Quando
alguém teme a verdade passa a controlar e a reprimir.
Todo
ponto de vista é a vista de um ponto.
Às
vezes, o ponto nem sequer é visto!
Nenhum ser humano é uma ilha...
Por isso, não perguntem por quem os sinos dobram.1
Eles dobram por cada um, por cada uma, por toda a Humanidade. Se grandes
são as trevas que se abatem sobre nossos espíritos, maiores
ainda são as nossas ânsias por luz. As tragédias nos
dão a dimensão da inumanidade de que somos capazes. Mas também
deixam vir à tona o verdadeiramente humano que habita em nós,
para além das diferenças de raça, de ideologia e de
religião. E este humano em nós faz com que, juntos, choremos,
juntos nos enxuguemos as lágrimas, juntos oremos, juntos busquemos
a justiça, juntos construamos a paz e juntos renunciemos à
vingança.
A chave do místico é
procurar ver o que está por trás de cada coisa, o que a constitui
e sustenta. Não ficar preso ao superficial, mas fazer de tudo um
símbolo, um sinal, um sacramento, uma imagem.
Para
quem tem a 'experiência de Deus, o mundo é uma grande mensagem'.
A
crise representa purificação e oportunidade de crescimento.
Não precisamos recorrer à palavra chinesa de crise para saber
esta significação. Basta recordar o sânscrito, matriz
de nossa língua. Em sânscrito, crise vem de 'kir' ou 'kri'
que significa purificar e limpar. De 'kri', vêm crisol, recipiente
químico com o qual limpamos ouro das gangas, e acrisolar, que quer
dizer depurar. Então, a crise representa um processo crítico,
de depuração do cerne: só o verdadeiro e substancial
fica; o acidental e agregado desaparecem. A partir do cerne se constrói
uma outra ordem.
A
Igreja Católica, como hierarquia, é a única sociedade
que é monossexual. É só feita homens – e de homens
celibatários. Então, eles são reféns desse lugar
social, lugar de gênero.
O
Papa
Bento XVI é
uma pessoa que não tem nada de inquisidora; é extremamente
afável, gentil e absolutamente tranqüilo.
Em
grego, 'krisis', crise, significa a decisão tomada por um juiz ou
por
um médico. O juiz pesa e sopesa
os prós e os contras e o médico conjuga os vários sintomas;
então, ambos tomam a decisão pelo tipo de sentença
ou pelo tipo de doença. Este processo decisório é chamado
crise. O Evangelho de São João usa 30 vezes a palavra crise
no sentido de decisão. Jesus comparece como a crise do mundo, pois
obriga as pessoas a se decidirem.
O
povo de Porto Alegre se faz guardião da Humanidade mínima.
Afirma a possibilidade real de vivermos juntos como humanos, e nos mostra
como devemos passar de uma consciência de nação e de
classe a uma consciência de espécie.
Hoje,
nos encontramos em uma fase nova na Humanidade. Todos estamos regressando
à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas
e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos
nos enriquecemos e nos completamos mutuamente.
Vamos
rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra,
vale dizer, como combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência
opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a
vida na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais,
a felicidade discreta neste mundo com a grande promessa na eternidade. E,
ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor,
todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa
e bela – o planeta Terra.
Captar Deus é tê-Lo
em todas as dimensões da vida, não apenas em situações
privilegiadas, como quando se comunga ou se reza. Ter a experiência
de Deus sempre –
andando na rua, respirando o ar poluído,
alegrando-se, tomando cerveja, procurando entender um texto que se esteja
estudando. Deus vem misturado com tudo isto; e qualquer situação
é suficientemente boa para captá-Lo e dizer: — Ele anda
conosco.
Eu
creio que o ser humano é dominado por um Fogo Interior. Aquilo que
os místicos chamam de 'o nascimento de Deus na alma humana'. E este
Fogo se dá nas dobras do cotidiano. Não só no arrebatamento
místico, na contemplação, mas a vida é generosa
e toda a existência humana é animada por este Fogo e a tarefa,
talvez, do pensador é remover as cinzas, desentulhar as memórias
sepultadas lá dentro, para que cada um descubra este Fogo, que, às
vezes, é um vulcão que explode dentro de cada pessoa humana.
Os
mortos são apenas invisíveis, mas não ausentes.2
Todos
os movimentos místicos, espirituais e esotéricos dão
testemunho de que nós não temos só uma cultura material,
do trabalho, da transformação do mundo. Mas, estão
se fazendo exigências do mundo interior do ser humano, da sua dimensão
espiritual, que, possivelmente, apontem para um novo paradigma civilizacional,
isto é, uma civilização centrada não só
na materialidade, que, afinal, precisamos dela para atender as demandas
humanas. Mas, também, há outras demandas, talvez mais profundas,
que representam a sede de infinito do ser humano, a sua dimensão
espiritual, o outro lado da existência. E é exatamente isto
que se nota de uma forma, quase exaltada, em todas as partes...
Sede
e fome...
O
sonho de Jesus tem muitas expressões. Eu vejo que o leque das confissões
cristãs – desde a Igreja ortodoxa, todas as Igrejas da Reforma
[Protestante],
e mesmo as pentecostais, hoje –
são expressões de tentativas
de redizer este sonho, esta promessa, que é a mensagem de Jesus,
a sua vida, enfim, este mistério. Agora, a expressão dominante
dentro do lado romano-católico é a expressão hierárquica,
clerical, formada pelos bispos, pelo
clero, ao lado da dimensão dos leigos. Então, eu vejo que
esta expressão da Igreja é a expressão mais enraizada,
mais ocidental. E, em uma perspectiva global, há o risco de que este
ocidente se transforme em um acidente, que este Cristianismo não
consiga acertar o passo com o processo histórico maior, que vai na
direção de uma sociedade mundial do diálogo das culturas.
