O CAPITAL
(Uma Análise ± Esotérica)

Parte X

 

 

 

O Capital

O Capital
(Livro 1, capa da 1ª edição, 1867)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este rascunho se constitui da 10ª parte de uma coletânea de fragmentos (eventual e esotérico-despretensiosamente comentados e, algumas vezes, ligeiramente editados) de O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx, que constitui uma análise do Capitalismo (crítica da Economia Política). Muitos consideram esta obra o marco do pensamento socialista-marxista. Deste conjunto de livros, o único que foi lançado em vida por Marx foi O Processo de Produção do Capital, em 1867. Os outros foram publicados após a sua morte, ficando as edições a cargo de Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de agosto de 1895). Devo enfatizar que este estudo não é para especialistas nem para comunistas; ao prepará-lo, tive em mente a pessoa comum, que nunca leu O Capital ou sequer ouviu falar deste livro. Por isto, não é mais do que um despretensioso rascunho. Meu intento foi compatibilizar (ou incompatibilizar) a obra com alguns princípios esotéricos fundamentais. Seja como for, quantos lembram das passagens a seguir do Evangelho de Mateus? Não ajunteis tesouros na Terra, onde as traças e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem as traças nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso Coração. (Mateus, VI:19 a 21). Disse-lhe Jesus: se só se comprazes ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois, vem, e me segue. (Mateus, XIX:21). Uma coisa eu tenho certeza: ao longo dos séculos, o próprio Vaticano esqueceu destas recomendações!

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Karl Heinrich Marx

Karl Heinrich Marx

 

 

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx, em Economia, estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o Capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista e O Capital os mais proeminentes.

 

Marx nasceu em uma família de classe média em Tréveris, na Renânia Prussiana, e estudou nas Universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas idéias filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o Rheinische Zeitung, um jornal radical publicado em Colônia, e começou a trabalhar na Teoria da Concepção Materialista da História. Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos, onde continuou a escrever e a formular suas teorias sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o Socialismo, e se tornou uma figura significativa na Associação Internacional dos Trabalhadores.

 

As teorias de Marx sobre a sociedade, a Economia e a política – a compreensão coletiva do que é conhecido como Marxismo sustentam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão-de-obra para a produção), e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos. Além disto, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o Capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema: o Socialismo. Ele argumentava que os antagonismos no sistema capitalista, entre a burguesia e o proletariado, seriam conseqüência de uma guerra perpétua entre a primeira e as demais classes ao longo da História. Isto, associado à sociedade industrial e ao acúmulo de Capital, geraria a sua classe antagônica, que resultaria na conquista do poder político pela classe operária e, eventualmente, no estabelecimento de uma sociedade sem classes e apátrida o Comunismo regida por uma livre associação de produtores. Marx, ativamente, argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o Capitalismo e provocar mudanças socioeconômicas.

 

Elogiado e criticado, Marx tem sido descrito como uma das figuras mais influentes na História da Humanidade. Muitos intelectuais, sindicatos e partidos políticos em nível mundial foram influenciados por suas idéias, com muitas variações sobre o seu trabalho base. Marx é normalmente citado, ao lado de David Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 Paris, 15 de novembro de 1917) e Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 Munique, 14 de junho de 1920), como um dos três principais arquitetos da Ciência Social moderna.

 

 

 

Fragmentos Marxistas

 

 

 

A aplicação de mais-valia como capital ou a retransformação de mais-valia em capital se chama acumulação de capital.

 

A mais-valia só é transformável em capital porque o mais-produto, do qual é o valor, já contém os componentes materiais de um novo capital.

 

A mais-valia capitalizada só pode derivar de trabalho-alheio-não-pago.

 

Quanto mais um capitalista houver acumulado, tanto mais ele poderá acumular. [É assim que se explica o surgimento das grandes fortunas.]

 

 

 

 

O valor da força de trabalho vendida por determinado período de tempo dia, semana etc. é sempre menor do que o valor que seu uso cria durante esse tempo. [É assim que se explica o surgimento do lucro e da mais-valia.]

 

A transformação original do dinheiro em capital se realiza na mais perfeita harmonia com as leis econômicas da produção de mercadorias e com o direito de propriedade delas derivado. Não obstante, ela tem por resultado: 1º) o produto pertence ao capitalista e não ao trabalhador; 2º) o valor desse produto, além do valor do capital adiantado, inclui uma mais-valia, a qual custou trabalho ao trabalhador, mas, nada ao capitalista, mas, que, todavia, se torna propriedade legítima deste; e 3º) o trabalhador continua a manter sua força de trabalho, e poderá vendê-la de novo, caso encontre comprador.

