OS LADRÕES DA HUMANIDADE

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, me torno um profeta marca roscofe,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, induzo ao suicídio ou ao assassinato,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, falsifico milagres, prodígios e maravilhas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, fabrico beatos, santos e profetas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, acinzento o livre-alvedrio,
e imponho mortificações, flagelações, jejuns, abstinências e sacrifícios,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

Paul Bettany (Silas)
[The Da Vinci Code]

 

 

Se, em nome de um deus, me apresento como curador milagreiro,
mas, não curo nem unha encravada do pé da perna do saci-pererê que não existe,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, interpreto as Sagradas Escrituras
para levar vantagem e auferir ganhos e proveitos,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, exploro a profecia do Segundo Advento,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, vendo a fé para pessoas desesperadas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, vendo livros que não ensinam xongas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, faço discursos que não instruem bulhufas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, concebo dogmas que não adestram necas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, enuncio proibições que não servem para nada,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, exijo dízimos como obrigação religiosa,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, propago a carambola-relambóia
que quem dá aos pobres empresta a deus,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, dissemino a relambóia-carambola
que é dando que se recebe,
e que quanto mais dermos mais receberemos,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, abro uma quitanda para fazer negócios com deus,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, tomo os bens dos ignorantes e miseráveis,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, vendo perdões pretensamente verdadeiros,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, vendo indulgências de araque,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, promovo quermesses arrecadatórias,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, vendo feijões mágicos improcedentes,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

O Feijão que não é feijão

 

 

Se, em nome de um deus, vendo H2O consagrada para inglês ver,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

H2O Consagrada Para Inglês Ver

 

 

Se, em nome de um deus, vendo poções sobrenaturais,
que curam (sem curar) a COVID-19 e botam (sem botar) o Corona pra correr,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, vendo imagens e medalhinhas milagrosas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, ensino promessas incumpríveis,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, prego inverdades absurdas e inverossímeis,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, apóio candidatos paus-mandados pela igreja,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

O Pau-mandado

 

 

Se, em nome de um deus, negocio e compro votos em uma eleição,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, me entranho em um esquema de corrupção,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, me torno protagonista
de prática criminosa para a liberação de verbas públicas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, pratico tráfico de influência,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, coordeno, no Governo, um gabinete paralelo
para assegurar a construção de quitandas, de igrejas e de templos,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, privilegiadamente, recebo verbas
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, me envolvo na na velhacaria da politiquice eleitoral,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, intermedeio o pagamento de emendas parlamentares,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, intervenho na liberação de emendas secretas,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, crio esperanças irrealizáveis,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, fajuto glossolalias falaciosas,
que ninguém entende pitibiribas e muito menos eu,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, expulso demônios inexistentes,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

Os demônios só existem nas cucas
dos histéricos e dos esquizofrênicos.
(Exorcismo? Não. Psicoterapia? Sim.)

 

 

Se, em nome de um deus, forjico miragens ilusórias,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, falseio ilusões miraginais,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, faço promessas imaginosas de prosperidade,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, estimulo preconceitos,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, incentivo separatividades,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, construo prisões mentais,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Se, em nome de um deus, ameaço com um inferno fictício para sempre,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, ameaço com o fogo eterno do inferno,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, meto medo com demônios irreais,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, desenho paraísos quiméricos,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, prometo salvações impossíveis,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, garanto um pedaço de terra na eternidade,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, me converto em um vendilhão do templo,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

Se, em nome de um deus, me dou bem, fico numa boa e enriqueço,
então, eu sou um ladrão cínico e sem-vergonha da Humanidade.

 

 

 

 

Observação:

O Martelo das Feiticeiras o qual Destrói as Bruxas e a sua Heresia, como uma Espada de Dois Gumes (do latim: Malleus Maleficarum, Maleficas & Earum Hæresim, ut Framea Potentissima Conterens) ou apenas Malleus Maleficarum, também conhecido comumente como O Martelo das Bruxas ou O Martelo das Feiticeiras, é um livro ou manual inquisitorial, publicado em 1486 ou 1487, pelos dominicanos Heinrich Kraemer (também conhecido por Henricus Institor) e James Sprenger, na Alemanha, em cumprimento à bula papal Summis Desiderantis Affectibus, de Inocêncio VIII, publicada em 9 de dezembro de 1484 – um manual de combate aos praticantes de heresias – e que se tornou o guia dos inquisidores pelo restante do século XV e seguintes. Embora, no período, existam outros manuais, este é o mais cruel e o mais famoso, pois, só ensina ódio, tortura e morte. Na verdade – e é isso o que ele é – o Malleus Maleficarum é um livro escrito por dois esquizopatas (cães do senhor) para todos os esquizopatas espalhados pelo mundo. Em casos como, por exemplo, o destes dois malucos, eu só fico pensando no desespero que tomará conta deles depois da morte. E, às vezes, esse desespero durará milênios! Outras vezes, caras como esses, temporariamente, acabam indo morar na Oitava Esfera! Depois...

 

Malleus Maleficarum
(Edição Veneziana de 1576)

 

Música de fundo:

Tomorrow Comes
Compositor: Nick Bicât

Fonte:

https://mp3.pm/song/24396209/Nick_Bicat_-_Main_theme_If_Tomorrow_Comes/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.clipartmax.com/

https://tenor.com/pt-BR/view/stacks-growing-money-gif-24646165

https://br.pinterest.com/pin/291678513348090066/

https://www.deviantart.com/

http://www.salacriminal.com/

https://giphy.com/explore/walking-forest

https://pt.wikipedia.org/wiki/Malleus_Maleficarum

https://pt.wikipedia.org/wiki/Summis_Desiderantis_Affectibus

https://www.amazon.com.br/

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https://elpais.com/america/

https://www.presentermedia.com/

https://gifer.com/en/7nKy

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https://tenor.com/pt-BR/

https://www.elo7.com.br/ateliertoquefinalsublimacao/colecao/quitanda

https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/ex-ministro-da-educacao
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