Então, para romper este cerco, creio que devemos voltar às
origens, no sentido de recuperar o Arquétipo Cristão, e deixar
que as culturas o assimilem, o digam, e a partir das matrizes dele reemerjam…
Mais
por misericórdia e humanidade pelo portador do poder papal, eu proponho
um mandato limitado para o Papa.
O
Cristianismo católico é quase machista, celibatário…
Eu acho que o poder na Igreja, como ele está organizado, é
extremamente centralizado. Primeiro, só na parte masculina da Igreja;
depois, só na parte daqueles que recebem o sacramento da ordem…
São
homens que dizem que Cristo decidiu…
Há
duas Economias: a dos bens materiais e a dos bens espirituais. Elas seguem
lógicas diferentes. Na Economia dos bens materiais, quanto mais você
dá bens, roupas, casas, terras e dinheiro, menos você tem.
Se alguém dá sem prudência e esbanja perdulariamente,
acaba na pobreza. Na Economia dos bens espirituais, ao contrário,
quanto mais se dá, mais se recebe, quanto mais entregamos, mais temos.
Quer dizer: quanto mais se dá amor, dedicação e acolhida
(bens espirituais), mais se ganha como pessoa e mais se sobe no conceito
dos outros. Os bens espirituais são como o amor: ao se dividirem,
se multiplicam. Ou como o fogo: ao se espalharem, aumentam.
Quando
Jesus fala dos doze, há todo um contexto da Teologia Judaica do tempo,
que os doze significam. As doze tribos de Israel, que representam os doze
signos do zodíaco daquele tempo, significam a Humanidade. Então,
quando Jesus chama os doze, não é um mais um mais um até
doze. Quer dizer, o povo que se reúne, a comunidade que se reúne.3
12
é 3 vezes 4 – o número da Perfeita
Totalidade.
A
concepção
subjetivista – que é cada um sozinho, cada um tem o seu poder,
cada um é um pequeno Papa –
não faz o menor sentido. O sentido
é colegial, messiânico, que é sempre coletivo…
Um
herege vivo vale mais do que um santo morto.
Eu
acho que a fé tem uma dimensão familiar, tem uma dimensão
mística, tem uma dimensão artístico-cultural e tem
uma dimensão política. Isto é inegável porque
ela está na sociedade civil, está no Estado. O que fez a Teologia
da Libertação? Foi dar uma ênfase libertadora,
que é inerente a essa fé, à sua dimensão política.
Normalmente, a dimensão política da fé era cooptada
pelas forças dominantes do velho pacto colonial Igreja-Estado: as
classes dominantes e as Igrejas institucionalizadas que compunham a ordem.
Então, revolucionar não é fazer política, não
é fazer política de esquerda; é fazer a política
com os pobres. Por isto se diz: 'Essa é a política'. Não.
A Igreja sempre fez política. Só que era uma política
de centro, de direita. Era um dos fatores, eu diria até de uma forma
simbólica, era o azeite na maquinaria social da ordem estabelecida,
que, quando analisada, era uma desordem.
A
Igreja não é só hierarquia, como o Brasil não
é só o exército. Não são só generais.
A Igreja não é um exército; é um povo de Deus.
É povo…
A
arrogância institucional mantém a perspectiva clerical,
celibatária, que não estava na mente de Jesus, porque Ele
não escolheu celibatários. Escolheu pessoas casadas, desde
que o primeiro Papa, São Pedro, era casado. E ele curou a sogra dele…
Se
Jesus casou ou não se casou, ninguém sabe.4
Devemos
celebrar a vida, não o rito.
Não
podemos reduzir o Cristianismo à sua dimensão hierárquica;
o Cristianismo
é muito mais
complexo. A expressão comunitária é mais viva hoje.
Então, eu não deixei a Igreja como comunidade, eu deixei uma
função da Igreja, aquela função hierárquica
do padre, que é um conceito canônico, que celebra na Igreja
paroquial e aquela coisa toda. Mas eu não deixei de ser fiel, não
deixei de ser teólogo, e, lá nas comunidades que me pedem
para eu coordenar a celebração, é a comunidade que
celebra; eu apenas coordeno esta celebração, participo dela.
São
Francisco5
foi o maior profeta contraditório da Igreja-instituição
daquele tempo. A gente disse: — 'Não! Não à Igreja
dos monarcas, não à Igreja do Papa-príncipe, como era
no século III'. Era a Igreja da rua, Igreja dos caminhos, Igreja
da pobreza. São
Francisco não assumiu aquele projeto de Igreja; reinventou
um projeto de uma Igreja de base, popular, onde celebrava no meio do povo,
dos pobres… Se isto é uma ruptura, São Francisco a fez.
O
Evangelho é Liberdade. São Paulo diz: — 'Irmãos
e irmãs: vocês foram chamados à Liberdade; não
se deixam escravizar.' E esta Liberdade é que para mim é a
grande herança que Jesus trouxe. No sangue; não na palavra.
Fidel
Castro e a política oficial se deram conta que o Cristianismo –
especialmente o de vertente libertária interessado na justiça
–
não é de forma alguma inimigo
do Socialismo.
Talvez
seja bom esclarecer o que é a Igreja. Normalmente, pela mídia,
Igreja é os bispos e os padres, o Papa e pronto. Agora, um conceito
mais complexo de Igreja: a Igreja é a comunidade dos que crêem,
dos
que se organizam. Em Cuba, eles têm
a sua hierarquia; mas é o povo, são os teólogos, é
a vida religiosa, é o movimento dos sem-terra, é a pastoral
dos índios, dos negros, das crianças de rua, é a Teologia
da Libertação, toda essa complexidade de vida, forma a Igreja
concreta... Eu não digo que a Igreja ou é só carisma
ou é só poder; a Igreja é carisma e é poder.
