A
massa da mais-valia diária produzida é igual à mais-valia
que a jornada de trabalho do trabalhador individual fornece, multiplicada
pelo número dos trabalhadores empregados.
[Quer dizer: quanto maior o número dos trabalhadores empregados,
maior é a mais-valia. Ou, como enunciou Marx: A
massa da mais-valia produzida é igual à grandeza do capital
variável adiantado multiplicado pela taxa de mais-valia ou é
determinada pela relação composta entre o número das
forças de trabalho exploradas simultaneamente pelo mesmo capitalista
e o grau de exploração da força de trabalho individual.
Anteriormente, Marx explicara que o
capital variável se aplica nos salários que compram a força
de trabalho e, por isso, representa a única parte do capital que
varia no processo produtivo, uma vez que se incrementa pela produção
de mais-valia. A valorização particular do capital variável
dá lugar à valorização do capital em sua totalidade.]
Há
uma distinção entre trabalho e força de trabalho. O
trabalho é o uso da força de trabalho, cujo conteúdo
consiste nas aptidões físicas e intelectuais do operário.
Sendo assim, o salário não paga o valor do trabalho, mas,
o valor da força de trabalho, cujo uso, no processo produtivo, cria
um valor maior do que o contido no salário. O valor de uso da força
de trabalho consiste precisamente na capacidade, que lhe é exclusiva,
de criar um valor de grandeza superior à sua própria. O dono
do capital (empregador do operário) se apropria deste sobrevalor
ou mais-valia sem retribuição.
A
massa de valor e de mais-valia que um capitalista individual produz depende
exclusivamente da massa de trabalho que ele põe em movimento, que,
por sua parte, depende da massa de força de trabalho ou do número
de trabalhadores que ele explora, e esse número, por sua vez, é
determinado pela grandeza do capital variável adiantado. Dados a
taxa de mais-valia e o valor da força de trabalho, as massas de mais-valia
produzidas estarão sempre em razão direta às grandezas
dos capitais variáveis adiantados.
Para
que alguém possa ganhar,
ipso facto,
outrem terá que perder.
Para que alguém possa enricar,
ipso facto, outrem
terá que se desprover.
Mas,
nessa sanfona perde-ganha,
na realidade, só há perdas:
perde aquele que de fato perde,
e perde aquele que pensa ganhar.
Ora,
se o Unimultiverso é
tudo sempre perfaz
uma Unidade.
Se
alguém ganha, todos perdem,
inclusive aquele que parece ganhar.
Se alguém padece, todos padecem,
inclusive aquele que parece se alegrar.
Se,
aqui ou ali, alguém é tiranizado,
a Humanidade inteira é tiranizada.
Se alguém age e atua como tirano,
o primeiro constrangido é ele próprio.
O
Kosmos
é uma corrente sem-fim
com um número ilimitado de elos
– todos conectados e vinculados.
O que suceder a um sucederá a todos.
Nesta
atual Raça-raiz Ária, ainda
não percebemos a unimultiplicidade,
porque estamos surdos para o Verbum
e mergulhados em Fatas
Morganas.
Todavia,
na Raça-raiz que está vindo,
o que foi perdido será reencontrado,
o que foi esquecido será relembrado,
o que foi transgredido será observado.
Recordando:
o capitalista divide o seu capital em duas partes. Uma parte despende com
meios de produção. Essa é a parte constante de seu
capital. A outra parte converte em força de trabalho viva. Essa parte
constitui seu capital variável.
As
massas de valor e mais-valia produzidas por diferentes capitais estão
com dado valor da força de trabalho e igual grau de exploração
da mesma em razão direta às grandezas dos componentes variáveis
desses capitais, isto é, de seus componentes transformados em força
de trabalho viva.
O
trabalho que o capital total de uma sociedade põe em movimento, dia-a-dia,
pode ser considerado uma única jornada de trabalho. Então,
se, por exemplo, o número de trabalhadores é de 1 milhão
e a jornada de trabalho média de um trabalhador é de 10 horas,
a jornada de trabalho social será de 10 milhões de horas.
Dada a duração desta jornada de trabalho, a massa de mais-valia
só pode ser aumentada por meio do aumento do número de trabalhadores,
isto é, da população trabalhadora. Portanto, o crescimento
da população constituirá o limite matemático
da produção de mais-valia pelo capital total social? Pelo
contrário. Com dada grandeza da população, esse limite
será constituído pelo prolongamento possível da jornada
de trabalho.
A
mera transformação do dinheiro em fatores objetivos do processo
de produção, isto é, em meios de produção,
torna os últimos títulos jurídicos e títulos
coercitivos ao trabalho e mais-trabalho alheios. Essa inversão, particular
e característica da produção capitalista, essa distorção
da relação entre trabalho morto e vivo, entre valor e força
criadora do valor, se reflete na consciência das cabeças capitalistas.
Suponha
uma jornada de trabalho de 12 horas [o
que, em si, já é uma absurdeza], cuja
duração e cuja divisão em trabalho necessário
e mais-trabalho sejam dadas pela linha ac, assim subdividida: .
