O CAPITAL
(Uma Análise ± Esotérica)

Parte IV

 

 

 

O Capital

O Capital
(Livro 1, capa da 1ª edição, 1867)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este rascunho se constitui da 4ª parte de uma coletânea de fragmentos (eventual e esotérico-despretensiosamente comentados e, algumas vezes, ligeiramente editados) de O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx, que constitui uma análise do Capitalismo (crítica da Economia Política). Muitos consideram esta obra o marco do pensamento socialista-marxista. Deste conjunto de livros, o único que foi lançado em vida por Marx foi O Processo de Produção do Capital, em 1867. Os outros foram publicados após a sua morte, ficando as edições a cargo de Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de agosto de 1895). Devo enfatizar que este estudo não é para especialistas nem para comunistas; ao prepará-lo, tive em mente a pessoa comum, que nunca leu O Capital ou sequer ouviu falar deste livro. Por isto, não é mais do que um despretensioso rascunho. Meu intento foi compatibilizar (ou incompatibilizar) a obra com alguns princípios esotéricos fundamentais. Seja como for, quantos lembram das passagens a seguir do Evangelho de Mateus? Não ajunteis tesouros na Terra, onde as traças e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem as traças nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso Coração. (Mateus, VI:19 a 21). Disse-lhe Jesus: se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois, vem, e me segue. (Mateus, XIX:21). Uma coisa eu tenho certeza: ao longo dos séculos, o próprio Vaticano esqueceu destas recomendações!

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Karl Heinrich Marx

Karl Heinrich Marx

 

 

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx, em Economia, estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o Capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista e O Capital os mais proeminentes.

 

Marx nasceu em uma família de classe média em Tréveris, na Renânia Prussiana, e estudou nas Universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas idéias filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o Rheinische Zeitung, um jornal radical publicado em Colônia, e começou a trabalhar na Teoria da Concepção Materialista da História. Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos, onde continuou a escrever e a formular suas teorias sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o Socialismo, e se tornou uma figura significativa na Associação Internacional dos Trabalhadores.

 

As teorias de Marx sobre a sociedade, a Economia e a política – a compreensão coletiva do que é conhecido como Marxismo sustentam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão-de-obra para a produção), e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos. Além disto, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o Capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema: o Socialismo. Ele argumentava que os antagonismos no sistema capitalista, entre a burguesia e o proletariado, seriam conseqüência de uma guerra perpétua entre a primeira e as demais classes ao longo da História. Isto, associado à sociedade industrial e ao acúmulo de Capital, geraria a sua classe antagônica, que resultaria na conquista do poder político pela classe operária e, eventualmente, no estabelecimento de uma sociedade sem classes e apátrida o Comunismo regida por uma livre associação de produtores. Marx, ativamente, argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o Capitalismo e provocar mudanças socioeconômicas.

 

Elogiado e criticado, Marx tem sido descrito como uma das figuras mais influentes na História da Humanidade. Muitos intelectuais, sindicatos e partidos políticos em nível mundial foram influenciados por suas idéias, com muitas variações sobre o seu trabalho base. Marx é normalmente citado, ao lado de David Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 Paris, 15 de novembro de 1917) e Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 Munique, 14 de junho de 1920), como um dos três principais arquitetos da Ciência Social moderna.

 

 

 

Fragmentos Marxistas

 

 

 

O intercâmbio de mercadorias não inclui em si e para si outras relações de dependência que não as originadas de sua própria natureza. Sob esse pressuposto, a força de trabalho, como mercadoria, só pode aparecer no mercado à medida que e porque ela é oferecida à venda ou é vendida como mercadoria por seu próprio possuidor, pela pessoa da qual ela é a força de trabalho. Para que seu possuidor a venda como mercadoria, ele deve poder dispor dela, ser, portanto, livre proprietário de sua capacidade de trabalho, de sua pessoa. Ele e o possuidor de dinheiro se encontram no mercado e entram em relação um com o outro como possuidores de mercadorias iguais por origem, só se diferenciando por um ser comprador e o outro, vendedor, sendo, portanto, ambos pessoas juridicamente iguais. O prosseguimento dessa relação exige que o proprietário da força de trabalho só a venda por determinado tempo, pois, se a vender em bloco, de uma vez por todas, então ele venderá a si mesmo, transformando-se de homem livre em um escravo, de possuidor de mercadoria em uma mercadoria. Como pessoa, ele tem de se relacionar com sua força de trabalho como sua propriedade e, portanto, sua própria mercadoria, e isso ele só pode na medida em que ele a coloca à disposição do comprador apenas provisoriamente, por um prazo de tempo determinado, deixando-a ao consumo, portanto, sem renunciar à sua propriedade sobre ela, por meio de sua alienação.

