O CAPITAL
(Uma Análise ± Esotérica)

Parte XII

 

 

 

O Capital

O Capital
(Livro 1, capa da 1ª edição, 1867)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este rascunho se constitui da 12ª parte e última de uma coletânea de fragmentos (eventual e esotérico-despretensiosamente comentados e, algumas vezes, ligeiramente editados) de O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx, que constitui uma análise do Capitalismo (crítica da Economia Política). Muitos consideram esta obra o marco do pensamento socialista-marxista. Deste conjunto de livros, o único que foi lançado em vida por Marx foi O Processo de Produção do Capital, em 1867. Os outros foram publicados após a sua morte, ficando as edições a cargo de Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de agosto de 1895). Devo enfatizar que este estudo não é para especialistas nem para comunistas; ao prepará-lo, tive em mente a pessoa comum, que nunca leu O Capital ou sequer ouviu falar deste livro. Por isto, não é mais do que um despretensioso rascunho. Meu intento foi compatibilizar (ou incompatibilizar) a obra com alguns princípios esotéricos fundamentais. Seja como for, quantos lembram das passagens a seguir do Evangelho de Mateus? Não ajunteis tesouros na Terra, onde as traças e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem as traças nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso Coração. (Mateus, VI:19 a 21). Disse-lhe Jesus: se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois, vem, e me segue. (Mateus, XIX:21). Uma coisa eu tenho certeza: ao longo dos séculos, o próprio Vaticano esqueceu destas recomendações!

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Karl Heinrich Marx

Karl Heinrich Marx

 

 

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx, em Economia, estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o Capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista e O Capital os mais proeminentes.

 

Marx nasceu em uma família de classe média em Tréveris, na Renânia Prussiana, e estudou nas Universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas idéias filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o Rheinische Zeitung, um jornal radical publicado em Colônia, e começou a trabalhar na Teoria da Concepção Materialista da História. Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos, onde continuou a escrever e a formular suas teorias sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o Socialismo, e se tornou uma figura significativa na Associação Internacional dos Trabalhadores.

 

As teorias de Marx sobre a sociedade, a Economia e a política – a compreensão coletiva do que é conhecido como Marxismo sustentam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão-de-obra para a produção), e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos. Além disto, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o Capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema: o Socialismo. Ele argumentava que os antagonismos no sistema capitalista, entre a burguesia e o proletariado, seriam conseqüência de uma guerra perpétua entre a primeira e as demais classes ao longo da História. Isto, associado à sociedade industrial e ao acúmulo de Capital, geraria a sua classe antagônica, que resultaria na conquista do poder político pela classe operária e, eventualmente, no estabelecimento de uma sociedade sem classes e apátrida o Comunismo regida por uma livre associação de produtores. Marx, ativamente, argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o Capitalismo e provocar mudanças socioeconômicas.

 

Elogiado e criticado, Marx tem sido descrito como uma das figuras mais influentes na História da Humanidade. Muitos intelectuais, sindicatos e partidos políticos em nível mundial foram influenciados por suas idéias, com muitas variações sobre o seu trabalho base. Marx é normalmente citado, ao lado de David Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 Paris, 15 de novembro de 1917) e Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 Munique, 14 de junho de 1920), como um dos três principais arquitetos da Ciência Social moderna.

 

 

 

Fragmentos Marxistas

 

 

 

O que o sistema capitalista sempre buscou e sempre se esforçou para alcançar foi uma posição servil da massa do povo, sua transformação em trabalhadores de aluguel e os seus meios de trabalho em capital, [isto é = mais-trabalho + mais-valia + lucro + acumulação + escravidão + aceitação + desesperança.] Pauper ubique jacet [O pobre, em toda parte, é subjugado], exclamou a Rainha Elisabeth, após uma viagem através da Inglaterra. No 43º ano de seu reinado, foi forçado, finalmente, o reconhecimento oficial do pauperismo, mediante a introdução do imposto para os pobres.

 

Você será meu escravo,
seus filhos serão meus escravos,
seus netos serão meus escravos,
toda a sua progênie será minha escrava.

Eu alugarei – bem baratinho –
a sua força de trabalho,
a dos seus filhos e netos,
e de toda a sua progênie.

Através do trabaho-não-pago de vocês,
transformarei tudo em mais-valia.
Lucrarei, acumularei, enriquecerei
e viverei bem e nababescamente.