O segmento representa
10 horas de trabalho necessário, e o segmento
2 horas de mais-trabalho. Não se pode aumentar a produção
de mais-valia – o
que equivale a prolongar o mais-trabalho –
sem qualquer prolongamento ou independentemente de qualquer
prolongamento de ac. Em outras palavras: mais-valia
aumento na quantidade de horas trabalhadas. O que precisa ficar entendido
é que o mais-trabalho corresponde ao tempo de trabalho extra que
produz mais-valia para o capitalista.
Denomina-se
mais-valia absoluta a mais-valia produzida
pelo prolongamento da jornada de trabalho. Denomina-se mais-valia relativa
a mais-valia que decorre da redução
do tempo de trabalho e da correspondente mudança da proporção
entre os dois componentes da jornada de trabalho.
O
valor de uma mercadoria não é determinado apenas pelo quantum
de trabalho que lhe dá sua forma definitiva, mas, também,
pela massa de trabalho contida em seus meios de produção.
O
verdadeiro
valor de uma mercadoria não é seu valor individual, mas, sim,
seu valor social, isto é, não se mede pelo tempo de trabalho
que custa realmente ao produtor, no caso individual, mas, pelo tempo de
trabalho socialmente exigido para sua produção.
Para
cada capitalista individual, existe
motivo para baratear a mercadoria mediante aumento da força
produtiva do trabalho. No entanto, mesmo nesse caso, a produção
mais elevada de mais-valia decorre da redução do tempo de
trabalho necessário e do correspondente prolongamento do mais-trabalho.
É
impulso imanente e tendência constante do capital aumentar a força
produtiva do trabalho para baratear a mercadoria e, mediante o barateamento
da mercadoria, baratear o próprio trabalhador.
O
valor absoluto da mercadoria é, em princípio, indiferente
ao capitalista que a produz. Só lhe interessa a mais-valia contida
nela e realizável na venda. A realização da mais-valia
implica, por si mesma, a reposição do valor adiantado. Uma
vez que a mais-valia relativa cresce na razão direta do desenvolvimento
da força produtiva do trabalho, enquanto o valor das mercadorias
cai na razão inversa desse mesmo desenvolvimento, sendo, portanto,
o mesmo processo idêntico que barateia as mercadorias e eleva a mais-valia
contida nelas, fica solucionado o mistério de que o capitalista,
para quem importa apenas a produção de valor de troca, tenta
constantemente reduzir o valor de troca das mercadorias.
Economia
do trabalho por meio do desenvolvimento da força produtiva do trabalho
não objetiva, na produção capitalista, a redução
da jornada de trabalho. Seu objetivo é apenas reduzir o tempo de
trabalho necessário para a produção de determinado
quantum de mercadorias. O fato de que o trabalhador, com força produtiva
aumentada de seu trabalho, produz, em 1 hora, digamos 10 vezes mais mercadorias
do que antes, precisando, portanto, 10 vezes menos tempo de trabalho para
cada peça de mercadoria, não impede, de modo algum, de fazê-lo
trabalhar, assim como antes, 12 horas e produzir, nestas 12 horas, 1.200
peças em vez de como antes 120. Sua jornada de trabalho até
pode ser prolongada, ao mesmo tempo, de modo que produza agora, em 14 horas,
1.400 peças etc.
O
desenvolvimento da força produtiva do trabalho, no seio da produção
capitalista, tem por finalidade encurtar a parte da jornada de trabalho
durante a qual o trabalhador tem de trabalhar para si mesmo, justamente
para prolongar a outra parte da jornada do trabalho durante a qual pode
trabalhar, gratuitamente, para o capitalista.
Para
a produção de valor, não faz diferença que 1.200
trabalhadores produzam isoladamente ou unificados sob o comando do mesmo
capital.
O
homem não é, por natureza, um animal político, como
achava Aristóteles, mas, sim, um animal social.1
Se
o modo de produção capitalista se apresenta, por um lado,
como uma necessidade histórica para a transformação
do processo de trabalho em um processo social, por outro lado, essa forma
social do processo de trabalho se apresenta como um método, empregado
pelo capital, para, mediante o aumento da sua força produtiva, explorá-lo
mais lucrativamente.
O
motivo
(objetivo)
que impulsiona e determina o processo de produção
capitalista é a maior autovalorização possível
do capital, isto é, a maior produção possível
de mais-valia, e, portanto, a maior exploração possível
da força de trabalho pelo capitalista. [Isto
pode ser resumido em três palavras: escravização, ganância
e crueldade.]
A
direção do capitalista não é só uma função
específica surgida da natureza do processo social de trabalho e pertencente
a ele; ela é, ao mesmo tempo, uma função de exploração
de um processo social de trabalho e, portanto, condicionada pelo inevitável
antagonismo entre o explorador e a matéria-prima de sua exploração.