 

Uma coisa, no entanto, é clara: a Natureza não produz, de um lado, possuidores de dinheiro e de mercadorias e, do outro, meros possuidores das próprias forças de trabalho. Essa relação não faz parte da história natural nem tampouco é social, comum a todos os períodos históricos. Ela mesma é evidentemente o resultado de um desenvolvimento histórico anterior, o produto de muitas revoluções econômicas, da decadência de toda uma série de formações mais antigas da produção social.

 

Para se tornar mercadoria, o produto não pode ser produzido como meio de subsistência imediato para o próprio produtor.

 

Os produtos tomam (ou a maioria deles toma) a forma de mercadorias, apenas em um modo de produção bem específico: o capitalista. O processo de produção social ainda está muito longe de estar dominado, em toda a sua extensão e em toda a sua profundidade, pelo valor de troca.

 

Plantei repolho-chinês.
Colhi e vendi a 'Capitata' por R$ 1,00.
Quem me comprou o repolho
o vendeu por R$ 2,00.
................................
................................
................................

E quem, por último,
o comprou, se ferrou, pagou R$ 5,00
e acabou
tendo uma big caganeira.

A caganeira pediu ,
que custou R$ 10,00.
Ora, o que se pode concluir?
1º) que o repolho-chinês,
na verdade, custou R$ 15,00;
2º) que mercadoria atrai
;
e 3º) que repolho-chinês atrai caganeira.

E assim... Gira o mundo.
Uns, vendem; outros, compram.
Uns, compram; outros vendem.
Uns, nem vendem nem compram.
Outros, nem compram nem vendem.
Uns, compram, e se cagam.
Outros, enricam com as caganeiras alheias.

Enquanto isso, o que se vê?
Ricos ficando cada vez mais ricos.
Pobres ficando cada vez mais pobres.
A desigualdade social aumentando.
A fome e a miséria se exacerbando.
A violência ficando cada vez mais violenta.
A esperança se tornando desesperança.

Mas, a Terra continua a rotacionar.
O Sol continua a brilhar.
O calor continua a esquentar.
O frio continua a esfriar.
A chuva continua a chover.
E o homem continua a encarnar,
a desencarnar e a reencarnar.

 

 

 

 

As formas específicas de dinheiro mero equivalente de mercadoria ou meio circulante ou meio de pagamento, tesouro e dinheiro mundial apontam, de acordo com a extensão diversa e a predominância relativa de uma ou de outra função, para estágios muito diferentes do processo de produção social.

 

O processo de consumo da força de trabalho é, simultaneamente, o processo de produção de mercadoria e de mais-valia.

 

A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho, e o processo de trabalho deve ser considerado, de início, independentemente de qualquer forma social determinada.

 

O homem, ao atuar sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nele adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio domínio. [Por isso, a frase if I were a wealthy man, I wouldn't have to work hard (se eu fosse um homem rico, eu não teria que trabalhar duro) é uma besteira muito maior do que sesquipedal elevada ao quadrado.]

 

Toda matéria-prima é objeto de trabalho, mas, nem todo objeto de trabalho é matéria-prima. O objeto de trabalho apenas é matéria-prima depois de já ter experimentado uma modificação mediada por trabalho.

 

Não é o que se faz, mas, como, com que meios de trabalho se faz, é o que distingue as épocas econômicas.

 

O fato de um valor de uso aparecer como matéria-prima, meio de trabalho ou produto depende totalmente de sua função determinada no processo de trabalho e da posição que nele ocupa, e, com a mudança dessa posição, variam essas determinações.

 

A partir do momento em que o trabalhador entra na oficina do capitalista, o valor de uso de sua força de trabalho portanto, sua utilização, o trabalho pertence ao capitalista. O capitalista, mediante a compra da força de trabalho, incorpora o próprio trabalho, como fermento vivo, aos elementos mortos constitutivos do produto, que lhe pertencem igualmente. Do seu ponto de vista, o processo de trabalho é apenas o consumo da mercadoria, força de trabalho por ele comprada, que só pode, no entanto, consumir ao lhe acrescentar meios de produção. O processo de trabalho é um processo entre coisas, que o capitalista compra, entre coisas que lhe pertencem. O produto desse processo lhe pertence de modo inteiramente igual ao produto do processo de fermentação em sua adega.

