DAS KAPITAL
(Uma Análise ± Esotérica)
Parte III

 

 

 

O Capital

O Capital
(Livro 1, capa da 1ª edição, 1867)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este rascunho se constitui da 3ª parte de uma coletânea de fragmentos (eventual e esotérico-despretensiosamente comentados e, algumas vezes, ligeiramente editados) de O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx, que constitui uma análise do Capitalismo (crítica da Economia Política). Muitos consideram esta obra o marco do pensamento socialista-marxista. Deste conjunto de livros, o único que foi lançado em vida por Marx foi O Processo de Produção do Capital, em 1867. Os outros foram publicados após a sua morte, ficando as edições a cargo de Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de agosto de 1895). Devo enfatizar que este estudo não é para especialistas nem para comunistas; ao prepará-lo, tive em mente a pessoa comum, que nunca leu O Capital ou sequer ouviu falar deste livro. Por isto, não é mais do que um despretensioso rascunho. Meu intento foi compatibilizar (ou incompatibilizar) a obra com alguns princípios esotéricos fundamentais. Seja como for, quantos lembram das passagens a seguir do Evangelho de Mateus? Não ajunteis tesouros na Terra, onde as traças e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem as traças nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso Coração. (Mateus, VI:19 a 21). Disse-lhe Jesus: se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois, vem, e me segue. (Mateus, XIX:21). Uma coisa eu tenho certeza: ao longo dos séculos, o próprio Vaticano esqueceu destas recomendações!

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Karl Heinrich Marx

Karl Heinrich Marx

 

 

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx, em Economia, estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o Capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista e O Capital os mais proeminentes.

 

Marx nasceu em uma família de classe média em Tréveris, na Renânia Prussiana, e estudou nas Universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas idéias filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o Rheinische Zeitung, um jornal radical publicado em Colônia, e começou a trabalhar na Teoria da Concepção Materialista da História. Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos, onde continuou a escrever e a formular suas teorias sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o Socialismo, e se tornou uma figura significativa na Associação Internacional dos Trabalhadores.

 

As teorias de Marx sobre a sociedade, a Economia e a política – a compreensão coletiva do que é conhecido como Marxismo sustentam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão-de-obra para a produção), e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos. Além disto, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o Capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema: o Socialismo. Ele argumentava que os antagonismos no sistema capitalista, entre a burguesia e o proletariado, seriam conseqüência de uma guerra perpétua entre a primeira e as demais classes ao longo da História. Isto, associado à sociedade industrial e ao acúmulo de Capital, geraria a sua classe antagônica, que resultaria na conquista do poder político pela classe operária e, eventualmente, no estabelecimento de uma sociedade sem classes e apátrida o Comunismo regida por uma livre associação de produtores. Marx, ativamente, argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o Capitalismo e provocar mudanças socioeconômicas.

 

Elogiado e criticado, Marx tem sido descrito como uma das figuras mais influentes na História da Humanidade. Muitos intelectuais, sindicatos e partidos políticos em nível mundial foram influenciados por suas idéias, com muitas variações sobre o seu trabalho base. Marx é normalmente citado, ao lado de David Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 Paris, 15 de novembro de 1917) e Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 Munique, 14 de junho de 1920), como um dos três principais arquitetos da Ciência Social moderna.

 

 

 

Fragmentos Marxistas

 

 

 

Com certo nível e volume de produção de mercadorias, a função do dinheiro, como meio de pagamentos, ultrapassa a esfera da circulação de mercadorias. Ele se torna a mercadoria geral dos contratos. Rendas, impostos etc. se transformam de entregas in natura em pagamentos em dinheiro. Até que ponto essa transformação é condicionada pela configuração geral do processo de produção é demonstrado, por exemplo, pelo fato de que tenha fracassado por duas vezes a tentativa do Império Romano de cobrar todos os tributos em dinheiro. E a indescritível miséria da população camponesa da França, sob o reinado de Luís XIV, que, com tanta eloqüência, foi denunciada por Pierre Boisguillebert, pelo Marechal Sébastien Le Prestre de Vauban etc. não se devia somente ao montante dos impostos, mas, também, à conversão dos impostos in natura em impostos em dinheiro. Por outro lado, se a forma natural da renda do solo, que constitui, na Ásia, ao mesmo tempo, o elemento fundamental do imposto público, se baseia lá em condições de produção, que se reproduzem com a imutabilidade de condições naturais, aquela forma de pagamento repercute sobre a forma antiga de produção, conservando-a. É um dos segredos da autoconservação do Império Turco. E se, no Japão, o comércio externo, imposto pela Europa, provoca a conversão da renda in natura em renda em dinheiro, será à custa de sua agricultura exemplar. Suas estreitas condições econômicas de existência dissolver-se-ão.