Do mesmo modo, com o volume dos meios de produção, que se
colocam em face do assalariado como propriedade alheia, cresce a necessidade
do controle sobre sua adequada utilização.
O
capitalista não é capitalista porque ele é dirigente
industrial; ele se torna comandante industrial porque ele é capitalista.
O comando supremo na indústria se torna atributo do capital, como
no tempo feudal o comando supremo na guerra e no tribunal era atributo da
propriedade fundiária.
O
trabalhador, enquanto mercadeja com o capitalista, só pode vender
o que possui: sua força de trabalho individual isolada.
O
poder dos reis asiáticos e egípcios ou dos teocratas etruscos
etc. foi conferido, na sociedade moderna, ao capitalista, quer ele se apresente
como capitalista individual, quer como nas sociedades por ações,
como capitalista combinado.
A
utilização da cooperação em grande escala no
mundo antigo, na Idade Média e nas colônias modernas se baseia
em relações diretas de domínio e servidão, na
maioria das vezes na escravidão. A forma capitalista pressupõe,
ao contrário, desde o princípio, o trabalhador assalariado
livre, que vende sua força de trabalho ao capital.
A
ocupação simultânea de um número relativamente
grande de assalariados no mesmo processo de trabalho constitui o ponto de
partida da produção capitalista, que coincide com a existência
do próprio capital.
Trabalhador
Coletivo =
Trabalhadores Detalhistas. Sendo o produto parcial de cada trabalhador parcial
apenas um degrau particular no desenvolvimento do mesmo artigo, cada trabalhador
ou grupo de trabalhadores fornece ao outro sua matéria-prima. O resultado
do trabalho de um constitui o ponto de partida para o trabalho do outro.
Charlie
Chaplin
(Modern
Times – Tempos Modernos)
Um
trabalhador ocupa, portanto, diretamente o outro. O tempo de trabalho necessário
para alcançar o efeito útil ambicionado em cada processo parcial
é fixado de acordo com a experiência, e o mecanismo global
da manufatura se baseia no pressuposto de que em dado tempo de trabalho
um resultado dado é obtido. Somente sob esse pressuposto os diferentes
processos de trabalho, que se complementam mutuamente, podem prosseguir
espacialmente lado a lado, simultaneamente e sem interrupção.
É claro que essa dependência direta dos trabalhos e, portanto,
dos trabalhadores entre si, obriga cada indivíduo a empregar só
o tempo necessário à sua função, produzindo-se,
assim, continuidade, uniformidade, regularidade, ordenamento e nomeadamente
também intensidade de trabalho totalmente diferentes das vigentes
no ofício independente ou mesmo na cooperação simples.
[E isto se traduz em mais-valia.]
Que se aplique a uma mercadoria apenas o tempo de trabalho socialmente
necessário à sua produção, aparece na produção
mercantil em geral como compulsão externa da concorrência,
porque, expresso superficialmente, cada produtor individual tem de vender
a mercadoria pelo seu preço de mercado. O fornecimento de dado 'quantum'
de produtos num tempo de trabalho determinado se torna, por exemplo, na
manufatura, lei técnica do próprio processo de produção.
[O que tudo isto significa?
Significa que, à medida que são melhorados os métodos
e os mecanismos de produção, maior é a mais-valia e
maior é o lucro dos capitalistas. Esta é simples explicação
das fortunas concentradas nas mãos de poucos indivíduos na
contemporaneidade.]
O
trabalhador coletivo é a combinação de muitos trabalhadores
parciais. Os trabalhadores são separados, classificados e agrupados
segundo suas qualidades dominantes. Para o capitalista, o que importa é
que o trabalhador coletivo possua todas as propriedades produtivas no mesmo
grau de virtuosidade e ao mesmo tempo as utilize da maneira mais econômica,
empregando todos os seus órgãos individualizados em trabalhadores
ou grupos de trabalhadores determinados, exclusivamente para funções
específicas. A unilateralidade e mesmo a imperfeição
do trabalhador parcial se tornam sua perfeição como membro
do trabalhador coletivo. O hábito de exercer uma função
unilateral transforma o trabalhador
individual em seu órgão
natural e de atuação segura, enquanto a conexão do
mecanismo global o obriga a operar com uma regularidade semelhante a um
componente de uma máquina. [Como
já fiz referência diversas vezes, o filme semimudo
estadunidense, lançado em 1936, Tempos
Modernos (em inglês: Modern
Times), escrito e dirigido por Charlie Chaplin, no
qual seu icônico personagem Little
Tramp (O Vagabundo) tenta sobreviver no moderno mundo industrializado,
mostra tudo isso perfeitamente bem.]
A
desvalorização relativa da força de trabalho, que decorre
da eliminação ou da redução dos custos de aprendizagem,
implica diretamente em uma valorização maior do capital, pois,
tudo o que reduz o tempo de trabalho necessário para reproduzir a
força de trabalho amplia os domínios do mais-trabalho, [e,
obviamente, dilata a mais-valia.]
Continua...