Mas, na forma como ela se organizou, o poder engoliu o carisma, de tal forma
que a grande parte dos cristãos está à margem disso
– os negros, as mulheres, as religiosas, e há a densificação
nesse lado mais piramidal da Igreja. Então, a minha luta é
dizer que é possível a Igreja ser diferente, mais comunhonal,
mais participativa; não como discurso teórico da Teologia,
mas como experiência prática, nas comunidades de base, no nível
continental, na África, na Ásia... O Cristianismo de comunidade…
Eu acho que o futuro religioso do
Brasil não será católico; será ecumênico.
Terá matriz cristã, será feito um grande sincretismo,
que está em curso. Eu acho extraordinário o sincretismo porque
mostra a vitalidade do arquétipo cristão, que não está
fossilizado no seu lado hierárquico, no seu lado ocidental romano.
Ele está ligado às raízes espirituais do povo brasileiro,
que são místicas, que são pluriculturais. Eu acho que
vai surgir uma outra religiosidade…
Eu
vejo que o Cristianismo oficial – seja de vertente presbiteriana,
metodista ou romano-católica – se fossiliza lentamente. Ela
não renova o discurso; não renova os ritos.
O
corpo não é um cadáver; o corpo é vivo. E esta
é a realidade que nós temos. O corpo é habitado pelo
Sopro, e o Sopro é o Espírito – que é o Espírito
do Universo, o Espírito Cósmico, o Espírito da pessoa
humana. Os evangélicos têm agilizado isso lhe dando uma aura
religiosa. Eu acredito que o futuro do Cristianismo passa pela vertente
carismática, pela vertente do Espírito Santo, que, em certos
casos, ganha formas patológicas, no meu modo de ver. A Igreja Universal
do Reino de Deus, por exemplo, é uma forma patológica desta
dimensão porque fala mais ao bolso das pessoas…
Uma
coisa é a Igreja e todo o discurso que se faz montado e bem estratégico;
outra é a comunidade que a freqüenta, aquele povo que vai lá
carregado de fé, de mística. O que eu tenho é um grande
respeito por eles, pois eles nos dão duras lições que
nós, católicos, devemos aprender, que é, por exemplo,
redescobrir o caminho da subjetividade, do profundo do ser humano... Então,
pouco importa, tanto faz se é Edir Macedo, se é o Papa, se
são outros... Quem está alimentando hoje o Fogo Interior?
Quem permite ao ser humano fazer uma viagem de uma águia e não
ficar como uma galinha ciscando no chão? Quem, por muitas fontes,
está sendo o conduto para permitir ao ser humano descobrir sua transcendência?
Se,
por um lado, fazemos a crítica à religião pentecostal,
que manipula as consciências, por outro lado, devemos perceber a sua
grande função antropológica de salvar aqueles que não
têm nome, que são destituídos, considerados mão-de-obra,
nem mais ingressando no mercado, no exército de reserva, mas os descartáveis
da sociedade. Mas, eles não são isso; são pessoas humanas.
E, politicamente, são importantes porque eles decidem eleições,
decidem que um Collor ganhe e não um Lula. Porque eles votam. Então,
a religião encontrou um conduto de falar a eles. Para mim, é
um desafio para as Igrejas históricas redescobrir uma linguagem de
chegar a eles…
Edir Macedo e todo o grupo dele fazem
o discurso da prosperidade. Se a gente analisar melhor, não é
bem assim. Ele faz o discurso que você tem direito a ter prosperidade.
É um direito seu ter casa, ter saúde, ter comida, ter o mínimo
para ser humano, porque é um direito que Deus quer para os seus filhos
e filhas. A sociedade nega. E aí vem a estratégia do Edir
Macedo. A estratégia de conseguir isso mediante um milagre. Quer
dizer, Deus vai intervir. Inclusive há um programa chamado Primeiro
Mundo, que eu digo: — 'É uma receita ao Presidente da República'.
Não precisa fazer as políticas mundiais, via MERCOSUL (Mercado
Comum do Sul),
para chegar ao Primeiro Mundo; basta confiar em Deus. Ele te introduz no
Primeiro Mundo… Lógico. Aqui não é mística;
é mistificação. Quer dizer, queima as etapas, tira
fora as mediações, que é a crítica que nós
fazemos a esse tipo de 'carismatismo', que faz de Deus um 'tapa-buraco'.
Deus está ali, mas não como um 'tapa-buraco'.
Eu
acho que, primeiro, tem que ser discutido o fenômeno que ocorre entre
duas pessoas do mesmo sexo, ou mesmo nos heterossexuais, que é a
experiência do amor humano. Em toda essa discussão ninguém
fala do amor. Todo mundo fala do homossexualismo; ninguém fala da
experiência do amor, que é a coisa mais misteriosa do ser humano,
à qual devemos ter o máximo respeito e acolher as pessoas,
e que essas pessoas queiram ter continuidade nessa experiência. Que
ela pode ser defendida, para que eles tenham uma infra-estrutura de legalidade,
sobre os eventuais bens, e aquilo que eles constroem juntos, eu acho que
é do direito deles. Então, eu não quero julgar sobre
o juízo, fazer um juízo moral sobre os homossexuais. Apenas
quero dizer que são pessoas humanas, que dão testemunho que
é possível um amor entre eles e que a sociedade deve se confrontar
sobre isso.
Eu
acho que há uma dimensão de pecado, sim, que é a obstinação;
não querer crescer, não querer ouvir o outro, não escutar
os apelos profundos da sua interioridade. Não ouvir a Palavra o suficiente
que ecoa mil ecos, que é a Palavra do Mistério do Divino.
Então, pecar é o quê? Pecar é não querer
crescer. É querer se fossilizar, se assentar em uma posição.
E nós somos chamados a nos transformar continuamente, a crescer,
a interagir, dia-a-dia, fazendo isso como um processo constante de nossa
personalidade. E temos a outra tendência: de nos sentarmos, de nos
fecharmos, de celebrarmos nossos louros… Para mim, eu acho que esta
atitude é pecado.
Há
mil formas de a pessoa perder o seu centro, de perder o seu caminho do meio.
