LAUDATO SI
(Louvado Sejas, Meu Senhor)
– Primeira Parte –

 

 

 

Laudato Si

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo Deste Estudo

 

 

 

Papa Francisco

Papa Francisco

 

 

 

O objetivo deste estudo (1ª parte) é apresentar para todos, para uma profunda reflexão, alguns fragmentos da Carta Encíclica Laudato Si (Sobre o Cuidado da Casa Comum), de autoria do Santo Padre Francisco e publicada oficialmente em 18 de junho de 2015, na qual o Pontífice critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global, para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas. Esta Carta Encíclica é uma resposta às expectativas das comunidades religiosas, ambientais e científicas internacionais, bem como de lideranças políticas, econômicas e dos meios de comunicação social, acerca da crise representada pelas mudanças climáticas (antrópicas). Em alguns poucos fragmentos fiz ligeiríssimas edições (sem, de forma alguma, alterar o sentido original) para adequá-los ao propósito educativo não religioso deste estudo. As afirmações da Encíclica sobre as alterações climáticas estão de acordo com o consenso científico internacional sobre as alterações climáticas provocadas pelos seres humanos.

 

Quem sabe, se o Ilustríssimo e Digno Senhor Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, e o Ilustríssimo e Digno Senhor Ministro do Meio Ambiente Brasileiro, Ricardo de Aquino Salles, lessem esta Carta Encíclica, as coisas mudassem um pouco no Brasil. Tenho a firme convicção de que ambos desconhecem 99% do conteúdo da Laudato Si. Eu, inclusive, que fui professor de Ciências do Ambiente no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), desconhecia muita coisa que esta Carta Encíclica aborda. Aprendi muito. Obrigado Santo Padre. Seja como for, eu sempre soube que Amazônia é uma floresta úmida, porém, sempre soube também que ela não queima sozinha, de araque ou por acaso. Quando a Floresta Amazônica pega fogo, é porque houve uma ação criminosa anti-republicana e ilícita, ancorada exclusivamente em interesses econômicos espúrios, hipotéticos e ilegítimos. Penso que isto, pelo menos, o Senhor Presidente Bolsonaro, o Senhor Ministro Aquino Salles e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) devam saber.

 

 

 

Fragmentos da Carta Encíclica

 

 

 

Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a Mãe Terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras.

 

Quanto mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou!

 

A violência, que está no Coração Humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos.

 

Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
assassinamos a Mãe Terra.
V
iolentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
nos suicidamos lentamente.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
esgotamos os minerais.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
devastamos os vegetais.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
esmagamos os animais.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
trucidamos os hominais.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
sofremos sem APRENDER.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
compensamos sem REMOVER.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
vivemos sem MORRER.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
morremos sem VIVER.
Violentos e ignorantes,
magos negros incônscios,
só esperamos escurecer.
Será que conseguiremos
alcançar a 6ª RAÇA-RAIZ?
Será que conseguiremos,
um dia, nos tornar DEUSES?

 

 

 

Todas as Vidas Importam

 

O problema ecológico se apresenta como uma crise que é uma conseqüência direta e dramática da atividade descontrolada do ser humano. Por motivo de uma exploração inconsiderada da Natureza, [o ser humano] começa a correr o risco de A destruir e de vir a ser, também ele, vítima desta degradação. De fato, há possibilidade de uma catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial. Os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas e o desenvolvimento econômico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, se voltam, necessariamente, contra o próprio homem. [In: Octogesima Adveniens, de autoria do Papa Paulo VI, apud Francisco.]

 

A vida humana é um dom que deve ser protegido de todas as formas de degradação.

 

O Livro da Natureza é uno e indivisível. [In: Caritas in Veritate, de autoria do Papa Bento XVI, apud Francisco.]

 

O homem não é apenas uma liberdade que se cria por si própria. O homem não se cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas, é também Natureza.

 

O desperdício da criação começa onde já não reconhecemos qualquer instância acima de nós, mas, nos vemos unicamente a nós mesmos.

 

Egoísta e ególatra,
vivi como um Shylock.
Egoísta e ególatra,
morri como um Shylock.

 

Todos nós, na medida em que causamos pequenos danos ecológicos, somos chamados a reconhecer a nossa contribuição – pequena ou grande – para a desfiguração e a destruição do ambiente. [Patriarca Bartolomeu I, de Constantinopla, da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, apud Francisco.]

