LAUDATO SI
(Louvado Sejas, Meu Senhor)
– Segunda Parte –

 

 

 

Laudato Si

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo Deste Estudo

 

 

 

Papa Francisco

Papa Francisco

 

 

 

O objetivo deste estudo (2ª e última parte) é apresentar para todos, para uma profunda reflexão, alguns fragmentos da Carta Encíclica Laudato Si (Sobre o Cuidado da Casa Comum), de autoria do Santo Padre Francisco e publicada oficialmente em 18 de junho de 2015, na qual o Pontífice critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global, para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas. Esta Carta Encíclica é uma resposta às expectativas das comunidades religiosas, ambientais e científicas internacionais, bem como de lideranças políticas, econômicas e dos meios de comunicação social, acerca da crise representada pelas mudanças climáticas (antrópicas). Em alguns poucos fragmentos fiz ligeiríssimas edições (sem, de forma alguma, alterar o sentido original) para adequá-los ao propósito educativo não religioso deste estudo. As afirmações da Encíclica sobre as alterações climáticas estão de acordo com o consenso científico internacional sobre as alterações climáticas provocadas pelos seres humanos.

 

Quem sabe, se o Ilustríssimo e Digno Senhor Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, e o Ilustríssimo e Digno Senhor Ministro do Meio Ambiente Brasileiro, Ricardo de Aquino Salles, lessem esta Carta Encíclica, as coisas mudassem um pouco no Brasil. Tenho a firme convicção de que ambos desconhecem 99% do conteúdo da Laudato Si. Eu, inclusive, que fui professor de Ciências do Ambiente no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), desconhecia muita coisa que esta Carta Encíclica aborda. Aprendi muito. Obrigado Santo Padre. Seja como for, eu sempre soube que Amazônia é uma floresta úmida, porém, sempre soube também que ela não queima sozinha, de araque ou por acaso. Quando a Floresta Amazônica pega fogo, é porque houve uma ação criminosa anti-republicana e ilícita, ancorada exclusivamente em interesses econômicos espúrios, hipotéticos e ilegítimos. Penso que isto, pelo menos, o Senhor Presidente Bolsonaro, o Senhor Ministro Aquino Salles e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) devam saber.

 

 

 

Fragmentos da Carta Encíclica

 

 

 

O progresso da ciência e da técnica não equivale ao progresso da Humanidade e da História.

 

Se nos resignarmos com o que está acontecendo no mundo e não nos perguntarmos qual é o sentido de tudo, apenas estaremos legitimando o presente estado das coisas, e precisaremos cada vez mais de sucedâneos para suportar o vazio.

 

 

O Resignado

O Resignado

 

 

Retornar à Idade da Pedra seria um despautério, mas, é indispensável abrandar a marcha para olhar a realidade de outra forma, recolher os avanços positivos e sustentáveis e, ao mesmo tempo, recuperar os valores e os grandes objetivos arrasados por um desenfreamento megalômano.

 

O antropocentrismo contemporâneo acabou, paradoxalmente, por colocar a razão técnica acima da realidade, porque o ser humano já não sente a Natureza como norma válida nem como um refúgio vivente, e não se importa com o que possa vir a suceder a Ela.

 

Há muitos negacionistas que defendem a idéia que o respeito e o cuidado com a Natureza é uma atividade de fracos. Mas, a interpretação correta do conceito de ser humano como senhor do Unimultiniverso é entendê-lo no sentido de administrador amoroso e responsável.

 

Não haverá uma nova relação com a Natureza, sem um ser humano novo. Não há Ecologia sem uma adequada Antropologia.

 

Se a crise ecológica é uma expressão ou uma manifestação externa de uma crise ética, cultural e espiritual da modernidade, não podemos nos iludir de tentar sanar a nossa relação com a Natureza e o meio ambiente, sem curar todas as relações humanas fundamentais.

 

Quando o ser humano se coloca no centro, acaba por dar prioridade absoluta aos seus interesses contingentes, e tudo o mais se torna relativo.

