LIBERTE-SE DO PASSADO

(1ª Parte)

 

 

 

Muito, muito obrigado!

COVID-19

A todos os que têm ajudado
a Humanidade no combate ao Coronavírus:

muito, muito obrigado!

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Informação Preliminar

 

 

 

Este estudo se constitui da 1ª parte de um conjunto de fragmentos garimpados e eventualmente comentados na obra Liberte-se do Passado (Freedom From the Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti. Esta obra trata de questões seminais para a nossa existência, a saber: a busca do prazer, a importância da comunicação, a memória humana, a violência e outros estados de ânimo dissonantes do nosso espírito, a pobreza, as drogas, a solidão, a beleza e o amor.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Jiddu Krishnamurti

Jiddu Krishnamurti

 

 

 

Jiddu Krishnamurti (Madanapalle, 11 de maio de 1895 – Ojai, 17 de fevereiro de 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano. Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente, ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano, e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, seja política, seja social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento, bem como da prática correta da meditação do ser-humano-aí-no-mundo liberto de toda e qualquer forma de autoridade psicológica.

 

O cerne dos seus ensinamentos consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só poderá acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos foram por ele constantemente realçadas.

 

 

 

Fragmentos Krishnamurtianos

 

 

 

Ainda não podendo encontrar essa Coisa-Sem-Nome e de mil nomes que sempre buscou, o ser-humano-aí-no-mundo vem cultivando a fé, fé em um salvador ou em um ideal, uma fé que, invariavelmente, gera a violência.

 

Morte aos infiéis!
Morte aos proditores!
Morte aos ocidentais!
Morte aos inabençoáveis!
Morte aos abjuradores!
Morte aos antivitais!

 

 

ISIS

ISIS

 

 

Esperamos que alguém nos diga o que é uma conduta justa ou uma conduta injusta, um pensamento correto ou um pensamento incorreto, e, pela observância deste padrão, nossa conduta e nosso pensar se tornam mecânicos e nossas reações automáticas. E assim, vivemos de palavras, e nossas vidas são superficiais e vazias. Não somos originais. Imitamos. Temos vivido das coisas que nos têm sido ditas ou guiados por nossas inclinações e nossas tendências, e impelidos a aceitar as circunstâncias e o ambiente. Somos o resultado de todas as espécies de influências, e, em nós, nada existe de novo, nada é descoberto por nós mesmos, nada é original, inédito, claro. O fato é que forçamos a mente a se ajustar a padrões preestabelecidos. Imitamos. Mas, a mente que foi torturada, subjugada, a mente que deseja fugir a toda agitação, que renunciou ao mundo exterior e se tornou embotada pela disciplina e pelo ajustamento, por mais longamente que busque, o que achar será em conformidade com a sua própria deformação.

 

Creio em um só Deus,
entretanto, não no deus dos outros.
Todos eles são ateus:
essoutros, estoutros e aqueloutros.

Um dia, serei salvo;
os outros irão torrar no inferno.
Eu sei qual é o Alvo:
os outros aquentarão no inverno.

 

 

 

 

A Humanidade, de maneira geral, aceita e segue o caminho tradicional. A causa primária da desordem em nós existente é estarmos buscando uma realidade prometida por outrem, isto é, mecanicamente, seguindo todos aqueles que nos garantem uma vida espiritual confortável. É um fato verdadeiramente singular esse, que, embora, em maioria, sejamos contrários à tirania política e à ditadura, interiormente aceitemos a autoridade e a tirania religiosa, permitindo que deformem a nossa mente e a nossa vida. O fato é que, se rejeitarmos a autoridade dita espiritual, as cerimônias, os rituais e os dogmas, poderemos acabar sozinhos e em conflito com a sociedade, e deixar de ser entes humanos respeitáveis e aceitáveis. Ora, um ente humano respeitável e aceitável nenhuma possibilidade tem de se aproximar daquela ilimitada e imensurável Atualidade [desde sempre Uma e a Mesma]. [Logo, neste particular, sejamos irrespeitáveis e inaceitáveis. É muito melhor não ser respeitável nem aceitável em qualquer aspecto tradicional, do que ser bucha de canhão na mão de aproveitadores descarados, que se dizem religiosos, inspirados e intermediários de um sei-lá-que-deus, que, na verdade, são demônios por eles criados.]