 

O historiador, ensaísta político e economista suíço Jean Charles Léonard Simonde de Sismondi (Genebra 9 de maio de 1773 – Genebra a 25 de junho de 1842) afirmou: Plusieurs échangess successifs n’ont fait du dernier que le représentant du premier. [Várias trocas sucessivas fazem do último apenas o representante do primeiro.] Parmi ceux qui se partagent le revenu national, les uns [os trabalhadores] y acquièrent chaque année un nouveau droit par un noveau travail; les autres [os capitalistas] y ont acquis antérieurement un droit permanent par un travail primitif. [Entre aqueles que repartem entre si a renda nacional, uns (os trabalhadores) adquirem a cada ano um novo direito a esta por meio de um novo trabalho; outros (os capitalistas) já adquiriram anteriormente um direito permanente por meio de um trabalho primitivo.]

 

A riqueza social, em proporção sempre crescente, se torna propriedade daqueles que estão em condições de se apropriar do trabalho-não-pago de outros.

 

Capital Variável: corresponde à fração do capital que é despendida na compra da força de trabalho (salários) e é responsável pela reprodução ampliada do capital. Massa dos meios de subsistência que ele representa para o trabalhador ou o assim chamado fundo de trabalho.

 

Capital Constante: é a parte do valor do capital que é empregada na compra de meios de produção. O valor do capital constante não aumenta durante o processo de produção de bens. Não pode, portanto, ser a origem de aumento do capital inicialmente empregado.

 

Força de trabalho: é a forma em que o capital variável existe dentro do processo de produção.

 

Parte da mais-valia é consumida pelo capitalista como renda, parte é aplicada como capital ou acumulada.

 

O desenvolvimento da produção capitalista faz do contínuo aumento do capital investido numa empresa industrial uma necessidade, e a concorrência impõe a todo capitalista individual as leis imanentes do modo de produção capitalista como leis coercitivas externas. Obriga-o a ampliar seu capital continuamente para conservá-lo, mas, ele só pode ampliá-lo mediante acumulação progressiva.

 

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Uma só se compraz em entesourar;
outra só se compraz em prazerar.
Uma só se compraz em avarezar;
outra só se compraz em dilapidar.
Uma só se compraz em acumular;
outra só se compraz em ostentar.

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Como eu poderei apaziguá-las,
sem deixar de desfrutar?
Como eu poderei contentá-las,
sem deixar de lucrar?
Como eu poderei agradá-las,
sem deixar de enricar?

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Só martírio e tentação!
Só sortilégio e sedução!
Só maravilha e encantação!
Só pecado e fascinação!

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Pensei, e resolvi o dilema,
com audácia, vigor e curema.
Continuarei escravizando,
até o hoje se tornar quando.
Insistirei e me locupletarei,
até o fim dos tempos pintar.

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Não posso deixar de ser
um capitalista explorador.
Faço isso com grande agudeza,
pois, esta é a minha natureza.
Eu nasci para ser senhor,
e todo senhor é um feitor.

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Em mim e para mim, não há
bona fide;
eu penduro tudo no cabide.
Também não há indulgência;
eu sempre sou a preferência.
E tampouco há comiseração;
o meu advérbio favorito é não.

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Como em Manchester, em 1795,
me empenharei com afinco:
laborarei por meu sustento,

explorarei todo o trabalho,
construirei um castelo de pedra
e ampliarei meu negócio ao máximo.

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Como eu poderei viver sem
mudar mais-valia em capital?
Como eu poderei viver sem
alterar mais-produto em capital?
Como eu poderei viver sem
tomar um bom vinho estrangeiro?

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Alguns haverão de dizer
que tudo isso é miragem.
Outros haverão de dizer
que tudo isso é ilusão.
Eu até concordo com isso,
mas, quem subjuga seu dragão
?

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Para mim,
o proletariado só
serve para gerar mais-valia
.

Já eu sou
uma máquina que
converte mais-valia em capital.
E assim, gira o mundo no tempo
:
uns podem ser; outros jamais serão.

Oh! Duas almas diabólicas
moram em meu peito argentário!
Este é o legado que deixarei

e a herança que transmitirei.
Doutrina atualizada e
up-to-date
que reconforta o meu inferno.
Testamento de um capitalista
que sempre foi um demonista.

O clérigo anglicano, economista, matemático e iluminista britânico Thomas Robert Malthus (Rookery, perto de Guildford, condado de Surrey, 13 ou 14 de fevereiro de 1766 Bath, 23 de dezembro de 1834) defendia uma divisão do trabalho, que atribuía ao capitalista realmente engajado na produção o negócio de acumulação, aos outros participantes da mais-valia, a aristocracia rural, os prebendados do Estado [aqueles que foiram aquinhoados com prebenda (ocupação rendosa e de pouco trabalho; sinecura)], da Igreja etc., o negócio do esbanjamento. É da maior importância, disse Malthus, se manter separadas a paixão pelo gasto e a paixão pela acumulação (the passion for expenditure and the passion for accumulation).