 

Esta é a principal doença da Humanidade contemporânea: tudo o que não serve aos próprios interesses imediatos se torna irrelevante.

 

O faminto é irrelevante.
O sedento é irrelevante.
O analfabeto é irrelevante.
O sem-teto é irrelevante.
O sem-terra é irrelevante.
O gay é irrelevante.
O pivete é irrelevante.
O aborígine é irrelevante.
O índio é irrelevante.
O caboclo é irrelevante.
O doente é irrelevante.
A água é irrelevante.
O ar é irrelevante.
A Terra é irrelevante.
O Tim Lopes é irrelevante.
A Marielle é irrelevante.
O George Floyd é irrelevante.
O João Alberto é irrelevante.
O outro é irrelevante.
Tudo é irrelevante;
só eu não sou irrelevante.

 

A lógica da irrelevância provocam, ao mesmo tempo, a degradação ambiental e a degradação social.

 

A cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a se aproveitar de outra e a tratá-la como mero objeto, obrigando-a a trabalhos forçados ou reduzindo-a à escravidão. É a mesma lógica que leva à exploração sexual das crianças ou ao abandono dos idosos que não servem os interesses próprios. É também a lógica interna daqueles que dizem: «Deixemos que as forças invisíveis do mercado regulem a Economia, porque os seus efeitos sobre a sociedade e a Natureza são danos inevitáveis».

 

Não podemos pensar que os programas políticos ou a força da lei sejam suficientes para evitar os comportamentos que afetam o meio ambiente, porque, quando é a cultura que se corrompe deixando de reconhecer qualquer verdade objetiva ou quaisquer princípios universalmente válidos, as leis só se poderão entender como imposições arbitrárias e obstáculos a evitar.

 

 

Juiz

 

 

'Ora et labora'. Precisamos aprender a buscar o amadurecimento e a santificação na compenetração entre o recolhimento e o trabalho. Nesta maneira de viver, o trabalho nos torna mais capazes de ter cuidado e respeito pelo meio ambiente, impregnando de sadia sobriedade a nossa relação com o mundo. Quando, no ser humano, se deteriora a capacidade de contemplar e de respeitar, criam-se as condições para se desfigurar o sentido do trabalho. O ser humano é capaz de, por si próprio, ser o agente responsável do seu bem-estar material, do seu progresso moral e do seu desenvolvimento espiritual.

 

Pedi a Deus...
E nada obtive.
Pedi à Mãe de Deus...
E nada obtive.
Pedi a um Mestre Ascenso...
E nada obtive.
Pedi a um santo...
E nada obtive.
Pedi ao Santo Padre...
E nada obtive.
Pedi a um xamã...
E nada obtive.
Pedi a uma cartomante...
E nada obtive.
Pedi ao João de Deus...
E nada obtive.
Pedi a um vidente...
E nada obtive.
Pedi... Pedi... Pedi...
E nada obtive.
Fiz por mim mesmo...
E obtive tudo!

 

A realidade social do mundo atual exige que, acima dos limitados interesses das empresas e de uma discutível racionalidade econômica, se continue a perseguir como prioritário o objetivo do acesso ao trabalho para todos.

 

 

TrabalhoTrabalhoTrabalho

 

 

Ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objetivo deveria ser sempre lhes consentir uma vida digna através do trabalho.

 

Por favor, me dê um peixe.
Não; não dou.
Mas, assim, vou morrer de fome.
Não; não vai não.
Como não?
Vou ensinar você a pescar.

 

A simples proclamação da liberdade econômica [laissez faire, laissez aller, laissez passer], enquanto as condições reais impedem que muitos, efetivamente, possam ter acesso a ela e, ao mesmo tempo, se reduz o acesso ao trabalho, se torna um discurso contraditório e desumano, que desonra a política. [Mas, mais do que tudo, compromete a existência e fragiliza a fraternidade universal.] A criação de postos de trabalho é parte imprescindível do serviço da atividade empresarial ao bem comum.