 

Enquanto o entesouramento desaparece como forma autônoma de enriquecimento, com o progresso da sociedade burguesa, ele, ao contrário, cresce na forma de fundos de reserva dos meios de pagamento.

 

Para todos os pagamentos periódicos, qualquer que seja a sua origem, o volume de meios de pagamento necessário está em proporção direta à duração dos prazos de pagamento.

 

Para que serve o dinheiro,
se ninguém obterá seu
com o que conseguir entesourar?

Para que serve o dinheiro,
se ninguém poderá vender
o que ninguém poderá comprar?

Para que serve o dinheiro,
se o não se poderá mercar
numa quitanda nem num bar?

Para que serve o dinheiro,
se o foi-é-será sempre o mesmo,
e Ele vibrou-vibra-vibrará sem Se cansar?

Para que serve o dinheiro,
se o foi-é-será sempre o
e Ele criou-cria-criará sem Se esgotar?

Para que serve o dinheiro,
se a é inegociável,

e, para recebê-La, cada um terá que se dignificar?

Para que serve o dinheiro,
se o salário não se tornar maior,
e cada um só fizer se afligir e chorar?

Para que serve o dinheiro,
se o egoísmo for o padrasto
e a avarícia for a madrasta a parir sem descansar?

Para que serve o dinheiro,
se fizermos da vida um pesadelo,
e não houver como sonhar?

Para que serve o dinheiro,
se permanecermos na mesma,
e na mesma permanecermos sem mudar?

Para que serve o dinheiro,
se preferirmos o movimento horário,
e o movimento anti-horário acharmos que dá azar?

Para que serve o dinheiro,
se amordaçarmos o nosso Deus Interior,
e em histórias da carochinha continuamos a acreditar?

Para que serve o dinheiro,
se continuarmos crucificados na Cruz Comum,
e na Cruz Cardinal não conseguirmos nos Transcendentalizar?

Para que serve o dinheiro,
se a inflação rapar o tacho,
e os preços subirem sem parar?

Para que serve o dinheiro,
se os oligarcas tiverem tudo,
e não se condoerem em partilhar?

Para que serve o dinheiro,
se o passado passou e já é
passado,
e, do futuro,
ninguém poderá se livrar?

Para que serve o dinheiro,
se os outros foram-são-serão nossos irmãos,
e, deles, nada deveremos desejar?

Para que serve o dinheiro,
se a fome que alguém sentir
será sempre de todos, em qualquer tempo e lugar?

Para que serve o dinheiro,
se saciarmos a nossa fome,
e os outros continuarem a esmolar?

Para que serve o dinheiro,
se everybody macacada irá mesmo morrer,
e, um dia, de novo, reencarnar?

Para que serve o dinheiro,
se pegarmos essa tal de COVID-19,
e a morte, de repente, pintar?

Para que serve o dinheiro,
se, subitamente, um evento fortuito da Natureza,
desprevenidos, nos embrulhar?

Para que serve o dinheiro,
se todos nós fomos-somos-seremos Deuses,
mas, continuarmos a insistir em olvidar?

Para que serve o dinheiro,
se o que importa é a
para cada um poder se

Para que serve o dinheiro,
se ele não abrir as algemas,
e nós não conseguirmos voar?

Para que serve o dinheiro,
se compensaremos tudinho de
tudinho,
enquanto o nosso karma perdurar?

Para que serve o dinheiro,
se ele continuar um cadáver putrefeito,
e não servir para os outros ajudar?

 

É só no mercado mundial que o dinheiro funciona plenamente como mercadoria, cuja forma natural é, ao mesmo tempo, forma diretamente social de realização do trabalho humano em abstrato. Seu modo de existir se ajusta ao seu conceito. Na esfera interna de circulação, pode servir como medida de valor e, portanto como dinheiro, somente uma mercadoria. No mercado mundial domina dupla medida de valor: o ouro e a prata. O dinheiro mundial funciona como meio geral de pagamento, meio geral de compra e materialização social absoluta da riqueza em geral ('universal wealth'). A função, como meio de pagamento, para a compensação de saldos internacionais, é predominante. Daí a palavra de ordem dos mercantilistas balança comercial! O ouro e a prata funcionam como meio internacional de compra, sobretudo, cada vez que se perturba bruscamente o equilíbrio tradicional do metabolismo entre nações diferentes. Finalmente, como materialização social absoluta da riqueza, na qual não se trata nem de compras nem de pagamentos, mas, sim, de transferência de riqueza de um país a outro e onde essa transferência não é permitida sob a forma de mercadoria, seja pelas conjunturas do mercado, seja pelo fim que se busca alcançar. Do mesmo modo como para sua circulação interna, todo país necessita contar com um fundo de reserva para a circulação do mercado mundial. As funções dos tesouros surgem, assim, em parte da função do dinheiro como meio interno de pagamento ou de circulação, em parte de sua função como dinheiro mundial. Neste último papel, sempre é exigida a mercadoria monetária efetiva, o ouro e a prata em pessoa; daí ter James Steuart (21 de outubro de 1712 26 de novembro de 1780) expressamente caracterizado o ouro e a prata, em contraste com suas representações puramente locais, como 'money of the world'.

