Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução e Objetivo do Trabalho

 

 

ibran Khalil Gibran nasceu em 6 de janeiro de 1883, em Bicharre, a cidade-guardiã dos cedros sagrados do Líbano, e faleceu em 10 de abril de 1931, em Nova Iorque. Foi um pensador, ensaísta, filósofo, poeta, conferencista e pintor que acabou se tornando uma das principais referências intelectuais para o conhecimento da alma muçulmana, drusa e maronita (comunidade árabe–cristã, unida à Igreja Católica desde o século XII e regida por um patriarcado autônomo, sediada no Líbano).

A obra literária de Gibran, escrita em inglês e árabe, é acentuadamente mística, e sofreu influências da Bíblia, de Nietzsche e de William Blake. Trata de temas como o amor, a amizade, a morte e a natureza, entre outros. Seus livros mais importantes são O Profeta, Jesus, o Filho do Homem, O Louco e O Precursor.

Uma de suas reflexões mais importantes foi: Se eu puder abrir o coração humano, não terei vivido em vão. Enfim, o que poucos sabem ou revelam é que Gibran Khalil Gibran foi um inspirado Místico do século XX. Revisitá-lo pela World Wide Web, para mim, foi um grande prazer e uma renovada inspiração. Nesse sentido, recomendo um Website que foi recentemente introduzido WEB administrado pelo Web Master R+C Alexandre David:

The Great Mystic – Kahlil Gibran

http://kahlil-gibran.tripod.com/

 

Enfim, este despretensioso texto tem um único objetivo: colaborar oferecendo alguns fragmentos do pensamento do Místico Libanês para alguns instantes de meditação. As animações em flash que ilustram alguns excertos são de minha autoria e de minha única responsabilidade. Paz ao Líbano. Paz ao Mundo.

 

 

 

 

Pensamentos Escolhidos de Gibran

 

 

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: — Ladrões, ladrões, malditos ladrões!

Assim me tornei louco. E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

Não diga: "Eu encontrei a verdade". E sim: "Eu encontrei uma verdade". Não diga: "Eu encontrei o caminho da alma". E sim: "Eu encontrei a alma andando no meu caminho". A alma anda por todos os caminhos. A alma não anda sobre uma linha, nem cresce como um junco. A alma desabrocha como um lótus de incontáveis pétalas.

O que pareço é apenas uma vestimenta cuidadosamente tecida, que me protege de tuas perguntas e te protege da minha negligência.

A simplicidade é o último degrau da sabedoria.

Meu caminho não é o teu caminho. Contudo, juntos, marchamos, de mãos dadas.

Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E, embora vivam convosco, a vós não pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, pois eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas, são arremessados. O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria: pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco, que permanece estável.

Vós pouco dais quando dais de vossas posses. É quando dais de vós próprios que realmente dais.

O que é o medo da necessidade senão a própria necessidade?

É belo dar quando solicitado; é mais belo, porém, dar sem ser solicitado, por haver apenas compreendido.

Reter é perecer.

Na verdade, é a Vida que dá à vida, enquanto vós, que vos julgais doadores, são meras testemunhas.

Quando meu Eu interior ri ou chora, ou se entusiasma, ou treme, meu outro eu estranha o que ouve e vê, e minha alma interroga minha alma.

Sou um estrangeiro neste mundo. Sou um estrangeiro e não há no mundo quem conheça uma única palavra do idioma de minha alma... permanecerei um estrangeiro até que a morte me rapte e me leve para minha Pátria.

Não poderemos atingir a Aurora sem passar pela Noite.

A generosidade não está em me dares aquilo que eu preciso mais do que tu; mas em me dares aquilo que precisas mais do que eu.

Quando um de nós ama, que não diga: "Deus está em meu Coração". Mas que diga antes: "Eu estou no Coração de Deus".

O trabalho é o amor feito visível.