Ad infinitum, gerarei mais valor
do que invisto e gasto com vocês,
e multiplicarei minha riqueza
até os confins da galáxia.

Se enquanto houver 'Equus caballus',
São Jorge jamais andará a pé,

enquanto houver operários-escravos,
eu-capitalista ficarei cada vez mais rico.

Se matéria atrai matéria, na razão direta do
produto das massas e inversa ao quadrado da
distância,
eu-capitalista atrairei mais-dinheiro
na razão direta da sujeição-servidão de vocês.

Se, em a Natureza, nada se cria,
nada se perde e tudo se transforma,
eu-capitalista transformarei vocês em um
perpetuum mobile de aumentar meu capital.

Se Phaseolus vulgaris dá feijão,
se Citrus aurantium dá laranja,
se Solanum tuberosum dá batata-inglesa,
vocês têm que me dar luxo e riqueza.

Se depois do dia vem a noite
e
depois da tempestade vem a bonança,
depois de vocês morrerem de tanto trabalhar,
eu locupletarei o meu cofrinho da Delfin.

 

 

Se quem se vacinar contra COVID-19
virará jacaré-bêbado-de-papo-amarelo,
se vocês se recusarem a me dar o seu suor,
virarão múmias-paralíticas-com-cheiro-de-pum.

É assim que o Universo funciona,
é assim que a Terra funciona,
é assim que o Capitalismo funciona,
é assim que vocês têm que funcionar.

 

Não basta que as condições de trabalho apareçam num pólo como capital, e, no outro pólo, existam pessoas que nada têm para vender, a não ser sua força de trabalho. Não basta também forçarem-nas a se vender voluntariamente. Na evolução da produção capitalista, se desenvolve uma classe de trabalhadores que, por educação, tradição e costume, reconhece as exigências daquele modo de produção como leis naturais evidentes. A organização do processo capitalista de produção plenamente constituído quebra toda a resistência, a constante produção de uma superpopulação mantém a lei da oferta e da procura de trabalho, portanto, o salário em trilhos adequados às necessidades de valorização do capital, e a muda coação das condições econômicas sela o domínio do capitalista sobre o trabalhador. Violência extra-econômica direta é ainda, é verdade, empregada, mas, apenas excepcionalmente. Para o curso usual das coisas, o trabalhador pode ser confiado às leis naturais da produção, isto é, à sua dependência do capital que se origina das próprias condições de produção, e por elas é garantida e perpetuada. Outro era o caso durante a gênese histórica da produção capitalista. A burguesia nascente precisa e emprega a força do Estado para regular o salário, isto é, para comprimi-lo dentro dos limites convenientes à extração de mais-valia, para prolongar a jornada de trabalho e manter o próprio trabalhador num grau normal de dependência. Esse é um momento essencial da assim chamada acumulação primitiva.

 

A legislação sobre o trabalho assalariado, desde o início cunhada para a exploração do trabalhador e em seu prosseguimento sempre hostil a ele, foi iniciada na Inglaterra pelo 'Statute of Labourers', de Eduardo III, em 1349. A ele corresponde na França a Ordenança, de 1350, promulgada em nome do Rei João. A legislação inglesa e a francesa seguiram paralelas, e quanto ao conteúdo são idênticas.

 

A coalizão de trabalhadores era considerada crime grave, desde o século XIV até 1825, ano da abolição das leis anticoalização, ante a atitude ameaçadora do proletariado. Apesar disso, caíram apenas em parte. Alguns belos resíduos dos velhos estatutos desapareceram somente em 1859. Finalmente, o ato do Parlamento de 29 de junho de 1871 pretendeu eliminar os últimos vestígios dessa legislação de classe, por meio do reconhecimento legal das 'Trades’ Unions'.

 

Sempre a escravidão.
Sempre a exploração.
Sempre o padecimento.
Sempre a mais-valia.
Sempre o mais-trabalho.
Sempre o lucro.
Sempre a acumulação.
Sempre a riqueza para alguns.
Sempre a pobreza para milhões.
Sempre festa para alguns.
Sempre agonia para milhões.
Sempre vida farta para alguns.
Sempre desesperança para milhões.
Sempre caviar para alguns.
Sempre farofa para milhões.
Sempre champanhota para alguns.
Sempre H2O salobra para milhões.
Sempre a indiferença.

