitudes e até com as inofensivas onomatopéias.

 

desentendimento, sofrimento e inclusive morte.

Mas, quem aprendeu a ouvir e a consultar seu Tira-Dúvidas1

sabe que não causará qualquer minimização à uma coorte.2

 

Falar do que não se sabe pensando que se sabe

é uma tremenda e imprudente irresponsabilidade.

Age assim todo aquele que é movido pela vaidade.

 

Singularmente, na Via do Misticismo, fala quem não sabe.

E, nessa Esfera, nada é mais perigoso do que a coisificação,

pois o que parece ser, geralmente, é nada mais do que ilusão.

 

 

 

 

 

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Notas:

1. O único Tira-Dúvidas efetivo e concertado é o Coração Espiritual. A Voz Insonora, no Coração Espiritual, é infalível.

2. Nem a uma coorte nem a um micróbio.

Páginas da Internet consultadas:

http://home.att.net/~Fractals_2/FotD_01-05-29.html

http://br.geocities.com/rober52br/bud01-20.html

Fundo musical:

Illusion

Fonte:

http://www.hotfiles.co.za/midi/CREATIVE/PIANOIMP/

 

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ANEXO

Sutta Nipata I. 7
Vasala Sutta
Párias
[1] (editado)
Fonte:
http://www.acessoaoinsight.net/sutta/SnpI.7.htm


Assim ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava em Savatthi no Bosque de Jeta, no Parque de Anathapindika. Então, ao amanhecer, o Abençoado se vestiu, e tomando a tigela e o manto externo, foi para Savatthi para esmolar alimentos. Naquela ocasião um fogo estava ardendo e uma oferenda estava sendo preparada na casa do brâmane Aggikabharadvaja. Então o Abençoado, enquanto esmolava alimentos, chegou à casa do brâmane. O brâmane, vendo que o Abençoado vindo à distância, disse o seguinte:

Fique aí. Você careca fique aí. Monge desprezível. Fique aí pária.

Depois que ele assim falou, o Abençoado disse para o brâmane:

Brâmane, você sabe o que é um pária e quais são as condições que fazem um pária? — perguntou o Abençoado.

Não, de fato, Venerável Gotama, eu não sei o que é um pária e quais são as condições que fazem um pária. Seria bom se o Venerável Gotama me explicasse o 'Dhamma' de modo que eu possa saber o que é um pária e quais são as condições que fazem um pária.[2]

Então ouça e preste muita atenção àquilo que eu vou dizer.

— Sim, venerável senhor — respondeu o brâmane.

1. Todo aquele que tem raiva, que abriga a raiva e que reluta em falar bem dos outros (desacredita da bondade dos outros) tem as idéias pervertidas e é enganador – saiba que ele é um pária.

2. Todo aquele que neste mundo mata seres vivos que nasceram uma vez ou que nasceram duas vezes[3] e que não tem compaixão pelos seres vivos – saiba que ele é um pária.

3. Todo aquele que destrói e sitia vilarejos e aldeias e ganha notoriedade como opressor – saiba que ele é um pária.

4. Quer seja em um vilarejo ou em uma floresta, todo aquele que rouba aquilo que pertence a outrem e que toma aquilo que não lhe foi dado – saiba que ele é um pária.

5. Todo aquele que, tendo tomado um empréstimo, foge quando é cobrado, dizendo: ‘Eu não lhe devo nada’ – saiba que ele é um pária.

6. Todo aquele que, cobiçando algo, mata uma pessoa e agarra aquilo que a pessoa tem – saiba que ele é um pária.

7. Todo aquele que em seu próprio benefício ou em benefício de outros ou para obter riqueza mente quando é questionado como testemunha – saiba que ele é um pária.

8. Todo aquele que por meio da força ou com consentimento se envolve em encontros amorosos com esposas de parentes ou amigos – saiba que ele é um pária.

9. Todo aquele que sendo próspero não sustenta sua mãe ou seu pai que estão velhos – saiba que ele é um pária.

10. Todo aquele que ataca e ofende com linguagem grosseira a mãe, o pai, o irmão, a irmã, a sogra ou o sogro – saiba que ele é um pária.

11. Todo aquele que quando lhe é solicitado um bom conselho fala o que é prejudicial e emprega linguagem evasiva – saiba que ele é um pária.

12. Todo aquele que tendo cometido uma ação ruim deseja que outros não tomem conhecimento daquilo é um hipócrita – saiba que ele é um pária.

13. Todo aquele que tendo sido convidado para a casa de outrem e compartindo de boa comida não retribui – saiba que ele é um pária.

14. Todo aquele que engana dizendo mentiras a um brâmane ou a um contemplativo ou a qualquer outro mendicante – saiba que ele é um pária.

15. Todo aquele que quando um brâmane ou um contemplativo aparece na hora do almoço o provoca com linguagem grosseira e não lhe oferece esmolas – saiba que ele é um pária.

16. Todo aquele que neste mundo, envolto na ignorância, faz previsões enganosas visando obter algum ganho – saiba que ele é um pária.

