Fragmentos
Marxistas
A
divisão social do trabalho surgiu por meio do intercâmbio entre
esferas de produção originalmente diferentes, porém,
independentes entre si. Onde a divisão fisiológica do trabalho
constitui o ponto de partida, os órgãos particulares de um
todo diretamente conexos se desprendem uns dos outros, se decompõem,
para cujo processo de decomposição o intercâmbio de
mercadorias com comunidades estranhas dá o impulso principal, e se
autonomizam até o ponto em que a conexão entre os diferentes
trabalhos é medida pelo intercâmbio dos produtos como mercadorias.
Em um caso, é a dependência do que era autônomo; no outro,
a autonomização dos que antes eram dependentes.
A
especialização e o parcelamento do homem levaram Adam Ferguson
(1º de julho de 1723 –
22 de fevereiro de 1816), professor de Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho
de 1723 –
Edimburgo, 17 de julho de 1790), a exclamar:
Estamos criando uma nação de hilotas [hilota,
em Esparta, era um escravo do Estado, que cultivava o campo; figurativamente,
pessoa de ínfima condição social ou que foi reduzida
ao grau extremo da miséria, da servilidade ou da ignorância]
e não
existem livres entre nós.
Se
o criador de gado, por exemplo, produz peles, o curtidor transforma as peles
em couro e o sapateiro converte o couro em botas, só a forma final
acabada é o produto combinado de seus trabalhos específicos.
O que caracteriza esta divisão manufatureira do trabalho? Que o trabalhador
parcial não produz mercadoria. Só o produto comum dos trabalhadores
parciais se transforma em mercadoria.Criador
de gado + curtidor de peles
+ sapateiro =
força de trabalho combinada.
A
concorrência e a coerção exercida pela pressão
de interesses recíprocos, do mesmo modo que no reino animal, como
registrou o matemático, teórico político e filósofo
inglês Thomas Hobbes (5 de abril de 1588 –
4 de dezembro de 1679) na sua obra Leviathan [um
dos exemplos mais antigos e mais influentes da teoria do contrato social],
leva a bellum omnium contra omnes [guerra
de todos contra todos], preservando, grotescamente, mais ou menos,
as condições de existência de todas as espécies.
A mesma consciência burguesa, que festeja a divisão manufatureira
do trabalho, a anexação do trabalhador por toda a vida a uma
operação parcial e a subordinação incondicional
dos trabalhadores parciais ao capital, como uma organização
do trabalho que aumenta a força produtiva, denuncia com igual alarido
qualquer controle e regulação social consciente do processo
social de produção, como uma infração dos invioláveis
direitos de propriedade, da liberdade e da genialidade autodeterminante
do capitalista individual. É muito característico que os mais
entusiásticos apologistas do sistema fabril não saibam dizer
nada pior contra toda organização geral do trabalho social
além de que ela transformaria toda a sociedade em uma fábrica.
Na
sociedade do modo de produção capitalista, a anarquia da divisão
social do trabalho e o despotismo da divisão do trabalho se condicionam
reciprocamente.
A
divisão manufatureira do trabalho é uma criação
totalmente específica do modo de produção capitalista.
A
divisão do trabalho marca o trabalhador manufatureiro com ferro em
brasa como propriedade do capital. A divisão
do trabalho (conversão em trabalho
parcial) mutila
o trabalhador.
O
que
os trabalhadores parciais perdem se concentra no capital com que se confrontam.
O capital se completa na grande indústria, que separa do trabalho
a ciência como potência autônoma de produção
e a força a servir ao capital. O enriquecimento do trabalhador coletivo
e, portanto, do capital em força produtiva social, é condicionado
pelo empobrecimento do trabalhador em forças produtivas individuais.
Sobre isso, Adam
Ferguson (1º de julho de 1723 –
22 de fevereiro de 1816), professor de Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho
de 1723 –
Edimburgo, 17 de julho de 1790) escreveu:
A ignorância é a mãe da indústria, como da superstição.
