O CAPITAL
(Uma Análise ± Esotérica)

Parte VI

 

 

 

O Capital

O Capital
(Livro 1, capa da 1ª edição, 1867)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este rascunho se constitui da 6ª parte de uma coletânea de fragmentos (eventual e esotérico-despretensiosamente comentados e, algumas vezes, ligeiramente editados) de O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx, que constitui uma análise do Capitalismo (crítica da Economia Política). Muitos consideram esta obra o marco do pensamento socialista-marxista. Deste conjunto de livros, o único que foi lançado em vida por Marx foi O Processo de Produção do Capital, em 1867. Os outros foram publicados após a sua morte, ficando as edições a cargo de Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de agosto de 1895). Devo enfatizar que este estudo não é para especialistas nem para comunistas; ao prepará-lo, tive em mente a pessoa comum, que nunca leu O Capital ou sequer ouviu falar deste livro. Por isto, não é mais do que um despretensioso rascunho. Meu intento foi compatibilizar (ou incompatibilizar) a obra com alguns princípios esotéricos fundamentais. Seja como for, quantos lembram das passagens a seguir do Evangelho de Mateus? Não ajunteis tesouros na Terra, onde as traças e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem as traças nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso Coração. (Mateus, VI:19 a 21). Disse-lhe Jesus: se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois, vem, e me segue. (Mateus, XIX:21). Uma coisa eu tenho certeza: ao longo dos séculos, o próprio Vaticano esqueceu destas recomendações!

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Karl Heinrich Marx

Karl Heinrich Marx

 

 

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx, em Economia, estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o Capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista e O Capital os mais proeminentes.

 

Marx nasceu em uma família de classe média em Tréveris, na Renânia Prussiana, e estudou nas Universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas idéias filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o Rheinische Zeitung, um jornal radical publicado em Colônia, e começou a trabalhar na Teoria da Concepção Materialista da História. Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos, onde continuou a escrever e a formular suas teorias sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o Socialismo, e se tornou uma figura significativa na Associação Internacional dos Trabalhadores.

 

As teorias de Marx sobre a sociedade, a Economia e a política – a compreensão coletiva do que é conhecido como Marxismo sustentam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão-de-obra para a produção), e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos. Além disto, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o Capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema: o Socialismo. Ele argumentava que os antagonismos no sistema capitalista, entre a burguesia e o proletariado, seriam conseqüência de uma guerra perpétua entre a primeira e as demais classes ao longo da História. Isto, associado à sociedade industrial e ao acúmulo de Capital, geraria a sua classe antagônica, que resultaria na conquista do poder político pela classe operária e, eventualmente, no estabelecimento de uma sociedade sem classes e apátrida o Comunismo regida por uma livre associação de produtores. Marx, ativamente, argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o Capitalismo e provocar mudanças socioeconômicas.

 

Elogiado e criticado, Marx tem sido descrito como uma das figuras mais influentes na História da Humanidade. Muitos intelectuais, sindicatos e partidos políticos em nível mundial foram influenciados por suas idéias, com muitas variações sobre o seu trabalho base. Marx é normalmente citado, ao lado de David Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 Paris, 15 de novembro de 1917) e Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 Munique, 14 de junho de 1920), como um dos três principais arquitetos da Ciência Social moderna.

 

 

 

Fragmentos Marxistas

 

 

 

O modo de produção material modificado e as condições sociais modificadas, que lhe correspondem, dos produtores, dão origem, primeiramente, a abusos desmedidos e provocam, então, em contraposição, o controle social, que limita, regula e uniformiza legalmente a jornada de trabalho com suas pausas. Esse controle aparece, portanto, durante a primeira metade do século XIX, apenas como legislação de exceção.