 

 

 

 

 

 

Torrem Jeanne d'Arc!
Queimem Iordanus Brunus!
Decapitem Beatrice Cenci!
Cozinhem Pomponio Algerio!
Abrasem Pierre De Bruys!
Tostem Hieronymous Savonarola!
Assem Matteuccia di Francesco!
Enforquem Arnaldo de Brescia!
Degolem Pietro Carnesecchi!
Calcinem Maifreda de Pirovano!
Incendeiem Jacques de Molay!
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A pergunta se há um Deus, uma Verdade ou uma Atualidade ou como se queira denominar jamais será respondida pelos livros, pelos sacerdotes, pelos filósofos ou pelos salvadores. Ninguém e nada podem ou poderão responder a esta pergunta, mas, somente nós mesmos, e esta é a razão da necessidade de nos conhecermos. A Compreensão de si próprio é o começo da S[h]abedoria. [ShOPhIa].

 

No maior está contido o menor, mas, o menor não contém o maior. O indivíduo é aquela insignificante entidade condicionada, aflita, frustrada, satisfeita com seus pequeninos deuses e tradições; já o ente humano está interessado no bem-estar geral, no sofrimento geral e na total confusão em que se acha o mundo.

 

Toda a história humana está escrita em nós.

 

No Império Máuria fui traidor.
No Império Macedônico fui abjurador,
No Império Romano fui abdicador.
No Império Português fui navegador.
No Império do Brasil fui conspirador.
No Império Russo fui maquinador.
No Império Britânico fui explorador.
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A vida que vivemos é tudo o que conhecemos, e como somos incapazes de compreender a enorme batalha da existência, naturalmente temos medo e dela tentamos fugir pelas mais sutis e variadas maneiras. Temos também medo do desconhecido temor da morte, temor do que reside além do amanhã. Assim, temos medo do conhecido e medo do desconhecido. Tal é a nossa vida diária; nela, não há esperança alguma e, por conseguinte, qualquer espécie de filosofia e qualquer espécie de teologia representam meramente uma fuga à realidade do que é.

 

Ó infiel, crede em Deus,
e sereis arrebatado.
Ó infiel, segui os ateus,
e sereis condenado.

 

Definitivamente, precisamos compreender que cada um de nós, como ente humano, é inteiramente responsável [por tudo o que nos acontece e] por toda a situação do mundo. Cada um de nós e todos nós somos responsáveis por todas as guerras, geradas pela agressividade de nossas vidas, pelo nosso nacionalismo, pelo nosso egoísmo, pelos nossos deuses, pelos nossos preconceitos, pelos nossos ideais etc., pois, tudo isto está a nos dividir.

 

Judeu deve ser holocaustizado.
Muçulmano deve ser segregado.
Católico deve ser queimado.
Mexicano deve ser muralhado.
Iraniano deve ser riscado.
Negro deve ser anulado.
LGBTQQICAPF2K+ deve ser matado.
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A Verdade não tem caminho, e esta é exatamente a sua beleza. Ela é viva. Mas, não se pode olhar a Verdade através de uma ideologia, através de uma cortina de palavras, através de esperanças e através de temores. Para olharmos a Verdade, não podemos depender de nada nem de ninguém. Não há guia, não há instrutor e não há autoridade que nos ensine ou que nos faça ver a Verdade. Só há nós e nossas relações com outros e com o mundo. Nada mais. Quando se perceber este fato, desaparecerá inteiramente a autocompaixão. E deixaremos de ser brutais, violentos, escravizadores, competidores, ansiosos, medrosos, ávidos, invejosos, religiosos, fideístas, intolerantes, nacionalistas, preconceituosos etc.