A reflexão e a imaginação estão sujeitas ao
erro, mas, o hábito de movimentar o pé ou a mão não
depende nem de uma nem da outra. As manufaturas prosperam, portanto, mais
onde mais se dispensa o espírito, de modo que a oficina pode ser
considerada uma máquina cujas partes são seres humanos.
Um
manda,
o outro obedece.
Um quer,
o outro supre.
Um ganha,
o outro perde.
Um locupletação,
o outro carência.
Um sonhos,
o outro pesadelos.
Um sucesso,
o outro fracasso.
Um realização,
o outro esperança.
Um
efetivação,
o outro malogro.
Um enriquecimento,
o outro empobrecimento.
Um lucro,
outro sobretrabalho.
Um ri,
o outro chora.
Um se diverte,
o outro se desagrada.
Um come,
o outro passa fome.
Um caviar,
o outro farofa com farofa.
Um bebe,
o outro tem sede.
Um champanhota,
o outro água salobra.
Um plano de saúde,
o outro .
Um ,
o outro carro de boi.
Um Côte d'Azur,
o outro Cidade de Deus.
Um cresce,
o outro encolhe.
Um palácio,
o outro palafita.
Um dia de Sol,
o outro noite de chuva.
Um verão,
o outro inverno e frio.
Um ar-condicionado,
o outro ventarola.
Um
rendimento,
o outro dívida.
Um ,
o outro .
Um tudo,
o outro nada.
Quanto
a essa questão da divisão social do trabalho (trabalhadores
parciais envolvidos apenas em operações simples), o filósofo
e economista britânico nascido na Escócia Adam Smith (Kirkcaldy,
5 de junho de 1723 – Edimburgo, 17 de julho de 1790) assim se pronunciou:
A inteligência
da maior parte dos homens, necessariamente, se desenvolve
a partir e
por meio de suas ocupações diárias. Um homem que despende
toda a sua vida na execução de algumas operações
simples não tem nenhuma oportunidade de exercitar sua inteligência.
Ele se torna, geralmente, tão estúpido e ignorante quanto
é possível a uma criatura humana... A uniformidade de sua
vida estacionária corrompe naturalmente também a coragem de
sua mente. Ela destrói mesmo a energia de seu corpo e o incapacita
a empregar suas forças com vigor e perseverança, a não
ser na operação parcial para a qual foi adestrado. Sua habilidade
em seu ofício particular parece assim ter sido adquirida à
custa de suas virtudes intelectuais, sociais e guerreiras. Mas, em toda
sociedade industrial e civilizada, esse é o estado no qual, necessariamente,
tem de cair o pobre que trabalha (the
labouring poor),
isto é, a grande massa do povo.
Panela
nova é bem melhor do que panela velha!
—
'Para mim, o que importa é
a pessoa.
Não me interessa se ela é coroa,
panela velha é que faz comida boa.'
—
Não
me importo se é novo ou velho.
Não me importo se é coroa ou anelho.
Se não produzir, eu meto o relho.
—
Se ele exercita
sua inteligência,
é problema só da sua ambiência.
Só me interessa a sua adimplência.
—
Aqui, é mais-trabalho
e mais-valia,
lucro diário, para me trazer alegria,
todas as horas, entra dia, sai dia.
—
Quem é pobre tem que
trabalhar.
O zé-povinho que se escravizar.
E eu, é claro, tenho que enricar.
—
Desde o tempo do 'botinhas',1
a realeza
soube explorar direitinho a alheia destreza.
Essa sempre foi a magna lei da esperteza.
—
Quem prega exclusivamente prega.
Quem fumega unicamente fumega.
Quem carrega somente carrega.
—
Quem enrenda apenas enrenda.
Quem legenda apenas legenda.
Quem remenda apenas remenda.
—
Galinha nasceu pra botar ovo.
Caranguejo é pescado com covo.
Eu oprimo. O que nisso há de novo?
—
Oprimir é parte do meu
DNA.
'La Vita Ultraterrena?' 'Al di là?'
Ora bolas, eu vivo no lado de cá!
—
O outro? Ele não é
meu amigo.
Até que eu seja enfiado no jazigo,
só cuidarei do meu próprio umbigo.
—
A tal da Lei da Causa e do
Efeito?