 

A história da regulamentação da jornada de trabalho, em alguns modos de produção, e a luta que ainda prossegue em outros por essa regulamentação demonstram palpavelmente que o trabalhador individual, o trabalhador como livre-vendedor de sua força de trabalho, com certo nível de amadurecimento da produção capitalista, se encontra incapaz de resistir. A criação de uma jornada normal de trabalho é, por isso, o produto de uma guerra civil de longa duração, mais ou menos oculta entre a classe capitalista e a classe trabalhadora. Como a luta foi inaugurada no âmbito da indústria mais moderna, se travou primeiro na terra natal dessa indústria na Inglaterra. Os trabalhadores fabris ingleses foram os campeões da moderna classe trabalhadora, não somente inglesa, mas, em geral, como também seus teóricos foram os primeiros a lançar a luva à teoria do capital.

 

 

 

 

Nos Estados Unidos da América do Norte, todo movimento operário independente ficou paralisado enquanto a escravatura desfigurava uma parte da República. O trabalhador de pele branca não podia se emancipar onde o trabalhador de pele negra era marcado com ferro em brasa. Mas, da morte da escravidão nasceu imediatamente uma vida nova e rejuvenescida. O primeiro fruto da guerra civil foi a agitação pelas 8 horas, que se propagou com as botas de sete léguas da locomotiva do Atlântico ao Pacífico, de Nova Inglaterra até a Califórnia. O congresso geral de trabalhadores de Baltimore (que se reuniu de 20 a 25 de agosto de 1866, em Baltimore) declarou:

A primeira e mais importante exigência dos tempos presentes, para libertar o trabalho deste País da escravidão capitalista, é a promulgação de uma lei, pela qual deve ser estabelecida uma jornada normal de trabalho de 8 horas, em todos os Estados da União. Estamos decididos a empregar todas as nossas forças até termos alcançado esse glorioso resultado.

Ao mesmo tempo (início de setembro de 1866), decidiu o Congresso Internacional de Trabalhadores, em Genebra, por proposta do Conselho Geral de Londres:

Declaramos a limitação da jornada de trabalho uma condição preliminar, sem a qual todas as demais tentativas para a emancipação devem necessariamente fracassar. Propomos 8 horas de trabalho como limite legal da jornada de trabalho. [8 horas de trabalho como limite legal da jornada de trabalho eu acho muito. Tenho certeza de que, no futuro, a jornada de trabalho será de, no máximo, 6 horas.]

Assim, o movimento de trabalhadores, surgido instintivamente das
próprias condições de produção, em ambos os lados do Atlântico, consagrou as palavras do inspetor de fábricas inglês R. J. Saunders:

 

Novos passos para a reforma da sociedade não poderão ser dados com qualquer perspectiva de sucesso, se não for limitada antes a jornada de trabalho e estritamente imposta a observação do limite prescrito.

 

 

Divisão do dia em horas

 

 

No futuro,
trabalharemos apenas 6 horas.

No futuro,
não existirá mais-valia.

No futuro,
não existirá lucro exorbitante.

No futuro,
não existirá mais-trabalho.

No futuro,
não existirá trabalho infanto-juvenil.

No futuro,
não existirá escravização.

No futuro,
não existirá exploração.

No futuro,
não existirá deseqüidade social.

No futuro,
não existirão miséria e fome.

No futuro,
não existirá sentimento íntimo de solidão.

No futuro,
não existirão desamparo e sofrimento psíquico.

No futuro,
não existirão violência e terrorismo.

No futuro,
não existirão despotismo e tirania.

No futuro,
não existirão crueldades e matanças.

No futuro,
não existirão assassinato e suicídio.

No futuro,
não existirão guerras fratricidas.

No futuro,
não existirão corrupção e vantagismo.

No futuro,
não existirá dindim na cueca ou na calcinha.

No futuro,
não existirá orçamento secreto.

No futuro,
não existirá rachadinha descarada.

No futuro,
não existirá foro privilegiado.

No futuro,
não existirão paraísos fiscais.

No futuro,
não existirá gabinete do ódio.