Pecado é sempre a queda e a perda deste caminho do meio.
Eu
não me reporto à autoridade nenhuma; eu me reporto tão-somente
a Deus.
O fundo de todas as encíclicas
termina sempre em um discurso moral. Nunca é um discurso que pudesse,
analiticamente, analisar o Capitalismo, o Socialismo, e aí as medidas
políticas. Então, na parte moral, ninguém é
contra, é fácil. Por isto, têm pouca aplicabilidade
às questões sociais. Por quê? Porque é tão-só
discurso moral. Nós queremos o discurso da mediação,
que ajude os caminhos políticos de superar a pobreza. Porque é
fácil condenar a pobreza. Nós queremos, sim, superar historicamente
a pobreza…
O
maior milagre é a vida, é uma borboleta estar voando. O problema
é que nós reservamos o milagre a algo extraordinário,
que é quase mágico. Eu digo não. O Universo é
uma feira de milagres. E eu não me canso de admirar. E seria trágico
para nós, aqui, se tivéssemos expulso esta borboleta ou matado
a ela porque ele poderia estragar o nosso programa. Não, ela foi
convidada. Ela é o Espírito que está aqui, que paira
entre todos nós. Ela pertence ao nosso círculo hermético.
Isto é o grande milagre!
Queremos uma justiça social
que combine com a justiça ecológica. Uma não existe
sem a outra.
Nem
pobreza, nem riqueza; mas justiça. Justiça que é participação,
que é dignidade das pessoas humanas. Por isto, nos 'Atos dos Apóstolos',
quando se diz que os cristãos distribuíam tudo entre eles,
aí se diz, pelo louvor da comunidade, 'que não havia pobres
entre eles'. Porque todo mundo tinha o suficiente. Então, o nosso
projeto não é riqueza nem é sacralizar a pobreza. É
justiça, onde todos possam participar dos bens criados pelo trabalho,
pela cultura e pela técnica humana.
Eu considero, por exemplo, a política
neoliberal como um grande pecado social, porque ela supõe uma Humanidade
menor do que a realmente existente, um Brasil menor. E funciona para 80
milhões de brasileiros. E para uma Humanidade calculada em 2,5 bilhões,
ela funciona. Agora, nós somos 5,6 bilhões no mundo e 150
milhões de brasileiros, que não são só marginalizados;
são excluídos, não contam. Na planificação
de saúde, de escola, de moradia, eles não entram; são
zeros econômicos. Então, esta lógica, que é férrea
do sistema, toma até o empresário de boa vontade, ético,
mas que está coagido por esta lógica. E se ele não
faz isso, ele é expelido do mercado; ele vai à falência.
Então, eu acho que é essa mecânica que nos leva a questionar:
qual é a centralidade que este sistema tem com a vida humana, com
as carências humanas ou com as carências do mercado? Qual é
a lógica e a ética desta produção de bens materiais?
Eles se destinam a quê? Ao lucro ou atender a vida, não só
a vida humana, mas das plantas, das árvores e dos animais. Eu acho
que esta questão tem que ser pensada em termos, não só
éticos, mas em termos políticos, como gestar políticas
que geram vida, mas para todo mundo, que preservem este Planeta, que está
ameaçado. Porque nós criamos a máquina de morte que
pode destruir tudo. Então, não podemos mais ser ingênuos.
Temos que assumir posições políticas fundamentais,
se queremos garantir um futuro para o Planeta e as condições
para o ser humano poder continuar a se desenvolver.
Não
basta ter só políticas de estabilidade porque você congela
a miséria.
Compreender não consiste em
elencar dados. Mas em ver o nexo entre eles e em detectar a estrutura invisível
que os suporta. Esta não aparece. Recolhe-se em um nível mais
profundo. Revela-se através dos fatos. Descer até aí
através dos dados e subir novamente para compreender os dados: eis
o processo de todo o verdadeiro conhecimento. Em ciência e também
em teologia.
Onde
há amor aí há ato de deus, porque Deus é amor.
Eu
acho que nós estamos em um processo. E onde há aprendizado,
há erros; e a gente aprende com os erros. Mas também há
acertos. Eu acho que a linha fundamental nós acertamos. Pode ter
pedras, a estrada sobe e desce, pode ter viés. Mas da direção
eu estou profundamente convencido. Não é só a direção
para o Brasil; eu acho que é uma direção para a Humanidade.
Se nós queremos coletivamente sobreviver, nós temos que socializar
os nossos bens, a nossa cultura, o nosso dinheiro, a Natureza; senão
nós vamos destruir tudo isso. Ou nós paramos agora ou no ano
de 2034 a Terra toda não será mais sustentável. Vamos
ao encontro de catástrofes fantásticas. Então, onde
os políticos têm esta consciência? Quando eles fazem
um apelo às pessoas religiosas, à religião, à
veneração, ao respeito, à sacralidade, ao respeito
à Natureza, às alteridades. Temos que alimentar esse fogo
porque só quando temos essa veneração, essa sacralidade,
nós respeitamos e não manipulamos, não entramos na
lógica destrutiva, mas na lógica da sinergética de
proteger, de incluir e, aí, de salvaguardar. E, neste sentido, eu
acho que nós estamos do lado certo.
A
Ecologia Ambiental se preocupa com o meio ambiente – para que não
sofra excessiva desfiguração – com a qualidade de vida
e com a preservação das espécies em extinção.
Ela vê a Natureza fora do ser humano e da sociedade. Procura tecnologias
novas, menos poluentes, privilegiando soluções técnicas.
Ela é importante porque procura corrigir os excessos da voracidade
do projeto industrialista mundial, que implica sempre custos ecológicos
altos. Se
não cuidarmos do Planeta como um todo, poderemos submetê-lo
a graves riscos de destruição de partes da biosfera e, no
seu termo, inviabilizar a própria vida no Planeta.