Que faz entrar nos eixos o malfeito?
O bom Pedroca é meu amigo do peito!
—
E assim, numa boa, eu vou levando.
Cada vez mais, só vou me locupletando.
Quem quiser que me chame de infando.
Georg
Wilhelm Friedrich Hegel (Stuttgart, 27 de agosto de 1770 – Berlim,
14 de novembro de 1831) foi mais longe, e sentenciou: Subdividir
um homem significa executá-lo... A subdivisão do trabalho
é o assassinato de um povo.
Por
exemplo, a divisão
manufatureira do trabalho cria, por meio da análise da atividade
artesanal, da especificação dos instrumentos de trabalho,
da formação dos trabalhadores especiais, de sua agrupação
e combinação em um mecanismo global, a graduação
qualitativa e a proporcionalidade quantitativa de processos sociais de produção,
portanto, determinada organização do trabalho social, e desenvolve,
com isso, ao mesmo tempo, nova força produtiva social do trabalho.
Como forma especificamente capitalista do processo de produção
social –
e sob as bases preexistentes ela não poderia se desenvolver de outra
forma, a não ser na capitalista –
é apenas um método especial de produzir
mais-valia relativa ou aumentar a autovalorização do capital,
o que se denomina riqueza social, wealth of nations [riqueza
das nações] etc., à custa dos trabalhadores.
Ela desenvolve a força produtiva social do trabalho não só
para o capitalista, em vez de para o trabalhador, mas, também, por
meio da mutilação do trabalhador individual. Produz novas
condições de dominação do capital sobre o trabalho.
Ainda que apareça, de um lado, como progresso histórico e
momento necessário de desenvolvimento do processo de formação
econômica da sociedade, por outro, ela surge como um meio de exploração
civilizada e refinada.
Partindo
do pressuposto de que línguas diversas designam entes idênticos
com palavras diferentes, pode-se chegar logo à conclusão de
que a (ou uma) tradução é possível, porque os
entes referidos são os mesmos. Ou seja, verificando que, em vez de
dizer “casa”, em outra língua se diz “house”
ou “maison”, ou que, em vez de “cavalo” é
dito “horse” ou “cheval”, em suma, que o ente A
é designado numa língua pela palavra a e que, em outra língua,
este mesmo ente seja designado pela palavra a’, conclui-se: a tradução
é possível porque, se A =
A, então, a =
a. Entretanto, na tradução de textos
estritamente literários, nem sempre a tradução “correta”
é efetivamente a melhor tradução: as perdas e os acréscimos
em tais processos de transposição podem, às vezes,
ser
de tal monta, que é necessário criar novos
termos, literalmente mais exatos, e o dicionário pode, inclusive,
não ser o melhor conselheiro. Por isto, com reserva, prudência
e recato, se pode dizer: traduttori,
traditori (tradutores, traidores). A tradução
deve ser um diálogo com o original, e deve acompanhá-lo como
se fosse a sua sombra, ainda que traduzir seja administrar desequilíbrios
e carências. Para não ir tão longe nos conceitos de
forma, conteúdo, coisa significada, significante e o que é
tornado significativo, o que foi dito acima quer dizer o quê? O fato
é que pode ocorrer que ainda que A
B, se tenha a =
b’. Nesse sentido, o Idealismo se engana ao pressupor, de modo absoluto,
que se tem primeiro a língua e depois, em decorrência, o real.
Acerta, porém –
assim como o Materialismo Vulgar acerta ao partir dos entes –
quando insiste na não-correspondência exata
entre palavras de línguas diferentes, bem como no fato de elas configurarem
uma divisão e uma ênfase diferenciada do real. E isso gera
o quê? Nunca se tem uma correspondência exata de uma língua
para outra, mas, exatamente, a diferença é que coloca a possibilidade
e a necessidade desse diálogo, que é a tradução.
