O CAPITAL
(Uma Análise ± Esotérica)

Parte V

 

 

 

O Capital

O Capital
(Livro 1, capa da 1ª edição, 1867)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este rascunho se constitui da 5ª parte de uma coletânea de fragmentos (eventual e esotérico-despretensiosamente comentados e, algumas vezes, ligeiramente editados) de O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx, que constitui uma análise do Capitalismo (crítica da Economia Política). Muitos consideram esta obra o marco do pensamento socialista-marxista. Deste conjunto de livros, o único que foi lançado em vida por Marx foi O Processo de Produção do Capital, em 1867. Os outros foram publicados após a sua morte, ficando as edições a cargo de Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de agosto de 1895). Devo enfatizar que este estudo não é para especialistas nem para comunistas; ao prepará-lo, tive em mente a pessoa comum, que nunca leu O Capital ou sequer ouviu falar deste livro. Por isto, não é mais do que um despretensioso rascunho. Meu intento foi compatibilizar (ou incompatibilizar) a obra com alguns princípios esotéricos fundamentais. Seja como for, quantos lembram das passagens a seguir do Evangelho de Mateus? Não ajunteis tesouros na Terra, onde as traças e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem as traças nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso Coração. (Mateus, VI:19 a 21). Disse-lhe Jesus: se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois, vem, e me segue. (Mateus, XIX:21). Uma coisa eu tenho certeza: ao longo dos séculos, o próprio Vaticano esqueceu destas recomendações!

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Karl Heinrich Marx

Karl Heinrich Marx

 

 

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx, em Economia, estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o Capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista e O Capital os mais proeminentes.

 

Marx nasceu em uma família de classe média em Tréveris, na Renânia Prussiana, e estudou nas Universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas idéias filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o Rheinische Zeitung, um jornal radical publicado em Colônia, e começou a trabalhar na Teoria da Concepção Materialista da História. Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos, onde continuou a escrever e a formular suas teorias sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o Socialismo, e se tornou uma figura significativa na Associação Internacional dos Trabalhadores.

 

As teorias de Marx sobre a sociedade, a Economia e a política – a compreensão coletiva do que é conhecido como Marxismo sustentam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão-de-obra para a produção), e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos. Além disto, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o Capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema: o Socialismo. Ele argumentava que os antagonismos no sistema capitalista, entre a burguesia e o proletariado, seriam conseqüência de uma guerra perpétua entre a primeira e as demais classes ao longo da História. Isto, associado à sociedade industrial e ao acúmulo de Capital, geraria a sua classe antagônica, que resultaria na conquista do poder político pela classe operária e, eventualmente, no estabelecimento de uma sociedade sem classes e apátrida o Comunismo regida por uma livre associação de produtores. Marx, ativamente, argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o Capitalismo e provocar mudanças socioeconômicas.

 

Elogiado e criticado, Marx tem sido descrito como uma das figuras mais influentes na História da Humanidade. Muitos intelectuais, sindicatos e partidos políticos em nível mundial foram influenciados por suas idéias, com muitas variações sobre o seu trabalho base. Marx é normalmente citado, ao lado de David Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 Paris, 15 de novembro de 1917) e Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 Munique, 14 de junho de 1920), como um dos três principais arquitetos da Ciência Social moderna.

 

 

 

Fragmentos Marxistas

 

 

 

Sempre, inevitavelmente, em todo o Planeta, o trabalhador emprega uma parte significativa da sua jornada de trabalho para produzir uma mais-valia, que várias pessoas, sob diversos pretextos, repartem entre si. [O que isto gera? Abismo crescente entre classes sociais, sofrimento e Grande Heresia da Separatividade, pois, os capitalistas vão ficando cada vez mais ricos e o povo trabalhador vai ficando cada vez mais pobre.]

 

E disse Jesus:
Se queres ser perfeito,
vai, vende os teus bens,
dá o dinheiro aos pobres,
e terás um tesouro no céu.
Depois, vem e me segue.

Contrapôs o diabo:
Ser perfeito para quê?
Eu nunca vi um perfeito que fosse rico.
Seguir? Um delirante ex-crucificado?
Para acabar igualzinho a Ele?
Golgotizado? Entre dois salafras?
Envilecido? Sofrendo? Sangrando?
Ora, isso não tem o menor cabimento.
Você, capitalista, investiu e se arriscou,
portanto, com todas as honras, merece ser rico.
O deputado Justo Veríssimo tinha razão:
pobre tem mais é que explodir.
Não dê nada a ninguém;
cada qual que se vire e se safe.
Essas coisas de igualdade social,
ausência de diferenças, direitos humanos,
sociedade igualitária são papos-furados.
Não esqueça a famosa frase atribuída
a Quincas Berro d'Água:
Cada qual cuide de seu enterro,
impossível não há.

Se você não cuidar do seu capital,
ele virará pó e você empobrecerá.
Eu sei que não é isso o que você quer.
O mundo pertence aos malandros;
zé-dos-anzóis babaca é
zé-dos-anzóis
'jodido y mal pagado'.
E tem mais, meu amigo:
o céu é muito chato;
é sempre a mesma coisa.
É anjo tocando harpa,
é santo cantando litania,
é felicidade sem motivo.
Pior é impossível.
No inferno é diferentaço;
é sacanagem da boa diariamente.
É balbórdia sem parar,
é mixórdia sem poupar,
é felicidade
com motivo.
Melhor é impossível.

Respondeu o capitalista:
Dúvidas, estou cheio de dúvidas.
'Nescio si cogito vel si dormio',
não sei se dou ou se junto,
não sei se oprimo ou se alivio,
não sei se peco ou se me arrependo.

O que eu sei
e sei muito bem
é que caviar é uma delícia,
champanhota dá o maior barato
e não há nada que substitua o possuir.
Por enquanto, acho que ficarei na minha.
Um dia, quem sabe,
doarei tudo o que tenho,
e tentarei ouvir a Voz do Silêncio
e colar no meu Deus Interior.
Por enquanto, nem seguirei Jesus
nem acatarei os conselhos do diabo.
Mais-valia não é apropriação indébita;
é uma coisa absolutamente legal.
Lucrar, com a força de trabalho,
nunca pôs ninguém na cadeia.
Lucrar não é pior nem melhor,
não é justo nem injusto,
não é ético nem anético,
não é feio nem bonito:
é normal; é uma Lei da Natureza.
Nós, capitalistas, somos honestos;
apenas sonhamos em ter uma gancinha.
Desde quando isso é pecado?
Desde quando isso é indecoroso?
O mundo sempre foi assim,
é assim e sempre será assim:
muitos são pobres e desvalidos,
poucos são ricos e bem-postos,
e Deus é Pai de todos.
Eu dei sorte e sou rico!