 

Quando os seres humanos destroem a biodiversidade, quando comprometem a integridade da Terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a Terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas úmidas, quando contaminam as águas, o solo, o ar... Cometem um crime contra si mesmos e um pecado contra Deus.

 

 

Diabo

 

 

Precisamos aprender a dar [Servir], e não simplesmente renunciar. Pouco a pouco, precisamos passar do que eu quero àquilo de que o mundo urgentemente precisa. Precisamos nos libertar do medo, da avidez e da dependência. [Mas, para que tudo isto possa acontecer, precisamos, em primeiro lugar, nos alforriar da imitação.]

 

 

Soldados Nazistas

Soldados Nazistas

 

 

Uma Ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas e da Biologia, e nos põem em contato com a essência do ser humano.

 

São Francisco de Assis, ao considerar a origem comum de todas as coisas, dava a todas as criaturas por mais desprezíveis que parecessem o doce nome de irmãos e de irmãs.

 

Como uma poeira desprezível
pode ser minha irmã?
Como uma meleca desprezível
pode ser minha irmã?
Como um pum desprezível
pode ser meu irmão?
Como uma moréia desprezível
pode ser minha irmã?
Como uma rameira desprezível
pode ser minha irmã?
Como um negro desprezível
pode ser meu irmão?
Como um gay desprezível
pode ser meu irmão?
Como um judeu desprezível
pode ser meu irmão?
Como um árabe desprezível
pode ser meu irmão?
Como um nordestino desprezível
pode ser meu irmão?
Como um aborígine desprezível
pode ser meu irmão?
Como um índio desprezível
pode ser meu irmão?
Como um sem-teto desprezível
pode ser meu irmão?
Como um pedófilo desprezível
pode ser meu irmão?
Como um corrupto(r) desprezível
pode ser meu irmão?
Como um comunista desprezível
pode ser meu irmão?
Como um neonazista desprezível
pode ser meu irmão?
Como um negacionista desprezível
pode ser meu irmão?
Como um genocida desprezível
pode ser meu irmão?
Como um ateu desprezível
pode ser meu irmão?
Como um cismático desprezível
pode ser meu irmão?
Como um ET desprezível
pode ser meu irmão?
Como um IT desprezível
pode ser meu irmão?

 

Se, na nossa relação com o mundo, deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza, então, as nossas atitudes serão as do dominador, as do consumidor ou as de um mero explorador dos recursos naturais, e nos tornaremos incapazes de pôr um limite nos nossos interesses egoístas imediatos.

 

Precisamos, urgentemente, buscar uma forma de desenvolvimento sustentável e integral, e colaborar na construção da nossa casa comum.

 

 

Casa Comum

Casa Comum

 

 

Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que uma poeira desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que uma meleca desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um pum desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que uma moréia desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que uma rameira desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um negro desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um gay desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um judeu desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um árabe desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um nordestino desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um aborígine desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um índio desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um sem-teto desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um pedófilo desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um corrupto(r) desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um comunista desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um neonazista desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um negacionista desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um genocida desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um ateu desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um cismático desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um ET desprezível?
Como, um dia, eu poderei morar
na mesma casa que um IT desprezível?

 

Como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos?

 

As atitudes que dificultam os caminhos de solução, mesmo entre os crentes, vão da negação do problema à indiferença, à resignação acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas.

 

Não devemos esquecer jamais que todas as mudanças têm necessidade de motivações e de um caminho educativo.

 

 

Escola

 

 

A mudança é algo desejável, mas, se torna preocupante quando se transforma em deterioração do mundo e da qualidade de vida de grande parte da Humanidade.

 

Já não se pode mais esconder debaixo do tapete a poluição ambiental, que gera, diariamente, toneladas de resíduos, muitos deles não biodegradáveis. São detritos de demolições, resíduos domésticos, comerciais, clínicos, eletrônicos e industriais, alguns deles altamente tóxicos e até radioativos. A Terra, nossa casa comum, parece se transformar cada vez mais num imenso depósito de lixo.

 

O que adianta resolver um problema criando outros? O pior é que, muitas vezes, só se adotam medidas corretivas quando já se produziram efeitos irreversíveis na saúde das pessoas. [Mas, isto não é só relativamente à poluição; é em relação a tudo. É como diz o ditado: Depois de a porteira arrombada, botamos uma tranca de ferro.]