 

O poder humano tem limites, e é contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas. [Inclusive para vivissecção.]

 

 

Vivissecção

Vivissecção
(Na dor somos todos iguais)

 

 

Toda e qualquer intervenção em uma área determinada de um ecossistema não pode prescindir da consideração das suas conseqüências em outras áreas. [São João Paulo II, apud Papa Francisco.]

 

A contribuição do estudo e das aplicações da Biologia Molecular, completada por outras disciplinas como a Genética, não deve levar a uma indiscriminada manipulação genética. [São João Paulo II, apud Papa Francisco.]

 

Às vezes [na verdade, na maioria das vezes], não se coloca sobre a mesa a informação completa, mas, é selecionada de acordo com os próprios interesses, sejam eles políticos, econômicos ou ideológicos. Isto torna difícil elaborar um juízo equilibrado e prudente sobre as várias questões, tendo presente todas as variáveis em jogo.

 

Quando a técnica ignora os grandes princípios éticos, acaba por considerar legítima qualquer prática. A técnica separada da ética dificilmente será capaz de autolimitar o seu poder.

 

Nunca é demais insistir que tudo está interligado. Os conhecimentos fragmentários e isolados podem se tornar uma forma de ignorância, quando resistem a se integrar em uma visão mais ampla da realidade.

 

Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social, mas, uma única e complexa crise sócio-ambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da Natureza.

 

Quando se fala de «uso sustentável», é preciso incluir sempre uma consideração sobre a capacidade regenerativa de cada ecossistema nos seus diversos setores e aspectos. A proteção do
meio ambiente deverá constituir parte integrante do processo de desenvolvimento, e não poderá ser considerada isoladamente. Isto se resume em se ter sempre uma visão integral e integradora.

 

 

 Visão Integral e Integradora

Visão Integral e Integradora

 

 

Qualquer lesão da solidariedade e da amizade cívica provoca danos ambientais. Tudo o que as danifica comporta efeitos nocivos, como a perda da liberdade, a injustiça e a violência.

 

Alguns países, dotados de uma legislação clara sobre a proteção das florestas, continuam a ser testemunhas mudas da sua freqüente violação. [Será que o Papa, ao escrever esta sentença, estava pensando no Brasil?]

 

A Ecologia envolve também o cuidado das riquezas culturais da Humanidade, no seu sentido mais amplo. É preciso fazer dialogar a linguagem técnico-científica com a linguagem popular.

 

Assim como a vida e o mundo são dinâmicos, assim também o cuidado do mundo deve ser flexível e dinâmico. Nem mesmo a noção da qualidade de vida se pode impor, mas, deve ser entendida dentro do mundo de símbolos e de hábitos próprios de cada grupo humano.

 

Era bom para o chumbo,
mas, não era bom para o ouro.
Era bom para a chicória,
mas, não era bom para a mandarina.
Era bom para o dinossauro,
mas, não era bom para a pulga.
Era bom para o muy amigo,
mas, não era bom para o Gardelón.
Era bom para o Governo,*
mas, não era bom para o povão.

 

* Na verdade, não existe nada, absolutamente nada, que seja ou possa vir a ser bom para qualquer Governo; as coisas só são boas, se forem boas para o povão. Portanto, não há nada mais infame, desprezível e baixo em política do que o toma-lá-dá-cá! Talvez, haja algo mais nojento, asqueroso e repulsivo: a tal da imunidade parlamentar, também conhecida como imunidade legislativa. Ora, ou todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, segundo reza o Art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil ou nem todos são iguais perante a lei, havendo um monte de distinções de diversas naturezas. Por exemplo: como é possível que a deputada federal Flordelis dos Santos de Souza, denunciada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro pela morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, possa usufruir e airosamente desfrutar as vantagens dessa fedorenta imunidade parlamentar? A legislação brasileira precisa mudar, para que o Brasil pare de passar vergonha internacionalmente.