 

Essa terra é minha.
Essa água é minha.
Essa pastagem é minha.
Essa grama é minha.
Essa forragem é minha.
Esses bois são meus.
Essas vacas são minhas.
Esses mugidos são meus.
Essa bosta é minha.
Os puns das vacas e dos bois são meus.
Esse CH4 é meu.
Essa porteira é minha.
Esse estábulo é meu.
Esse leite é meu.
Essa carne é minha.
Esse lucro é meu.
Essa mais-valia é minha.
Sua
sua força de trabalho é minha.
O processo de trabalho é meu.
Os produtos desse processo são meus.
Os valores de uso são meus.
Sua carteira de trabalho é minha.
Suas horas trabalhadas são minhas.
Seu salário é meu.
Sua família é minha.
Sua vida é minha.
O ar, que você respira, é meu.
Suas crenças são minhas.
Suas descrenças são minhas.
Sua vontade é minha.
Sua saúde é minha.
Sua morte é minha.
Sua futura encarnação será minha.
A escravidão não acabou.
A escravidão nunca acabará.
Eu sou dono de tudo.
Por isso, sou um capitalista.
Por isso, você sempre será escravo.
Você até poderá se tornar um cidadão,
porém, nunca será gente!
André Rebouças sonhou e delirou.
Luiz Gama sonhou e delirou.
José do Patrocínio sonhou e delirou.
Francisco José do Nascimento sonhou e delirou.
Joaquim Nabuco sonhou e delirou.
Rui Barbosa sonhou e delirou.
Isabel do Brasil sonhou e delirou.
De uma forma ou de outra
agravada ou mitigada
a escravidão será eterna.
Deus fez dos capitalistas senhores,
e dos homens, em geral, escravos.
Esta é uma lei universal.
E eu me sinto muito bem assim.

 

O capitalista não fabrica galochas, bíblias, feijões mágicos, H2O consagrada, passaportes para o céu, cadeiras paradisíacas, calibrinas, camisinhas, vacinas contra a COVID-19, dedais, alfinetes, agulhas, pães-de-ló ou metralhadoras por causa deles mesmos. O valor de uso não é, de modo algum, a coisa qu’on aime pour lui-même [que se ama por si mesma]. São produzidos somente porque são substratos materiais, isto é, são portadores de valores de troca. E, para o capitalista, esta fabricação envolve duas coisas: primeiro, ele quer produzir um valor de uso que tenha um valor de troca, um artigo destinado à venda, uma mercadoria; segundo, ele quer produzir uma mercadoria cujo valor seja maior do que a soma dos valores das mercadorias exigidas para produzi-la, do que os meios de produção e do que a força de trabalho, para os quais adiantou seu dinheirinho no mercado. Conclusão: o capitalista quer produzir não só um valor de uso, mas, uma mercadoria e também mais-valia.

 

Apenas o tempo de trabalho socialmente necessário conta como formando valor.

 

Onde nada existe, o imperador perde seu direito.

 

Um serviço é nada mais do que o efeito útil de um valor de uso, seja da mercadoria, seja do trabalho.

 

Um capitalista prático nem sempre pensa no que diz fora do seu negócio, mas, sempre sabe o que faz dentro dele.

 

O serviço específico que um capitalista espera de uma mercadoria é que o valor de uso específico dessa mercadoria seja fonte de valor e de mais valor do que ela mesma tem.

 

O capitalista, ao transformar dinheiro em mercadorias, que servem de matérias constituintes de um novo produto ou de fatores do processo de trabalho, ao incorporar força de trabalho viva à sua objetividade morta, transforma valor, trabalho passado, objetivado, morto em capital, em valor que se valoriza a si mesmo, um monstro animado que começa a trabalhar como se tivesse amor no corpo.

 

Se compararmos o processo de formação de valor com o processo de valorização, veremos que o processo de valorização não será nada mais que um processo de formação de valor prolongado além de certo ponto. Se este apenas durar até o ponto, em que o valor da força de trabalho pago pelo capital é substituído por um novo equivalente, então, é um processo simples de formação de valor. Se ultrapassar esse ponto, se tornará um processo de valorização.

 

A mais-valia resulta somente de um excesso quantitativo de trabalho, da duração prolongada do mesmo processo de trabalho, seja um processo de produção de fios, seja um processo de produção de jóias.