 

Precisamos adotar um modelo circular de produção que assegure recursos para todos e para as gerações futuras, o que exige limitar, o mais possível, o uso dos recursos não-renováveis, moderando o seu consumo, maximizando a efetividade do seu aproveitamento, reutilizando-os e reciclando-os. Precisamos dar um fim na cultura do descarte, que acaba por danificar o Planeta inteiro.

 

Toda a Humanidade está sendo chamada a tomar consciência da necessidade de mudar o seu estilo de vida (uso intensivo de combustíveis fósseis), de produção (desflorestamento para finalidade agrícola) e de consumo (cultura do descarte), para combater o aquecimento global (independentemente das causas naturais, como, por exemplo, o vulcanismo, as variações da órbita do eixo terrestre e os diversos ciclos solares) ou, pelo menos, para mudar as causas humanas que o produzem ou o acentuam, como é o caso dos gases do efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, clorofluorcarbonetos, hidrofluorcarbonetos, perfluorcarbonetos e hexafluoreto de enxofre) emitidos, sobretudo, por causa das atividades humanas.

 

 

Terra

Aquecimento Global

 

 

Os negacionistas e os desmatadores precisam compreender que a perda das florestas tropicais piora a situação do aquecimento global, pois, as florestas ajudam a mitigar as mudanças climáticas.

 

Estejamos alertas e preparados, pois, a subida do nível do mar poderá criar situações de extrema gravidade, se se considera que um quarto da população mundial vive à beira-mar ou muito perto dele, e a maior parte das megacidades estão situadas em áreas costeiras.

 

É trágico o aumento de emigrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental, que, não sendo reconhecidos como refugiados nas convenções internacionais, carregam o peso da sua vida abandonada sem qualquer tutela normativa. Infelizmente, verifica-se uma indiferença geral perante estas tragédias, que estão acontecendo agora mesmo em diferentes partes do mundo. A falta de reações concertadas diante destes dramas dos nossos irmãos e irmãs é um sinal da perda do sentido de responsabilidade pelos nossos semelhantes, sobre o qual se funda toda a sociedade civil.

 

O que me interessa
a vida dos emigrantes?
O que me interessa
a vida dos refugiados?
O que me interessa
a vida dos deslocados?
O que me interessa
a vida dos sem-teto?
O que me interessa
a vida dos famintos?
O que me interessa
a vida dos ceguinhos?
O que me interessa
a vida dos despossuídos?
O que me interessa
a vida dos miseráveis?
O que me interessa
a vida dos sem-nada?
Ora, só me interessa
a minha própria vida
e a vida da minha família.
O resto que se dane!

 

Ou substituímos já os combustíveis fósseis (o petróleo, o gás natural e o carvão mineral), desenvolvendo fontes de energia renovável, ou pagaremos um preço sesquipedal pelos nossos egoísmo e descaso com o meio ambiente.

 

Alguns estudos assinalam o risco de sofrermos uma aguda escassez de água dentro de poucas décadas, se não forem tomadas medidas urgentes. Seja como for, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos.

 

Contemplando o mundo, damo-nos conta de que o nível de intervenção humana, muitas vezes ao serviço da finança e do consumismo, faz com que esta Terra onde vivemos se torne realmente menos rica e menos bela, cada vez mais limitada e cinzenta, enquanto, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da tecnologia e das ofertas de consumo continua a avançar sem limites.

 

 

Money

 

 

 

Triângulo Maldito

Triângulo Maldito

 

 

Precisamos nos conscientizar de que o custo dos danos provocados pela negligência egoísta é muitíssimo maior do que qualquer benefício econômico que se possa obter com um empreendimento mal planejado, que provoque degradação ambiental. Há lugares que requerem um cuidado particular pela sua enorme importância para o ecossistema mundial ou que constituem significativas reservas de água, assegurando, assim, a manutenção de outras formas de vida.

 

Quando as florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos se perdem inúmeras espécies, e tais áreas, no futuro, estão fadadas a se transformar em áridos desertos. Da mesma forma, é preocupante, em algumas áreas costeiras, o desaparecimento dos ecossistemas constituídos por manguezais.