A
Ecologia Social não quer apenas o meio ambiente. Quer o ambiente
inteiro. Insere o ser humano e a sociedade dentro da Natureza. Preocupa-se
não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas,
com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico,
uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça
social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular
da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele
é parte e parcela da Natureza. A Ecologia Social propugna por um
desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às
carências básicas dos seres humanos, hoje, sem sacrificar o
capital natural da Terra, e considera também as necessidades das
gerações futuras que têm direito à sua satisfação
e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas
minimamente justas.
No
imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento
se movia dentro de dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o
infinito do desenvolvimento rumo ao futuro. Esta pressuposição
se revelou ilusória. Os recursos não são infinitos.
A maioria está se acabando, principalmente a água potável
e os combustíveis fósseis. E o tipo de desenvolvimento linear
e crescente para o futuro não é universalizável. Não
é, portanto, infinito. Se as famílias chinesas quisessem ter
os automóveis que as famílias americanas têm, a China
viraria um imenso estacionamento. Não haveria combustível
suficiente e ninguém se moveria.
A
Ecologia Mental – chamada também de Ecologia Profunda –
sustenta que as causas do 'deficit' da Terra não se encontram apenas
no tipo de sociedade que atualmente temos. Mas, também, no tipo de
mentalidade que vigora, cujas raízes alcançam épocas
anteriores à nossa história moderna, incluindo a profundidade
da vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica.
Há,
em nós, instintos de violência, de vontade de dominação,
arquétipos sombrios que nos afastam da benevolência em relação
à vida e à Natureza. Aí, dentro da mente humana, se
iniciam os mecanismos que nos levam a uma guerra contra a Terra. Eles se
expressam por uma categoria: a nossa cultura antropocêntrica. O antropocentrismo
considera o ser humano rei/rainha do Universo. Pensa que os demais
seres só têm sentido quando ordenados ao ser humano; eles estão
aí disponíveis ao seu bel-prazer. Esta estrutura quebra com
a lei mais universal do Universo: a solidariedade cósmica. Todos
os seres são interdependentes e vivem dentro de uma teia intrincadíssima
de relações. Todos são [igualmente]
importantes.
A
Ecologia Integral parte de uma nova visão da Terra. É a visão
inaugurada pelos astronautas a partir dos anos 60 quando se lançaram
os primeiros foguetes tripulados. Eles viram a Terra de fora da Terra. De
lá, de sua nave espacial ou da Lua, como testemunharam vários
deles, a Terra aparece como um resplandecente planeta azul e branco, que
cabe na palma da mão e que pode ser escondido pelo polegar humano.
Daquela perspectiva, Terra e seres humanos emergem como uma única
entidade. O ser humano é a própria Terra enquanto sente, pensa,
ama, chora e venera. A Terra emerge como o terceiro planeta de um Sol, que
é apenas um entre 100 bilhões de outros de nossa galáxia,
que, por sua vez, é uma entre 100 bilhões de outras do Universo,
Universo que, possivelmente, é apenas um entre outros milhões
paralelos e diversos do nosso. E tudo caminhou com tal calibragem, que permitiu
a nossa existência aqui e agora. Caso contrário, não
estaríamos aqui. Os cosmólogos, vindos da Astrofísica,
da Física Quântica, da Biologia Molecular, em uma palavra,
das ciências da Terra, nos advertem que o Universo inteiro se encontra
em cosmogênese. Isto significa: ele está em gênese, se
constituindo e nascendo, formando um sistema aberto, sempre capaz de novas
aquisições e de novas expressões. Portanto, ninguém
está pronto. Por isto, temos que ter paciência com o processo
global, uns com os outros e também conosco mesmo, pois nós,
humanos, estamos igualmente em processo de antropogênese, de constituição
e de nascimento.
Cosmogonia?
As
grandes crises comportam grandes decisões. Há decisões
que significam vida ou morte para certas sociedades, para uma instituição
ou para uma pessoa. A
situação atual é a de um doente ao qual o médico
diz: ou você controla suas altas taxas de colesterol e sua pressão
ou vai enfrentar o pior. Você escolhe. A
Humanidade, como um todo, está com febre e doente e deve decidir:
ou continuar com seu ritmo alucinado de produção e consumo,
sempre garantindo a subida do PIB nacional e mundial, ritmo altamente hostil
à vida, ou enfrentar dentro de pouco as reações do
sistema-Terra, que já deu sinais claros de estresse global. Não
tememos um cataclismo nuclear, não impossível mas improvável,
o que significaria o fim da espécie humana. Receamos, isto sim, como
muitos cientistas advertem, por uma mudança repentina, abrupta e
dramática do clima que, rapidamente, dizimaria muitíssimas
espécies e colocaria sob grande risco a nossa civilização.
Não basta a responsabilidade
social; ela deve ser sócio-ambiental. É urgente que o Parlamento
vote uma lei de responsabilidade sócio-ambiental imposta a todos
os gestores da coisa pública. Só assim evitaremos tragédias
e mortes.
Só
controlaremos a Natureza na medida em que lhe obedecermos e soubermos escutar
suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário, teremos que contar
com tragédias fatais inevitáveis.
Todo
ser é completo por si.
Escanifre
Desconjuntado
O
que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é
mais do que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais do que
um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação,
de preocupação, de responsabilização e de envolvimento
afetivo com o outro.
Nada
resiste ao bem e ao amor.
Para
aqueles com estômago elitista, lugar de peão é na fábrica:
produzindo, alimentando a bomba do Capitalismo!
Se
não buscarmos o impossível, acabaremos por não realizar
o possível.