 

No processo de trabalho, só se transfere valor do meio de produção ao produto, na medida em que o meio de produção, juntamente com seu valor de uso independente, também perca seu valor de troca. Ele cede ao produto apenas o valor que perde como meio de produção.

 

Um meio de produção nunca transfere mais valor ao produto do que perde no processo de trabalho pela destruição de seu próprio valor de uso.

 

Meios de produção nunca podem agregar ao produto mais valor do que possuem, independentemente do processo de trabalho a que servem.

 

Em qualquer processo de trabalho, mediante a atividade da força de trabalho, é reproduzido não só seu próprio valor, mas, se produz também valor excedente. Essa mais-valia forma o excedente do valor do produto sobre o valor dos constituintes consumidos do produto, isto é, dos meios de produção e da força de trabalho.

 

O excedente do valor total do produto sobre a soma dos valores de seus elementos constituintes é o excedente do capital valorizado sobre o valor do capital originariamente adiantado. Meios de produção, de um lado, e força de trabalho, do outro, são apenas as diferentes formas de existência que o valor do capital originário assume ao se desfazer de sua forma dinheiro e ao se transformar nos fatores do processo de trabalho. A parte do capital que se converte em meios de produção, isto é, em matéria-prima, matérias auxiliares e meios de trabalho, não altera sua grandeza de valor no processo de produção. Eu a chamo, por isso, parte constante do capital ou, mais concisamente, capital constante. A parte do capital convertida em força de trabalho, em contraposição, muda seu valor no processo de produção. Ela reproduz seu próprio equivalente e, além disso, produz um excedente, uma mais-valia que ela mesma pode variar, ou seja, ser maior ou menor. Essa parte do capital se transforma continuamente de grandeza constante em grandeza variável. Eu a chamo, por isso, parte variável do capital ou, mais concisamente, capital variável. Portanto, as mesmas partes componentes do capital, que do ponto de vista do processo de trabalho se distinguem como fatores objetivos e subjetivos, como meios de produção e força de trabalho, se distinguem, do ponto de vista do processo de valorização, como capital constante e capital variável.

 

 

Charlie Chaplin
(Modern TimesTempos Modernos)

 

 

Quanto menos processos de trabalho a parte componente de um produto tenha que percorrer, tanto mais seguro é o resultado. Por isso, é uma lei da especulação, em tais revoluções de valor, especular com a matéria-prima em sua forma menos elaborada. Por esemplo: antes com o fio do que com o tecido e antes com o próprio algodão do que com o fio.

 

A mais-valia que o capital C invariavelmente produz, adiantado no processo de produção ou como valorização do capital adiantado C, se apresenta, de início, como excedente do valor do produto sobre a soma de valor de seus elementos de produção. O capital C se decompõe em duas partes: uma soma de dinheiro c, despendida com os meios de produção, e outra v, despendida com a força de trabalho, de tal sorte que c representa a parte do valor transformada em capital constante, e v a parte que se transforma em capital variável. Originariamente, portanto, o que se tem é: C = c + v. No fim do processo de produção, surge a mercadoria, cujo valor passa a ser c + v + m, de tal maneira que m representa a mais-valia. O capital original C se transformará sempre em C'. A diferença entre ambos é = m, a mais-valia. [Então, se pode perceber que, inevitavelmente, sempre teremos C' = C + m. O grande problema é o tamanho de m.] Como o valor dos elementos de produção é igual ao valor do capital adiantado, é de fato uma tautologia [redundância] dizer que o excedente do valor do produto sobre o valor de seus elementos de produção é igual à valorização do capital adiantado, isto é, é igual à mais-valia produzida

 

A minha mais-valia fez de mim um boa-vida;

a sua foi-é-será servidão, suor e lágrimas.

A cada dia, vou valendo ainda mais;

você, dia-a-dia, vai ficando endividado.

Eu me tornei nobre, dono e senhor;

você sempre será um escravo do tempo.

 

 

 

 

Eu enriqueci;

você empobreceu.

Eu ganhei;

você perdeu.

Eu lucrei;

você teve que declarar falência.

Eu adicionei e multipliquei;

você subtraiu e dividiu.

Eu pago uma fortuna à ;

você, para viver, depende do .

Eu me dei bem;

você se deu mal.

Eu subi na vida;

você quebrou a cara e minguou.

Eu faturei;

você ficou a ver navios.

Eu sou felizardo e vencedor;

você é desgraçado e perdedor.

Eu posto news;

você acredita nelas.

Eu quero, nomeio e mando;

você obedece e é demissível 'ad nutum'1.