 

Uma coisa que poucos sabem é que, hoje, muitos dos recifes de coral no mundo já são estéreis ou se encontram em um estado contínuo de declínio. Este fenômeno se deve, em grande parte, à poluição que chega ao mar resultante do desflorestamento, das monoculturas agrícolas, das descargas industriais e de métodos de pesca destrutivos, nomeadamente os que utilizam cianeto e dinamite, e é agravado pelo aumento da temperatura dos oceanos.

 

 

Grande Barreira de Coral Australiana

Grande Barreira de Coral Australiana
(O maior sistema de recifes individuais do mundo)

 

 

Uma coisa é certa: não é conveniente para os habitantes deste Planeta viver cada vez mais submersos de cimento, asfalto, vidro e metais, privados do contato físico com a Natureza.

 

Entre os componentes sociais da mudança global, se incluem os efeitos laborais de algumas inovações tecnológicas, a exclusão social, a desigualdade no fornecimento e no consumo da energia e de outros serviços, a fragmentação social, o aumento da violência e o aparecimento de novas formas de agressividade social, o narcotráfico e o consumo crescente de drogas entre os mais jovens, tudo isto levando à perda de identidade. O que tudo isto indica? Indica que o crescimento nos últimos dois séculos não significou, em todos os seus aspectos, um verdadeiro progresso integral e uma melhoria da qualidade de vida. [Na verdade, o crescimento das miragens e das ilusões tem sido exponencial, e talvez, o mais recente exemplo disto sejam os smartphones, que têm sufocado e deteriorado, progressivamente, a Sabedoria acumulada do passado. Na atualidade, a imensa maioria das pessoas se tornou dependente desses aparelhos, e, tal qual carrapicho, passa o dia e a noite grudada neles. O que está acontecendo é que a Humanidade está, cada vez mais, trocando o convívio interpessoal e a Natureza por dispositivos e monitores. Tudo isto acaba gerando uma profunda e doentia melancolia e um nocivo e mórbido isolamento.]

 

 

Smartphone

 

 

Tanto a experiência comum da vida quotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres.

 

A poluição da água afeta, particularmente, os mais pobres, que não têm possibilidades de comprar água engarrafada, e a elevação do nível do mar afeta, principalmente, as populações costeiras mais pobres, que não têm para onde se transferir.

 

Os milhões de excluídos, a maioria do Planeta, quando são mencionados nos debates políticos e econômicos internacionais, aparecem como um apêndice, como uma questão que se acrescenta quase por obrigação ou perifericamente, quando não são considerados meros danos colaterais. Com efeito, na hora da implementação concreta das políticas governamentais, freqüentemente, permanecem no último lugar.

 

Uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da Terra como o clamor dos pobres. Redução da natalidade não é a solução. [Eu diria que a redução da natalidade é uma solução, mas, não é a SOLUÇÃO, porque o crescimento demográfico é plenamente compatível com um desenvolvimento integral e solidário. Apenas culpar o incremento demográfico em vez do consumismo exacerbado e seletivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas.]

 

Sabemos que se desperdiça, aproximadamente, um terço dos alimentos produzidos, e a comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre.

 

O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da Terra, especialmente na África, onde o aumento da temperatura, juntamente com a seca, tem efeitos desastrosos no rendimento das cultivações.

 

 

Fome na África

Fome na África

 

 

O que estamos assistindo? A uma grande deterioração da nossa casa comum. Os problemas do mundo não se podem analisar nem explicar de forma isolada.

 

As soluções para a crise ecológica mundial e as suas múltiplas causas não podem vir de uma única maneira de interpretar e de transformar a realidade. É necessário recorrer também às diversas riquezas culturais dos povos, à arte, à poesia, à vida interior e à espiritualidade.

 

Só juntos, todos juntos, encontraremos o Caminho da Libertação [e da Ascensão]. [Ou reconhecemos que somos um só Coração, que somos todos UM, que o Unimultiverso é unimúltiplo e que tudo está associado e interligado ou mergulharemos em um abismo negro sem fim. As duas Raças-raízes que nos precederam (Lemuriana e Atlante) não compreenderam isto, e criaram, cada uma a seu modo, os respectivos meios de cultura desarmônicos para que fossem destruídas. E foram! Uma coisa que precisamos compreender: o que não for Magia Branca será magia negra; o que não for construtivo será destrutivo. Não há meio-termo. Enfim, se como está afirmado, alegórica e simbolicamente, no Gênese, I: 31, que Deus, vendo a Sua Obra, considerou-a muito boa, por que nós temos que transformá-La em uma mixórdia sesquipedal e fedorenta? Seria bom pesquisar o porquê de a Lemúria e a Atlântida terem sido destruídas.]