Sempre o deixa-pra-lá.
Sempre o primeiro-eu.
Sempre o outro-depois.
Sempre a insolidariedade.
Sempre a desfraternidade.
Sempre a separatividade.
Sempre a Lei da Causa e do Efeito.
Sempre a Roda do Samsara.
Quando compreenderemos, enfim,
que somos todos irmãos?
Quando compreenderemos, enfim,
que somos todos UM?
Quando compreenderemos, enfim,
que as traças e a ferrugem
consomem nossas acumulações?
Quando compreenderemos, enfim,
que os tesouros que ajuntamos na Terra
são apenas miragens e ilusões?
Quando compreenderemos, enfim,
que o nosso espaço-tempo
não é o Espaço-Tempo Cósmico?
Quando compreenderemos, enfim,
que as palavras que proferimos
não são o
Verbum Dimissum?

 

O espírito do Estatuto dos Trabalhadores de 1349 e de seus descendentes se revela claramente no fato de que um salário máximo é ditado pelo Estado, mas, de forma alguma um mínimo. [Sublinhado e negrito meus.]

 

Somente a destruição do ofício doméstico rural pode proporcionar ao mercado interno de um país a extensão e a sólida coesão de que o modo de produção capitalista necessita.

 

A crescente economia capitalista no campo destrói progressivamente o campesinato

 

A gênese do capitalista industrial não seguiu a mesma maneira gradativa da do arrendatário. Sem dúvida, alguns pequenos mestres corporativos e mais ainda pequenos artesãos independentes ou também trabalhadores assalariados se transformaram em pequenos capitalistas e, mediante exploração paulatinamente mais ampliada do trabalho assalariado e a correspondente acumulação, em capitalistas 'sanas phrase' [sem disfarce].

 

Disfarçar? Eu? Por quê?
E eu lá sou disfarçudo?
Eu exploro, sim,
o mais-trabalho dos escravos.
Eu exploro, sim,
a leniência dos escravos.
Eu exploro, sim,
as oportunidades da legislação.
Eu exploro, sim,
a cumplicidade da legislação.
Eu exploro, sim,
a corrupção dos agentes públicos.
Eu exploro, sim,
a inaptidão dos agentes públicos.
Eu acumulo, sim,
e lucro muito, também,
chupando o sangue do outro.
Minha bússola é a mais-valia
e meu astrolábio o mais-trabalho.
Eu? Disfarçar? Por quê?
Não disfarço nada.
Não sou disfarçudo.
Sou capitalista. Ponto final!
Sou malandro. Reticências...

 

A Idade Média legou duas formas diferentes de capital, que amadureceram nas mais diversas formações socioeconomicas e, antes mesmo da era do modo de produção capitalista, contam como capital em geral: o capital usurário e o capital comercial.

 

A descoberta das terras do ouro e da prata, na América, o extermínio, a escravização e o enfurnamento da população nativa nas minas, o começo da conquista e da pilhagem das Índias Orientais e a transformação da África em um cercado para a caça comercial às peles negras marcaram a aurora da era de produção capitalista. Todos esses processos são momentos fundamentais da acumulação primitiva, que se repartem, mais ou menos em ordem cronológica, a saber: pela Espanha, por Portugal, pela Holanda, pela França e pela Inglaterra.

 

As barbaridades e as atrozes crueldades das assim chamadas raças cristãs, em todas as regiões do mundo e contra todo povo que puderam subjugar, não encontram paralelo em nenhuma era da história universal, em nenhuma raça, por mais selvagem e ignorante, por mais despida de piedade e de vergonha que fosse. [William Howitt (18 de dezembro de 1792 – 3 de março de 1879).]

 

Entre 1769 e 1770, os ingleses fabricaram, na Índia, uma epidemia de fome, por meio da compra de todo arroz e pela recusa de revendê-lo, a não ser por preços fabulosos.

 

E assim, nós vamos escravizando...
E assim, nós vamos esfolando...
E assim, nós vamos matando...
E assim, nós vamos acumulando...
E assim, nós vamos lucrando...
Nós
os capitalistas assassinos.
Nós
os inventores do sobretrabalho.
Nós
os inventores da sobravalia.
Nós
os subjugadorres da Humanidade.

