A
fábula
é uma pintura em que podemos encontrar nosso próprio retrato.
Toda
força será fraca, se não estiver unida.
O
homem é feito de tal modo que, quando alguma coisa incendeia a sua
alma, as impossibilidades desaparecem.
A
razão do mais forte é sempre a melhor.
Paciência
e tempo dão mais resultado do que força e raiva.
Sobre
as asas do tempo, a tristeza vai-se embora.
Só
o trabalho é o capital não sujeito a falências.
Quem
julga caçar é caçado.
A amizade é como a sombra
na tarde – cresce até com o ocaso da vida.
A dor é sempre menos forte
do que a lamentação.
Se
quiser falar ao Coração dos homens, há que se contar
uma história. Dessas onde não faltem animais ou deuses e muita
fantasia. Porque é assim – suave e docemente –
que se despertam as consciências.
É
bom falar; melhor é se calar. Mas,
quando em excesso, os dois são maus.
Em
todas as situações, deve-se considerar o objetivo.
Ao
longo da tua vida, tem cuidado para não julgares as pessoas pelas
aparências.
Nem
a fortuna nem a grandeza são, por si sós, suficientes para
sermos felizes.
Podemos ler nas testas daqueles que
vivem cercados por um luxo insensato que a fortuna vende aquilo que se pensa
que ela dá.
Não
poucas vezes, esbarramos com o nosso destino pelos caminhos que escolhemos
para fugir dele.
Lamentamos sempre aquilo que damos
aos maus.
O
símbolo dos ingratos não é a Serpente,
é o Homem.
Geralmente,
perdoamos tudo a nós próprios e nada aos outros.
As pessoas que não fazem barulho
são perigosas.
Todos
se dizem amigos; mas doido é quem acredita. Nada há de mais
banal do que esse nome; nada é mais raro do que isto.
Correr
não adianta; é preciso partir a tempo. (Com
cuidado e zelo, vence-se melhor do que com força física).
A
excessiva atenção que se presta ao perigo faz que muitas vezes
nele se caia.
A
ausência é a causa de todos os males.
Não falar para o seu século
é falar com surdos.
E
cada um acredita, facilmente, no que teme e no que deseja.
Um
autor estraga tudo quando pretende fazer bem de mais.
Nada
há de mais perigoso do que um amigo ignorante; mais vale um sábio
inimigo.
Trabalhai!
Fazei alguma coisa; é o alicerce mais seguro.
Aprendei
que todo o adulador vive à custa de quem o escuta.
O
trabalho, quando feito com paciência, tem melhor resultado do que
a força e a imprudência daqueles que, nervosos, tentam realizar
suas obrigações.
A vergonha de confessar o primeiro
erro nos leva a muitos outros.
A
Cigarra e a Formiga
Uma
cigarra feliz
Passou o verão se divertindo,
E no primeiro dia de inverno,
Viu que estava faminta,
De carne e pão
Nenhum pedaço tinha!
Então, como pedinte foi
À sua vizinha formiga
Para pedir emprestado
Um pouco de trigo para comer
Até a estação acabar.
'Eu lhe pagarei', disse ela
'Com palavra de animal
Duas vezes a mais
Antes de a colheita acabar.'
A formiga gosta de ajudar
(E possa a auxiliar)
Dando um pouco para emprestar
'Como passou o verão?'
Perguntou sem hesitação
À pedinte de pão
'De dia e noite cheguei
Cantando o verão passei.'
'Você cantava?
Agora terás que dançar.'
A
Lebre e a Tartaruga
A Lebre e a Perdiz
(Tradução: Barão de Paranapiacaba)
Dos miseráveis
Nunca zombeis.
Quem diz que sempre
Feliz sereis?
Mais de um exemplo
Do sábio Esopo
Conspira em prova
Do nosso escopo.
O que em meus versos
Agora cito
Foi noutros termos
Por ele escrito.
Tinham num campo
Lebre e perdiz
(Ao que parece)
Vida feliz.
Uns cães se achegam
Do lar tranqüilo;
Vai longe a lebre
Buscando asilo.
Perde-lhe o rastro
Toda a matilha,
E nem Lindóia
Lhe dá na trilha.
De quente corpo
A emanação
Ao faro a indica
De um fino cão.
Filosofando,
Nelusco arteiro,
Conhece a lebre
Só pelo cheiro.
No encalço aperta
Da fugitiva;
Não quer que a presa
Lhe escape viva.
"A caça foi-se
(Diz Carabi);
Acreditai-me;
Nunca menti".
Cansada, a lebre
Fugiu, correndo;
Ao pé da furna
Caiu, morrendo.
Diz, por motejo,
A companheira:
"Pois não campavas
De ser ligeira!
Teus pés velozes
Pra que prestaram
Se dos molossos
Te não livraram?"
Enquanto zomba
Da desgraçada
Dá-lhe a matilha
Rude assaltada.
Fia das asas
O salvamento.
Louca esperança!
Vão pensamento!
Do açor as garras,
Mísera, esquece!
Mal ergue o vôo,
Nelas perece.
O Lobo e os Pastores
Cheio
de humanidade,
Certo lobo
(se é que há lobos tais neste mundo)
Um dia refletiu sobre sua crueldade
De modo mais profundo.
Embora fosse cruel só por necessidade,
(— Todos me odeiam — diz)
Vê no lobo cada um,
O inimigo comum.
Cães, aldeões, caçadores,
Todos se juntam a fazer-lhe uma guerra.
Júpiter, no alto, está tonto com seus clamores;
De lobos, por isso, é tão deserta a Inglaterra:
Nossa cabeça a prêmio lá foi posta.
O mais humilde fidalgote gosta
De iguais decretos contra nós baixar.
Mal um fedelho o choro principia
E logo a mãe com o lobo o passa a ameaçar
Tudo por causa, só, de um cão rabugento
Que eu de parte deixar preferiria.
Pois nada mais que vida haja tido comamos!
Pastemos brotos, relva e de fome morramos!
Será tal sorte, acaso, pior mal
Do que atrair o ódio universal?
Isto dizendo, viu pastores que, em um prado,
Estavam a jantar
Um cordeirinho assado Ao espeto.
Oh! — diz ele — penitente,
Eu me confesso réu
Do sangue dessa gente,
E eis que seus guardiões
A devoram, pastores e seus cães;
Por que eu, lobo, terei remorsos e vergonha?
Não, pelos deuses, não!
De mim não vão zombar!
O cordeirinho eu hei de mastigar
Sem que no espeto ponha;
Ele, a mãe em que mama, o pai e seus parentes
Jamais serão poupados por meus dentes!
Estava certo o lobo.
Então nós, que fazemos
Opíparos festins comendo animais,
Motivo para reduzi-lo temos
A manjares somente celestiais?
Não tem ele também de encher o seu surrão?
Pastores, só está o lobo sem razão
Quando um mais forte dela o priva:
Quereis que como anacoreta viva?
O
que dá preço às coisas é a sua
raridade.
A maior desgraça é
merecer a desgraça.
Jamais
enganamos por bem.
Não
há bem sem mal, nem prazer sem preocupações.
Nunca
Vivemos. O que fazemos é esperar a Vida.
Nada
há e inútil para as pessoas de bom senso.
A
morte nunca surpreende o sábio; ele está sempre pronto para
partir.