Sereis, na verdade, livres, não quando vossos dias estiverem sem preocupação e vossas noites sem necessidades e sem aflição; mas, antes, quando essas coisas sobrecarregarem vossa vida e, entretanto, conseguirdes elevar-vos acima delas, desnudos e desatados.

Mais um curto instante, e minha nostalgia começará a recolher argila e espuma para um novo corpo. Mais um curto instante, mais um descanso rápido sobre o vento, e outra mulher me conceberá.

O amanhã nunca deixa segredos no Livro da Eternidade... Sobreviverei mesmo após a morte... O que digo hoje com apenas meu Coração será dito amanhã por milhares de Corações.

O primeiro olhar vindo dos olhos do ser amado é como o Espírito que se movia sobre a face das águas e deu origem ao Céu e à Terra, quando o Senhor sentenciou: — E agora, vivei!

Assim como o primeiro olhar é uma semente lançada pela divindade no campo do coração humano, assim o primeiro beijo é a primeira flor nascida na ponta dos ramos da Árvore da Vida.

O casamento é a união de duas divindades para dar nascimento a uma terceira, na Terra. É a união de duas almas em um amor tão forte que possa abolir qualquer separação. É aquela superior unidade que junta as metades, antes separadas, de dois espíritos. É o elo de ouro de uma cadeia cujo começo é um olhar, e cujo fim é a eternidade. É a chuva pura que cai de um céu perfeito para frutificar e abençoar os campos da divina Natureza.

A Música é a linguagem dos espíritos. Sua melodia é como uma brisa saltitante que faz nossas cordas estremecerem de amor. Quando os dedos suaves da música tocam à porta de nossos sentimentos, acordam lembranças que há muito jaziam escondidas nas profundezas do passado. Os acordes tristes da Música trazem-nos dolorosas recordações; e seus acordes suaves nos trazem alegres lembranças. A sonoridade de suas cordas faz-nos chorar à partida de um ente querido ou nos faz sorrir diante da paz que Deus nos concedeu. A alma da Música nasce do Espírito e sua mensagem brota do Coração.

Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do Destino. Elas tremulam à brisa da manhã e curvam as cabeças sob o orvalho cadente do Céu.

Eu estou vivo como você. E de pé a seu lado. Feche os olhos, olhe ao redor, e me verá.

O pecado não existe, exceto na medida em que o criamos. Somos nós, portanto, que devemos destruí-lo. Se escolhermos fazer o mal, ele existirá até que o destruamos. O Bem não podemos fazê-lo, pois Ele é o próprio alento do Universo; mas podemos escolher respirar e viver Nele e com Ele.

Enchei a taça um do outro, mas não bebais da mesma taça. Dai do vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.

O amor só dá de si mesmo, e só recebe de si mesmo. O amor não possui nem quer ser possuído. Porque o amor basta ao amor.

Hoje sei que sou eu a Esfera, e a Vida inteira – em fragmentos rítmicos – move-se em mim.

 

 

Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia sobre a margem infinita de um mar infinito.

Então Judas rangeu os dentes e curvou a cabeça. E quando falou novamente, disse: — Entreguei-O. E Ele foi hoje crucificado... Entretanto, quando morreu na cruz, morreu como morrem os libertadores, como os vastos homens que continuam a viver além da mortalha e do túmulo... Ele morreu como um rei, e eu morrerei como um vilão. Mas, em meu Coração, sei que Ele me perdoará.

Um homem anelava por um reino em que ele fosse príncipe. Outro homem desejava um reino em que todos os homens sejam príncipes.

A essência da Sabedoria [SOPhIa: 300 + 6 + 80 + 10 = 396 = 18 = 9] é o autoconhecimento.

 

 

Na verdade, devo conhecer a mim mesmo e penetrar na parte secreta de meu Coração; assim ter-me-ei livrado da dúvida e da ansiedade. Minha dúvida suprema consiste em separar meu ser ideal de meu ser material e, depois, transmitir os segredos de minha existência abstrata.

A arte é um passo da natureza para o infinito.