 

Cada ente-aí-no-mundo [seja um mineral, seja um vegetal, seja um animal, seja um hominal] é importante, amado e necessário. [Na economia da Natureza, não há entes mais importantes e entes menos importantes.]

 

A existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: as relações com Deus [com o nosso Deus Interior], com o próximo [com os Deuses Interiores de todos os entes de todas as Hierarquias] e com a Terra [Natureza]. [Não há um único bóson que não esteja inter-relacionado com todo o Unimultiverso.]

 

A reconciliação universal com todas as criaturas significa retornar ao estado de inocência original. O contrário disto é a destruição: nas guerras, nas várias formas de violência e de abuso, no abandono dos mais frágeis e nos ataques contra a Natureza.

 

Dominar a Terra não significa exercer um domínio absoluto sobre as outras criaturas. Dominar a Terra significa cultivar (lavrar) e guardar (proteger, cuidar, preservar, velar) o jardim do mundo, o que significa manter uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a Natureza. Foi exatamente o sentimento de posse absoluta que levou o nosso Planeta ao estado em que hoje se encontra. [Mas, não esqueçamos: a Lei da Causa e do Efeito não dorme nem tira férias, e, educativamente, sempre atua individual e coletivamente – da qual não se pode fugir, conforme reza o Salmo CXLVIII: 5b-6 – como é o caso desta atual e mortal PanCOVIDmia-19, mas, que será vencida, pois, já está sendo ultrapassada.]

 

 

Lei da Causa e do Efeito

Lei da Causa e do Efeito

 

 

Todos devem compreender, mas, particularmente os católicos, que a Bíblia não dá lugar a um antropocentrismo despótico, que se desinteressa das outras criaturas. Neste sentido, os seres humanos são chamados a respeitar a criação com as suas leis internas, e reconhecer que cada criatura possui a sua bondade e a sua perfeição relativa próprias, evitando o uso desordenado das coisas.

 

Quando as relações de cada um de nós de si para si, com os outros, com Deus [o nosso Deus Interior] e com a Terra são negligenciadas, quando a justiça deixa de habitar na Terra, toda a vida está em perigo. Tudo está inter-relacionado, e o cuidado autêntico da nossa própria vida e das nossas relações com a Natureza é inseparável da fraternidade, da justiça e da fidelidade [a nós e] aos outros.

 

Basta um homem bom para haver esperança, [ainda que uma andorinha só não faça verão]!

 

As dádivas da Terra com os seus frutos pertencem a toda a Humanidade. [Todavia, enquanto existirem por aí indivíduos como o Bernie Madoff, Paz, Harmonia, Bem e Beleza serão impossíveis.]

 

 

Bernie Madoff

Bernard Lawrence Bernie Madoff
(Tamanho da Fraude: 65 Bilhões de Dólares!)

 

 

O progresso material ilimitado é um mito.

 

O Unimultiverso é composto por sistemas abertos que estão em comunicação permanente uns com os outros.

 

Destruir a Natureza é destruir a si mesmo.

 

A Natureza nada mais é do que a razão de certa arte [Plano + Projeto] inscrita nas coisas, pela qual as próprias coisas se movem para um fim determinado. [No caso particular dos seres-humanos-aí-no-mundo, este fim determinado é a Divinização Consciente de todos nós. Se, como afirma o Catolicismo, fomos criados à imagem e semelhança de Deus, não podemos ser menos do que Deuses! Então, se esquecemos que somos Deuses, precisamos nos lembrar. E esta relembrança vem, lentamente, acontecendo desde a Primeira Raça-raiz, e, se tudo der certinho, se concluirá na Sétima Raça-raiz. Hoje, como Arianos, estamos na Quinta Raça-raiz.]