 

Haverá coisa mais absurda do que o grau de exploração da força de trabalho ser de 100% e, às vezes, até mais?

 

Mais-valia Mais-trabalho.

 

A rapacidade [no caso, avidez de lucro] acredita em milagres, e nunca faltam exemplos históricos que a prova.

 

Parte do produto em que representa a mais-valia Mais-produto.

 

Como a produção de mais-valia é o objetivo determinante da produção capitalista, não é a grandeza absoluta do produto, mas, a grandeza relativa do mais-produto que mede o grau de riqueza. A soma do trabalho necessário e do mais-trabalho, dos períodos em que o trabalhador produz o valor de reposição de sua força de trabalho e a mais-valia, formam a grandeza absoluta de seu tempo de trabalho , isto é, a jornada de trabalho ('working day').

 

Se supusermos que a jornada de trabalho possa ser representada por , então, o prolongamento representará a duração do mais-trabalho.

 

 

A jornada de trabalho esbarra em limites morais. O trabalhador precisa de tempo para satisfazer suas necessidades espirituais e sociais, cuja extensão e número são determinados pelo nível geral de sua cultura. A variação da jornada de trabalho se move, portanto, dentro de barreiras físicas e sociais. Ambas as barreiras são de natureza muito elástica, e permitem as maiores variações. Dessa forma, encontramos jornadas de trabalho de 8, 10, 12, 14, 16, 18 horas, portanto, com as mais variadas durações. [Fica evidente que quanto maior for jornada de trabalho maior será a mais-valia.]

 

 

 

 

O capital tem um único impulso vital: o impulso de se valorizar, de criar mais-valia, de absorver, com sua parte constante, os meios de produção, ou seja, a maior massa possível de mais-trabalho. O capital, em si, é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, chupando trabalho vivo, e que vive tanto mais quanto mais trabalho vivo chupa. O tempo durante o qual o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. Se o trabalhador consome seu tempo disponível para si, então rouba ao capitalista. O capitalista se apóia, pois, sobre a lei do intercâmbio de mercadorias. Ele, como todo comprador, procura tirar o maior proveito do valor de uso de sua mercadoria.

 

Trabalhei 8 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 10% mais rico.

Trabalhei 9 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 20% mais rico.

Trabalhei 10 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 30% mais rico.

Trabalhei 11 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 40% mais rico.

Trabalhei 12 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 50% mais rico.

Trabalhei 13 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 60% mais rico.

Trabalhei 14 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 70% mais rico.

Trabalhei 15 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 80% mais rico.

Trabalhei 16 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 90% mais rico.

Trabalhei 17 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 100% mais rico.

Trabalhei 18 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 110% mais rico.

Pifei esgotado e doente,
e o meu patrão-capitalista
nem foi ao meu enterro!

 

De repente, porém, a voz do trabalhador se levanta, que estava emudecida pelo estrondo do processo de produção: a mercadoria que te vendi se distingue da multidão das outras mercadorias, pelo fato de que seu consumo cria valor e valor maior do que ela mesma custa. Essa foi a razão por que a compraste. O que, do teu lado, aparece como valorização do capital é da minha parte dispêndio excedente de força de trabalho. Tu e eu só conhecemos, no mercado, uma lei: a lei do intercâmbio de mercadorias. E o consumo da mercadoria não pertence ao vendedor, que a aliena, mas, ao comprador, que a adquire. A ti pertence, portanto, o uso de minha força de trabalho diária. Mas, por meio de seu preço diário de venda, tenho de reproduzi-la diariamente, para poder vendê-la de novo. Sem considerar o meu desgaste natural pela idade etc., preciso ser capaz, amanhã, de trabalhar com o mesmo nível normal de força, de saúde e de disposição que hoje. Tu me predicas constantemente o evangelho da parcimônia e da abstinência. Pois bem! Quero gerir meu único patrimônio, a força de trabalho, como um administrador racional, parcimonioso, me abstendo de qualquer desperdício tolo da mesma. Eu quero, diariamente, fazer fluir, converter em movimento, em trabalho, somente tanto dela quanto seja compatível com a sua duração normal e o seu desenvolvimento sadio. Mediante prolongamento desmesurado da jornada de trabalho, podes em 1 dia fazer fluir um quantum de minha força de trabalho que é maior do que o que posso repor em 3 dias. O que tu assim ganhas em trabalho, eu perco em substância de trabalho. A utilização de minha força de trabalho e a espoliação dela são duas coisas totalmente diferentes... Eu exijo, portanto, uma jornada de trabalho de duração normal, e a exijo sem apelo a teu coração, pois, em assuntos de dinheiro cessa a boa vontade. Poderás ser um cidadão modelar, talvez, até sejas membro da sociedade protetora dos animais. Podes até estar em odor de santidade, mas, a coisa que representas diante de mim é algo em cujo peito não bate nenhum coração. O que parece bater aí é a batida de meu próprio coração. A partir de hoje, eu exijo uma jornada normal e condigna de trabalho.

 

A velhice chegou...
A geringonça enferrujou...
Então, fiquei cansado.

A doença sombreou...
A minha hora pintou...

Parti. Tudo acabado.

Pifei esgotado e doente,
e o meu patrão-capitalista
nem foi ao meu enterro!

Um dia, ele também pifou.
Do lado de lá, eu o vi chegar,
e o recebi como um irmão querido!

Renasci na 6ª Raça-raiz.
Outro tempo! Já não havia
mais-valia nem mais-trabalho!