Quando viras as costas ao sol, só vês a tua sombra.

Não chames nada de feio, exceto o medo de uma alma na presença de suas próprias recordações.

Uma semente no coração de uma maçã é um pomar invisível.

O místico é apenas alguém que afastou mais um véu.

Ai da nação que é rica de crenças e vazia de Religião.

A borboleta continuará a pairar sobre o campo e as gotas de orvalho ainda brilharão sobre a relva quando as pirâmides do Egito estiverem destruídas e não mais existirem os arranha-céus de Nova York.

A tristeza é um muro entre dois jardins.

Quem não souber aceitar as pequenas falhas das mulheres não aproveitará suas grandes virtudes.

Vivemos só para descobrir Beleza [e o Sumo Bem]. Todo o resto é uma forma de espera.

As flores desabrocham para continuar a viver, pois reter é perecer.

Para entender o coração e a mente de uma pessoa, não olhe para o que ela já conseguiu, mas para o que ela aspira.

Alguns ouvem com as orelhas; outros com o estômago; outros ainda com o bolso; e há aqueles que não ouvem absolutamente nada.

Uma vida sem amor é como árvores sem flores e sem frutos. E um amor sem beleza é como flores sem perfume. Vida, amor, beleza: eis a minha trindade.

O exagero é a verdade que perdeu a calma.

Adotarei o Amor por companheiro; e O escutarei cantando; e O beberei como vinho; e O usarei como vestimenta.

O Amor será meu tutor na juventude, meu apoio na maturidade, e meu consolo na velhice. O Amor permanecerá comigo até o fim da vida, até que a morte chegue, e a mão de Deus nos reúna de novo.

Quando a Vida não encontra um cantor para cantar o seu Coração, produz um filósofo para falar a sua Mente.

A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes.

Vossa vida cotidiana é vosso Templo e vossa Religião.

 

 

 

Tudo que tem existência existe dentro do homem, e tudo que está dentro do homem existe em existência. Não há fronteiras entre longe e perto, baixo e alto, grande e pequeno. Tudo é uno.

Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.

Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.

Somos todos prisioneiros, mas alguns de nós estão em celas com janelas, e outros sem.

Se eu conhecesse a causa da minha ignorância, seria um sábio.

A beleza é a eternidade a olhar-se ao espelho. Mas vós sois a eternidade e o espelho.

Dizem: se encontrares um escravo adormecido, não o acordes; talvez esteja sonhando com a liberdade. Respondo: se encontrar um escravo adormecido, acordo-o e falo-lhe da liberdade.

Muito antigamente, quando a primeira trepidação da fala me chegou aos lábios, subi a montanha sagrada e conversei com Deus, dizendo: — Senhor, sou vosso escravo. Vossa vontade oculta é minha lei e vou cumpri-la para todo o sempre. Mas Deus não respondeu e passou por mim como uma tempestade violenta.

Mil anos depois, voltei a subir a montanha sagrada e falei de novo com Deus, dizendo: Criador, sou vossa criatura. Com barro me fizestes e a vós devo tudo o que sou. Mas Deus não me respondeu e passou por mim como mil asas velozes.

Depois de mil anos, subi a montanha sagrada e falei de novo com Deus: Pai, sou vosso filho. Com amor e compaixão me destes a vida e com amor e adoração vou herdar vosso reino. Mas Deus não me respondeu e passou por mim como os véus da neblina das montanhas distantes.

Passados outros mil anos, subi a montanha sagrada e me dirigi ao Criador de novo, dizendo: Meu Deus, meu alvo e minha plenitude, sou vosso ontem e vós sois meu amanhã. Sou vossa raiz na Terra e voz sois minha flor no Céu, e juntos crescemos diante da face do sol. Então Deus se inclinou para mim e sussurrou em meus ouvidos palavras doces e, como o mar que abraça um riacho que nele deságua, Ele me abraçou. E, quando desci para os vales e as planícies, Deus também estava lá.