 

A visão equivocada que consolidou o arbítrio do mais forte favoreceu imensas desigualdades, injustiças e violências para a maior parte da Humanidade, porque os recursos se tornaram propriedade do primeiro que chega ou de quem tem mais poder: o vencedor leva tudo. [Será que precisaremos empacotar para compreender que não somos donos de xongas, que tudo o que possuímos é apenas um empréstimo temporário? É realmente muito triste que, para muitos, isto só venha a ser constatado depois da morte. O domínio despótico e irresponsável do ser-humano-aí-no-mundo sobre as outras criaturas implicará, oportuna e educativamente, em compensações duríssimas.]

 

Contemplar a criação [a existência] significa escutar uma Mensagem, significa ouvir a Voz Paradoxal do Silêncio. Eu me expresso exprimindo o mundo. Eu exploro a minha sacralidade decifrando a sacralidade do mundo.

 

O espetáculo das incontáveis diversidades e desigualdades das criaturas significa que nenhuma se basta a si mesma. Elas só existem na dependência umas das outras, para se completarem mutuamente no SERVIÇO umas das outras.

 

Todos os seres do Unimultiverso estão unidos por laços invisíveis, e formam uma espécie de família universal uma comunhão sublime que impele todos nós a um respeito sagrado, amoroso e humilde.

 

A desertificação do solo é como uma doença para cada um de nós, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como se fosse uma mutilação.

 

Como ainda continuamos a tolerar que alguns se considerem mais dignos do que outros?

 

Estava a vida no seu lugar.
Veio a morte lhe incomodar.
A morte na mulher...
A mulher no homem...
O homem no boi...
O boi na água...
A água no fogo...
O fogo no pau...
O pau no cachorro...
O cachorro no gato...
O gato no rato...
O rato na aranha..
A aranha na mosca...
A mosca na velha...
A velha a fiar...
E a vida a continuar!

 

Como ainda continuamos a admitir que alguns sejam mais humanos do que outros, como se uns poucos tivessem nascido com mais direitos e a maioria com menos direitos?

 

 

Xixi de Vaca

África: Menino Etíope Tomando Xixi de Vaca Para Matar a Sede

 

Como poderá ser autêntico o nosso sentimento de união íntima com os outros seres da Natureza, se, ao mesmo tempo, no nosso Coração, não houver ternura, compaixão e preocupação com todos os seres existentes? Tudo está interligado.

 

Paz, justiça e conservação da criação são três questões absolutamente interligadas, que não podem ser separadas e ser tratadas isoladamente, sob pena de, inevitavelmente, cairmos no reducionismo. Estamos unidos a tudo e unificados com tudo: ao irmão Sol, à irmã Lua, ao irmão rio e à Mãe Terra.

 

Toda abordagem ecológica deve integrar uma perspectiva social que tenha em conta os direitos fundamentais dos mais desfavorecidos. O princípio da subordinação da propriedade privada ao destino universal dos bens e, conseqüentemente, o direito universal ao seu uso é uma «regra de ouro» do comportamento social e o «primeiro princípio de toda a ordem ético-social».

 

O meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a Humanidade e responsabilidade de todos. Quem possui uma parte [ou seja, a quem foi emprestada uma parte] é apenas para a administrar em benefício de todos. Quem assim não age carrega na consciência o peso de negar a existência aos outros.

 

Quero poder ter
diamantes de sangue
para fazer a guerra.
Quero fazer a guerra
para poder dominar.
Quero poder dominar
para ficar rico.
Quero ficar rico
para poder ter
diamantes de sangue.

 

A máquina a vapor —› as ferrovias —› o telégrafo —› a eletricidade —› o automóvel —› o avião —› as indústrias químicas —› a Medicina moderna —› a Informática —› a revolução digital —› a robótica —› as biotecnologias —› as nanotecnologias... Nunca a Humanidade teve tanto poder sobre si mesma, todavia, nada garante que o utilizará bem, sobretudo, se se considera a maneira como o está a fazer. Basta lembrar as bombas nucleares lançadas, em pleno século XX, sobre Hiroshima e Nagasaki, bem como a grande exibição de tecnologia ostentada pelo Nazismo, pelo Comunismo e por outros regimes totalitários, e que serviu para o extermínio de milhões de pessoas, sem esquecer que hoje as nações dispõem de instrumentos cada vez mais mortíferos.