 

A imposição de um estilo hegemônico de vida ligado a um modo de produção específico pode ser tão nocivo para a sociedade como a alteração dos ecossistemas.

 

Precisamos derrubar os muros do ego e superar as barreiras do egoísmo.

 

 

Ego

 

 

A Ecologia Humana é inseparável da noção de bem comum, princípio este que desempenha um papel central e unificador na ética social. O bem comum pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o seu desenvolvimento integral. Exige também os dispositivos de bem-estar e de segurança social e o desenvolvimento dos vários grupos intermédios, aplicando o princípio da subsidiariedade. O bem comum requer a paz social, isto é, a estabilidade e a segurança de uma certa ordem, que não se realiza sem uma atenção particular à justiça distributiva, cuja violação gera sempre violência. Toda a sociedade e, nela, especialmente o Estado tem obrigação de defender e promover o bem comum.

 

Será que deixaremos para as próximas gerações ruínas, desertos e lixo? Precisamos estar atentos, pois, atualmente, o ritmo de consumo, de desperdício e de alteração do meio ambiente superou de tal maneira as possibilidades [resilientes] do Planeta, que o nosso estilo de vida atual por ser insustentável só pode desembocar em catástrofes, como aliás já está a acontecer periodicamente em várias regiões. A atenuação dos efeitos do desequilíbrio atual depende do que fizermos agora. [Mas, para certos desequilíbrios planetários que, irresponsavelmente, já produzimos não há mais solução, pelo menos não há a curto e médio prazos. Para certas coisas, não há agora que possa dar jeito! Mutatis mutandis, é como excesso de Sol tomado na infância e na juventude: só por milagre (e milagre, que me desculpe o Santo padre, não existe) não desembocará em um câncer de pele.]

 

Deterioração Ética e Cultural —› Deterioração Ecológica.

 

Um mundo interdependente não significa unicamente compreender que as conseqüências danosas dos estilos de vida, de produção e de consumo afetam a todos, mas, principalmente, procurar que as soluções sejam propostas a partir de uma perspectiva global, e não apenas para defesa dos interesses de alguns países. A interdependência nos obriga a pensar em um único mundo, em um projeto comum. Portanto, torna-se indispensável um consenso mundial que leve, por exemplo, a programar uma agricultura sustentável e diversificada, desenvolver formas de energia renováveis e pouco poluidoras, fomentar uma maior eficiência energética, promover uma gestão mais adequada dos recursos florestais e marinhos e garantir a todos o acesso à água potável.

 

Os Governos precisam se convencer de que as tecnologias baseadas nos combustíveis fósseis altamente poluentes, sobretudo o carvão, mas, também o petróleo e, em menor medida, o gás devem ser, progressivamente e sem demora, substituídas.

 

 

Energia Solar

Energia Solar

 

 

Por falta de decisão política [e negacionismo caolho, mirolho e zarolho de alguns dirigentes mundiais], acordos ambientais globais realmente significativos e efetivos não corresponderam, até agora, às expectativas. [O maior exemplo disto tem sido a não-diminuição das concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera para inverter a tendência do aquecimento global, porque os acordos tiveram um baixo nível de implementação e não se estabeleceram adequados mecanismos de controle, de revisão periódica e de sanção das violações. Os negacionistas estão pouco se lixando com gás estufa e com aquecimento global. É bem possível que, se perguntarmos a alguns deles o que é um gás estufa, ele responda que é um pum!] Seja como for, a redução dos gases estufa requer honestidade, coragem e responsabilidade, sobretudo dos países mais poderosos e mais poluentes. O fato é que as negociações internacionais ainda não puderam avançar significativamente por causa das posições dos países que privilegiam os seus interesses nacionais sobre o bem comum global. As gerações futuras é que sofrerão as conseqüências das demoras imprudentes e egoístas.