No futuro,
não existirão negacionismo e antivacinismo.

No futuro,
não existirá a lenda do jacaré.

No futuro,
não existirá desrespeito à 3ª Hierarquia.

No futuro,
não existirá desrespeito à 2ª Hierarquia.

No futuro,
não existirá desrespeito à 1ª Hierarquia.

No futuro,
não existirá a Grande Heresia da Separatividade.

No futuro,
compreenderemos que somos todos

 

 

A massa da mais-valia diária produzida é igual à mais-valia que a jornada de trabalho do trabalhador individual fornece, multiplicada pelo número dos trabalhadores empregados. [Quer dizer: quanto maior o número dos trabalhadores empregados, maior é a mais-valia. Ou, como enunciou Marx: A massa da mais-valia produzida é igual à grandeza do capital variável adiantado multiplicado pela taxa de mais-valia ou é determinada pela relação composta entre o número das forças de trabalho exploradas simultaneamente pelo mesmo capitalista e o grau de exploração da força de trabalho individual. Anteriormente, Marx explicara que o capital variável se aplica nos salários que compram a força de trabalho e, por isso, representa a única parte do capital que varia no processo produtivo, uma vez que se incrementa pela produção de mais-valia. A valorização particular do capital variável dá lugar à valorização do capital em sua totalidade.]

 

Há uma distinção entre trabalho e força de trabalho. O trabalho é o uso da força de trabalho, cujo conteúdo consiste nas aptidões físicas e intelectuais do operário. Sendo assim, o salário não paga o valor do trabalho, mas, o valor da força de trabalho, cujo uso, no processo produtivo, cria um valor maior do que o contido no salário. O valor de uso da força de trabalho consiste precisamente na capacidade, que lhe é exclusiva, de criar um valor de grandeza superior à sua própria. O dono do capital (empregador do operário) se apropria deste sobrevalor ou mais-valia sem retribuição.

 

A massa de valor e de mais-valia que um capitalista individual produz depende exclusivamente da massa de trabalho que ele põe em movimento, que, por sua parte, depende da massa de força de trabalho ou do número de trabalhadores que ele explora, e esse número, por sua vez, é determinado pela grandeza do capital variável adiantado. Dados a taxa de mais-valia e o valor da força de trabalho, as massas de mais-valia produzidas estarão sempre em razão direta às grandezas dos capitais variáveis adiantados.

 

 

 

 

Para que alguém possa ganhar,
ipso facto, outrem terá que perder.
Para que alguém possa enricar,
ipso facto, outrem terá que se desprover.

Mas, nessa sanfona perde-ganha,
na realidade, só há perdas:
perde aquele que de fato perde,
e perde aquele que pensa ganhar.

Ora, se o Unimultiverso é
tudo sempre perfaz uma Unidade.

Se alguém ganha, todos perdem,
inclusive aquele que parece ganhar.
Se alguém padece, todos padecem,
inclusive aquele que parece se alegrar.

Se, aqui ou ali, alguém é tiranizado,
a Humanidade inteira é tiranizada.
Se alguém age e atua como tirano,
o primeiro constrangido é ele próprio.

O Kosmos é uma corrente sem-fim
com um número ilimitado de elos
– todos conectados e vinculados.
O que suceder a um sucederá a todos.

Nesta atual Raça-raiz Ária, ainda
não percebemos a unimultiplicidade,
porque estamos surdos para o Verbum
e mergulhados em Fatas Morganas.

Todavia, na Raça-raiz que está vindo,
o que foi perdido será reencontrado,
o que foi esquecido será relembrado,
o que foi transgredido será observado.

 

 

 

 

Recordando: o capitalista divide o seu capital em duas partes. Uma parte despende com meios de produção. Essa é a parte constante de seu capital. A outra parte converte em força de trabalho viva. Essa parte constitui seu capital variável.

