Nenhuma
realidade é mais essencial para a nossa autocertificação
do que a História. A História nos mostra o mais largo horizonte
da Humanidade, nos oferece os conteúdos tradicionais que fundamentam
a nossa vida, nos indica os critérios para avaliação
do presente, nos liberta da inconsciente ligação à
nossa época e nos ensina a ver o homem nas suas mais elevadas possibilidades
e nas suas realizações imperceptíveis. Não podemos
melhor aproveitar os nossos ócios do que nos familiarizando com as
magnificências do passado, conservando viva esta recordação
e, ao mesmo tempo, contemplando as calamidades em que tudo se subverteu.
A experiência do presente é mais bem compreendida
quando refletida no espelho da História.
O que a História nos transmite se vivifica à luz da nossa
época. A nossa vida se processa no esclarecimento recíproco
do passado e do presente. Só de perto, na intuição
concreta e sensível, e prestando atenção aos pormenores,
a História realmente interessa. Filosofando procedemos a considerações
que se mantêm abstratas.
O
problema
crucial é o seguinte: a Filosofia aspira à verdade total,
que o mundo não quer.
Mal podemos acreditar no filósofo
a quem tudo deixa indiferente. Não acreditamos na tranqüilidade
do estóico, não desejamos sequer a impavidez, porque a própria
condição humana nos lança na paixão e no medo,
e são as lágrimas e o júbilo que nos permitem conhecer
o que é. Eis porque somente o impulso ascendente nos libertará
das perturbações anímicas, e não será
jamais pela supressão que nos encontraremos. Temos,
pois, que nos arriscar a ser homens e, enquanto homens, fazermos o que pudermos
para alcançar a independência desejada. Sofreremos, então,
sem queixume, desesperar-nos-emos sem nos afundarmos, abalados, mas nunca
completamente derrubados quando suspensos na íntima independência
que em nós se gera. A Filosofia, porém, é a escola
desta independência, não a sua posse.
A
Filosofia busca tornar a existência transparente a ela mesma.
O
simples saber é uma acumulação; a Filosofia é
uma unidade. O saber é racional e igualmente acessível a qualquer
inteligência. A Filosofia é o modo do pensamento que termina
por constituir a essência mesma de um ser humano.
A
Filosofia entrevê os critérios últimos, a abóbada
celeste das possibilidades, e procura, à luz do aparentemente impossível,
a via pela qual o homem poderá se enobrecer em sua existência
empírica.
Mesmo
diante de um desastre possível e total, a Filosofia continuaria a
preservar a dignidade do homem em declínio.
Mesmo
o conhecimento científico não é uma observação
aleatória de objetos aleatórios, pois, a objetividade crítica
do conhecimento significativo só é atingida através
de uma prática filosófica derivada de uma ação
interior.
O
homem pode sempre mais e coisa diversa daquilo que se esperaria dele. O
homem é inacabado e inacabável e sempre aberto ao futuro.
Não há homem total e não o haverá jamais. Por
isto há dois modos de pensar o futuro do homem. Posso concebê-lo
como um processo natural, análogo àquele que respeita aos
objetos, e formular probabilidades. Ou, então, posso imaginar as
situações que vão ocorrer sem saber a resposta que
lhes dará o homem, sem saber como, através delas, mas espontaneamente,
ele se encontrará a si próprio. No primeiro caso, aguardo
um desenrolar necessário que poderia conhecer em princípio,
mesmo se não o conheço. No segundo caso, o futuro, longe de
ser o desenvolvimento de necessidades causais implicadas pela realidade
dada, depende do que será realizado e vivido em liberdade. As inúmeras
pequenas ações dos indivíduos, todas as suas livres
decisões e todas as coisas que realizam têm um alcance ilimitado.
No primeiro caso, submeto-me a uma necessidade contra a qual nada posso.
No segundo, procuro a fonte original que está na base da liberdade
humana. Faço um apelo à vontade. Caminhamos para um futuro
que não pode ser conhecido na sua totalidade, e que não está
decidido. A imagem que dele temos é incessantemente corrigida pela
experiência. O conhecimento do Ser na sua totalidade continua a ser
inacessível. O saber que temos da superabundante realidade não
se completa. A nossa consciência está sempre em marcha. A uma
consciência que desejaria se ter por definitiva opõe-se a realidade
do Ser que não deixa de se mostrar novo, diferente, através
dos fenômenos que surgem incessantemente, forçando, assim,
a nossa consciência a se transformar indefinidamente. Predizer verdadeiramente
o futuro do homem seria já realizá-lo. Aqui predizer significa
produzir. Se
conseguíssemos nos certificar do que é a condição
humana, com as definidas perspectivas das suas possibilidades infinitas,
nunca mais poderíamos desesperar definitivamente do homem. Simbolicamente:
o homem foi criado por Deus à sua imagem. Por muito perdido que ele
esteja, tal semelhança não pode desaparecer completamente.
É incontestável, em primeiro lugar, que não nos criamos
a nós mesmos e que estamos no mundo graças a alguma coisa
que não somos nós. Tomamos consciência deste fato quando
pensamos simplesmente que seria possível não existirmos.2
É incontestável, em segundo lugar,
que não somos livres graças a nós próprios,
mas sim graças ao que, no fundo da nossa liberdade, se nos oferece
a nós próprios: ainda que o queiramos, isto não chega
para nos tornarmos livres.3
No auge da liberdade ganhamos consciência
do fato de sermos para nós um dom: a nossa liberdade nos faz viver,
mas não podemos nós próprios consegui-la pela força.