O
mal não está para ser compreendido, mas para ser combatido.6
Toda
mudança de paradigma civilizatório é precedida por
uma revolução na Cosmologia (visão do Universo e da
vida). O mundo atual surgiu com a extraordinária revolução
que Copérnico e Galileo Galilei introduziram ao comprovarem que a
Terra não era um centro estável, mas que girava ao redor do
Sol. Isto gerou enorme crise nas mentes e na Igreja, pois parecia que tudo
perdia valor. Mas, lentamente, impôs-se a nova Cosmologia, que fundamentalmente
perdura até hoje nas escolas, nos negócios e na leitura do
curso geral das coisas. Manteve-se, porém, o antropocentrismo –
a idéia de que o ser humano continua sendo o centro de tudo e as
coisas são destinadas ao seu bel-prazer.
Nunca
guardei mágoas; guardo decepções.
Uma
frente avançada das ciências, hoje, é constituída
pelo estudo do cérebro e de suas múltiplas inteligências.
Alcançaram-se resultados relevantes, também para a religião
e para a espiritualidade. Enfatizam-se três tipos de inteligência.
A primeira é a inteligência intelectual, o famoso QI (Quociente
de Inteligência), ao qual se deu tanta importância em todo o
século XX. É a inteligência analítica pela qual
elaboramos conceitos e fazemos ciência. Com ela organizamos o mundo
e solucionamos problemas objetivos. A
segunda é a inteligência emocional, popularizada especialmente
pelo psicólogo e neurocientista de Harvard David Goleman, com seu
conhecido livro A Inteligência Emocional (QE = Quociente Emocional).
Empiricamente, ele mostrou o que era convicção de toda uma
tradição de pensadores, desde Platão, passando por
Santo Agostinho e culminando em Freud: a estrutura de base do ser humano
não é razão ('logos') mas é emoção
('pathos'). Somos, primariamente, seres de paixão, de empatia e de
compaixão, e só em seguida, de razão. Quando combinamos
QI com QE conseguimos nos mobilizar a nós e a outros. A terceira
é a inteligência espiritual. A prova empírica de sua
existência deriva de pesquisas muito recentes, dos últimos
dez anos, feitas por neurólogos, neuropsicólogos, neurolingüistas
e técnicos em magnetoencefalografia (que estuda os campos magnéticos
e elétricos do cérebro). Segundo esses cientistas, existe
em nós, cientificamente verificável, um outro tipo de inteligência,
pela qual não só captamos fatos, idéias e emoções,
mas percebemos os contextos maiores de nossa vida, totalidades significativas,
e nos faz sentir inseridos no Todo. Ela nos torna sensíveis a valores,
a questões ligadas a Deus e à transcendência. É
chamada de inteligência espiritual (QEs = Quociente Espiritual), porque
é próprio da espiritualidade captar totalidades e se orientar
por visões transcendentais. Sua base empírica reside na biologia
dos neurônios. Verificou-se cientificamente que a experiência
unificadora se origina de oscilações neurais a 40 Hz, especialmente
localizada nos lobos temporais. Desencadeia-se, então, uma experiência
de exaltação e de intensa alegria como se estivéssemos
diante de uma Presença viva. Ou inversamente, sempre que se abordam
temas religiosos, Deus ou valores que concernem ao sentido profundo das
coisas, não superficialmente mas em um envolvimento sincero, produz-se
igual excitação de 40 Hz. Por
esta razão, neurobiólogos como Persinger, Ramachandran e a
física quântica Danah Zohar batizaram esta região dos
lobos temporais de 'Ponto Deus'. Se
assim é, podemos dizer em termos do processo evolucionário:
o universo evoluiu, em bilhões de anos, até produzir no cérebro
o instrumento que capacita o ser humano perceber a Presença de Deus,
que sempre esteve lá, embora não perceptível conscientemente.
A existência desse 'Ponto Deus' representa uma vantagem evolutiva
de nossa espécie humana. Ela constitui uma referência de sentido
para a nossa vida. A espiritualidade pertence ao humano e não é
monopólio das religiões. Antes, as religiões são
uma das expressões deste 'Ponto Deus'.
Jesus batizou esta casa [o
Planeta Terra] como o Reino de Deus. Não a chamou de Igreja
ou de religião.
Quando
vou a Roma, sempre presto homenagem a Giordano Bruno.7
Sou
um cristão indignado, mas piedoso... O último amigo que enterrei,
a pedido dele próprio, foi Darcy Ribeiro.8
O
celibato atrapalha muito mais a vida de um sacerdote do que o casamento.
O matrimônio faz o padre se tornar mais sensível aos problemas
dos outros, porque os vive na própria pele. Ao celibatário
é imposto um modo de ser que o torna distante do mundo real. Isto
só se presta a uma Igreja que não quer dividir poder com ninguém;
nem com a mulher, nem com os filhos, nem com a família.
O
clérigo, segurando o chapéu para não voar: —
Oh!
A dama de vermelho: — Oh!,
é o cacete! Pô, vê se casa.
Toda
teologia séria, hoje, diz que não há objeção
à ordenação de mulheres. A objeção é
ideológica. O patriarcalismo da hierarquia católica quer uma
sociedade de homens para manter privilégios injustamente acumulados
ao longo da História.
Considero
uma irresponsabilidade e uma inimizade com a vida o veto da Igreja Católica
ao uso de preservativos. Mas não me surpreendo. Em fóruns
internacionais, o Vaticano sempre vota questões relacionadas à
família e à sexualidade ao lado das piores companhias: os
xiitas, os fundamentalistas e os reacionários.
Se, neste mundo, não pudermos
contar com mais ninguém, poderemos, pelo menos, contar com Deus.
A religião é o refúgio dos condenados à impotência
social. Mas a religião não é tão-somente o ópio
do povo. Ela se torna um fator de libertação quando o fiel
percebe que Deus não quer nem a fome nem a miséria.
As
religiões fazem guerras. As espiritualidades trazem a paz. Vejo uma
única saída para a paz religiosa: que as religiões
se auto-superem. Na espiritualidade, todas as religiões se encontram
em harmonia. Quando tentam se expressar nos códigos culturais, surgem,
então, as guerras religiosas.