 

A apropriação de trabalho-não-pago é o segredo da extração de mais-valia.

 

Glut (saturação do mercado, superprodução) é sinônimo de lucros altos.

 

O lucro do capital (inclusive juros) é produto da última décima segunda hora de trabalho-não-pago.

 

Considerando que a mais-valia se divide em capital e renda, a grandeza do capital acumulado se regerá, evidentemente, pela grandeza absoluta da mais-valia.

 

Todas as circunstâncias que determinam a massa da mais-valia participam na determinação da grandeza da acumulação.

 

A taxa de mais-valia, em primeira instância, depende do grau de exploração da força de trabalho.

 

O trabalho adicional, produzido por um atrelamento mais elevado da força de trabalho, pode aumentar o mais-produto e a mais-valia, isto é, a substância da acumulação, sem aumento proporcional da parte constante do capital.

 

A massa de mais-valia é determinada pelo número de trabalhadores simultaneamente explorados, e este corresponde, embora em proporção variável, à grandeza do capital.

 

Dogma: por um lado o trabalhador não tem voz na partilha da riqueza social em meios de satisfação dos não-trabalhadores e em meios de produção; por outro lado, apenas em casos excepcionais favoráveis, ele pode ampliar o assim chamado “fundo de trabalho” à custa da “renda” dos ricos.

A composição do capital tem de ser compreendida em duplo sentido. Da perspectiva do valor, ela é determinada pela proporção em que se reparte em capital constante ou valor dos meios de produção e capital variável ou valor da força de trabalho, soma global dos salários. Da perspectiva da matéria, como ela funciona no processo de produção, cada capital se reparte em meios de produção e força de trabalho viva. Essa composição é determinada pela proporção entre, por um lado, a massa dos meios de produção utilizados e, por outro lado, o montante de trabalho exigido para seu emprego. Chamo a primeira de composição-valor do capital e a segunda de composição-técnica do capital. Entre ambas há estreita correlação. Para expressá-la, chamo a composição-valor do capital, à medida que é determinada por sua composição técnica e espelha suas modificações, de composição orgânica do capital. Onde se fala simplesmente de composição do capital, deve-se entender sempre sua composição orgânica.

 

O crescimento do capital implica no crescimento de sua parcela variável ou convertida em força de trabalho. Uma parcela da mais-valia transformada em capital adicional precisa ser sempre retransformada em capital variável ou fundo adicional de trabalho.

 

Acumulação do capital é multiplicação do proletariado.

 

Afirmação de John Bellers (1654 1725) em 1696: As the laboures make men rich, so the more labourers, there will be the more rich men... the labour of the poor being the mines of the rich. Como os trabalhadores tornam as pessoas ricas, então, quanto mais trabalhadores houver, tanto mais ricos existirão... O trabalho dos pobres é a mina dos ricos.

 

O próprio mecanismo do processo de acumulação multiplica, com o capital, a massa dos “pobres laboriosos”, isto é, dos assalariados, que transformam sua força de trabalho em crescente força de valorização do capital crescente e, por isso mesmo, precisam perpetuar sua relação de dependência para com seu próprio produto, personificado no capitalista.

 

Afirmação de Sir Frederick Morton Eden (1766 1809), que, segundo Karl Marx, foi o único discípulo de Adam Smith (1723 1790) que, durante o século XVIII, realizou algo significativo: Pessoas de fortuna independente devem sua fortuna quase inteiramente ao trabalho dos outros e não à habilidade delas mesmas, que não é, de modo algum, maior do que a dos outros. Não é a propriedade de terras ou de dinheiro, mas, o comando sobre o trabalho que distingue os ricos dos pobres. O que convém ao pobre não é uma situação abjeta ou servil, mas, uma condição cômoda e liberal de dependência, e o que convém às pessoas de posses é ter influência e autoridade suficiente sobre aqueles que trabalham para elas. Tal condição de dependência é, como sabem todos os conhecedores da natureza humana, necessária para o conforto do próprio trabalhador.

 

Produção de mais-valia ou geração de excedente é a lei absoluta do modo de produção capitalista. Só à medida que mantém os meios de produção como capital, que reproduz seu próprio valor como capital e que fornece em trabalho-não-pago uma fonte de capital adicional é que a força de trabalho é vendável. As condições de sua venda, quer sejam mais quer sejam menos favoráveis para o trabalhador, incluem a necessidade de sua contínua revenda e a contínua reprodução ampliada da riqueza como capital. O salário condiciona sempre, por sua natureza, o fornecimento de determinado quantum de trabalho-não-pago por parte do trabalhador.