 

O crescimento extraordinário da reserva do tesouro, acima de seu nível médio, indica estancamento da circulação das mercadorias ou interrupção do fluxo de metamorfose das mercadorias.

 

A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital. A produção de mercadorias, a circulação desenvolvida de mercadorias e o comércio são os pressupostos históricos sob os quais ele surge. Comércio mundial e mercado mundial inauguram, no século XVI, a moderna história da vida do capital.

 

O dinheiro produto último da circulação de mercadorias é a primeira forma de aparição do capital. Historicamente, o capital se defrontou com a propriedade fundiária, no início, em todo lugar, sob a forma de dinheiro, como fortuna em dinheiro, capital comercial e capital usurário.

 

A forma direta de circulação de mercadorias é M —› D —› M, transformação de mercadoria em dinheiro e retransformação de dinheiro em mercadoria, isto é, vender para comprar. No entanto, há uma segunda forma, especificamente diferenciada, a forma D —› M —› D, transformação de dinheiro em mercadoria e retransformação de mercadoria em dinheiro, isto é, comprar para vender. Dinheiro que se transforma em capital, torna-se capital e, de acordo com sua determinação, já é capital.

 

Eu me chamo Owen Hanna Lange.

Sou mestre-escola em

Ministro umas aulinhas.

De trabalhos manuais.

Na realidade,

eu as vendo muito baratinho.

Você conhece alguém que dê bola para

professor de trabalhos manuais?

Para muitos, trabalhos manuais,

como as vacinas contra a COVID-19

e as medidas não-farmacológicas,

são coisas de somenos.

E bota de somenos nisso!

Acham que imunidade rebanho resolve

ou que, se se vacinarem,

poderão virar jacarés ou lulistas!

Seja como for, no fim do mês,

recebo meu salariozinho.

Irrisório, irrelevante, de somenos.

De somenos, mixuruca, burlesco.

Aí, rapidinho, vou à quitanda,

compro alimentos

sem faltar o , que eu adoro,

e o adoçante , que eu abomino

pago o aluguel,

o condomínio,

o plano de saúde,

a ,

pois, .

O infeliz que não pode ter

vive mais por fora

do que umbigo de vedete.

Também pago

a caríssima conta de luz,

a caríssima conta de gás,

o caríssimo ,

o caríssimo seguro do meu carro,

o caríssimo seguro da minha casa,

o caríssimo seguro de morte

e a minha caríssima secretária,

senão ela se manda.

Ah! Os remédios!

São zil e um remédios!

Caríssimos!

Para o colesterol,

para a glicose,

para a pressão

que, às vezes sobe, às vezes desce

para as almorreimas,

para a prisão de ventre,

para a torneirinha,

para as verrugas,

para a cistite,

para a colite,

para a esquizofrenia,

para levantar a pipa,

para manter a pipa empinada...

Também compro sabonete

o número 1 contra bactérias

desodorante,

shampoo ,

escova de dentes,

pasta de dentes,

fio dental,

colutório,

Gumex®,

camisinha Jontex®,

vaselina,

Tylenol®,

um livrinho de palavras cruzadas,

uma mãozinha de plástico

para coçar as costas,

pois, está sempre quebrando,

apesar de afirmarem que não quebra

 

 

(Quem inventou essa mãozinha deveria
ganhar o Prêmio Nobel de Anatomia)

 

 

um produto antichulé,

porque o meu chulé espanta

até diabo-da-tasmânia,

maconha importada do Marrocos,

cheirinho da loló,

confete,

serpentina,

lança-perfume,

ração para o meu gato,

alpiste para o meu canário,

ratinhos para a minha jibóia,

ervas, raízes, folhas

e cascas para o meu ,

pastilhas ,

água oxigenada,

água boricada,

,

Hidrolitol,

água-que-passarinho-não-bebe,

água benta católica,

água consagrada (do R. R. Soares),

feijões mágicos (do Valdemiro Santiago),

em gel,

sem ser em gel,

máscaras,

luvas descartáveis,

de vez em quando,

um par de galochas,

e, quando o meu parco dinheirinho dá,

um CD com músicas do bandoneonista1

e compositor argentino Astor Piazzolla.

