O
chela: — Mestre,
estou muito envergonhado.
O
Mestre: — Se
você me disser o motivo da sua vergonha, talvez eu possa ajudá-lo.
O
chela: — Minha
vergonha é tanta que não tenho coragem, pois ela envergonha
tanto a mim quanto a você. Sinto-me acuado dentro de mim mesmo.
O
Mestre: — Nada
do que você me disser poderá mudar o meu amor por você;
nem os seus mais íntimos segredos. Agora, eu não vou obrigá-lo
a me dizer nada. Se você achar que não deve me contar, isto
também não mudará em nada o
amor que sinto por você. Mas, se eu puder aliviar a sua carga...
O
chela: — Está
bem; vou dizer. Ultimamente, tenho sentido inveja de você.
O
Mestre pôs-se a rir gostosamente, e perguntou: — Sua
inveja será da minha barba e dos meus cabelos?
O
chela, vendo que seu Mestre não levava a sério aquela dolorosa
confissão, resolveu brincar com ele: — Não,
porque a minha barba e os meus cabelos são mais bonitos do que os
seus.
Aí
o Mestre riu mais ainda, e disse: — Nisto
eu concordo. Agora, diga-me o motivo da sua inveja. Você é
um chela ou um ieti?
O
chela se animou, e confessou: — Bem,
é da sua bondade. Tenho sentido inveja da sua bondade. Eu gostaria
de ser semelhante a você, de ter em mim o Bem Absoluto que percebo
e sinto em você, mas me vejo, algumas vezes, irritado com meus irmãos
e, em pensamento, tenho julgado severamente certas ações deles.
O
Mestre: — E
você acha que eu sou sempre bom? Ininterrupta e imaculadamente bom?
Que também não me irrito de vez em quando? Que não
dou minhas escorregadelas? Que não tenho pensamentos destoantes?
Meu irmão, tenha isto em mente: basta estarmos encarnados para estarmos
sujeitos a delírios e a falazes conclusões. Mesmo o mais elevado
Hierofante não escapa das influências coercitivas da encarnação.
O nosso Irmão Jesus também teve seus momentos de exasperação.
Você conhece muito bem, por exemplo, a passagem bíblica que
se refere aos vendilhões do templo. Você poderá argüir
que foi uma desesperação legítima, mas, ainda assim,
foi uma desesperação. Mas, quem se atreveria a julgá-Lo?
O máximo que cada um de nós pode fazer é constatar
o fato. Só isto.
O
chela: — Pois
é Mestre, eu sei. Mas Jesus sabia o que estava fazendo, e eu, muitas
vezes, perco mentalmente o controle com os desconcertos e os malfeitos dos
meus irmãos. Eu gostaria tanto que isto não acontecesse.
Compassivo,
disse o Mestre: — Ouvi
atentamente o que você me contou, e me sinto honrado por sua confiança.
Agora, preste bastante atenção, e, sem me interromper,
ouça até o fim o
que lhe vou dizer. Primeiro, bondade interior não quer dizer nem
significa coonestar os equívocos dos outros nem minimizar os próprios.
De uma forma ou de outra, todos nós sempre fazemos algum juízo
de valor. O perigo, o inadequado, é quando nos afastamos do compromisso
com o ideal de neutralidade mística, coisa que não passou
pela cabeça de Jesus no lance dos
vendilhões do templo nem em outras ocasiões.
Nosso Irmão Jesus
agiu como
agiu neutralmente, sem emoção nem ódio. Em segundo
lugar, é muito bom que você tenha consciência desta sua
deficiência, porque quando somos inconscientes de nossas insuficiências
não podemos corrigi-las. Este é o lado bom do 'pecado' porque
nos chama à ordem, nos adverte que precisamos mudar. Terceiro: bendito
aquele que tem uma consciência que grita; mais bendito ainda o que
a ouve e trata de se pôr em harmonia com o Bem e a Beleza do Universo.
Lembre-se: em a Natureza, tudo é simples, concertado e venturoso;
nós, por sermos ignorantes, complicamos o simples e o transformamos
em complexo, esdrúxulo e extravagante. Por isto, aqui, em nossa casa,
os chelas são instruídos para observar atentamente a Natureza.
Tudo o que a Natureza faz é bom, e tudo o que com ela aprendermos
não será infrutuoso. Em quarto lugar, nesses momentos de desarmonia
interior, quando você se sentir enervado
por perceber no outro um descompasso, projete sua consciência para
ele, e, por intermédio da Lei da Assunção, esparrame
todo o seu amor tentando fazer brotar na pessoa sentimentos opostos àqueles
que são dessintônicos. Você perceberá que, com
o tempo, a pessoa acabará se modificando, sem saber jamais que foi
auxiliada por você. Esta é a vantagem da
Lei da Assunção:
ela funciona anonimamente. E,
finalmente, quanto a você ter inveja da minha presumida bondade, isto
me alegra muito, pois significa que você está se esforçando
para ser digno de seus irmãos, de nosso Sagrado Colégio e
do Sumo Bem Cósmico. Quem dera que toda a Humanidade tivesse este
tipo de inveja.
O
chela: — Mestre,
obrigado. Vou me esforçar para melhorar, e espero que, a cada aurora,
quando eu saudar o Sol, eu possa dizer como São Paulo: — Morro
a cada dia. Vou lutar para Morrer um pouquinho a cada dia, e me tornar cada
vez mais digno de todos os seres do Universo.
Fundo
musical:
Gnossiennes
(Lent)
Compositor: Erik Satie
Fonte:
http://www.kunstderfuge.com/satie.htm
Páginas
da Internet consultadas:
http://implizit.blogspot.com.br/2011/12/through
-eyes-of-masters-aus-der-sicht.html#!/2011/12
/through-eyes-of-masters-aus-der-sicht.html
http://www.touchedbylight.co.uk/Pages/
Ascension/Master_profiles/Lord_Kuthumi.htm
http://mcb.berkeley.edu/courses/mcb61/
http://thebrownfox.tumblr.com/post/387
965997/amazing-animated-gif-by-dvdp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_
expulsando_os_vendilh%C3%B5es
Direitos
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neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
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