Não
tenho qualquer esperança de ver a paz vigorar no Oriente Médio.
Lá estão as três religiões mais belicosas da
História da Humanidade: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.
Enquanto estas religiões não se derem conta de que todos na
Terra são o povo escolhido de Deus, a guerra continuará. Até
o Juízo Final.
Saúdo a expansão dos
evangélicos no Brasil porque sou a favor de todo tipo de diversidade.
Diversidade é sinal de riqueza. Quanto mais animais, plantas, pássaros
e culturas, melhor. E ainda há gente que tem o mau gosto de pensar
que todo mundo deveria ser romano-católico.
O
Movimento de Renovação Carismática significa um novo
paradigma religioso. É um movimento no qual a experiência possui
mais centralidade do que doutrina. A espontaneidade prevalece sobre a rigidez.
Dentro da Igreja, os carismáticos representam a quebra do monopólio
que padres e bispos tinham sobre a palavra e os ritos. Nesse sentido, é
bom. Por outro lado, pelo fato de se assentar mais sobre a emoção,
o movimento se presta facilmente a entrar no mercado do entretenimento para
multidões. É o caso, por exemplo, dos padres midiáticos
com seus shows-missas. Devido à lógica da mídia, eles
apenas conseguem apresentar um Cristianismo anêmico e superficial,
feito de alegria e de parcos apelos à justiça e à transformação
social. Vira um entusiasmo de bobo alegre.
Depois
que Deus se fez homem no judeu Jesus,9
descobrimos que somos também Deus por participação.10
A maioria dos cristãos não tem consciência disso. E
a Igreja quase nunca prega essa verdade.11
Será
que percebes que o olho pode conter a beleza do mundo inteiro? Perder a
vista significa ser privado da beleza do Universo e é o mesmo que
encerrar um homem em uma sepultura.
Morrer é fechar os olhos para
ver melhor.
Alegremo-nos!
Não pode haver tristeza quando nasce a Vida!
Para
Leonardo
Leonardo!
Leonardo!
Compreendo
sua dor.
Meu
Irmão Leonardo!
Não
deixe botar a Cor.
Meu
Irmão Leonardo!
Não!
Não se entristeça.
Leonardo!
Leonardo!
Não!
Jamais esmoreça.
Leonardo!
Leonardo!
Nem
crentes nem ateus.
Meu
Irmão Leonardo!
Meu
Irmão Leonardo!
É
assim? Tudo é Bem.
Leonardo!
Leonardo!
Não
é? É Bem também.
Leonardo!
Leonardo!
Persista
na
Caminhada.
Meu
Irmão Leonardo!
Meu
Irmão Leonardo!
Não
há Origem nem Fim.
Leonardo!
Leonardo!
______
Notas:
1.
Por Quem os Sinos
Dobram (em inglês: For
Whom the Bell Tolls) é um romance de 1940 do escritor
americano Ernest Hemingway (Oak Park, 21 de julho 1899 – Ketchum,
2 de julho 1961). O livro narra a história de Robert Jordan, um jovem
norte-americano das Brigadas Internacionais. Professor de Espanhol que se
tornou conhecedor do uso de explosivos, Jordan recebe a missão de
explodir uma ponte por ocasião de um ataque simultâneo à
cidade de Segóvia. Hemingway
usa como referência sua experiência pessoal como participante
voluntário da Guerra Civil Espanhola ao lado dos republicanos e faz
uma análise ácida, com críticas à atuação
extremamente violenta das tropas de ambos os lados: a direita, auxiliada
pelo Governo fascista italiano e nazista alemão, e a esquerda, auxiliada
pelas brigadas internacionais e pela União Soviética. Critica
também a burocratização e o panorama de privilégios
rapidamente instaurado no lado da República. Acima
de tudo, o livro trata, no entanto, da condição humana. O
título é referência a um poema, e invoca o absurdo da
guerra, mormente a guerra civil, travada entre irmãos. Quando
morre um homem, morremos todos, pois somos parte da Humanidade.
Em várias passagens do texto, os personagens estranham e se estranham
desempenhando os papéis bizarros que se viram forçados a assumir
durante a guerra, e fraquejam ao ver nos inimigos seres humanos que poderiam
estar de qualquer dos lados da guerra. Em
1943, um filme homônimo foi feito, tendo nos papéis principais
os astros da época, Gary Cooper (Helena, 7 de maio de 1901 –
Los Angeles, 13 de maio de 1961) e Ingrid Bergman (Estocolmo, 29 de agosto
de 1915 – Londres, 29 de agosto de 1982), com uma cena famosa na qual
o casal usa um mesmo saco de dormir.
2. Esta
sentença é semelhante à do escritor francês Victor
Hugo (26 de fevereiro de 1802 – 22 de maio de 1885) em discurso no
sepultamento da noiva de seu segundo filho: Les
morts sont invisible, mais pas absent. Os
mortos são invisíveis, mas não estão ausentes.
3. Duas
coisas não podemos esquecer: primeiro, o Alfabeto Hebraico está
subdividido em três grupos de três, sete e doze Letras de valores
funcionalmente distintos (Um
está acima de três, três estão acima de sete,
sete acima de doze, e todos estão ligados); segundo,
o trabalho místico programado por Jesus se baseou em três círculos
concêntricos: 12 (4 x 3) Apóstolos, 72 (6 x 12) Adeptos e 360
(72 x 5) Postulantes, correspondentes às doze constelações,
aos setenta e dois semidecanos do Zodíaco e aos trezentos e sessenta
graus do círculo eclíptico. Entretanto, estes três números
admitem outras correlações, como, por exemplo, o alfabeto
hebraico (doze letras simples), a sagrada palavra YHVH
(IEVE
ou IHOH)
[10 + 15 + 21 + 26] e o Grande Ciclo de Precessão Equinocial (18
x 60 x 24 = 25.920 anos), número de anos das grandes eras precessionais
ao final do qual as constelações completam seu passeio zodiacal.