Todavia, qualquer tradução não é pura identidade,
mas, diálogo em busca de identificação, ou seja, de
encontro de diferenças. Nenhuma tradução pode ser a
reprodução absoluta da identidade do original, porque o próprio
original não tem essa identidade absoluta, pois, é sempre
uma recriação a partir do presente, e guarda, em seus passos,
as contradições do seu tempo. O fato é que não
há tradução sem interpretação, e essa
interpretação busca a identidade através das diferenças
de língua e de cultura, através do complexo jogo de identidade
e de diferenças entre palavras e entes, acrescido do complicador
que, geralmente, os tradutores tendem a ser escritores de nível inferior
ao dos autores, produzindo uma tradução que se inclina a ser
um texto de qualidade inferior à do original. A situação
se torna ainda mais grave quando são feitas traduções
a partir de traduções,
o que é muito comum. Seja como for, a boa tradução
deve ser o próprio original funcionando na língua-receptora
como um original. Então, considerando o Materialismo
Vulgar, o Idealismo e o Materialismo
Histórico-Dialético, tem-se:
1.
Tese: MATERIALISMO VULGAR
Sendo A, B, C, D... =
a, b, c, d...
e A, B, C, D... =
a’,
b’, c’, d’...
como A, B, C, D... =A,
B, C, D...
então, a, b, c, d... =
a’, b’,
c’, d’...
2. Antítese: IDEALISMO
Sendo a, b, c, d... =A,
B, C, D...
e a’, b’, c’, d’... =
A’, B’,
C’, D’...
como A, B, C, D...
A’, B’,
C’, D’...
então, a, b, c, d...
a’, b’,
c’, d’...
3. Síntese: MATERIALISMO HISTÓRICO-DIALÉTICO
Sendo A, (B), C, D...
a, (b), c, d...
e A’, B’, (C’), D’...
a’, b’, (c’), d’...
como A, (B), C, D...
A’, B’, (C’), D’...
então, a, (b), c, d...
a’, b’, (c’), d’...
O
filósofo e economista britânico
John Stuart Mill (Londres, 20 de maio de 1806 –
Avignon, 8 de maio de 1873), em seus Princípios da Economia Política,
registrou: É de se
duvidar que todas as invenções mecânicas até
agora feitas aliviaram a labuta diária de algum ser humano.
Tal não é também de modo algum a finalidade da maquinaria
utilizada como capital. Igual a qualquer outro desenvolvimento da força
produtiva do trabalho, ela se destina a baratear mercadorias e a encurtar
a parte da jornada de trabalho que o trabalhador precisa para si mesmo,
a fim de encompridar a outra parte da sua jornada de trabalho, que ele dá
de graça para o capitalista. Ela é meio de produção
de mais-valia. [De maneira
geral, s.m.j., penso que se possa afirmar que nenhuma invenção
tenha como intento primário favorecer a Humanidade; pelo contrário,
a intenção é o benefício fruitivo de quem a
inventa.]
O
caráter cooperativo do processo de trabalho vem se tornando, progressivamente,
uma necessidade técnica ditada pela natureza do próprio meio
de trabalho.
Como
qualquer outro componente do capital constante, a maquinaria não
cria valor, mas transfere seu próprio valor ao produto para cuja
feitura ela serve. À medida que tem valor, e, por isso, transfere
valor ao produto, ela se constitui num componente de valor do mesmo. Ao
invés de barateá-lo, encarece-o proporcionalmente a seu próprio
valor. E é evidente que máquina e maquinaria desenvolvidas
sistematicamente –
o meio característico de trabalho da grande indústria –
contêm desproporcionalmente mais valor, em comparação
com os meios de trabalho do artesanato e da manufatura.
À
medida que a maquinaria tornou a força muscular dispensável,
ela se tornou o meio de utilizar trabalhadores sem força muscular
ou com desenvolvimento corporal imaturo, mas, com membros de maior flexibilidade.
Por isso, o trabalho de mulheres e de crianças foi a primeira palavra
de ordem da aplicação capitalista da maquinaria! Com isso,
esse poderoso meio de substituir trabalho e trabalhadores se transformou
rapidamente num meio de aumentar o número de assalariados, colocando
todos os membros da família dos trabalhadores, sem distinção
de sexo nem de idade, sob o comando imediato do capital. O trabalho forçado
para o capitalista usurpou não apenas o lugar do folguedo infantil,
mas, também, o trabalho livre no círculo doméstico,
dentro de limites decentes, para a própria família.