 

A idéia falaz de um crescimento ilimitado, que tanto entusiasma os economistas, os teóricos das finanças e da tecnologia, supõe a mentira da disponibilidade ilimitada dos bens do Planeta, que leva a espremê-lo até o limite e para além do mesmo. Trata-se do falso pressuposto de que existe uma quantidade ilimitada de energia e de recursos a serem utilizados, que a sua regeneração é possível de imediato, e que os efeitos negativos das manipulações da ordem natural podem ser facilmente absorvidos. Não podem!

 

A degradação do meio ambiente é apenas um sinal do reducionismo que afeta a vida humana e a sociedade em todas as suas dimensões. É preciso reconhecer que os produtos da técnica não são neutros, porque criam uma trama que acaba por condicionar os estilos de vida e orientam as possibilidades sociais na linha dos interesses de determinados grupos de poder. Certas opções, que parecem puramente instrumentais, na realidade, são opções sobre o tipo de vida social que se pretende desenvolver [e impor].

 

Compre... Compre... Compre...
Gaste... Gaste... Gaste...
Deva... Deva... Deva...
Endivide-se... Endivide-se... Endivide-se...
Agora... Agora... Agora...
Por apenas... Por apenas... Por apenas...

 

O que se vê, hoje, no mundo? Um superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora.

 

Uma ciência, que pretenda oferecer soluções para os grandes problemas, deveria, necessariamente, ter em conta tudo o que o conhecimento gerou nas outras áreas do saber, incluindo a Filosofia e a Ética Social.

 

A técnica não é o recurso principal para interpretar a existência.

 

Buscar apenas um remédio técnico para cada problema ambiental que aparece, é isolar coisas que, na realidade, estão interligadas, e esconder os problemas verdadeiros e mais profundos do sistema mundial.

 

De modo geral, os seres humanos se organizam para alimentar todos os vícios autodestrutivos: tentam não os ver, lutam para não os reconhecer, adiam as decisões importantes, agem como se nada tivesse acontecido.

 

Não obstante haver acordos internacionais que proíbem a guerra química, bacteriológica e biológica, subsiste o fato de continuarem, nos laboratórios, as pesquisas para o desenvolvimento de novas armas ofensivas, capazes de alterar os equilíbrios naturais.

 

Hoje, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta.

 

 

Empurrando com a Barrigona

Empurrando com a Barrigona

 

 

A constante distração [e o egoísmo shylockiano] nos tiram a coragem de advertir a realidade de um mundo limitado e finito.

 

Há demasiados interesses particulares e, com muita facilidade, o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum e a manipular a informação para não ver afetados os seus projetos. Nesta linha, o Documento de Aparecida pede que, nas intervenções sobre os recursos naturais, não predominem os interesses de grupos econômicos que arrasam irracionalmente as fontes da vida.

 

Nunca maltratamos e ferimos a nossa casa comum como nos últimos dois séculos. Mas, somos chamados a nos tornar os instrumentos de Deus Pai para que o nosso Planeta seja o que Ele sonhou ao criá-lo, e corresponda ao seu projeto de paz, de beleza e de plenitude.

 

Não há espaço para a globalização da indiferença.

 

A propósito da situação e das possíveis soluções, se desenvolveram diferentes perspectivas e linhas de pensamento. Em um dos extremos, alguns defendem a todo o custo o mito do progresso, afirmando que os problemas ecológicos se resolverão simplesmente com novas aplicações técnicas, sem considerações éticas nem mudanças de fundo. [Este é o grupo dos negacionistas.] No extremo oposto, outros pensam que o ser humano, com qualquer uma das suas intervenções, só pode ameaçar e comprometer o ecossistema mundial, pelo que convém reduzir a sua presença no Planeta e impedir todo o tipo de intervenção. [Este é o grupo dos ecologistas utópicos.] Entre estes extremos, a reflexão deveria identificar possíveis cenários futuros, porque não existe só um caminho de solução. Isto deixaria espaço para uma variedade de contribuições que poderiam entrar em diálogo, a fim de se chegar a respostas abrangentes.

 

A injustiça não é invencível.

 

 

 

Continua...

 

 

 

Música de fundo:

Domine Non Sum Dignus, Miserere Mei Quoniam Infirmus
Compositor: Tomás Luis de Victoria

Fonte:

http://www.kunstderfuge.com/victoria.htm

 

Páginas da Internet consultadas:

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https://cffb.org.br/semana-laudato-si-oracao
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Eventos/Landing_Sinodo/Laudato_Si.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/Laudato_si%27

 

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