 

Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um padre.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um babá.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um rabi.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um monge.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um médium.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um xamã.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um oráculo.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um adivinho.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um bruxo.
Eu queria conhecer e ver a Verdade,
e pedi auxílio a um sabe-tudo.
E morri sem conhecer, sem ver
e sem saber o que é a Verdade.
Hoje sei: Ela está em mim
como está em todos os seres,
porque, sem exceção, tudo-todos
in potentia – são Verdades,
seja bóson, seja átomo,
seja molécula, seja galáxia,
seja Sol, seja Lua,
seja menos, seja mais,
seja buraco branco, seja buraco negro...
1

 

O ato de olhar não requer nenhuma filosofia, nenhuma religião, nenhum instrutor. Ninguém precisa nos ensinar como olhar. Simplesmente, basta olhar. [Mas, para olhar, é preciso querer olhar!]

 

 

Olhando

 

 

Eu queria Ver,
mas, não tirava os antolhos.
Eu queria Ver,
mas, não abria os olhos.
Eu queria Ver,
mas, tinha medo dos escolhos.
Eu queria Ver,
mas, não destravava os ferrolhos.
Eu queria Ver,
mas, só vivia de geolhos.
Eu queria Ver,
mas, era como os pedigolhos.
Eu queria Ver,
mas, preferia os restolhos.
Se você conseguiu Ver,
parabéns; eu fui do time dos caraolhos!

 

 

A maioria das pessoas não deseja mudar, principalmente aquelas que se acham em relativa segurança social e econômica ou que conservam crenças dogmáticas e se satisfazem em aceitar a si próprias e às coisas tais como são ou, quando muito, em forma ligeiramente modificada.

 

 

Satisfeito consigo mesmo!

Satisfeito consigo mesmo!

 

 

Quando alguém nos oferece um sistema salvífico qualquer, e nós, tão sem juízo, o aceitamos e o seguimos, estamos meramente a copiar, a imitar, a nos ajustar e a aceitar, e, fazendo tal coisa, teremos estabelecido, em nós mesmos, a autoridade de outrem, da qual sempre resultará conflito entre nós e esta autoridade, [entre a nossa autonomia ou o nosso autogoverno e a masmorra fedorenta que nos impõem]. Não há aquele que não tenha suas peculiares inclinações, tendências, preferências e pressões, que, inevitavelmente, colidirão com o sistema que julga dever seguir, e, por conseguinte, existirão sempre contradições, incoerências e discrepâncias. E, assim procedendo, levaremos uma vida dupla, entre a ideologia do sistema que nos oferecem ou nos impõem e a realidade de nossa existência interior e diária. No esforço para nos ajustarmos à ideologia, recalcamos a nós mesmos, e, no entanto, o que é realmente verdadeiro não é a ideologia, porém, o que somos. Enfim, se tentarmos nos compreender de acordo com o que dizem ou determinam os outros, permaneceremos sempre seres-humanos-aí-no-mundo sem nenhuma originalidade [e escravizados ao que impõem os outros]. Não esqueçamos jamais de que qualquer ordem imposta de fora, por outrem, gerará, sempre e necessariamente, desorganização, desorientação, contradição e escravização. [E, se aceitarmos e seguirmos qualquer ordem imposta de fora, nossa encarnação terá sido inútil.]

 

 

 

Foi a tradição que criou na Humanidade essa colossal indolência, aceitação e obediência. Não podemos contar com outrem para nos ajudar a mudar, seja um instrutor, seja um deus, seja uma crença, seja um sistema. Nenhuma pressão e nenhuma influência externa nos farão mudar interiormente.

 

 

Rezando

 

 

Uma vez que tenhamos nos livrado definitivamente da carga da tradição e da autoridade e não tenhamos mais medo de espécie alguma, essa nova energia que em nós passa a circular implementará o início da mudança, e uma revolução interior e radical começará.