Bem, no final do mês,

estou durinho da silva,

matando tartaruga a beliscão

e dragão-de-komodo com palavrão.

O jeito? Continuar

a vender baratinho

as aulas de trabalhos manuais.

Fazer o quê?

Pior é impossível!

 

 

 

Jack Nicholson (Como Melvin Udall)
(Em uma cena de As Good as It Gets – Melhor é Impossível)

 

 

É isso, ou fazer um pneumotórax,

ou bailar um tango, ou empacotar!

Eu só peço a Deus para não me

mandarem embora do colégio.

Mas, uma coisa devo confessar:

detesto dar aulas de trabalhos manuais.

Eu gostaria mesmo

era de ser gerente lá na Mimosa.

 

Na forma D —› M —› D, o comprador gasta dinheiro para, como vendedor, receber dinheiro. Com a compra, ele lança dinheiro na circulação, para retirá-lo dela novamente pela venda da mesma mercadoria. Ele libera o dinheiro só com a astuciosa intenção de se apoderar dele novamente.

 

Por exemplo, pense em uma mercadoria comprada por 100 libras esterlinas e revendida por 100 + 10 libras esterlinas, ou seja, 110 libras esterlinas. A forma completa desse processo é, portanto, D —› M —› D’, em que D’ = D + D, ou seja, é igual à soma de dinheiro originalmente adiantado mais um incremento. Esse incremento ou excedente sobre o valor original chama-se mais-valia ('surplus value'). O valor originalmente adiantado não só se mantém na circulação, mas, altera nela a sua grandeza de valor, isto é, acrescenta mais-valia ou se valoriza. E esse movimento o transforma em capital.

 

O fim de cada ciclo individual, em que a compra se realiza para a venda, constitui, por si mesmo o início de um novo ciclo. A circulação simples de mercadorias a venda para a compra serve de meio para um objetivo final, que está fora da circulação: a apropriação de valores de uso, a satisfação de necessidades. A circulação do dinheiro como capital é, pelo contrário, uma finalidade em si mesma, pois, a valorização do valor só existe dentro desse movimento sempre renovado. Por isso, o movimento do capital é insaciável.

 

O impulso absoluto de enriquecimento e a caça apaixonada do valor são comuns ao capitalista e ao entesourador, mas, enquanto o entesourador é apenas o capitalista demente, o capitalista é o entesourador racional. A multiplicação incessante do valor, pretendida pelo entesourador, ao procurar salvar o dinheiro da circulação, é alcançada pelo capitalista mais esperto, ao entregá-lo sempre de novo à circulação... O capitalista sabe que todas as mercadorias, por mais esfarrapadas que elas pareçam ou por pior que elas cheirem, são, na verdade e na fé, dinheiro meios milagrosos para fazer de dinheiro mais dinheiro... D —› D’, dinheiro que gera dinheiro 'money which begets money' diz a descrição do capital na boca dos seus primeiros tradutores: os mercantilistas.

 

Capital é dinheiro; capital é mercadoria.

 

Mais-valia é uma autovalorização usurpadora. Mais-valia é parir filhotes vivos ou, pelo menos, pôr ovos de ouro. 100 libras esterlinas se transformam em 110 libras esterlinas. [As 10 libras excedentes são os filhotes vivos ou os ovos de ouro.]

 

Mercadorias podem chegar a ser vendidas por preços que se desviam de seus valores, mas, esse desvio aparece como violação da lei da troca de mercadorias. Em sua figura pura, a mercadoria é uma troca de equivalentes, portanto, não um meio de enriquecer em valor, [isto é, praticar a mais-valia.] Dove c’è egualità non c’è lucro. Onde há igualdade, não há lucro. [Ferdinando Galiani (2 de dezembro de 1728, Chieti, – 30 de outubro de 1787, Nápoles]. [Eu prefiro dizer: onde há eqüidade, não há lucro.]