Já não havia escravização,
exploração e injustiça.
Todos sabiam que somos

 

Abstraindo limites extremamente elásticos, da natureza do próprio intercâmbio de mercadorias não resulta nenhuma restrição à jornada de trabalho, portanto, nenhum obstáculo ao mais-trabalho, [e, portanto, nenhum impedimento à mais-valia]. O capitalista afirma seu direito como comprador, quando procura prolongar o mais possível a jornada de trabalho e transformar, onde for possível, uma jornada de trabalho em duas. Por outro lado, a natureza específica da mercadoria vendida implica um limite de seu consumo pelo comprador, e o trabalhador afirma seu direito como vendedor quando quer limitar a jornada de trabalho a determinada grandeza normal. Ocorre aqui, portanto, uma antinomia, direito contra direito, ambos apoiados na lei do intercâmbio de mercadorias. Entre direitos iguais decidem o poder e a força. E assim a regulamentação da jornada de trabalho tem se apresentado, na história da produção capitalista, como uma confrontação ao redor dos limites da jornada de trabalho – uma luta inacabável e desleal entre o capitalista individual ou coletivo, isto é, a classe dos capitalistas [faminta, insaciável, ambiciosa, ávida, sôfrega e cobiçosa], e o trabalhador coletivo, ou seja, a classe trabalhadora [espoliada, desapoderada, privada, desrespeitada, despojada e pilhada].

 

O capitalista: Você é meu, portanto,
eu decido de quantas horas
será
a sua jornada de trabalho.

O trabalhador: Eu não sou seu, sou meu.
Só trabalho o que reza no contrato
.
Hora 'de grátis'? Nem que a vaca tussa.

O capitalista: Ah! É assim? 'Teje demissionado'.
Aqui, na fábrica, quem manda sou eu.
O que eu cismar e quiser, você fará.

O trabalhador: Não é bem assim. 'Num tejo'.
Há uma legislação trabalhista.
Ela vale igualzinho para nós dois.

O capitalista: Ora, vivemos numa ditadura do capital.
Pergunte só ao Grande Camarada Kim Jong-un.
O que Ele determinar, eu cumprirei.

 

 

 

 

O trabalhador: O Kim e o senhor estão delirando.
Aqui é a República Federativa do Brasil,
e vige o Estado Democrático de Direito.

O capitalista: Mas, os modelos de utilidade são meus.
O capital investido também é meu.
A fábrica sempre foi minha. Tudo é meu.

O trabalhador: Mas, há um Direito do Trabalho,
que regula a relação jurídica entre nós,
baseado nos princípios e nas leis trabalhistas.

O capitalista: Então, o que farei?
Tango eu não aprendi a dançar.
Prejuízo eu não vou encaixar.

O trabalhador: O senhor precisa aprender a dialogar.
Com mão de ferro acabará perdendo tudo.
Não dá mais para amarrar cachorro com lingüiça.

 

O capital não inventou o mais-trabalho. Onde quer que parte da sociedade possua o monopólio dos meios de produção, o trabalhador, livre ou não, tem de adicionar ao tempo de trabalho necessário à sua autoconservação um tempo de trabalho excedente destinado a produzir os meios de subsistência para o proprietário dos meios de produção, seja esse proprietário aristocrata ateniense, teocrata etrusco, cidadão romano, barão normando, escravocrata americano, boiardo da Valáquia [senhor feudal, grande proprietário de terras nos países eslavos] ou senhor de terras, moderno ou capitalista. É claro, entretanto, que se numa formação socioeconômica predominar não o valor de troca, mas, o valor de uso do produto, o mais-trabalho é limitado por um círculo mais estreito ou mais amplo de necessidades, ao passo que não se origina nenhuma necessidade ilimitada por mais-trabalho do próprio caráter da produção. O sobretrabalho se mostra tenebrosamente na Antigüidade, por conseguinte, onde se trata de ganhar o valor de troca em sua figura autônoma de dinheiro, na produção de ouro e prata. Trabalho forçado até a morte é aqui a forma oficial de sobretrabalho. Basta ler Diodorus Siculus, que relata: Não se pode ver esses infelizes (nas minas de ouro entre o Egito, Etiópia e Arábia) que nem podem manter limpos os próprios corpos nem cobrir sua nudez sem lamentar seu miserável destino, pois, lá não se encontra remissão nem indulgência para os doentes, para os débeis, para os velhos, nem para a fragilidade feminina. Todos têm de continuar trabalhando, forçados por pancadas, até que a morte ponha fim aos seus sofrimentos e à sua desgraça. Entretanto, estas constituem exceções no mundo antigo. Tão logo, porém, os povos, cuja produção se move ainda nas formas inferiores do trabalho escravo, corvéia [na França feudal, serviço gratuito que se prestava ao soberano ou ao senhor] etc. são arrastados a um mercado mundial, dominado pelo modo de produção capitalista, o qual desenvolve a venda de seus produtos no exterior como interesse preponderante, os horrores bárbaros da escravatura, da servidão etc. são coroados com o horror civilizado do sobretrabalho. Por isso, o trabalho dos negros nos Estados sulistas da União Americana preservou um caráter moderadamente patriarcal, enquanto a produção se destinava, sobretudo, ao autoconsumo direto. Todavia, na medida em que a exportação de algodão se tornou interesse vital daqueles Estados, o sobretrabalho dos negros, aqui e ali o consumo de suas vidas em 7 anos de trabalho, se tornou fator de um sistema calculado e calculista. Já não se tratava de obter deles certa quantidade de produtos úteis. Tratava-se, agora, da produção da própria mais-valia. Algo semelhante sucedeu com a corvéia nos principados do Danúbio.

 

Enquanto houver escravização,
predominará a opressão.
Enquanto houver opressão,
predominará a dominação.
Enquanto houver dominação,
predominará a coação.
Enquanto houver coação,
predominará a subordinação.
Enquanto houver subordinação,
predominará a exploração.
Enquanto houver exploração,
predominará a aproveitação.
Enquanto houver aproveitação,
predominará a mais-valia.
Enquanto houver mais-valia,
predominará a mais-laboração.
Enquanto houver mais-laboração,
predominará a deseqüidade.
Enquanto houver deseqüidade,
predominará a disparidade social.
Mas, havendo uma delas,
patentemente, haverá todas as outras,
pois, todas são irmãs gêmeas univitelinas,
e têm a mesma significância maldita
e a mesma finalidade objetiva:
lucro espoliativo e desumano.