17. Todo aquele que, corrompido pelo orgulho, exalta a si mesmo e humilha os outros – saiba que ele é um pária.

18. Todo aquele que se entrega à raiva, que é mesquinho e tem desejos vis, que é egoísta e enganador, que é desavergonhado e destemido (em cometer o mal) – saiba que ele é um pária.

19. Todo aquele que insulta o Buda ou os seus discípulos, sejam contemplativos ou chefes de família – saiba que ele é um pária.

20. Todo aquele que não sendo um 'Arahant'[4] pretende sê-lo, é o maior patife em todo o Universo . Ele é o mais baixo dos párias.

Não é devido ao nascimento que alguém é um pária; não é devido ao nascimento que alguém é um brâmane. Através das ações alguém se torna um pária; através das ações alguém se torna um brâmane.

Agora, ouça este exemplo (o fato que através do nascimento alguém não é um pária): havia o filho de um pária, Sopaka, que era conhecido como Matanga. Esse Matanga alcançou a fama mais elevada e tão difícil de ser obtida. Muitos eram os guerreiros ('khatiyas') e brâmanes que vinham servi-lo. Destruindo as paixões mundanas, ele entrou no Nobre Caminho e alcançou o Reino de Brahma. O seu nascimento como um pária não o impediu de renascer no Reino de Brahma.

Aqueles brâmanes que conhecem os Vedas e que nasceram em uma família que recita os Vedas, se eles se habituarem às ações ruins, eles não somente sofrem com a desgraça nesta vida, mas na seguinte nascerão em um estado pleno de sofrimento. A casta não impede a desgraça ou o nascimento miserável.

Quando o Buda acabou de dizer isso, o Brâmane Aggikabharadvaja disse para o Abençoado:

Magnífico Mestre Gotama! Magnífico Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o 'Dhamma' de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no 'Dhamma' e na 'Sangha dos bhikkhus'. Que o Mestre Gotama se recorde de mim como o discípulo leigo que nele buscou refúgio para o resto da vida.


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Notas:

[1]. Pária é um indiano não pertencente a qualquer casta, considerado impuro e desprezível pela tradição cultural hinduísta. Entre os párias, em sua maioria descendentes de tribos indianas autóctones e insubmissas ao domínio ariano, também se incluem os bastardos (pais estrangeiros ou pertencentes a castas diferentes), os filhos de meretrizes e os que cometeram graves infrações contra preceitos sociais ou religiosos. Enfim, um pária é um indivíduo privado de todos os direitos religiosos ou sociais, quer pelo seu nascimento, quer pela sua exclusão da sociedade bramânica.

[2]. Os termos abusivos empregados pelo brâmane e as palavras respeitosas que seguem carecem uma explicação. O brâmane havia acabado de preparar a sua oferenda a Brahma, o seu Deus, quando ele viu o Buda. Para o brâmane ver um contemplativo, ou samana, era um sinal de má sorte. Por conseguinte ele explodiu com raiva. O Buda, no entanto, se manteve sereno e lhe dirigiu a palavra com calma e numa cadência gentil. O brâmane ao que parece se envergonhou e arrependendo-se da sua tolice, se dirigiu ao Buda com cortesia.

[3]. Dvijam, pássaros. Nascidos duas vezes é uma referência aos pássaros, visto que eles primeiro nascem como um ovo e depois nascem do ovo.

[4]. Esta é a fase mais alta de realização espiritual que um discípulo nobre alcança através da erradicação completa de todas as corrupções, inclusive as cinco mais altas cadeias, que são: ligação para os reino de forma (ruparaga), ligação para imateriais ou disformes mundos de existência (aruparaga), vaidade (mana), inquietude (uddhacca), e ignorância ou ilusão (avijja). Um Arahant, ou Merecedor, parece ter realizado o que precisa ser realizado: sendo perfeito, o Arahant [em sânscrito Arhat] não tem nenhuma necessidade adicional para praticar por sua própria causa. Embora continuando a servir seres das mesmas categoria, ensinando e dando a eles conselho, o Arahant não acumula nenhum kamma novo, não trabalhando por seu próprio bem, mas somente para o bem dos outros. Estando livre de todos os tipos de corrupções, o Arahant vive em perfeita tranqüilidade e equanimidade, não sendo dado nem atraído para emoções negativas como luxúria, cobiça, ciúme, raiva e agressão. O Arahant se torna um com Buddha em pureza de coração, em sabedoria e em compaixão. Esta é a última realização, o elevado desenvolvimento espiritual onde qualquer indivíduo poderá lutar para chegar. É o mesmo estado que Buddha atingiu em seu esclarecimento.
Fonte:
http://orbita.starmedia.com/
~rodrigodaniel4/otimo/principal/bud01-28.html


 

 

 

 

Não é devido ao nascimento que alguém é um pária; não é devido ao nascimento que alguém é um brâmane. Através das ações alguém se torna um pária; através das ações alguém se torna um brâmane.