A
maquinaria, ao lançar todos os membros da família do trabalhador
no mercado de trabalho, reparte o valor da força de trabalho do homem
por toda sua família. Ela desvaloriza, portanto, sua força
de trabalho. A compra de uma família parcelada, por exemplo, em 4
forças de trabalho, custa, talvez, mais do que anteriormente a compra
da força de trabalho do cabeça da família, mas, em
compensação, surgem 4 jornadas de trabalho no lugar de uma,
e o preço delas cai proporcionalmente ao excedente de mais-trabalho
dos quatro em relação ao mais-trabalho de um. Agora, quatro
precisam fornecer não só trabalho, mas, mais-trabalho para
o capital, para que uma família possa viver. Assim, a maquinaria,
desde o início, ampliou o material humano de exploração,
o campo propriamente de exploração do capital, assim como,
ao mesmo tempo, o grau de exploração. O capital, assim, passou
a comprar menores ou semidependentes. Anteriormente,
o trabalhador vendia sua própria força de trabalho,
da qual dispunha como pessoa formalmente livre. Agora vende mulher e filhos.
Torna-se mercador de escravos. A procura por trabalho infantil se assemelha,
freqüentemente também na forma, à procura de escravos
negros, como se costumava ler em anúncios de jornais americanos.
A
ruína física que a maquinaria submete à exploração
do capital, primeiro diretamente nas fábricas, que rapidamente crescem
com base nela, e, depois, indiretamente, em todos os demais ramos industriais,
produz como resultado a monstruosa mortalidade de filhos de trabalhadores
em seus primeiros anos de vida. Como demonstrou, na Inglaterra, uma investigação
médica oficial, em 1861, abstraindo circunstâncias locais,
as altas taxas de mortalidade se devem, principalmente, à ocupação
extradomiciliar das mães e ao descuido e aos maus-tratos das crianças
daí decorrentes — entre outras coisas, alimentação
inadequada, falta de alimentação, administração
de opiatos etc. — além da alienação antinatural
das mães contra seus filhos, e, conseqüentemente, esfomeação
e envenenamento propositais.
—
Tanto karma...
E mais karma!
E bota karma nisso!
E toma de compensação e de dor!
Oh! Irresponsabilidade!
— Tanto karma...
E mais karma!
E bota karma nisso!
E toma de compensação e de dor!
Oh! Crueldade!
— Tanto karma...
E mais karma!
E bota karma nisso!
E toma de compensação e de dor!
Oh!Impiedade!
— Tanto karma...
E mais karma!
E bota karma nisso!
E toma de compensação e de dor!
Oh! Anormalidade!
— Vidas e mais vidas...
Desperdiçadas!
Vidas e mais vidas...
Desbaratadas!
Vidas e mais vidas...
Apocopadas!
Vidas e mais vidas...
Inutilizadas!
— Hoje... Foi ontem.
Ontem... Foi sempre.
Sempre... Não será para sempre.
Ou será LLuz ou será entropia.
Ou será VIDA ou será morte.
Para tudo há um limite,
até para o próprio limite,
que não pode ultrapassar um certo limite.
— A escuridade não
prevalecerá.
A insanidade não prevalecerá.
A separatividade não prevalecerá.
— A Unimultiplicidade
preponderará.
A Unimultifraternidade predominará.
O Amor Categórico sobreexcederá.
— Oh! Até quando repetirei
essas coisas?
Oh! Até quando chorarei as mesmas dores?
Oh! Até quando invocarei LLuz, Bem e Beleza?
—
Oh! Quanto tempo durará o suplício,
e teremos que esperar pela rosa de abril,
que só abre no início da primavera?
Exploração
Capitalista do Trabalho de Mulheres +
Crianças =
Degradação
Moral.
Transformação
de Pessoas Imaturas em Meras Máquinas de Produção de
Mais-valia =
Devastação Intelectual.