 

As massas de valor e mais-valia produzidas por diferentes capitais estão com dado valor da força de trabalho e igual grau de exploração da mesma em razão direta às grandezas dos componentes variáveis desses capitais, isto é, de seus componentes transformados em força de trabalho viva.

 

O trabalho que o capital total de uma sociedade põe em movimento, dia-a-dia, pode ser considerado uma única jornada de trabalho. Então, se, por exemplo, o número de trabalhadores é de 1 milhão e a jornada de trabalho média de um trabalhador é de 10 horas, a jornada de trabalho social será de 10 milhões de horas. Dada a duração desta jornada de trabalho, a massa de mais-valia só pode ser aumentada por meio do aumento do número de trabalhadores, isto é, da população trabalhadora. Portanto, o crescimento da população constituirá o limite matemático da produção de mais-valia pelo capital total social? Pelo contrário. Com dada grandeza da população, esse limite será constituído pelo prolongamento possível da jornada de trabalho.

 

A mera transformação do dinheiro em fatores objetivos do processo de produção, isto é, em meios de produção, torna os últimos títulos jurídicos e títulos coercitivos ao trabalho e mais-trabalho alheios. Essa inversão, particular e característica da produção capitalista, essa distorção da relação entre trabalho morto e vivo, entre valor e força criadora do valor, se reflete na consciência das cabeças capitalistas.

 

Suponha uma jornada de trabalho de 12 horas [o que, em si, já é uma absurdeza], cuja duração e cuja divisão em trabalho necessário e mais-trabalho sejam dadas pela linha ac, assim subdividida: . O segmento representa 10 horas de trabalho necessário, e o segmento 2 horas de mais-trabalho. Não se pode aumentar a produção de mais-valia o que equivale a prolongar o mais-trabalho sem qualquer prolongamento ou independentemente de qualquer prolongamento de ac. Em outras palavras: mais-valia aumento na quantidade de horas trabalhadas. O que precisa ficar entendido é que o mais-trabalho corresponde ao tempo de trabalho extra que produz mais-valia para o capitalista.

 

Denomina-se mais-valia absoluta a mais-valia produzida pelo prolongamento da jornada de trabalho. Denomina-se mais-valia relativa a mais-valia que decorre da redução do tempo de trabalho e da correspondente mudança da proporção entre os dois componentes da jornada de trabalho.

 

O valor de uma mercadoria não é determinado apenas pelo quantum de trabalho que lhe dá sua forma definitiva, mas, também, pela massa de trabalho contida em seus meios de produção.

 

O verdadeiro valor de uma mercadoria não é seu valor individual, mas, sim, seu valor social, isto é, não se mede pelo tempo de trabalho que custa realmente ao produtor, no caso individual, mas, pelo tempo de trabalho socialmente exigido para sua produção.

 

Para cada capitalista individual, existe motivo para baratear a mercadoria mediante aumento da força produtiva do trabalho. No entanto, mesmo nesse caso, a produção mais elevada de mais-valia decorre da redução do tempo de trabalho necessário e do correspondente prolongamento do mais-trabalho.

 

É impulso imanente e tendência constante do capital aumentar a força produtiva do trabalho para baratear a mercadoria e, mediante o barateamento da mercadoria, baratear o próprio trabalhador.

 

O valor absoluto da mercadoria é, em princípio, indiferente ao capitalista que a produz. Só lhe interessa a mais-valia contida nela e realizável na venda. A realização da mais-valia implica, por si mesma, a reposição do valor adiantado. Uma vez que a mais-valia relativa cresce na razão direta do desenvolvimento da força produtiva do trabalho, enquanto o valor das mercadorias cai na razão inversa desse mesmo desenvolvimento, sendo, portanto, o mesmo processo idêntico que barateia as mercadorias e eleva a mais-valia contida nelas, fica solucionado o mistério de que o capitalista, para quem importa apenas a produção de valor de troca, tenta constantemente reduzir o valor de troca das mercadorias.