O Grande Ciclo de Precessão Equinocial também pode ser obtido
multiplicando-se 180 por 122, ou seja: 180 x 144 = 25.920. Assim, cada signo
manifesta-se por 2.160 anos, ou seja, 25.920 ÷ 12 = 2.160.
4. E,
se Jesus foi casado, isto muda o quê? Talvez, mude no sentido de que
algumas de Suas Obras e algumas de Suas Realizações só
poderiam ser efetivadas se fosse Casado. Já expliquei em outros textos
que o Casamento dos Adeptos não é um casamento comum, ordinário;
é um Casamento Iniciático, Místico e Alquímico.
5. Giovanni
di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis
(Assis, 5 de julho 1182 – 3 de outubro de 1226), foi um frade católico
da Itália. Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se
para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante
dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo
de seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante,
quando os religiosos de seu tempo estavam mais ligados aos mosteiros rurais,
e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca,
imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação
com os problemas de seus semelhantes e com a Humanidade do próprio
Cristo. Sua atitude foi original também quando afirmou a bondade
e a maravilha da Criação, quando se dedicou aos mais pobres
dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos.
Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da Natureza e do
homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua
época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação
da Filosofia da Renascença. O escritor, poeta e político italiano
Dante Alighieri (Florença, 1º de junho de 1265 – Ravenna,
13 ou 14 de setembro de 1321) disse que São Francisco foi uma luz
que brilhou sobre o mundo, e, para muitos, desde Jesus, ele
foi a maior figura do Cristianismo. Mas, a despeito do enorme prestígio
de que ele desfruta até os dias de hoje nos círculos cristãos,
que fez sua vida e mensagem serem envoltas em copioso folclore e darem origem
a inumeráveis representações na arte, a pesquisa acadêmica
moderna sugere que ainda há muito por elucidar quanto aos aspectos
políticos de sua atuação, e que devem ser mais exploradas
as conexões desses aspectos com o seu misticismo pessoal. Sua vida
é reconstruída a partir de biografias escritas pouco após
sua morte e, segundo alguns críticos, essas fontes primitivas ainda
estão à espera de edições críticas mais
profundas e completas, pois apresentariam contradições factuais
e seriam inclinadas a fazer uma apologia de seu caráter e obras,
e assim, deveriam ser analisadas sob uma óptica mais científica
e mais isenta de apreciações emocionais do que tem ocorrido
até agora, a fim de que sua verdadeira estatura como figura histórica
e social, e não apenas religiosa, se esclareça. De qualquer
forma, sua posição como um dos grandes santos da Cristandade
se firmou quando ele ainda era vivo, e permanece inabalada. Foi canonizado
pela Igreja Católica menos de dois anos após falecer, em 1228,
e por seu apreço à Natureza é mundialmente conhecido
como o santo patrono dos animais e do meio ambiente.
6. Acho
que isto não é bem assim. Quando não compreendemos,
seja lá o que for, poderemos, desavisadamente, como inocentes úteis
ou coisa pior, nos tornar instrumentos deste seja lá o que for! No
limite, poderemos até confundir nosso Deus Interior com o nosso Demônio
Interior, e nos tornarmos instrumentos obedientes da Grande Loja Negra (como
muitos por aí que nem sequer têm consciência disso)!
Aí, vai ser mesmo um fudevu de caçarolê da melhor qualidade!
Portanto, devemos, sim, empenhar todos os nossos esforços para compreender
tudo: seja o bem, seja o mal, seja lá o que for, seja o que for,
lá.
7. Giordano
Bruno (Nola, 1548 – Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600)
foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano,
condenado à morte na fogueira, pela Inquisição romana
(Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição
do Santo Ofício), por heresia. Em 8 de fevereiro de 1600, obrigado
a escutar ajoelhado a sentença de condenação à
morte, lança aos seus juízes a histórica frase: Maiori
forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam.
(Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu
ao ouvi-la). Bruno orreu na fogueira com uma tábua e pregos na língua,
para parar de 'blasfemar'. Mesmo assim, dizem que Bruno ficou gorgolejando.
8. Darcy
Ribeiro (Montes Claros, 26 de outubro de 1922 – Brasília, 17
de fevereiro de 1997) foi um antropólogo, escritor e político
brasileiro conhecido por seu foco em relação aos índios
e à educação no País.
9. Aqui
há um equívoco. Jesus não era propriamente judeu; era
essênio. Os essênios tiveram existência desde mais ou
menos o ano 150 a.C. até o ano 70 d.C.
10.
A admitir que isto seja assim, melhor seria usar o vocábulo co-participação.
11.
Ora, não prega e não ensina porque não interessa. Como
haveria de se sentir um papa e como haveria de se um cardeal como co-participantes
de Deus ao lado de uns quantos zé-quitólis e de outros tantos
joões-ninguém, sem sem eira nem beira, sem sem jeira nem chaleira?
Pobres e fodidos são bons, mas de longe. A pompa in
vitam et in mortis da Civitas
Vaticana – uma monarquia absoluta eletivo-teocrática
– mostra isto muito bem.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.otempo.com.br/
otempo/noticias/?IdNoticia=98388
http://bestanimations.com/
nature/flora/roses/roses2.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Darcy_Ribeiro
http://aminhabusca.blogspot.com/2007/09/
entrevista-de-leonardo-boff-revista.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Giordano_Bruno
http://pensador.uol.com.br/
frases_de_leonardo_boff/
http://www.frasesfamosas.com.br/
de/leonardo-boff.html
http://www.leonardoboff.com/
site/lboff.htm
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/
94/entrevistados/leonardo_boff_1997.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Por_Quem_os_Sinos_Dobram
http://pt.wikiquote.org/wiki/Leonardo_Boff
Música
de fundo:
Love
and Marriage
Compositores: James Van Heusen & Sammy Cahn
Intérprete: Frank Sinatra