Lucro espoliativo e desumano = Mais-valia.
Mais-valia = Mais-trabalho.
Mais-trabalho = Mais-indignidade.
Mais-indignidade = Mais-separatividade.
Mais-separatividade = Mais-demonização.
Mais-demonização = Mais-morte.
Mais-morte = Mais-desarmonia.
Mais-desarmonia = Menos-Vida Verdadeira.
Menos-Vida Verdadeira = Mais-compensação.
Mais-compensação = Mais-Lei da Causa e do Efeito.
Mais-Lei da Causa e do Efeito = Mais-dor-aflição-desespero.
Mais-dor-aflição-desespero = Menos-Avanço e Menos-Ascensão.
Menos-Avanço e Menos-Ascensão = Menos-Compreensão.
Menos-Compreensão = Mais-ligado à Terra.
Mais-ligado à Terra = Mais-renascimentos compulsórios.
Mais-renascimentos compulsórios = Menos-Libertação.
Menos-Libertação = Mais-samsara.
Mais-samsara = Menos-Illuminação.
Menos-Illuminação = Mais-caverna + Mais-deserto.
Mais-caverna + Mais-deserto = Menos-Divinização.
Menos-Divinização = Mais-aprisionamento ao tempo-não-Tempo.

 

 

 

O que tudo isso significa?
Tudo isso significa uma coisa só:

E o que é ignorância?
Porta dos fundos.
Permanecer escravo.
Permanecer desventurado.
Permanecer demônio.
Medo da Porta da Frente.
Medo de ser Livre.
Medo de ser Feliz.
Medo de ser um Deus Consciente.

Mas, é possível vencer a ignorância?
Sim. Pelo Bom Combate.
Bom Combate

 

 

 

Raramente, a corvéia se originou da servidão; a servidão, ao contrário, sim, muito mais da corvéia. [Georg Ludwig Maurer (2 de novembro de 1790 – 9 de maio de 1872) explicou: Isso se aplica também à Alemanha e especialmente à Prússia, a leste do Elba. No século XV, o camponês alemão estava mais submetido em quase toda parte a certas prestações em produtos e em trabalho, mas, era de fato, quanto ao resto, um homem livre. Os colonos alemães, em Brandenburgo, Pomerânia, Silésia e Prússia Oriental, eram até mesmo juridicamente considerados livres. A vitória da nobreza na Guerra dos Camponeses pôs fim a isso [A Guerra dos Camponeses (em alemão, Deutscher Bauernkrieg) foi uma revolta popular generalizada nos países da língua alemã, na Europa Central, entre 1524 e 1525. Falhou por causa da intensa oposição da aristocracia, que abateu até 100 mil dos 300 mil camponeses e agricultores mal armados e mal conduzidos. Os sobreviventes foram multados e obtiveram poucos ou nenhum de seus objetivos.]. Não apenas os camponeses vencidos da Alemanha meridional se tornaram de novo servos. Já, desde meados do século XVI, os camponeses livres da Prússia Oriental, de Brandenburgo, da Pomerânia e da Silésia e pouco depois os de Schleswig-Holstein foram rebaixados à categoria de servos.]

 

O sr. Broughton, um county magistrate [Juiz de condado], como presidente de uma reunião realizada na Prefeitura da Cidade de Nottingham [uma cidade da Inglaterra, no Reino Unido], em 14 de janeiro de 1860, declarou que no setor da população urbana que vivia da fabricação de rendas reinava um grau de sofrimento e miséria desconhecido no resto do mundo civilizado. (...) Às 2, 3, 4 horas da manhã, crianças de 9 a 10 anos são arrancadas de suas camas imundas e obrigadas, para ganhar sua mera subsistência, a trabalhar até as 10, 11 ou 12 horas da noite, enquanto seus membros definham, sua estatura se atrofia, suas linhas faciais se embotam e sua essência se imobiliza num torpor pétreo, cuja aparência é horripilante. (...) Não nos surpreendemos que o sr. Mallett e outros fabricantes tenham se manifestado em protesto contra qualquer discussão. (...) O sistema, como o reverendo Montagu Valpy o descreveu, é um sistema de ilimitada escravidão, escravidão no sentido social, físico, moral e intelectual. (...) O que se deve pensar de uma Cidade que realiza uma assembléia pública para peticionar que o tempo de trabalho para homens se limite a 18 horas por dia! (...) Peroramos contra os plantadores da Virgínia e da Carolina. É, entretanto, seu mercado de negros, com todos os horrores do látego e do tráfego de carne humana, por acaso mais ignóbil do que essa lenta imolação de seres humanos, praticada a fim de que se produzam véus e colarinhos em proveito dos capitalistas?

 

Dos séculos XVIII, XIX e XX para cá,
muito, muito pouca coisa mudou.
Vivemos em uma Idade Média disfarçada,
açucarada, mas, em certos aspectos, piorada, pois,
a violência apresenta contornos hediondos.

No que concerne ao Kapital,
é tergiversação, é desculpa...
É descalabro, é exploração...
É usurpação, é despojamento...
É injustiça, é deseqüidade...
É luta engalfinhada de classes...
São visões antagônicas e díspares...
É primeiro-eu, é você-muito-depois...
É individualismo, é insolidariedade...
Para muitos, o pronome nós não existe.

Aumenta aqui, aumenta ali,
majora aqui, majora ali,
escamoteia aqui, escamoteia ali,
um pedacinho de tempo aqui,
um pedacinho de tempo ali,
prolonga a jornada de trabalho aqui
(tempo adicional aqui),
prolonga a jornada de trabalho ali
(tempo adicional ali),
hora extra não paga aqui,
hora extra não paga ali,
chupa o sangue aqui, chupa o sangue ali,
bifa a personalidade-alma aqui, bifa a personalidade-alma ali,
direitos negados aqui, direitos negados ali,
mais-valia aqui, mais-valia ali,
mais-trabalho aqui, mais-trabalho ali,
um lucro extra aqui, um lucro extra ali,
submissão aqui, escravização ali,
vantagem aqui, vantagem ali,
caviar com champanhota aqui,
farinha com farinha ali,
não-sei-o-quê aqui, não-sei-o-quê ali...

E, devagar, devagarinho...
Os 12 meses do ano viram 13!
Isso porque ainda não foi bolado um jeito
de transformar 13 em 14!