Fui eu realmente quem falou? Não era eu também um ouvinte?

Pudésseis viver do perfume da Terra e, como uma planta, nutrir-vos de luz!

A visão do homem não empresta suas asas a outro homem. E assim como cada um de vós se mantém só no conhecimento de Deus, assim cada um de vós deve ter sua própria compreensão de Deus e sua própria interpretação das coisas da Terra.

Deixem que haja guerras; deixem os filhos da Terra lutarem uns contra os outros até que se derrame a última gota de sangue impuro e animal. Por que razão deveria o homem falar em paz quando há tanto mal-estar em seu organismo, que precisa sair, de um modo ou de outro?

Não siga ninguém nem acredite em coisa nenhuma a não ser em sua própria imortalidade.

Deus repousa na Razão... Deus age na Paixão... E já que sois um sopro na esfera de Deus e uma folha na floresta de Deus, também devereis descansar na razão e agir na paixão.

Acreditar é uma coisa; viver conforme o que se acredita é outra. Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos. Muitos levantam a cabeça acima dos montes; mas sua alma jaz nas trevas das cavernas.

Os endinheirados pensam que o Sol, a Lua e as estrelas se levantam dos seus cofres e se deitam nos seus bolsos. Os políticos enchem os olhos do povo com poeira dourada e seus ouvidos com falsas promessas. Os sacerdotes aconselham os outros, mas não aconselham a si mesmos, e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.

Os vossos Corações conhecem, no Silêncio, os segredos dos dias e das noites.

O Eu [Interior] é um mar sem limites e sem medida.

É também só e sem ninho que a águia voará rumo ao Sol.

O pensamento é uma ave do espaço que, numa gaiola de palavras, pode abrir as asas, mas não pode voar.

Há entre vós aqueles que procuram os faladores por medo da solidão. A quietude da solidão revela-lhes seu Eu-desnudo, e eles preferem escapar-lhe. E há aqueles que falam e, sem o saber ou prever, traem uma verdade que eles próprios não compreendem. E há aqueles que possuem a verdade dentro de si, mas não a expressam em palavras. No íntimo de tais pessoas o Espírito habita num silêncio rítmico.

És livre na luz do Sol e livre ante a estrela da noite. E és livre quando não há Sol, nem Lua ou estrelas. Inclusive, és livre quando fechas os olhos a tudo que existe. Porém, és escravo de quem amas pelo fato mesmo de amá-lo. E és escravo de quem te ama, pelo fato mesmo de deixares te amar.

Sete vezes desprezei minha alma: Quando a vi se disfarçar com a humildade para alcançar a grandeza; quando a vi coxear na presença dos coxos; quando lhe deram a escolher entre o fácil e o difícil, e escolheu o fácil; quando cometeu um mal e consolou-se com a idéia de que outros cometem o mal também; quando aceitou a humilhação por covardia e atribuiu sua paciência à fortaleza; quando desprezou a fealdade de uma face que não era, na realidade, senão uma de suas próprias máscaras; e quando considerou uma virtude elogiar e glorificar.

 

 

 


Páginas da Internet consultadas:

http://www.vidaempoesia.com.br/gibrankhalilgibran.htm

http://www.imagick.org.br/pagmag/turma2/gibran.html

http://www.saindodamatrix.com.br/
archives/2005/01/o_homem_e_deus_1.html

http://www.arab2.com/gibran/

http://www.tahyane.net/mr/ref34.html

http://pt.wikiquote.org/wiki/Khalil_Gibran

http://www.arabias.com.br/gibran.htm

http://en.wikipedia.org/wiki/Khalil_Gibran

http://www.geocities.com/Athens/Column/8413/judas.html

http://www.paralerepensar.com.br/gibran.htm

http://www.starnews2001.com.br/kahlil2.html

http://www.libano.org.br/pagina40.htm

http://www.culturabrasil.org/gibran.htm#poeta

http://pt.wikipedia.org/wiki/Khalil_Gibran