 

Os protestantes austeros e virtuosos os puritanos da Nova Inglaterra estabeleceram, em 1703, por resolução de sua 'Assembly' [Assembléia], um prêmio de 40 libras esterlinas para cada escalpo indígena e para cada pele-vermelha aprisionado. Em 1720, um prêmio de 100 libras esterlinas para cada escalpo. Em 1744, depois de Massachusetts-Bay ter declarado certa tribo como rebelde, os seguintes preços: para o escalpo masculino, de 12 anos para cima, 100 libras esterlinas; para prisioneiros masculinos, 105 libras esterlinas, para mulheres e crianças aprisionadas 50 libras esterlinas; para escalpos de mulheres e crianças 50 libras esterlinas! Alguns decênios mais tarde, o sistem colonial se vingou nos descendentes rebeldes dos piedosos 'pilgrin fathers'. [Patriarcas peregrinos – o primeiro grupo de puritanos que se estabeleceu em Plymouth (Massachusetts), em 1620]. Com incentivo e pagamento inglês, eles foram 'tomahawked'. [Mortos a machado por índios]. O Parlamento Britânico declarou sabujos e escalpelamentos como sendo meios que Deus e a Natureza colocaram em suas mãos.

 

O sistema colonial proclamou a extração de mais-valia como objetivo último e único da Humanidade.

 

A dívida pública, com o tempo, se torna uma das mais enérgicas alavancas da acumulação primitiva. Tal como o toque de uma varinha mágica, ela dota o dinheiro improdutivo de força criadora, e o transforma, desse modo, em capital, sem que, para tanto, tenha necessidade de se expor ao esforço e ao perigo inseparáveis da aplicação industrial e mesmo usurária. Os credores do Estado, na realidade, não dão nada, pois, a soma emprestada é convertida em títulos da dívida, facilmente transferíveis, que continuam a funcionar em suas mãos como se fossem a mesma quantidade de dinheiro sonante. Todavia, abstraindo a classe de rentistas ociosos [aqueles que vivem exclusivamente de rendas e de rendimentos] assim criada e a riqueza improvisada dos financistas que atuam como intermediários entre o Governo e a nação como também os arrendatários de impostos, os comerciantes e os fabricantes privados, aos quais uma boa parcela de cada empréstimo do Estado rende o serviço de um capital caído do céu a dívida do Estado fez prosperar as sociedades por ações, o comércio com títulos negociáveis de toda espécie e a agiotagem. Em uma palavra: o jogo da bolsa e a moderna bancocracia. [E assim, nasceram e proliferaram os paraísos fiscais, as informações privilegiadas, as contas numeradas, as corrupções bancárias, as fortunas fabulosas etc. E assim, foram e continuam sendo aumentados exponencialmente os karmas individuais e o karma coletivo, que acabarão desembocando na...]

 

 

Simbolicamente

 

Desde seu nascimento, os grandes bancos, decorados com títulos nacionais, eram apenas sociedades de especuladores privados, que se colocavam ao lado dos Governos e, graças aos privilégios recebidos, estavam em condições de lhes adiantar dinheiro, sempre dando com uma mão para retomar muito mais com a outra. Por isso, a acumulação da dívida do Estado não tem medidor mais infalível do que a alta sucessiva das ações desses bancos, cujo completo desenvolvimento data da fundação do Banco da Inglaterra (1694). Com isso, surgiu uma ninhada de bancocratas, de financistas, de 'rentiers' [pessoas que vivem de rendimentos], de corretores, de 'stockjobbers' [corretores não-autorizados] e de leões da Bolsa.

 

Como a dívida do Estado se respalda nas receitas do Estado, que precisam cobrir os juros e demais pagamentos anuais, o moderno sistema tributário se tornou um complemento necessário do sistema de empréstimos nacionais. Os empréstimos capacitam os Governos a enfrentar despesas extraordinárias, sem que o contribuinte o sinta imediatamente, mas exigem, ainda assim, como conseqüência, elevação de impostos. Por outro lado, o aumento de impostos causado pela acumulação de dívidas contraídas sucessivamente, força o Governo a tomar sempre novos empréstimos para fazer face a novos gastos extraordinários. O regime fiscal moderno, cujo eixo é constituído pelos impostos sobre os meios de subsistência mais necessários (portanto, encarecendo-os), traz, em si mesmo, o germe da progressão automática. A supertributação não é um incidente, porém, muito mais um princípio. [Aqui, no Brasil, não há um brasileiro que não saiba como esse filme de horror funciona, porque o assiste desde que nasce até que morre.]