O fato é que sempre foi assim, e, de certa forma,
mais ou menos, continua a ser assim:
Escreveu Marx: Quanto menos negócios são feitos,
tanto maior deve ser
o ganho sobre o negócio feito.
Quanto menos tempo pode ser trabalhado,
tanto mais tempo excedente de trabalho
deve ser trabalhado...
A formação de mais-valia por meio
do mais-trabalho não é nenhum segredo.
Átomos de tempo são os elementos do lucro.
Não escapam nem os elétrons dos átomos.

E, disfarçado e fantasiado,
o escravagismo não acaba.
E, mascarada e dissimulada,
a separatividade não acaba.

Mas, inflexível e imperturbável,
a Lei da Causa e do Efeito
continua a educar e a fazer compensar.

E como 1 + 1 = 2 e 1 – 1 = 0
continuamos a nascer sem
a morrer sem
e a viver sem

Ignorantes, continuamos a preferir
ser demônios a nos tornar

Todavia, como devo educar e informar,
preciso repetir e insistir muitas vezes:
se continuarmos assim
a trouxe-mouxe
perderemos o Bonde da História,
não conheceremos a 6ª Raça-raiz
e, lamentavelmente, teremos que ser afastados
desta Onda Evolutiva Terrenal.
Se o afastamento será temporário ou definitivo,
isto irá depender de...

Entretanto, isto poderá ser alterado?
Sim: Esforço + Mérito + Bom Combate.
E quando esta alteração deverá ser feita?
Hoje. Já. Agora. Neste instante.
Mas, Esforço + Mérito + Bom Combate
não significam Comunismo nem religiosismo!
Nem interrupção das conexões, nem eremitismo...
Nem automortificação, nem uma severa renúncia...
O coroamento do Esforço + Mérito + Bom Combate
será a

O trabalho além de 12 horas tende a minar a saúde do trabalhador, fá-lo envelhecer antes do tempo e morrer prematuramente e, portanto, causa infelicidade às famílias dos trabalhadores, que, no momento em que mais necessitam, são roubadas (are deprived) do cuidado e do apoio do chefe de família. [Este argumento foi usado na Irlanda, por volta de 1860. Quer dizer: mais de 12 horas de trabalho era considerado malsão, deletério e insalubre; 11 horas e cinqüenta e nove minutos de trabalho podia, pois, era considerado aceitável, razoável e plausível. Fossem crianças, fossem adultos.]

 

Já aconteceu, em um passado muito próximo, de crianças terem a saúde sacrificada para satisfazer a avareza de seus pais e a sovinice de seus empregadores. Crianças esfarrapadas, meio famintas, totalmente desamparadas e não educadas, com jornadas de trabalho variando entre 12, 14 e 15 horas, com trabalho noturno, refeições irregulares, em regra, no próprio local de trabalho. Com relação a isso, o escritor, poeta e político florentino Dante Alighieri (Florença, entre 21 de maio e 20 de junho de 1265 d.C. Ravena, 13 ou 14 de setembro de 1321 d.C.) sentiria ultrapassadas suas fantasias mais cruéis sobre o Inferno. [A Divina Comédia, originalmente Comedìa, de Dante Alighieri, é uma obra Iniciática. Portanto não deve ser lida à letra, isto é, em sentido estrito, literalmente, textualmente.]

 

 

Dante Alighieri

 

 

Ao capital é indiferente, de início, o caráter técnico do processo de trabalho, do qual se apossa. No começo, ele o toma como o encontra. [Na verdade, o capital é indiferente a tudo; não importa o sofrimento, não importa que a mula manque. Só uma coisa interessa: multiplicar o capital ad infinitum.]

 

 

 

 

A ocupação, uma arte quase instintiva da Humanidade, em si e para si irrepreensível, se torna, em virtude do excesso de trabalho, destruidora do homem.

 

O capital constante e os meios de produção só existem, considerados do ponto de vista do processo de valorização, para absorver trabalho, e com cada gota de trabalho um quantum proporcional de mais-trabalho. Na medida em que não fazem isso, constitui sua mera existência prejuízo negativo para o capitalista, pois, durante o tempo em que estão ociosos, representam adiantamento inútil de capital, e esse prejuízo se torna positivo tão logo a interrupção exigir gastos adicionais para o reinício do trabalho. O prolongamento da jornada de trabalho, além dos limites do dia natural por noite adentro, serve apenas de paliativo, apenas mitiga a sede vampiresca por sangue vivo do trabalho. Apropriar-se de trabalho durante todas as 24 horas do dia é, por conseguinte, o impulso imanente da produção capitalista. Sendo, porém, fisicamente impossível sugar as mesmas forças de trabalho continuamente, dia e noite, necessita, pois, para superar esse obstáculo físico, do revezamento entre as forças de trabalho consumidas de dia e de noite, um revezamento que admite diferentes métodos, por exemplo, podendo ser ordenado de tal forma que parte do pessoal operário faça numa semana o trabalho diurno, na outra, o trabalho noturno etc.

 

 

Eu sei que você só tem 12 anos
e que está na flor da idade,
mas, não me importo com o seu sofrimento,
não me importo se você vomita, peida ou arrota,
não me importo com o sofrimento da sua família,
não me importo com a sua juventude perdida,
não me importo se você continuará analfabeto,
não me importo se o seu futuro será infesto e insalubre,
não me importo se a mula manca,
não me importo com necas de pitibiribas.
Para mim, você é apenas um parafuso
na minha endentação de fazer dinheiro.
É assim que é; é assim que sempre será.

 

 

 

Eu não tenho pena, nem misericórdia,
nem piedade, e não dou a mínima,
se você gosta ou se não gosta,
se agüenta ou se não agüenta,
se vai viver ou se vai adoecer
e morrer de tanto trabalhar.
Escravização não admite solidariedade,
simpatia, empatia ou ternura.
É ripa na chulipa! E ponto final.

Simplesmente, você é meu,
tem que me obedecer cegamente
e tem que trabalhar para mim 16 horas
todos os dias da semana,
inclusive nos feriados e aos domingos.
Você tirará férias trabalhando
e ganhando a mesma coisa.
Para se distrair um pouquinho,
se quiser, poderá jogar caxangás,
e até fazer zigue-zigue-zá.