No
passado, por exemplo, na Escócia, os fabricantes procuravam excluir
e não contratar, na medida do possível, crianças obrigadas
a freqüentar a escola, pois, eram completamente avessos e demonstravam
grande hostilidade contra as cláusulas educacionais.
A
produtividade da maquinaria é inversamente proporcional à
grandeza da parcela de valor por ela transferida para o produto. Quanto
mais longo o período em que funciona, tanto maior a massa dos produtos
sobre a qual se reparte o valor por ela adicionado, e tanto menor a parte
do valor que ela adiciona à mercadoria individual.
Logo
que se introduz maquinaria em qualquer ramo da produção,
aparecem, passo a passo, novos métodos para reproduzi-la mais barato,
e aperfeiçoamentos que atingem não só partes ou dispositivos
isolados, mas, toda a sua construção. Por isso, em seu primeiro
período de vida, esse motivo especial para o alongamento da jornada
de trabalho atua de modo mais agudo.
Para
um capitalista fominha, é sempre desejável um prolongamento
sempre crescente da jornada de trabalho.
A
máquina produz mais-valia relativa não só ao desvalorizar
diretamente a força de trabalho e, indiretamente, ao baratear as
mercadorias que entram em sua reprodução, mas, também,
em suas primeiras aplicações esporádicas, ao transformar
em trabalho potenciado o trabalho empregado pelo dono das máquinas,
ao elevar o valor social do produto da máquina acima de seu valor
individual, possibilitando ao capitalista assim substituir, com uma parcela
menor de valor do produto diário, o valor diário da força
de trabalho. Durante esse período de transição, em
que a produção mecanizada permanece uma espécie de
monopólio, os lucros são, por isso, extraordinários,
e o capitalista procura explorar ao máximo essa “lua-de-mel”
por meio do maior prolongamento possível da jornada de trabalho.
A grandeza do ganho estimula a voracidade por mais ganho.
—
Eu não estou satisfeito
com um lucro de só 10%;
quero mais, quero 20%.
—
Eu não estou satisfeito
com um lucro de só 20%;
quero mais, quero 30%.
—
Eu não estou satisfeito
com um lucro de só 30%;
quero mais, quero 50%.
—
Eu não estou satisfeito
com um lucro de só 50%;
quero mais, quero 100%.
—
Eu não estou satisfeito
com um lucro de só 100%;
quero mais, quero tudo%.
A
massa da mais-valia é determinada por dois fatores: a taxa de mais-valia
e o número de trabalhadores simultaneamente ocupados.
Com
a generalização da maquinaria em um mesmo ramo de produção,
cai o valor social do produto da máquina para seu valor individual
e se impõe a lei de que a mais-valia não se origina das forças
de trabalho que o capitalista substituir pela máquina, mas, pelo
contrário, das forças de trabalho que ocupa com ela. A mais-valia
só se origina da parte variável do capital, e a massa da mais-valia
é determinada por dois fatores: a taxa de mais-valia e o número
de trabalhadores simultaneamente ocupados. Dada a duração
da jornada de trabalho, a taxa de mais-valia é determinada pela proporção
em que a jornada se divide em trabalho necessário e mais-trabalho.
O número de trabalhadores simultaneamente ocupados depende, por sua
vez, da proporção entre a parte variável do capital
e a constante. Agora, é claro que a produção mecanizada,
como quer que expanda, mediante o aumento da força produtiva do trabalho,
o mais-trabalho à custa do trabalho necessário, só
alcança esse resultado ao diminuir o número de operários
ocupados por dado capital. Ela transforma parte do capital, que antes era
variável, isto é, que se convertia em força de trabalho
viva, em maquinaria, portanto em capital constante, que não produz
mais-valia. É impossível, por exemplo, espremer tanta mais-valia
de 2 empregados quanto de 24. Se cada um dos 24 trabalhadores fornecer de
cada 12 horas apenas 1 hora de mais-trabalho, juntos eles fornecem 24 horas
de mais-trabalho, enquanto o trabalho global dos 2 trabalhadores só
compreende 24 horas. Há, portanto, na aplicação da
maquinaria à produção de mais-valia, uma contradição
imanente, já que dos dois fatores da mais-valia que um capital de
dada grandeza fornece ela só aumenta um, a taxa de mais-valia, porque
reduz o outro fator, o número de trabalhadores. Essa contradição
imanente se evidencia assim que, com a generalização da maquinaria
em um ramo da indústria, o valor da mercadoria produzida mecanicamente
se torna o valor social que regula todas as mercadorias da mesma espécie,
e é essa contradição que, por sua vez, impele o capital,
sem que ele tenha consciência disso, ao prolongamento mais violento
da jornada de trabalho, para compensar a redução do número
relativo de trabalhadores explorados por meio do aumento do mais-trabalho
não só relativo, mas também absoluto.