 

A acumulação primitiva do capital significa a expropriação dos produtores diretos, isto é, a dissolução da propriedade privada baseada no próprio trabalho.

 

A propriedade privada, como antítese da propriedade social, coletiva, existe apenas onde os meios de trabalho e suas condições externas pertencem a pessoas privadas.

 

A propriedade privada do trabalhador sobre seus meios de produção é a base da pequena empresa, sendo a pequena empresa uma condição necessária para o desenvolvimento da produção social e da livre individualidade do próprio trabalhador. Mas, ela só floresce, só libera toda a sua energia e só conquista a forma clássica adequada onde o trabalhador é livre proprietário privado das condições de trabalho manipuladas por ele mesmo, o camponês da terra que cultiva e o artesão dos instrumentos que maneja como um virtuose.

 

A terrível e difícil expropriação da massa do povo constitui a pré-história do capital.

 

A propriedade privada, obtida com trabalho próprio, baseada, por assim dizer, na fusão do trabalhador individual isolado e independente com suas condições de trabalho, é deslocada pela propriedade privada capitalista, que se baseia na exploração do trabalho alheio, mas, formalmente livre.

 

Cada capitalista mata muitos outros.

 

Com a diminuição constante do número dos magnatas do capital, os quais usurpam e monopolizam todas as vantagens do processo de transformação, aumenta a extensão da miséria, da opressão, da servidão, da degeneração e da exploração, mas, também aumenta a revolta da classe trabalhadora, sempre numerosa, educada, unida e organizada pelo próprio mecanismo do processo de produção capitalista. O monopólio do capital se torna um entrave para o modo de produção que floresceu com ele e sob ele. A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho atingem um ponto em que se tornam incompatíveis com seu invólucro capitalista. Ele é arrebentado. Soa a hora final da propriedade privada capitalista. E os expropriadores são expropriados. Trata-se da expropriação de poucos usurpadores pela massa do povo. [A História mostra que, periodicamente, isto sempre acabou acontecendo.]

 

Há duas espécies muito diferentes de propriedade privada, das quais uma se baseia sobre o próprio trabalho do produtor, e a outra sobre a exploração do trabalho alheio. A última não apenas forma a antítese direta da primeira, mas, também, cresce somente sobre seu túmulo.

 

Sempre, no interesse da assim chamada riqueza nacional, o capitalista procura artifícios para produzir a pobreza do povo. [Povo pobre é povo submisso e escravo.]

 

A propriedade de dinheiro, de meios de subsistência, de máquinas e de outros meios de produção não faz de uma pessoa um capitalista, se falta o complemento o trabalhador assalariado a outra pessoa, que é obrigada a vender a si mesma voluntariamente.

 

Meios de produção e de subsistência, como propriedades do produtor direto, não são capital. Eles se tornam capital apenas sob condições em que servem, ao mesmo tempo, como meios de exploração e de dominação do trabalhador.

 

A escravidão é o único fundamento naturalmente desenvolvido da riqueza colonial.

 

O modo capitalista de produção e de acumulação e, portanto, a propriedade privada capitalista sempre exigiram, exigem e continuarão a exigir o aniquilamento da propriedade privada baseada no trabalho próprio, isto é, a expropriação do trabalhador.

 

 

 

 