 

 

Aquecimento Global – Efeito Estufa

Aquecimento Global – Efeito Estufa
[No efeito estufa antrópico, uma parte da radiação infravermelha (percebida como calor) é emitida pela superfície terrestre e absorvida por determinados gases presentes na atmosfera, os chamados gases do efeito estufa ou gases estufa. Como conseqüência disto, parte do calor é irradiado de volta para a superfície da Terra, não sendo libertado para o espaço.]

 

 

A estratégia de compra-venda de «créditos de emissão» pode levar a uma nova forma de especulação, que não ajudaria a reduzir a emissão global de gases poluentes. Este sistema parece ser uma solução rápida e fácil, com a aparência de um certo compromisso com o meio ambiente, mas, que não implica, de forma alguma, uma mudança radical à altura das circunstâncias. Pelo contrário: poderá se tornar um diversivo que permita sustentar o consumo excessivo de alguns países e setores.

 

Compre crédito de emissão, doutor,
que ainda dou um de quebra pro senhor.
Compre crédito, crédito, crédito, doutor,
que ainda dou um de quebra pro senhor.
Se o senhor decidir não comprar, doutor,
eu venderei para outro comprador.
Esta sempre foi a lei do desamor:
o mundo todo está se lixando para a dor!

 

Todas as decisões políticas devem ser éticas, fundadas sempre na solidariedade de todos os povos. [Qualquer coisa diferente disto é genocídio.]

 

Os limites que uma sociedade sã, madura e soberana deve impor têm a ver com previsão e precaução, regulamentações adequadas, vigilância sobre a aplicação das normas, contraste da corrupção, ações de controle operacional sobre o aparecimento de efeitos não desejados dos processos de produção e oportuna intervenção perante riscos incertos ou potenciais. [Um exemplo de risco incerto e potencial é a confusão logístico-governamental a que, hoje, assistimos no Brasil, no que se refere à vacinação do povo, para combater a atual PanCOVIDmia mundial. O processo todo foi politizado em um nível nunca dantes visto em nunhum país do mundo! A Academia Nacional de Medicina (ANM) classificou de suicida e criminosa a política do Governo Federal em relação ao enfrentamento da Pandemia de COVID-19 e ao planejamento da vacinação. A nota pública, assinada por Rubens Belfort Jr., presidente da ANM, sustenta que é impossível uma campanha de imunização funcionar com planos federais e estaduais paralelos. A ANM informa que acompanha com grande preocupação a evolução da Pandemia de COVID-19, que recrudesce no Brasil. O negacionismo irresponsável de muitos gestores e políticos precisa cessar já. Ainda segundo a nota, grande parte das 180 mil mortes contabilizadas até agora poderia ter sido evitada. O tempo perdido com a falsidade matou dezenas de milhares e vai seguir matando. Quanta falta de decoro sanitário e inacreditável leviandade. Ignorância vergonhosa!]

 

A estrutura política e institucional não existe apenas para evitar malversações, mas, para incentivar as boas práticas, estimular a criatividade que busca novos caminhos e facilitar as iniciativas pessoais e coletivas.

 

Se nós, cidadãos, não controlarmos o poder político nacional, regional e municipal também não será possível combatermos os danos ambientais.

 

Depende de mim,
depende de você,
depende de todos.
As mudanças desejadas
não cairão do céu.
Quem espera um milagre
ou uma intervenção
sobrenatural e divina
ficará sentado esperando
ou morrerá sonhando.
Eu que tenho que fazer.
Você que tem que fazer.
Todos nós temos que fazer.
A responsabilidade é nossa;
Deus não tem nada com isso.

 

 

Rezando

 

 

Todos nós precisamos lutar para superar pressões e inércias viciosas. [E é exatamente isto o que a imprensa brasileira vem fazendo, diariamente, lutando para botar o Ministério da Saúde Brasileiro nos trilhos, no que concerne às ações que deve tomar em relação à evolução da Pandemia de COVID-19. São inacreditáveis e desumanos o desdém, a desconsideração e o desprezo que o Governo Federal do Brasil vem manifestando, desde a primeira hora e desde o primeiro dia, com a COVID-19 e com os próprios doentes, como se esta doença horrorosa fosse uma gripezinha ou um resfriadinho! O nosso digníssimo Presidente cismou com a OH-cloroquina, e não há infectologista que consiga tirar isto da cabeça dele! Seja como for, apesar dele, a PanCOVIDmia cumprirá o seu propósito educativo e chegará ao fim! Mas, o Brasil está muito atrasado na organização da logística de vacinação, e o custo disto será mais cadáveres desnecessários, mais famílias apocopadas e mais sofrimento desgostoso!]