Eu sou o dono desta fábrica,
e, aqui, quem manda sou eu.
Aqui, a lei sou eu, e sou eu
quem estabelece o regime de trabalho.
E o regime de trabalho está apoiado em três pilares:
mais-trabalho, mais-valia e lucro crescente.
Os insurretos serão demitidos sumariamente,
sem direito a lhufas de bulhufas.

Deus poderá até me condenar,
os céus poderão até estrondear,
a Terra poderá até rachar ao meio,
os arcanjos poderão até chorar,
o papa poderá até me excomungar,
o diabo poderá até me ameaçar,
a sociedade poderá até me odiar,
meus amigos poderão até me abandonar,
minha mãe poderá até se envergonhar,
mas, eu não ligo nem um pouco.
É assim que a banda toca.
Eu não sou Carolina
pra ficar vendo o tempo passar na janela.
Custe o quanto custar
e doa o quanto tiver que doer,
eu não posso ter prejuízo.
De jeito maneira;
eu só quero dinheiro.
Eu preciso me locupletar
e decuplicar o meu capital.
Quero ser mais rico do que o Tio Patinhas.

Essas extravagâncias fantásticas, fictícias e utópicas
de defesa do meio ambiente,
de preservação da Floresta Amazônica,
de desenvolvimento ético e sustentável,
de liberdade e de cidadania,
de direitos humanos fundamentais
e de direitos dos trabalhadores
são invenções de comunistas safados,
e comunista bom é comunista morto.

 

O trabalhador, no Sistema Capitalista, durante toda a sua existência, de modo geral, nada mais é que força de trabalho e, por isso, todo seu tempo disponível é por natureza e por direito tempo de trabalho, portanto, pertencente à autovalorização do capital. Tempo para educação humana, para o desenvolvimento intelectual, para o preenchimento de funções sociais, para o convívio social, para o jogo livre das forças vitais físicas e espirituais, mesmo o tempo livre de domingo e mesmo nos países do sábado santificado é pura futilidade! Mas, em seu impulso cego, desmedido, em sua voracidade por mais-trabalho, o capital atropela não apenas os limites máximos morais, mas, também, os puramente físicos da jornada de trabalho. Usurpa o tempo para o crescimento, para o desenvolvimento e para a manutenção sadia do corpo. Rouba o tempo necessário para o consumo de ar puro e de luz solar. Escamoteia tempo destinado às refeições para incorporá-lo onde for possível ao próprio processo de produção, suprindo o trabalhador, enquanto mero meio de produção, de alimentos, como a caldeira, de carvão, e a maquinaria, de graxa ou óleo. Reduz o sono saudável para a concentração, renovação e restauração da força vital a tantas horas de torpor quanto a reanimação de um organismo absolutamente esgotado torna indispensáveis. Em vez da conservação normal da força de trabalho determinar o limite da jornada de trabalho, é, ao contrário, o maior dispêndio possível diário da força de trabalho que determina, por mais penoso e doentiamente violento, o limite do tempo de descanso do trabalhador. O capital não se importa com a duração de vida da força de trabalho. O que interessa a ele, pura e simplesmente, é um maximum de força de trabalho que, em uma jornada de trabalho, poderá ser feita fluir. Atinge esse objetivo encurtando a duração da força de trabalho, como um agricultor ganancioso que consegue aumentar o rendimento do solo por meio do saqueio da fertilidade do solo.

 

A produção capitalista, que é essencialmente produção de mais-valia e absorção de mais-trabalho, produz, com o prolongamento da jornada de trabalho, não apenas a atrofia da força de trabalho, a qual é roubada de suas condições normais, morais e físicas, de desenvolvimento e atividade. Ela produz a exaustão prematura e o aniquilamento da própria força de trabalho. Ela prolonga o tempo de produção do trabalhador num prazo determinado mediante o encurtamento de seu tempo de vida.

 

Après moi, le déluge! Esta [foi e ainda] é, [neste século XXI, com raríssimas exceções,] a divisa de todo capitalista e de toda nação capitalista. [Isto significa que, normalmente, só o lucro importa; o restolho é o restolho.] Ainda hoje, o capital não tem a menor consideração pela saúde e pela duração da vida do trabalhador, a não ser quando é coagido pela sociedade [e pela legislação] a ter algum tipo de complacência e de condescendência. À queixa sobre degradação física e mental, morte prematura e tortura por sobretrabalho, ele responde: deverá esse tormento nos preocupar, já que ele aumenta o nosso gozo (o lucro)? De modo geral, porém, isso também não depende da boa ou da má vontade do capitalista individual. A livre-concorrência impõe a cada capitalista individualmente, como leis externas inexoráveis, as leis imanentes da produção capitalista. [E os ajustes acabam surgindo, mesmo contra a vontade dos capitalistas. E, às vezes, dá em insolvência, quebra e bancarrota.]

 

Transformarei trabalho em mais-trabalho.
Après moi, le déluge!

Transformarei mais-trabalho em desespero sem igual.
Après moi, le déluge!

Transformarei vida digna em mais-valia.
Après moi, le déluge!

Transformarei mais-valia em super-mais-valia.
Après moi, le déluge!

Transformarei necessidade em ganho.
Après moi, le déluge!

Transformarei habilidade alheia em proveito e vantagem.
Après moi, le déluge!

Transformarei escravização em lucro.
Après moi, le déluge!

Transformarei esperança em inferno dantiano.
Après moi, le déluge!

Transformarei sangue infantil em capital.
Après moi, le déluge!

Transformarei homens livres em escravos.
Après moi, le déluge!

Transformarei meio-dia em meia-noite.
Après moi, le déluge!

Transformarei meia-noite em trevas eternas.
Après moi, le déluge!

Transformarei juventude em velhice prematura.
Après moi, le déluge!

Transformarei saúde em doença degenerativa.
Après moi, le déluge!

Transformarei homens em múmias paralíticas.
Après moi, le déluge!

Transformarei a vida humana em subserviência.
Après moi, le déluge!

Transformarei 8 horas em 12, e, se possível, em 16.
Après moi, le déluge!

Transformarei 5 dias em 6, e, se possível, em 7.
Après moi, le déluge!

Transformarei pobreza e miséria em trabalho forçado.
Après moi, le déluge!