 

Economia do trabalho por meio do desenvolvimento da força produtiva do trabalho não objetiva, na produção capitalista, a redução da jornada de trabalho. Seu objetivo é apenas reduzir o tempo de trabalho necessário para a produção de determinado quantum de mercadorias. O fato de que o trabalhador, com força produtiva aumentada de seu trabalho, produz, em 1 hora, digamos 10 vezes mais mercadorias do que antes, precisando, portanto, 10 vezes menos tempo de trabalho para cada peça de mercadoria, não impede, de modo algum, de fazê-lo trabalhar, assim como antes, 12 horas e produzir, nestas 12 horas, 1.200 peças em vez de como antes 120. Sua jornada de trabalho até pode ser prolongada, ao mesmo tempo, de modo que produza agora, em 14 horas, 1.400 peças etc.

 

O desenvolvimento da força produtiva do trabalho, no seio da produção capitalista, tem por finalidade encurtar a parte da jornada de trabalho durante a qual o trabalhador tem de trabalhar para si mesmo, justamente para prolongar a outra parte da jornada do trabalho durante a qual pode trabalhar, gratuitamente, para o capitalista.

 

Para a produção de valor, não faz diferença que 1.200 trabalhadores produzam isoladamente ou unificados sob o comando do mesmo capital.

 

O homem não é, por natureza, um animal político, como achava Aristóteles, mas, sim, um animal social.1

 

Se o modo de produção capitalista se apresenta, por um lado, como uma necessidade histórica para a transformação do processo de trabalho em um processo social, por outro lado, essa forma social do processo de trabalho se apresenta como um método, empregado pelo capital, para, mediante o aumento da sua força produtiva, explorá-lo mais lucrativamente.

 

O motivo (objetivo) que impulsiona e determina o processo de produção capitalista é a maior autovalorização possível do capital, isto é, a maior produção possível de mais-valia, e, portanto, a maior exploração possível da força de trabalho pelo capitalista. [Isto pode ser resumido em três palavras: escravização, ganância e crueldade.]

 

 

 

 

A direção do capitalista não é só uma função específica surgida da natureza do processo social de trabalho e pertencente a ele; ela é, ao mesmo tempo, uma função de exploração de um processo social de trabalho e, portanto, condicionada pelo inevitável antagonismo entre o explorador e a matéria-prima de sua exploração. Do mesmo modo, com o volume dos meios de produção, que se colocam em face do assalariado como propriedade alheia, cresce a necessidade do controle sobre sua adequada utilização.

 

O capitalista não é capitalista porque ele é dirigente industrial; ele se torna comandante industrial porque ele é capitalista. O comando supremo na indústria se torna atributo do capital, como no tempo feudal o comando supremo na guerra e no tribunal era atributo da propriedade fundiária.

 

O trabalhador, enquanto mercadeja com o capitalista, só pode vender o que possui: sua força de trabalho individual isolada.

 

O poder dos reis asiáticos e egípcios ou dos teocratas etruscos etc. foi conferido, na sociedade moderna, ao capitalista, quer ele se apresente como capitalista individual, quer como nas sociedades por ações, como capitalista combinado.

 

A utilização da cooperação em grande escala no mundo antigo, na Idade Média e nas colônias modernas se baseia em relações diretas de domínio e servidão, na maioria das vezes na escravidão. A forma capitalista pressupõe, ao contrário, desde o princípio, o trabalhador assalariado livre, que vende sua força de trabalho ao capital.

 

A ocupação simultânea de um número relativamente grande de assalariados no mesmo processo de trabalho constitui o ponto de partida da produção capitalista, que coincide com a existência do próprio capital.

 

Trabalhador Coletivo = Trabalhadores Detalhistas. Sendo o produto parcial de cada trabalhador parcial apenas um degrau particular no desenvolvimento do mesmo artigo, cada trabalhador ou grupo de trabalhadores fornece ao outro sua matéria-prima. O resultado do trabalho de um constitui o ponto de partida para o trabalho do outro.