 

É preciso abandonar a idéia de «intervenções» sobre o meio ambiente, para dar lugar a políticas pensadas e debatidas por todas as partes interessadas. É necessário haver sinceridade e verdade nas discussões científicas e políticas, sem se limitar a considerar o que é permitido ou não pela legislação. A cultura consumista, que dá prioridade ao curto prazo e aos interesses privados, pode favorecer análises demasiado rápidas ou consentir a ocultação de informação.

 

As necessidades particulares e as ideologias não podem lesar o bem comum. A política não deve se submeter à Economia, e esta não deve se submeter aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia.

 

 

Petróleo

 

 

A crise financeira dos anos 2007 e 2008 era a ocasião para o desenvolvimento de uma nova Economia mais atenta aos princípios éticos e para uma nova regulamentação da atividade financeira especulativa e da riqueza virtual. Mas, o tempo passou e não houve uma reação que fizesse repensar os critérios obsoletos que continuam a governar o mundo.

 

O que ainda não se enfrentou com energia é o problema da Economia real, aquela que torna possível, por exemplo, que se diversifique e melhore a produção, que as empresas funcionem adequadamente, que as pequenas e médias empresas se desenvolvam e criem postos de trabalho.

 

A protecção ambiental não pode ser assegurada somente com base no cálculo financeiro de custos e benefícios. O ambiente é um dos bens que os mecanismos de mercado não estão aptos a defender ou a promover adequadamente. Será realista esperar que quem está obcecado com a maximização dos lucros se detenha a considerar os efeitos ambientais que deixará às próximas gerações? [Não; claro que não. O que se esquece é que para que alguém lucre alguém, necessariamente, tem que perder. Não existe geração espontânea de dinheiro.] Dentro do esquema a do ganho, não há lugar para pensar nos ritmos da Natureza, nos seus tempos de degradação e de regeneração, e na complexidade dos ecossistemas, que podem ser gravemente alterados pela intervenção humana. Além disto, quando se fala de biodiversidade, no máximo, se pensa nela como um reservatório de recursos econômicos que poderia ser explorado, mas, não se considera seriamente o valor real das coisas, o seu significado para as pessoas e as culturas, os interesses e as necessidades dos pobres.

 

 

Chico Justo Veríssimo Anysio

Chico Justo Veríssimo Anysio

 

 

Se, por um lado, é mais dignificante usar a inteligência, com audácia e responsabilidade, para encontrar formas de desenvolvimento sustentável e equitativo, no quadro de uma concepção mais ampla da qualidade de vida, por outro, é desonrante, destrutivo e superficial insistir na criação de formas de espoliação da Natureza, só para oferecer novas possibilidades de consumo e de ganho imediato.

 

Retroceder, se for o caso, antes que seja tarde, não é covardia: é uma atitude inteligente. Chegou a hora de aceitar um certo decréscimo do consumo em algumas partes do mundo, fornecendo recursos para que se possa crescer de forma saudável em outras partes.

 

Para que apareçam novos modelos de progresso, precisamos converter o modelo de desenvolvimento global, e isto implica refletir responsavelmente sobre o sentido da Economia e dos seus objetivos, para corrigir as suas disfunções e deturpações.

 

No que concerne ao meio ambiente, os meios-termos são apenas um pequeno adiamento do colapso. É necessário e urgente redefinir o que consideramos progresso. Um desenvolvimento tecnológico e um desenvolvimento econômico que não deixam um mundo melhor e uma qualidade de vida integralmente superior, não podem ser considerados progresso.