 

Não adianta você demandar;
eu tenho que lhe escravizar,
pois, esta é a minha natureza.
Nasci assim; sou assim; pifarei assim.
Fui, sou e serei um capitalista.
Não adianta você reclamar;
eu tenho que mais-valiar.
Não adianta você protestar;
você tem que mais-trabalhar.
Não adianta você chiar;
eu tenho sempre que lucrar.
Não adianta você choramingar;
eu tenho que me locupletar.
Não adianta você se queixar;
eu tenho que amontoar e enricar.
Não adianta você se lamentar;
você tem que se sujeitar.
Foi assim que Deus fez o mundo:
uns são senhores; outros jamais serão.
Isto se chama exploração econômica,
que gera a escravização estrutural.
Eu sou rico e sempre serei rico;
você é escravo e sempre será escravo.
Você deveria, sim, agradecer;
pelo menos, você tem o que comer.
Você deveria, sim, penhorar;
pelo menos, você tem onde mourejar.
Você deveria, sim, genuflectir;
pelo menos, você tem como existir.
Assim como no fim do dia vem a noite
e no fim da noite nasce o dia,
sai noite entra dia, sai dia entra noite,
você me pertence e eu sou o seu senhor.
Você integra a massa proletária,
e o proletariado jamais se alforriará.
Não há consciência de classe que mude isto.
A união, a coesão e a luta por melhorias
não mudarão absolutamente nada.
Tudo sempre continuará como dantes,
como no Quartel do Duque d’Abrantes.
Esta é a vontade do Senhor Deus,
que foi, é e sempre será a mesma.

 

Afirmação do filósofo e economista britânico Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho de 1723 Edimburgo, 17 de julho de 1790): Mesmo com lucros diminuídos, os capitais continuam a aumentar: crescem até mesmo mais depressa do que antes. Um grande capital, mesmo com lucros menores, geralmente, cresce mais depressa do que um capital pequeno com lucros grandes.

 

Para usar uma expressão matemática: a grandeza da acumulação é a variável independente; a grandeza do salário, a dependente, e não o contrário. Assim, em uma fase de crise do ciclo industrial, a queda geral dos preços das mercadorias se expressa como elevação do valor relativo do dinheiro, e, na fase de prosperidade, a elevação geral dos preços das mercadorias, como queda do valor relativo do dinheiro.

 

A lei da produção capitalista redunda simplesmente nisto: a relação entre capital, acumulação e taxa de salário não é nada mais que a relação entre o trabalho não-pago, transformado em capital, e o trabalho adicional necessário à movimentação do capital adicional. Não é, portanto, de modo algum, uma relação de duas grandezas independentes entre si, por um lado a grandeza do capital, por outro o tamanho da população trabalhadora, mas, é, em última instância, muito mais a relação entre o trabalho não-pago e o trabalho pago, da mesma população trabalhadora. Se cresce a quantidade de trabalho não-pago fornecido pela classe trabalhadora e acumulada pela classe capitalista de modo suficientemente rápido, para só com um acréscimo extraordinário de trabalho pago poder se transformar em capital, então, o salário sobe e, permanecendo tudo mais constante, o trabalho não-pago diminui proporcionalmente. Mas, assim que essa diminuição atinge o ponto em que o mais-trabalho, que alimenta o capital, já não é oferecido na quantidade normal, então, ocorre uma reação: uma parte menor da renda é capitalizada, a acumulação se desacelera e o movimento ascendente do salário sofre um contragolpe. A elevação do preço do trabalho permanece, portanto, confinada em limites que não só deixam intocados os fundamentos do sistema capitalista, mas, também, asseguram sua reprodução em escala crescente. A lei da acumulação capitalista, mistificada em lei da Natureza, expressa, portanto, de fato, apenas, que sua natureza exclui todo decréscimo no grau de exploração do trabalho ou toda elevação do preço do trabalho que poderia ameaçar seriamente a reprodução continuada da relação capital e sua reprodução em escala sempre ampliada. Nem poderia ser diferente num modo de produção em que o trabalhador existe para as necessidades de valorização de valores existentes, ao invés de a riqueza objetiva existir para as necessidades de desenvolvimento do trabalhador. Assim como na religião, o ser humano é dominado pela obra de sua própria cabeça, assim, na produção capitalista, ele o é pela obra de sua própria mão.

 

 

 

 

 

Continua...

 

 

 

Música de fundo:

L'internationale
Composição: Eugène Pottier (letra) & Pierre Chretien De Geyter (música)

Fonte:

http://drapeaurouge.free.fr/inter.html#fr

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.indagacao.com.br/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

https://pcb.org.br/portal2/7333/ler-o-capital/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.