 

Se mercadorias ou mercadorias e dinheiro de igual valor de troca, portanto equivalentes, fossem trocados, então, evidentemente, ninguém tiraria da circulação mais do que lançasse nela. Então, não ocorreria nenhuma formação de mais-valia. No mercado de mercadorias, só um possuidor de mercadorias se confronta com outro possuidor de mercadorias, e o poder que essas pessoas exercem umas sobre as outras é somente o poder de suas mercadorias. A diferença material das mercadorias é o motivo central do intercâmbio, e torna os possuidores de mercadorias reciprocamente dependentes, pois, nenhum deles tem o objeto de suas próprias necessidades, e cada um deles tem em suas mãos o objeto da necessidade do outro. Além dessa diferenciação material de seus valores de uso, só existe uma diferença entre as mercadorias: a diferença entre a sua forma natural e a sua forma transformada, entre mercadoria e dinheiro. E, assim, os possuidores de mercadorias só se diferenciam, enquanto vendedores, possuidores de mercadoria, e, enquanto compradores, possuidores de dinheiro... Suponhamos que um vendedor A vende vinho para um comprador B no valor de 40 libras esterlinas, e adquire em troca cereal no valor de 50 libras esterlinas. A converteu as suas 40 libras esterlinas em 50 libras esterlinas, ou seja, fez mais dinheiro de menos dinheiro e transformou a sua mercadoria em capital. Vejamos mais de perto. Antes da troca, tínhamos vinho em mãos de A por 40 libras esterlinas e cereal em mãos de B por 50 libras esterlinas, isto é, o valor global era de 90 libras esterlinas. Depois da troca, temos o mesmo valor global de 90 libras esterlinas. O valor circulante não aumentou um único átomo; apenas a sua repartição entre A e B é que se modificou. De um lado, aparece como mais-valia, o que, do outro, é menos-valia; de um lado como 'plus', do outro, como 'minus'. A mesma mudança teria ocorrido se A, sem a forma dissimuladora da troca, tivesse roubado 10 libras esterlinas diretamente de B. A soma dos valores circulantes não pode, evidentemente, ser aumentada por meio de nenhuma mudança em sua distribuição. Se equivalentes são permutados, daí não surge mais-valia, e se não-equivalentes são permutados, daí também não surge mais-valia. A circulação ou o intercâmbio de mercadorias não produz valor. [Como registrou Francis Wayland (11 de março de 1796 – 30 de setembro de 1865) em sua obra The Elements of Political Economy, O intercâmbio não transfere valor de nenhuma espécie aos produtos.] Enfim, no capital comercial autêntico, a forma D —› M —› D, comprar para revender mais caro, aparece na maior pureza. Por outro lado, todo o seu movimento ocorre dentro da esfera da circulação. Mas, já que é impossível explicar, por meio da própria circulação, a transformação de dinheiro em capital a formação de mais-valia o capital comercial parece impossível na medida em que se permutam equivalentes, só sendo ele, portanto, dedutível do duplo prejuízo infligido aos produtores de mercadorias, que compram e vendem pelo comerciante que se atravessa parasitariamente entre eles. Nesse sentido, disse Benjamin Franklin (Boston, 17 de janeiro de 1706 – Filadélfia, 17 de abril de 1790): Guerra é roubo; comércio é engodo.

 

Como a Crematística [a crematística está relacionada com o objetivo de adquirir bens, e assim, está imersa em uma busca complexa, como um looping, no qual a cada meta batida de lucro já se começa uma nova, de forma a que seja alcançado um outro ponto maior e, assim, o ciclo se repete] é dupla, uma pertencente ao comércio, a outra à Economia, a última necessária e louvável, a primeira baseada na circulação e justamente criticada (pois, ela não se baseia em a Natureza, mas, no engodo mútuo), assim também o agiota é odiado com toda justiça, porque o próprio dinheiro é aqui a fonte do ganho, e não é usado de acordo com o fim para o qual ele foi inventado. O dinheiro surgiu para o intercâmbio de mercadorias, mas, o juro faz de dinheiro mais dinheiro. Daí também o seu nome ( — juro e nascido), pois, os nascidos são semelhantes aos que os geraram. Mas, o juro é dinheiro de dinheiro, de modo que, de todas as modalidades de ganho, esse é o mais antinatural. [Aristóteles (Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.)]

 

O possuidor de mercadorias pode formar valores por meio do seu trabalho, mas, não valores que se valorizem.

 

Força de trabalho (ou capacidade de trabalho) é o conjunto das faculdades físicas e espirituais que existem na corporalidade, isto é, na personalidade viva de um homem, e que ele põe em movimento toda vez que produz valores de uso de qualquer espécie.

 

 

Força de trabalho

 

 

 

Continua...

 

 

 

Música de fundo:

L'internationale
Composição: Eugène Pottier (letra) & Pierre Chretien De Geyter (música)

Fonte:

http://drapeaurouge.free.fr/inter.html#fr

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.bigrentz.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cremat%C3%ADstica

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

https://pcb.org.br/portal2/7333/ler-o-capital/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.