 

A mente sem medo é capaz de ilimitado Amor. E o Amor poderá fazer o que quiser, [e até o que não quiser]. Mas, para isto, precisaremos aprender o que somos e quem somos realmente, o que significa rejeitarmos nossa própria autoridade interior, a autoridade de nossas próprias e insignificantes experiências e opiniões acumuladas, nossos conhecimentos, nossas idéias e nossos ideais. A compreensão de nós mesmos não requer nenhuma autoridade, nem a do dia anterior nem a de mil anos atrás, porque somos entidades vivas, sempre em movimento, sempre a fluir e jamais se detendo. Se olharmos a nós mesmos com a autoridade morta de ontem, nunca compreenderemos o movimento vivo, nem a beleza e nem natureza deste movimento. Enfim, livrar-se de toda autoridade, seja própria, seja de outrem, é morrer para todas as coisas de ontem, para que a nossa mente possa ser sempre fresca, sempre juvenil, sempre inocente, sempre cheia de vigor e de paixão. Só neste estado é que se aprenderá e se observará. Para tanto, é preciso ter uma grande capacidade de percebimento, de real percebimento do que está se passando no interior de nós mesmos, sem corrigirmos o que vemos, nem dizermos o que deveria ou o que não deveria ser. Porque, tão logo corrigirmos, estaremos estabelecendo outra autoridade, outro censor.

 

 

Seres-humanos-aí-no-mundo

 

Para podermos empreender concertadamente a Viagem da Compreensão —› Libertação, precisaremos estar livres. Não poderemos transportar uma carga de opiniões, de preconceitos, de coisismos, de achismos e de conclusões, isto é, todos os trastes imprestáveis que juntamos no decurso dos últimos dois mil anos ou mais. Precisaremos nos esquecer de tudo o que soubermos a respeito de nós mesmos. Precisaremos nos esquecer de tudo o que pensarmos a nosso respeito, e iniciar a caminhada como se nada soubéssemos. Deveremos, enfim, iniciar a jornada, deixando para trás todas as lembranças de ontem, e começar a nos compreender efetivamente pela primeira vez.

 

 

Caminhando

 

 

Não há caminho para a Atualidade, como não há caminho para a Verdade. Toda autoridade, de qualquer espécie que seja, sobretudo no campo do pensamento e da compreensão, é a coisa mais destrutiva e mais danosa que existe. Os guias destroem os seguidores, e os seguidores destroem os guias. Temos de ser o nosso próprio instrutor e o nosso próprio discípulo. Temos de questionar tudo o que, no passado, aceitamos como valioso, necessário e insubstituível.

 

 

Deus

 

 

Só quando a mente transcender as consciências individual e social [e juntar os retalhos] poderá se tornar a Luz de si mesma a Luz que nunca se apaga [nem com a morte].

 

 

Juntando os Retalhos

 

 

Mas, precisamos entender que só poderemos nos observar em relação, porque a vida é toda de relação. De nada serve ficar sentado em um canto a meditar apenas sobre nós mesmos. Não podemos existir sozinhos. Essa coisa de sozinho não existe. Só existimos em relação com as pessoas, com as coisas e com as idéias, e só estudando a nossa relação com as pessoas e com as coisas exteriores, assim como com as interiores, começaremos a compreender a nós mesmos. Qualquer outra forma de compreensão é mera abstração, e não poderemos nos estudar abstratamente, pois, não somos entidades abstratas. Por conseguinte, temos de nos estudar na realidade concreta, isto é, assim como somos, e não como desejamos ser.

 

A mente que leva a carga do passado e que vive do passado é uma mente lamentável.

 

 

Isto é lamentável!

 

 

Aprender é um movimento ilimitado, sem o passado.

 

Se existir alguma idéia, que é do passado, dominando o presente, não poderá haver sensibilidade. [Na realidade, talvez, até exagerando um pouco, não poderá haver nada ou, se houver, tenderá para não ser nada.]