Eu moro num triplex em Ipanema;

você mora numa choça em deus-me-livre.

Eu como torradinhas com caviar;

você come farinha com farinha.

Eu bebo champanhota;

você bebe água da chuva.

Eu faço cocô numa necessária de ouro;

o seu cagatório é um penico rachado.

Eu vou viajar de avião para Paris;

você vai a pé para o cornimboque de judas.

Eu passeio em Copacabana;

você se acocora em 'sei-lá-onde'.

Eu tenho um iate igualzinho ao AZZAM;

você atravessa a Baía de barca da Cantareira.

 

 

AZZAM

 


Eu tiro férias na Côte d'Azur;

você se esconde em Saramandaia.

Eu uso Air Jordan Silver Shoes;

você usa chinelo de dedo.

E tenho conta no ;

você tem conta na birosca da dona Chica.

Eu vou ao show do Sting;

você vai ao bate-chinela no cemitério do Odorico.

Eu tenho um Bentley Bacalar;

você anda de trem lotado.

Eu tenho plano de saúde ;

você, quando dá, pega de .

Eu sou amigo do Rei;

você é amigo do Elias Maluco.

Eu almoço no Le Pré-Catelan;

você é azarado e marmiteiro.

Eu me vacino e fico imunizado;

você se vacina e vira .

Eu voto e o meu candidato vence;

você vota e o seu tira o último lugar.

Quando vou a Roma, converso com o Papa;

você papeia à-toa com o bicheiro da esquina.

Eu tenho um baita 'home theater';

você tem um radinho de pilha (sem pilha).

Eu tenho milhares de ações da ;

você tem uma ação ajuizada na 69ª Vara Cível.

Enfim, eu sou bonito, amado e bem casado;

você é um horror, frustrado e mal-amado.

Deus que me perdoe de ser um malfadado assim!

 

Recordando: C = c + v se transforma em C’ = c + v + m, e, portanto, transforma C em C’, de tal maneira que C' = C + m.

 

A mais-valia é mera conseqüência da mudança de valor que ocorre com v, a parte do capital convertida em força de trabalho. Portanto, v + m = v + v (v mais incremento de v).

 

Mais-valia é um mero coágulo de tempo de trabalho excedente como simples mais-trabalho objetivado.

 

A taxa de mais-valia é a expressão objetiva exata [sem tergiversação] do grau de exploração da força de trabalho pelo capital ou do trabalhador pelo capitalista.

 

 

 

 

Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você trabalhar 8 horas por dia.
Eu pagarei a você R$ 1.150,00,
se você trabalhar 12 horas por dia.
Eu pagarei a você R$ $ 1.000,00 por mês,
se você trabalhar sem carteira assinada.
Eu pagarei a você R$ 850,00 por mês,
se você trabalhar com carteira assinada.
Eu pagarei a você R$ $ 1.000,00 por mês,
se você abrir mão do .
Eu pagarei a você R$ 850,00 por mês,
se você não abrir mão deste direito trabalhista.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você trabalhar sem tirar férias.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você trabalhar e resolver tirar férias.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você abrir mão do .
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você não abrir mão deste benefício.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você abrir mão do .
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você não abrir mão deste benefício.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você abrir mão do .
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você não abrir mão deste benefício.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você abrir mão do .
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você não abrir mão deste direito trabalhista.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você, mesmo doente, vier trabalhar.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você ficar doente e não vier trabalhar.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você, todos os meses, por fora, me devolver R$ 150,00.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você não me devolver nada.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você fizer hora extra e não receber.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você fizer hora extra e quiser receber.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você abrir mão dos reajustes salariais anuais.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você não abrir mão dos reajustes salariais.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você abrir mão das promoções.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você quiser receber as promoções.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você trabalhar aos sábados até o meio-dia.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você não trabalhar aos sábados.
Eu pagarei a você R$ 1.000,00 por mês,
se você não tomar cafezinho durante o serviço.
Eu pagarei a você R$ 850,00,
se você tomar cafezinho durante o serviço.

 

 

 

Continua...

 

 

 

Música de fundo:

L'internationale
Composição: Eugène Pottier (letra) & Pierre Chretien De Geyter (música)

Fonte:

http://drapeaurouge.free.fr/inter.html#fr

 

Páginas da Internet consultadas:

https://perfilnautico.com.br/
os-5-iates-mais-caros-do-mundo-em-2019/

https://giphy.com/explore/modern-times

https://www.colourbox.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

https://pcb.org.br/portal2/7333/ler-o-capital/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.