Se
a aplicação capitalista da maquinaria produz, por um lado,
novos e poderosos motivos para o prolongamento desmedido da jornada de trabalho
e revoluciona o próprio modo de trabalho, bem como o caráter
do corpo social de trabalho, de tal maneira que quebra a oposição
contra essa tendência, ela produz, por outro lado, em parte mediante
a incorporação do capital de camadas da classe trabalhadora
antes inacessíveis, em parte mediante a liberação dos
trabalhadores deslocados pela máquina, uma população
operária excedente, compelida a aceitar a lei ditada pelo capital.
Daí o notável fenômeno na história da indústria
moderna de que a máquina joga por terra todos os limites morais e
naturais da jornada de trabalho. Daí o paradoxo econômico de
que o meio mais poderoso para encurtar a jornada de trabalho se torna o
meio infalível de transformar todo o tempo de vida do trabalhador
e de sua família em tempo de trabalho disponível para a valorização
do capital. Se,
sonhava Aristóteles, cada
ferramenta, obedecendo às ordens, ou mesmo pressentindo-as, pudesse
realizar a obra que lhe coubesse, como os engenhos de Dédalo, que
se movimentavam por si mesmos, ou as trípodes de Hefaísto,
que iam por si mesmas ao trabalho sagrado, se as lançadeiras tecessem
por si mesmas, não seriam, então, necessários auxiliares
para o mestre-artesão nem escravos para o senhor.
Por
que, ,
escravizamos?
Escravizamos porque consideramos o outro uma mercadoria.
Escravizamos porque somos ignorantões.
(Ignorantão = Muito ignorante, porém, pretensioso.)
Escravizamos porque somos genocidas.
Escravizamos porque somos fominhas.
Escravizamos porque somos mesquinhos.
Escravizamos porque somos unhas-de-fome.
Escravizamos porque somos delirantes egoístas.
Escravizamos porque somos reles e ordinários.
Escravizamos porque somos desfraternos.
Escravizamos porque somos campeões
da Grande Heresia da Separatividade.
Escravizamos porque, por dentro, estamos mortos.
Escravizamos porque, mortos, vivemos
surdos para a Voz do nosso Deus Interior.
Escravizamos porque, mortos, vivemos
cegos para a LLuz
do nosso Sol Interior.
Escravizamos, enfim, porque somos fiéis
não a nobres
imperativos categóricos,
não à Unimultiplicidade Cósmica,
não ao Summum
Bonum e à Beleza,
não ao Amor, à Justiça e à Eqüidade,
não à Misericórdia, ao Altruísmo e à
Solidariedade,
não ao FIAT
VOLUNTAS TUA,
não a 1 + 1 = 1 nem
a 1 – 1 = 1,
não a 666
– que não é 666
–
não ao
ESPAÇO-TEMPO – que não é
espaço-tempo
–
não ao HOJE
– que não é
hoje
–
não ao QUERER
– que não é
querer
–
não ao SABER
– que não é
saber
–
não ao OUVIR
– que não é
ouvir
–
não ao CALAR
– que não é
calar
–
não à VIDA
– que não é
vida
–
não ao O-QUE-É
– que não é
o-que-é
–
mas, sim, sempre, só às nossas torpes miralusões,
sob o comando
do nosso Manipura
–
porque, primeiro, ainda somos escravos de nós mesmos,
O que precisamos
ter em mente é que,
em nossa peregrinação,
já passamos do meio da Estrada!
Continua...