 

Preso ao passado,
não realizei nada.
Preso ao passado,
não achei a Estrada.

Preso ao passado,
vivi enfiado na bozerna.
Preso ao passado,
empacotei na caverna.

 

Para podermos ser completamente sensíveis a tudo o que decorre das exigências da vida não deve haver separação entre o organismo e a psique, [entre nós e o outro].

 

A mente que está enredada em opiniões, coisismos, achismos, preconceitos, separatividades, ofensividades, crendices, dogmatismos, juízos, valores etc. é uma mente morta para a aprendizagem.

 

 

Mentes Mortas para a Aprendizagem

 

 

Cada um de nós tem uma imagem ou um retrato do que pensamos ser ou do que gostaríamos de ser, e esta imagem ou este retrato [geralmente deformados e desfigurados] impedem inteiramente de nos vermos a nós mesmos como realmente somos.

 

 

 

 

No momento em que alcançamos qualquer alvo, perdemos o atributo da inocência e da humildade. No momento em que chegamos a uma conclusão ou começamos a nos examinar com base no conhecimento antigo e adquirido, está tudo acabado, porque, então, estamos traduzindo tudo o que é vivo em termos do velho, [e o velho é coisa morta]. Mas se, ao contrário, não temos nenhum ponto de apoio, nenhuma certeza, nenhuma perfeição, estamos em liberdade para olhar, e quando olhamos uma coisa em e com liberdade, ela é sempre nova. Um ser-humano-aí-no-mundo seguro de si [e que acredita que está realizado] é um ente morto. Para nos Libertarmos e Renascermos, [o que, esotericamente, é alcançado na 1ª e na 2ª Iniciações], precisaremos nos alforriar da nacionalidade, dos preconceitos, da casta, da classe, da tradição, da cultura, da religião, da língua, da educação, da literatura, da arte, do costume, da convenção, da propaganda de todo gênero, da pressão econômica, da alimentação que tomamos, do clima em que vivemos, da nossa família, dos nossos amigos, das nossas experiências, enfim, de todas as influências possíveis e imagináveis, e, por conseguinte, de todas as nossas reações que nos condicionam. Só se nos libertarmos de todas as inadequações e de todos os condicionamentos poderemos ser livres.

 

 

Grilhões

 

 

Se um determinado condicionamento nos satisfaz, como, por exemplo, a nacionalidade, e nada fazemos a respeito dele, porque nos sentimos satisfeitos ao nos tornarmos cônscios dele, percebendo que nunca fazemos coisa alguma sem ele, estamos sempre vivendo no passado, com os mortos.

 

Se tudo ao nosso redor decorre de maneira perfeitamente feliz, como poderemos estar cônscios dos nossos condicionamentos? O fato é que só quando surge uma perturbação [como, por exemplo, o 9/11, o Terremoto de Sumatra-Andaman (26 de dezembro de 2004), o Grande Terremoto do Leste do Japão (11 de março de 2011) e a atual Pandemia COVID-19, que aflige toda a Humanidade] é que percebemos e sabemos que estamos condicionados. Mas, o mais grave de tudo é que nos acostumamos com a perturbação, o que significa que nossa mente se embotou de tal forma, que nem mais a notamos. Mas, quando não nos acostumamos com a perturbação, o que fazemos? Tratamos de fugir, recorrendo a uma certa droga, ingressando em um partido político, bradando, [fazendo um panelaço], escrevendo, [postando comentários], assistindo a uma partida de futebol, indo a uma igreja ou a um templo, procurando um tipo qualquer de divertimento, o que, definitivamente, não resolverá o problema. E, talvez, a maior de todas as perturbações seja o medo da morte. E, para ele, inventamos teorias, esperanças e crenças de toda espécie, para disfarçarmos o fato da morte, mas, este fato continua existente. Seja como for, para tudo, sem exceção, se desejarmos compreender um fato, qualquer que seja o fato, cumpre olhá-lo e não fugir dele.