Os grandes problemas de muita gente boa (mas, inculta) por aí
– mais do que problemas, são mesmo calamidades catastróficas –
são confundir Comunismo com totalitarismo,1
totalitarismo com apenas regimes de extrema-esquerda,2
mais-valia com honra, nobreza e fraternidade,
mais-trabalho com deixa-pra-lá,
laissez-faire
com habitualidade permitida,
Grande Heresia da Separatividade com normalidade,
escravidão e exploração com naturalidade e usualidade,
preconceito com direito adquirido,
da mesma forma que são erros crassos e retrogressivos
confundir Nazismo com esquerda,
Democracia com lógica burguesa,
Democracia burguesa com Democracia operária,
ditadura burguesa com ditadura do proletariado,
Bolsonaro com Forças Armadas,
Lênin com ditador genocida,
pensar diferente com delinqüência,
vacina contra a COVID-19 com jacaré,
vacina contra a COVID-19 com AIDS,
compromisso com a verdade com news,
gabinete do ódio com ordem e progresso,
ordem e progresso com militarismo,
militarismo com solução insubstituível,
solução insubstituível com censura, tortura e tirania,
estado de defesa com defesa do Estado,
a Amazônia é nossa com a Amazônia é de todos,
deus é brasileiro com o Deus de nossos Corações,
fiat voluntas mea com
privilégio com direito,
Garibaldi com balde de gari,
a obra-prima do Mestre Picasso
com a prima do mestre-de-obras aquilo roxo de aço,
astrolábio com mesolábio ou com litolábio,
sufrágio com naufrágio,
generosidade com ingenuidade,
aquilo que queremos com aquilo que precisamos,
conhecimento com Sabedoria,
derrota com fracasso,
vitória com sucesso,
síndrome de drown com Síndrome de Down, 
Cloroquina com Tubaína,
um manda com o outro obedece.
Tudo isso e muito mais são calamidades.
Mas, continuo achando que a mãe da tríplice calamidade
é confundir milagre com Lei Unimultiversal,
pecado com delírio, ignorância e boçalidade,
vida-morte insciente com a Iniciática.

 

 

 

______

Notas:

1. Podemos definir o totalitarismo como um regime político no qual um único indivíduo domina todo o Estado, tomando para si todos os tipos de poderes existentes. O totalitarismo foi algo presente no contexto do pós-guerra, tendo como suas expressões máximas o Nazismo, de Adolf Hitler, na Alemanha, o Fascismo, de Mussolini, na Itália e o Stalinismo, de Josef Stalin, na antiga União Soviética. Uma das características marcantes do totalitarismo é a existência de uma política de intolerância a quaisquer manifestações contrárias às suas formas de atuar. Durante os Governos instalados ao longo do século XX, muitos cidadãos eram presos, torturados, exilados e até mesmo mortos, por causa de suas ideologias políticas contrárias ao regime instalado. Os sistemas totalitaristas utilizam a propaganda como principal instrumento de domínio ideológico da população. Fazem uso da história da nação e das imagens de heróis nacionais para despertar nas pessoas um sentimento de patriotismo ufanista e de orgulho nacionalista. Meios de controle utilizados pelos regimes totalitaristas: propaganda, censura, tortura, mensagens subliminares, Partido Único, militarização, idolatria do líder, nacionalismo desmedido e abusivo e adoção de hino e bandeira do Partido. Características básicas de todos os regimes totalirários: Características: centralização dos processos de tomada de decisão no núcleo dirigente do Partido Único, burocratização do aparelho estatal, intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos, dominação carismática (o líder é considerado infalível), patriotismo, orgulho da pátria, nacionalismo exagerado, machismo e xenofobia, maciça propaganda estatal, patriotismo como forma de organização dos trabalhadores, censura aos meios de comunicação e de expressão, paranóia social e patrulha ideológica, militarização da sociedade e dos quadros do Partido, expansionismo (expansão territorial), discurso de um passado glorioso para justificar o nacionalismo exagerado e busca de um inimigo em comum para justificar o endurecimento do regime.

2. Exemplos de totalitarismos de extrema-direita: Nazismo (Alemanha), Fascismo (Itália), Franquismo (Espanha), Salazarismo (Portugal), Integralismo (Brasil), Pinochetismo (Chile), Videlismo (Argentina) etc.

Notas editadas da fonte:

https://www.todoestudo.com.br/historia/totalitarismo

 

Música de fundo:

L'internationale
Composição: Eugène Pottier (letra) & Pierre Chretien De Geyter (música)

Fonte:

http://drapeaurouge.free.fr/inter.html#fr

 

Páginas da Internet consultadas:

https://outroladodanoticia.com.br/2020/02/03/o-totalitarismo-
dos-que-chamam-o-comunismo-de-regime-totalitario/

https://www.gratispng.com/baixar/bigorna.html

https://www.fg-a.com/clipart_under_cons.shtml

https://imagensemoldes.com.br/skull-png/

https://www.istockphoto.com/br

https://br.pinterest.com/pin/444871269422217100/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

https://pcb.org.br/portal2/7333/ler-o-capital/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.