 

O princípio da maximização do lucro, que tende a se isolar de todas as outras considerações, é uma distorção conceptual da Economia.

 

Se a política não é capaz de romper uma lógica perversa e se perde em discursos inconsistentes [e negacionistas], continuaremos sem enfrentar os grandes problemas da Humanidade. Uma estratégia de mudança real exige repensar a totalidade dos processos, pois, não basta incluir considerações ecológicas superficiais, enquanto não se puser em discussão a lógica subjacente à cultura atual.

 

A política e a Economia tendem a se culpar reciprocamente a respeito da pobreza e da degradação ambiental. Mas, o que se espera é que reconheçam os seus próprios erros e encontrem formas de interacção orientadas para o bem comum. Enquanto uns se afanam apenas com o ganho econômico e os outros estão obcecados apenas por conservar ou aumentar o poder, o que nos resta são guerras ou acordos espúrios, onde o que menos interessa às duas partes é preservar o meio ambiente e cuidar dos mais fracos. Vale aqui também o princípio de que a unidade é superior ao conflito. [A Unidade não é só superior ao conflito; Ela é superior a tudo, porque o Unimultiverso não é menos do que unimúltiplo.]

 

Quando as pessoas se tornam auto-referenciais e se isolam na própria consciência [egocentrismo], aumentam a sua voracidade: quanto mais vazio está o Coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir.

 

 

Consumismo

 

 

Não devemos ficar só pensando só na possibilidade de terríveis fenômenos climáticos de grandes desastres naturais ou mesmo de pandemias, mas, também, nas catástrofes resultantes das crises sociais, porque a obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca. [E não há nada que açule mais a vontade de consumir do que os anúncios televisivos.]

 

Compre... Compre... Compre...
Sou eu que estou mandando.
Compre... Compre... Compre...
Sou eu que estou vendendo.
Compre... Compre... Compre...
Ou você ficará boiando.
Compre... Compre... Compre...
Ou você sairá perdendo.

 

 

TV

 

 

Ninguém tem o direito de tirar a nossa sua dignidade.

 

Comprar é sempre um ato moral, para além de econômico. Por isto, hoje, o tema da degradação ambiental põe em questão os comportamentos de cada um de nós.

 

A atitude basilar de se auto-transcender, rompendo com a consciência isolada e a auto-referencialidade, é a raiz que possibilita todo o cuidado dos outros e do meio ambiente, e faz brotar a reação moral de ter em conta o impacto que possa provocar cada ação e decisão pessoal fora de si mesmo. Quando formos capazes de superar o individualismo, poderemos, realmente desenvolver um estilo de vida alternativo e tornar possível uma mudança relevante na sociedade.

 

Há distintos níveis de equilíbrio ecológico: o interior consigo mesmo, o solidário com os outros, o natural com todos os seres vivos, o espiritual com Deus – [o Deus de nossos Corações.]

 

Todos nós precisamos e devemos crescer em cidadania ecológica, isto é, em solidariedade, em responsabilidade e no cuidado assente na compaixão.

 

Tudo depende, primeiro, de uma transformação pessoal. A doação de si mesmo em um compromisso ecológico só é possível a partir do cultivo de virtudes sólidas.

 

Precisamos assumir o dever de cuidar da criação com pequenas ações diárias, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias…

 

 

Fernando Pessoa

 

 

Contra a denominada cultura da morte, a família constitui a sede da cultura da vida. Na família, aprendemos a pedir licença sem servilismo, a dizer «obrigado» como expressão de uma sentida avaliação das coisas que recebemos, a dominar a agressividade e a ganância e a pedir desculpa quando fazemos algo de mal.

 

Nós precisamos nos controlar e nos educar uns aos outros. Quando não se aprende a parar a fim de admirar e apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objeto de uso e de abuso sem escrúpulos.

A conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é, acima de tudo, uma conversão comunitária. Isto, em primeiro lugar, implica gratidão e gratuidade, e também na consciência amorosa de não estar separado das outras criaturas, formando, com os outros seres do Unimultiverso, uma estupenda comunhão universal, o que inclui o desenvolvimento de uma criatividade e um entusiasmo para resolver os dramas do mundo.

 

A acumulação constante de possibilidades para consumir distrai o Coração e impede de dar o devido apreço a cada coisa e a cada momento. Precisamos aprender a nos alegrar com pouco. Precisamos aprender a nos familiarizar com as coisas mais simples e saber nos alegrar com elas. [Como, por exemplo, uma mãozinha comprida de plástico para coçar as costas.]

 

A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora.

 

A felicidade exige saber limitar algumas necessidades que nos entorpecem, permanecendo, assim, disponíveis para as múltiplas possibilidades que a vida oferece.

 

Quando, de forma generalizada, se debilita o exercício de alguma virtude na vida pessoal e na vida social, isto acaba por provocar variados desequilíbrios, mesmo ambientais.

 

Paz [Profunda] é muito mais do que a ausência de guerra.

 

A Natureza está cheia de palavras de amor. Mas, como poderemos ouvi-las no meio do ruído constante, da distração permanente e ansiosa ou do culto da notoriedade? Quantas vezes já paramos só um pouquinho para olhar os lírios do campo e ver as aves no céu?

 

É a nossa ansiedade doentia que nos torna superficiais, agressivos e consumistas desenfreados. Um mundo do consumo exacerbado é, simultaneamente, um mundo que maltrata a vida em todas as suas formas.

 

O amor social (nos planos político, econômico e cultural) é a chave para um desenvolvimento autêntico. Este amor social poderia ser chamado de cultura do cuidado ou exercício da caridade.

 

Todos nós somos guardiões da criação inteira.

 

Oração Pela Nossa Terra:

 

Deus Onipotente,
que estais presente em todo o Universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,
Vós que envolveis com a vossa ternura
tudo o que existe,
derramai em nós a força do Vosso Amor,
para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos e irmãs
sem prejudicar ninguém.
Ó Deus dos pobres,
ajudai-nos a resgatar
os abandonados e esquecidos desta Terra
que valem tanto aos vossos olhos.
Curai a nossa vida,
para que protejamos o mundo
e não o depredemos,
para que semeemos beleza
e não poluição nem destruição.
Tocai os Corações
de aqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da Terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,
a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos
com todas as criaturas
no nosso caminho para a Vossa luz Infinita.
Obrigado porque estais conosco todos os dias.
Sustentai-nos, por favor, na nossa luta
pela justiça, pelo amor e pela paz.

 

Talvez, a Humanidade do período pós-industrial fique recordada como uma das mais irresponsáveis da História! Será que a Humanidade deste século XXI possa vir a ser lembrada com generosidade, por ter assumido as suas graves responsabilidades ambientais?

 

 

Domine, non sumus digni

ut intres sub tectum nostro;

sed tantum dic Verbo

et sanabitur anima nostra.

Misericórdia para a Humanidade.

Proteção para a Humanidade.

Compreensão para a Humanidade.

Libertação para a Humanidade.

Está feito. Está Selado.

A.'. U.'. M.'.      A.'. U.'. M.'.      A.'. U.'. M.'.


 

 

 

Música de fundo:

Domine Non Sum Dignus, Miserere Mei Quoniam Infirmus
Compositor: Tomás Luis de Victoria

Fonte:

http://www.kunstderfuge.com/victoria.htm

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.diariodotripulante.pt

https://opiniaodofrancobarni.blogspot.com

https://gfycat.com/stickers/search/oil+rig

http://clipart-library.com

https://www.terra.com.br/

https://gfycat.com/discover/energia-solar-gifs

https://www.vectorstock.com

https://www.123rf.com

https://mathr.co.uk

https://aliwas.wordpress.com

https://www.sosvox.org/pt/

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Eventos/Landing_Sinodo/Laudato_Si.pdf

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Direitos autorais:

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