 

Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei um Deus.
Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei o perdão.

Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei o arrebatamento.

Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei o paraíso.
Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei o pecado.

Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei o inferno.
Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei os demônios.
Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei o Dia do Juízo.
Eu sempre soube que, um dia, morreria,
então, inventei o Povo de Deus.

 

 

Repetição Intervalada

Repetição Intervalada

 

 

O nacionalismo é uma condicionamento que leva à autodestruição.

 

 

SoldadoSoldadoSoldado

 

 

A maioria de nós percorre a vida desatentamente, reagindo sem pensar, de acordo com o ambiente em que fomos criados, e tais reações só acarretam mais servidão, mais condicionamento. Mas, no momento em que aplicarmos toda a atenção aos nossos condicionamentos, ficaremos inteiramente livres do passado, pois, ele se desprenderá naturalmente de nós.

 

 

 

Continua...

 

 

 

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Nota:

1. Em Astrofísica, buraco branco é um objeto teórico previsto pela Teoria da Relatividade, que funciona como um buraco negro de tempo-invertido. Como um buraco negro é uma região no espaço em que nada pode escapar, a versão tempo-invertida do buraco branco é uma região no espaço em que nada pode cair. Os buracos brancos aparecem como parte de uma das soluções de Karl Schwarzschild para as equações da Relatividade Geral de Einstein, em que é descrito um buraco de minhoca de Schwarzschild. Em uma das pontas do buraco de minhoca, há um buraco negro, sugando matéria, luz e tudo mais, e, na outra ponta, há um buraco branco, criando/expelindo matéria e luz. Mesmo que isto possa dar a entender que, no Universo, os buracos negros possam se conectar a buracos brancos em outros lugares, isto não é considerado possível de existir por duas razões: primeira, porque os buracos de minhoca de Schwarzschild são instáveis, se desconectando assim que se formam; e segunda, os buracos de minhoca de Schwarzschild são uma solução válida apenas enquanto nenhuma matéria interage com o buraco. A existência de buracos brancos desconectados de buracos negros é duvidosa, já que tal hipótese parece violar a Segunda Lei da Termodinâmica (A quantidade de entropia de qualquer sistema termodinamicamente isolado tende a se incrementar com o tempo, até alcançar um valor máximo). Ou seja, buracos brancos são entidades físicas matematicamente viáveis, o que não quer dizer que existam em a Natureza.

 

Animação Hipotética de um Buraco Branco

Animação Hipotética de um Buraco Branco

 

Música de fundo:

Symphony Nº 6 (Pastorale), em Fá Maior, opus 68
Compositor: Ludwig van Beethoven

Fonte:

http://www.kunstderfuge.com/beethoven/variae.htm#Symphonies

Observação:

A Sinfonia nº 6 em Fá Maior, opus 68, de Ludwig van Beethoven, também chamada Sinfonia Pastoral, é uma obra musical precursora da música programática. Esta Sinfonia foi completada em 1808, e teve a sua primeira apresentação no Theater an der Wien, em 22 de dezembro de 18081. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um quadro sonoro, mas, como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.

 

Páginas da Internet consultadas:

https://br.vexels.com

http://clipart-library.com

https://br.pinterest.com/pin/168251736060341776/

http://www.sgi.org.br/pt/religioes/os-7-assassinatos
-mais-famosos-cometidos-pelos-papas/

https://gifer.com/en/gifs/news

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https://www.fotosearch.com/CSP056/k0563481/

https://pixabay.com/

http://madsenworld.dk/anigif/human.htm

http://www.assimetrico.com.br/2016/10/

https://www.bemparana.com.br/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o

https://www.picsunday.com/

https://gifer.com/en/VRdR

https://pt.wikipedia.org/wiki/Buraco_branco

http://www.animatedimages.org/

https://pixabay.com/pt/

https://giphy.com/

https://gifer.com/en/7Fmb

https://krishnamurtibox.wordpress.com/downloads/livros/

 

Direitos autorais:

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