 

 

Charlie Chaplin
(Modern Times – Tempos Modernos)

 

 

Um trabalhador ocupa, portanto, diretamente o outro. O tempo de trabalho necessário para alcançar o efeito útil ambicionado em cada processo parcial é fixado de acordo com a experiência, e o mecanismo global da manufatura se baseia no pressuposto de que em dado tempo de trabalho um resultado dado é obtido. Somente sob esse pressuposto os diferentes processos de trabalho, que se complementam mutuamente, podem prosseguir espacialmente lado a lado, simultaneamente e sem interrupção. É claro que essa dependência direta dos trabalhos e, portanto, dos trabalhadores entre si, obriga cada indivíduo a empregar só o tempo necessário à sua função, produzindo-se, assim, continuidade, uniformidade, regularidade, ordenamento e nomeadamente também intensidade de trabalho totalmente diferentes das vigentes no ofício independente ou mesmo na cooperação simples. [E isto se traduz em mais-valia.] Que se aplique a uma mercadoria apenas o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, aparece na produção mercantil em geral como compulsão externa da concorrência, porque, expresso superficialmente, cada produtor individual tem de vender a mercadoria pelo seu preço de mercado. O fornecimento de dado 'quantum' de produtos num tempo de trabalho determinado se torna, por exemplo, na manufatura, lei técnica do próprio processo de produção. [O que tudo isto significa? Significa que, à medida que são melhorados os métodos e os mecanismos de produção, maior é a mais-valia e maior é o lucro dos capitalistas. Esta é simples explicação das fortunas concentradas nas mãos de poucos indivíduos na contemporaneidade.]

 

 

O trabalhador coletivo é a combinação de muitos trabalhadores parciais. Os trabalhadores são separados, classificados e agrupados segundo suas qualidades dominantes. Para o capitalista, o que importa é que o trabalhador coletivo possua todas as propriedades produtivas no mesmo grau de virtuosidade e ao mesmo tempo as utilize da maneira mais econômica, empregando todos os seus órgãos individualizados em trabalhadores ou grupos de trabalhadores determinados, exclusivamente para funções específicas. A unilateralidade e mesmo a imperfeição do trabalhador parcial se tornam sua perfeição como membro do trabalhador coletivo. O hábito de exercer uma função unilateral transforma o trabalhador individual em seu órgão natural e de atuação segura, enquanto a conexão do mecanismo global o obriga a operar com uma regularidade semelhante a um componente de uma máquina. [Como já fiz referência diversas vezes, o filme semimudo estadunidense, lançado em 1936, Tempos Modernos (em inglês: Modern Times), escrito e dirigido por Charlie Chaplin, no qual seu icônico personagem Little Tramp (O Vagabundo) tenta sobreviver no moderno mundo industrializado, mostra tudo isso perfeitamente bem.]

A desvalorização relativa da força de trabalho, que decorre da eliminação ou da redução dos custos de aprendizagem, implica diretamente em uma valorização maior do capital, pois, tudo o que reduz o tempo de trabalho necessário para reproduzir a força de trabalho amplia os domínios do mais-trabalho, [e, obviamente, dilata a mais-valia.]

 

 

 

Continua...

 

 

 

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Nota:

1. Certa vez escrevi:

Andros Zoon Politikon.
O homem é um animal político.
Muito mais do que isto,
o homem é um Deus Universal.

Andros Zoon Politikon é um conceito aristotélico. (In: Política, livro II).

 

Música de fundo:

L'internationale
Composição: Eugène Pottier (letra) & Pierre Chretien De Geyter (música)

Fonte:

http://drapeaurouge.free.fr/inter.html#fr

 

Páginas da Internet consultadas:

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https://dribbble.com/

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https://tenor.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

https://pcb.org.br/portal2/7333/ler-o-capital/

 

Direitos autorais:

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