Transformarei trabalho forçado em caixinha da Dona Baratinha.
Après moi, le déluge!

 

Quem quer casar
com a Dona ,
que tem fita no cabelo
e na caixinha?

Quem quer casar
com a Dona ,
que tem ganhame na cachola
e na bolsinha?

Quem quer casar
com a Dona ,
que tem mais-valia no bestunto
e na saquinha?

 

Transformarei trabalho comedido em descomedimento.
Après moi, le déluge!

Transformarei o local de trabalho em 'house of terror'.2
Après moi, le déluge!

Transformarei cada dia de trabalho no dia do Juízo Final.
Après moi, le déluge!

Transformarei liberdade em prisão perpétua.
Après moi, le déluge!

Transformarei eqüidade em iniqüidade.
Après moi, le déluge!

Transformarei fraternidade em separatividade.
Après moi, le déluge!

Transformarei descanso em labor ininterrupto.
Après moi, le déluge!

Transformarei diversão em imbecilização.
Après moi, le déluge!

Transformarei a Floresta Amazônica num deserto tropical.
Après moi, le déluge!

Transformarei as terras indígenas em garimpos ilegais.
Après moi, le déluge!

Transformarei o cuidado com a Natureza em ecocídio.3
Après moi, le déluge!

Transformarei os ambientalistas em cadáveres esquecidos.
Après moi, le déluge!

Transformarei faina exaustiva em 'roastbeef and pudding'.
Après moi, le déluge!

Transformarei minha avareza em compensação necessária.
Après moi, la Loi Universelle de Cause à Effet!

 

O capital sempre celebrou suas orgias. A liberdade e os direitos dos trabalhadores sempre foram conquistados em conta-gotas. Em um passado não tão distante, na antropologia capitalista, a idade infantil acabava aos 10 anos ou, quando muito, aos 11.

 

O capital sempre celebrou suas orgias, [e nunca faltou língua-de-sogra!] A liberdade e os direitos dos trabalhadores sempre foram conquistados a conta-gotas, [microgota por microgota.] Em um passado não tão distante, na ferina antropologia capitalista, a idade infantil acabava aos 10 anos ou, quando muito, aos 11. [Mas, às vezes, era menos!]

 

 

 

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e tomarei uma libra da tua carne.
4

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás a quem reclamar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e nem por 12 receberás.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás o que respirar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás o que comer.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás o que beber.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás o que vestir.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás o que calçar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás como te alegrar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás como sorrir.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás como dançar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás como cantar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde morar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e terás como te agasalhar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde te abrigar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e ficarás ao relento e no frio.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde dormir.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde descansar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás como folgar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás como casar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não constituirás uma família.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás como gozar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde viver.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde envelhecer.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás para onde escapar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde rezar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás a quem rogar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e terás que te degradar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e terás que te prostituir.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e terás que, como Jean Valjean
5a,
pães furtar para saciar a tua fome,
e conhecerás a ira do inspetor Javert
5b.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e vivo não permanecerás.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás futuro para sonhar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás remédios para tomar.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás razão para existir.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde morrer.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e não terás onde ser enterrado.

Ou sobretrabalhas 15 horas diariamente
ou eu, num piscar de olhos, te demitirei,
e o meu ódio será a tua herança.

Eu sou teu dono e teu patrão,
e tu sempre serás meu escravo.

Eu direi o que podes ou não fazer,
e tu sempre terás que me obedecer.

Com o teu permanente sobretrabalho,
a minha mais-valia estará assegurada.

Eu sou a lei e a ordem, eu sou o senhor;
tu não tens direito a bulhufas.

E a lei que está em vigor é:
trabalhar e se esfalfar até a morte.

Meus direitos senhoriais especiais
não podem ser contestados,
seja por Deus, seja pelo demônio.

O teu sangue me pertencerá ad æternum,
e nem Deus poderá mudar isso.

 

 

 

 

Depois de terem os magnatas industriais se conformado e se reconciliado com o inevitável, enfraqueceu gradualmente a força de resistência do capital, enquanto, ao mesmo tempo, a força de ataque da classe trabalhadora cresceu com o número de seus aliados nas camadas sociais não diretamente interessadas. Daí o progresso relativamente rápido a partir de 1860.

 

Recordando: a produção de mais-valia e a extração de mais-trabalho constituem o conteúdo e o objetivo específico da produção capitalista, abstraídas as transformações do próprio modo de produção que possam surgir da subordinação do trabalho ao capital. Apenas o trabalhador independente e, portanto, legalmente emancipado, contrata como vendedor de mercadorias com o capitalista.

 

 

 

Continua...

 

 

 

______

Notas:

1. Après moi, le déluge! Depois de mim, o dilúvio. Essas palavras teriam sido ditas por Jeanne-Antoinette Poisson, Marquesa de Pompadour (Paris, 29 de dezembro de 1721 – Palácio de Versalhes, 15 de abril de 1764) – mais conhecida como Madame de Pompadour, e que foi uma cortesã francesa e amante do Rei Luís XV, da França, considerada uma das figuras francesas mais emblemáticas do século XVIII – quando alguém da Corte externou a preocupação de que os constantes festins e festividades luxuosos teriam por conseqüência forte aumento da dívida pública da França. Qualquer semelhança com a esculhambação das contas públicas brasileiras (deficit fiscal + dívida bruta) não é mera coincidência! Só que aqui, como regra, não são festins, festividades, folguedos ou banquetes, mas, corrupção, mensalão, petrolão, orçamento secreto, sacanagens orçamentárias, fundão eleitoral e por aí vai. Tudo paguinho pelo contribuinte!!!

2. A house of terror (casa de terror) para os pobres, com a qual ainda sonhava a alma do capital, em 1770, ergueu-se, poucos anos depois, como gigantesca casa de trabalho para os próprios trabalhadores da manufatura. Chamou-se fábrica. E, dessa vez, o ideal empalideceu em face da realidade.

