Marx
(Fragmentos)
Nós,
comunistas, temos sido acusados de querer abolir a propriedade adquirida
pessoalmente, fruto do próprio trabalho e do mérito
pessoal. Falais da propriedade do pequeno burguês? Não
precisamos aboli-la: o desenvolvimento da indústria já
a aboliu e continua a aboli-la diariamente.
O
Comunismo consiste em uma reunião de homens livres trabalhando
com meios de produção comuns e, dependendo, a partir
de um plano combinado, de suas numerosas forças individuais
como uma única e mesma força de trabalho social.
Até agora os filósofos
se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas. O
que importa é transformá-lo.
O dinheiro não é
apenas um dos objetos da paixão de enriquecer, mas é
o próprio objeto dela. Esta paixão é essencialmente
'auri sacra fames' (a maldita ganância do ouro), e faz com
que as pessoas vivam em torno de uma medíocre vida, ocasionada
por necessidades impostas, gerando uma rotina alienada.
O
dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência
do homem; a essência domina-o e ele a adora.
Os
homens fazem a sua própria história, mas não
a fazem como querem, não a fazem sob circunstâncias
de sua escolha, e, sim, sob aquelas com que se defrontam diretamente,
legadas e transmitidas pelo passado.
O
que distingue uma época econômica de outra é
menos o que se produziu do que a forma de o produzir.
A tortura deu lugar às
descobertas mecânicas mais engenhosas, cuja produção
dá trabalho a uma imensidade de honestos artesãos.
Os
homens fazem sua própria história, mas não
a fazem como querem... A tradição de todas as gerações
mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.
O
trabalhador só se sente à vontade no seu tempo de
folga porque o seu trabalho não é voluntário,
é imposto, é trabalho forçado.
O
que caracteriza a economia política burguesa é que
ela vê na ordem capitalista não uma fase transitória
do progresso histórico, mas a forma absoluta e definitiva
da produção social.
Se
o indivíduo trabalha apenas para si mesmo, poderá
vir a ser um famoso erudito, um grande sábio, um poeta renomado,
mas jamais alguém genuinamente grande e completo.
A classe capitalista rasgou
o véu sentimental da família, reduzindo as relações
familiares a meras relações monetárias.
Quanto mais o operário
produz, menos tem para consumir; quanto mais cria valores, mais
se deprecia.
Os
operários não têm pátria.
A
burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente
os instrumentos de produção e, portanto, as relações
de produção, isto é, todo o conjunto das relações
sociais. Esta mudança contínua da produção,
esta transformação ininterrupta de todo o sistema
social, esta agitação, esta perpétua insegurança
distinguem a época burguesa das precedentes. Todas as relações
sociais tradicionais e estabelecidas, com seu cortejo de noções
e de idéias antigas e veneráveis, dissolvem-se; e
todas as que as substituem envelhecem antes mesmo de poderem se
ossificar.
As
revoluções são a locomotiva da história.
A
opressão do homem pelo homem iniciou-se com a opressão
da mulher pelo homem.
As idéias dominantes
de uma época sempre foram as idéias da classe dominante.
O
Capitalismo gera o seu próprio coveiro.
Os
que, no regime capitalista, trabalham não lucram, e os que
lucram não trabalham.
A
melhor forma de Estado é aquela em que os antagonismos entram
abertamente e encontram sua solução.
Que
aqui se afaste toda suspeita. Que neste lugar se despreze todo o
medo.
O
movimento proletário é o movimento autônomo
da imensa maioria no interesse da imensa maioria.
As
idéias nada podem realizar. Para realizar as idéias
são necessários homens que ponham a funcionar uma
força prática.
Os
filósofos alemães estão discutindo o mundo
em termos metafísicos. Chega de discutir o mundo; vamos transformá-lo.
Os comunistas não
se rebaixam a ocultar suas opiniões e os seus propósitos.
Declaram abertamente que os seus objetivos só poderão
ser alcançados pela derrubada violenta de toda ordem social
existente. Que as classes dominantes tremam à idéia
de uma revolução comunista. Nela, os proletários
nada tem a perder a não ser suas prisões; têm
um mundo a ganhar. Proletários de todos os países,
uni-vos!
A
religião é o suspiro da criatura aflita, o estado
de ânimo de um mundo sem coração, porque é
o espírito da situação sem espírito.
A religião é o ópio do povo.
À
primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial, imediatamente
compreensível. Analisando-a, vê-se que ela é
algo muito estranho, cheia de sutilezas e de argúcias teológicas.
A
produção capitalista não é apenas produção
de mercadorias; ela é essencialmente produção
de mais-valia.1
O trabalhador não produz para si, mas para o Capital.
O
Capital tem, pois, o instinto imanente e a tendência permanente
de aumentar a força produtiva do trabalho para diminuir o
preço das mercadorias e, em conseqüência, o do
próprio operário.
O
caminho do inferno está pavimentado de boas
intenções.
O
primeiro requisito da felicidade dos povos é a abolição
da religião.
O
trabalho não é a satisfação de uma necessidade,
mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades.
A ditadura do proletariado
constitui-se na transição para atingir uma sociedade
sem classes.
Se
o bicho-da-seda tecesse para ligar as duas pontas, continuando a
ser uma lagarta, seria o assalariado perfeito.
Tudo
o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado
é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas
a encarar com serenidade sua posição social e suas
relações recíprocas.
O
que caracteriza a divisão de trabalho no interior da sociedade
moderna é que ela engendra especialidades, e com elas, o
idiotismo da especialização.
O
povo que subjuga outro forja suas próprias cadeias.
Todas
as paixões e as atividades são tragadas pela cobiça.
O
aumento dos salários não é nada mais do que
o pagamento de salários melhores a escravos, e não
conquista para o operário seu destino e sua dignidade humana.
A
consciência não pode ser coisa diversa do ser consciente
e o ser dos homens é o seu processo de vida real... A consciência
é, portanto, desde início, um produto social, e assim
sucederá enquanto existirem homens em geral... Não
é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas,
ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.
De
cada um, de acordo com suas habilidades [ou
capacidades], a cada um, de acordo com suas necessidades.
Karl
Heinrich Marx (1818 – 1883)
_____
Nota:
1.
Mais-valia é o nome dado por Karl Marx à diferença
entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao
trabalhador, que seria a base da exploração no sistema
capitalista.