3. Ecocídio é uma expressão que pode ser usada para fazer referência a qualquer destruição em larga escala do meio ambiente ou à sobreexploração de recursos não-renováveis. O termo foi também usado em relação aos danos ambientais devidos à guerra, como por exemplo o uso de desfolhantes na Guerra do Vietnã. Ecocida é também um termo utilizado para uma substância que dizima espécies num ecossistema o suficiente para desestabilizar a sua estrutura e função. Um exemplo pode ser uma alta concentração de um pesticida no meio ambiente devido a um derrame. O teórico e ativista ambiental Patrick Hossay acredita que a espécie humana está a cometer ecocídio, por via dos efeitos da civilização industrial no ambiente global. Já os críticos do ecocídio normalmente dizem que os impactos causados pelos humanos não são suficientemente sérios a ponto de ameaçar a habilidade da Terra para suportar vida complexa. Uma outra definição de ecocídio é aquela em que um organismo destrói outros ecossistemas que o dele próprio (exemplo: cancro). Por exemplo, pode ser dito que durante o Período Pré-câmbrico (período de tempo desde a formação da Terra, há cerca de 4 600 milhões de anos até ao início do Período Cambriano, entre 542 milhões e 488 milhões de anos), as cianobactérias (grupo de bactérias que obtém energia por fotossíntese) cometeram ecocídio sobre a ecologia prevalecente, através da libertação de oxigênio no meio ambiente, de tal maneira que os organismos para os quais o oxigênio era venenoso desapareceram, enquanto as algas e outros organismos se adaptaram. De acordo com esta interpretação, a espécie humana pode estar a cometer ecocídio em vários sistemas ecológicos à volta do mundo, mas, segundo alguns especialistas, a destruição destes ecossistemas menores não tem impacto material na sobrevivência humana. Sob este ponto de vista, segundo eles, o ecocídio pode ser estética e moralmente reprovável, mas, não material e economicamente. Eu não concordo com isso, pois, para mim, qualquer ecocídio é estética, moral e espiritualmente reprovável e passível de futuras compensações. No coração do conceito de ecocídio estão questões práticas e morais, como, por exemplo: estará a atividade humana a destruir sistemas ecológicos que suportam a sua própria sobrevivência? A advogada, escritora e ecologista escocesa Pauline Helène Higgins (Glasgow, 4 de julho de 1968 – Stroud, 21 de abril de 2019), se destacou na luta para transformar o crime de ecocídio em crime internacional contra a paz. Foi descrita pelo The Guardian como uma das figuras mais inspiradoras do movimento verde, isto é, do cuidado com a Natureza. No Brasil, um dos maiores representantes da defesa dos temas socioambientais é o professor e jornalista brasileiro, especializado em jornalismo ambiental, André Trigueiro (Rio de Janeiro, 30 de julho de 1966).

 

 

Pauline Helène Higgins

 

 

4. Na peça The Merchant of Venice (O Mercador de Veneza), do dramaturgo inglês William Shakespeare, Shylock é um agiota judeu que empresta dinheiro a seu rival cristão, Antônio, colocando como fiança uma libra da carne de Antônio. Quando este, após se ver falido, não consegue pagar o empréstimo, Shylock exige a libra de carne, como vingança por Antônio tê-lo insultado e cuspido anteriormente.

 

 

Shylock Depois do Julgamento (Shylock After the Trial)
(De John Gilbert – fim do século XIX)

 

5a e 5b. Jean Valjean é o protagonista do romance de Victor Hugo Les Misérables (Os Miseráveis), de 1862. A história retrata a luta de 19 anos do personagem para levar uma vida normal, depois de cumprir uma pena de prisão por roubar pão para alimentar os filhos de sua irmã durante um período de depressão econômica e de várias tentativas de escapar da prisão. Valjean também é conhecido no romance como Monsieur Madeleine, Ultime Fauchelevent, Monsieur Leblanc e Urbain Fabre. Já o inspetor Javert é um policial metódico e racionalista ao extremo, que, cego pela lei e pela ordem, dedica a sua vida a combater o crime e a perseguir aqueles que o sentido lato da legislação define como criminosos. Confuso e perdido, aos 52 anos, Javert se suicidou nas águas do Sena. O que este romance nos ensina? Ensina que o fanatismo ideológico, o rigor comportamental e a mania de perfeição acabam levando o pirado à loucura. Há muitos anos, eu conheci um professor de Geometria Descritiva rigorosíssimo, severíssimo e inflexibilíssimo consigo e com todos, para quem tudo era muito perigoso, que, na velhice, embirutou de vez e se tornou pedófilo. Só não foi em cana porque o caso foi abafado, mas, a esposa o deixou imediatamente. Bem, uma ligeira e eventual inconseqüência sadia, como, por exemplo, tirar meleca e comer, faz bem à saúde. Seja como for, precisamos aprender a fazer as coisas da nossa maneira – and more, much more than this, I did it my way – não como querem ou mandam os outros. A nossa saúde físico-mental é-está diretamente dependente de termos sinceros, bons e úteis pensamentos, de sermos diuturnamente misericordiosos, alegres e bem-humorados e de bebermos muita água. Dê uma pesquisada nas propriedades do suco de uva (sem álcool e sem açúcar).

 

 

Jean Valjean como Monsieur Madeleine
(Ilustração de Gustave Brion)

 

 

Javert
(Ilustração de Gustave Brion)

 

Música de fundo:

L'internationale
Composição: Eugène Pottier (letra) & Pierre Chretien De Geyter (música)

 

Fonte:

http://drapeaurouge.free.fr/inter.html#fr

 

Páginas da Internet consultadas:

https://br.pinterest.com/pin/290834088433727461/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Valjean

https://pt.wikipedia.org/wiki/Javert

https://pt.wikipedia.org/wiki/Shylock#

https://www.amazon.com.br/
Mais-Trabalho-Sadi-Dal-Rosso/dp/8575591193

https://www.fundingshield.com/dev-api/

https://br.pinterest.com/pin/647955465122451879/

https://algumashistoriasinfantis.blogspot.com/
2013/03/dona-baratinha.html

https://br.pinterest.com/pin/444871269422217100/

https://vcf.mycareersfuture.gov.sg/vcf

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ecoc%C3%ADdio

https://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_de_Pompadour

https://br.pinterest.com/pin/852798879421798738/

https://www.istockphoto.com/br

https://giphy.com/explore/slave

https://gartic.com.br/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

https://pcb.org.br/portal2/7333/ler-o-capital/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.