Esta coisa pouca que não podemos conquistar – nem pela «revolta
de Prometeu», nem isolando o nosso «Eu» até torná-lo
o centro do ser, nem nos arrancando nós ao pântano pelos próprios
cabelos, como Munchhausen – de onde poderá ela nos vir? E de
onde virá o socorro? Este não se manifesta como um processo
do mundo. Não vem do exterior. Porque, sentimo-lo, é no mais
profundo de nós que nós nos encontramos quando nos tornamos
nós próprios. Em parte alguma a transcendência4
fala de maneira direta, ninguém a tem diante
de si, ela não se deixa captar. Deus não fala senão
através da nossa liberdade. A decisão fundamental é
aquela de que depende a maneira de apreender conscientemente a nossa condição
de homem. Enquanto homem, não nos bastamos nunca, não somos
o nosso único fim. Estamos vinculados à transcendência.
Ela nos exalta e, ao mesmo tempo, nos torna transparentes a nós próprios,
nos dando consciência do pouquinho que somos.
(Grifo meu).
A
independência do filósofo se torna falsa quando se mescla com
o orgulho. No homem autêntico, o sentimento de independência
sempre está acompanhado de um sentimento de impotência.5
A
inocência ignorante da unidade aparentemente natural entre conhecimento
empírico e juízo de valor é uma falha de tomada de
consciência, falha, por assim dizer, auto-infligida. Todavia, dela
podemos
nos desvencilhar.
O
amor, iluminado pela razão filosófica, liga-se a uma confiança
– inexplicável, sem objeto, intelectualmente incompreensível
– no fundamento último das coisas.
A
ânsia de uma orientação filosófica da vida nasce
da obscuridade em que cada um se encontra, do desamparo que sente quando,
em carência de amor, fica o vazio, do esquecimento de si quando, devorado
pelo afadigamento, súbito acorda assustado e pergunta: quem sou eu,
que estou descurando, que deverei fazer? O auto-esquecimento é fomentado
pelo mundo da técnica. Pautado pelo cronômetro, dividido em
trabalhos absorventes ou esgotantes, que cada vez menos satisfazem o homem
enquanto homem, leva-o ao extremo de se sentir peça imóvel
e insubstituível de um maquinismo, de tal modo que, liberto da engrenagem,
nada é e não sabe o que há de fazer de si. E, mal começa
a tomar consciência, logo este colosso o arrasta novamente para a
voragem do trabalho inane e da inane distração das horas de
ócio. Porém,
o pendor para o auto-esquecimento é inerente à condição
humana. O homem precisa de se arrancar a si próprio para não
se perder no mundo e em hábitos, em irrefletidas trivialidades e
rotinas fixas. Filosofar é nos decidirmos a despertar em nós
a origem, é nos reencontrarmos e agir, é nos ajudarmos a nós
próprios com todas as forças. Na verdade, a existência
é o que palpavelmente está em primeiro lugar: as tarefas materiais
que nos submetem às exigências do dia-a-dia. Não se
satisfazer com elas, porém, e entender esta diluição
nos fins como via para o auto-esquecimento, e, portanto, como negligência
e culpa, eis o anelo de uma vida filosoficamente orientada. E, além
disto, tomar a sério a experiência do convívio com os
homens: a alegria e a ofensa, o êxito e o revés, a obscuridade
e a confusão. Orientar filosoficamente a vida não é
esquecer, é assimilar; não é se desviar, é recriar
intimamente; não é julgar tudo resolvido, é clarificar.
E assim, são dois os caminhos: a meditação solitária
por todos os meios de conscientização e a comunicação
com o semelhante por todos os meios da recíproca compreensão,
no convívio da ação, do colóquio ou do silêncio.
Só
alcançamos a verdade do nosso pensamento quando incansavelmente nos
esforçamos por pensar colocando-nos no lugar de qualquer outro. É
preciso conhecer o que é possível ao homem. Se tentarmos pensar
seriamente aquilo que outrem pensou, aumentaremos as possibilidades da nossa
própria verdade, mesmo que nos recusemos a este outro pensamento.
Só ousando nos integrar totalmente nele o podemos conhecer. O mais
remoto e estranho, o mais excessivo e excepcional, mesmo o aberrativo, incitam-nos
a não passar ao largo da verdade por omissão de algo de original,
por cegueira ou por lapso.
Só
nos momentos em que exerço minha liberdade é que sou plenamente
eu-mesmo: ser livre significa ser eu-mesmo.
Somente
como indivíduo um homem pode se tornar filósofo.
A
Filosofia é somente aprender a morrer.
Em
Filosofia, as perguntas são mais essenciais do que as respostas.
Ser
homem é ser livre. O sentido da História é que nos
convertamos realmente em homens.5
A
razão é como um segredo que pode se tornar conhecido a qualquer
um a qualquer momento; é o espaço tranqüilo em que todos
podem entrar através de seu próprio pensamento.6
Com
a perda de Deus,7
o homem perde os seus valores.
No
momento atual, a segurança
coerente da Filosofia, que existiu de
Parmênides a Hegel, está perdida.
Quando
a linguagem é utilizada sem real importância, perde a sua finalidade
como meio de comunicação e se converte em um fim em si mesma.
Os
problemas e os conflitos podem ser a fonte de uma derrota, uma limitação
para a nossa potencialidade, mas, também, podem levar a uma maior
compreensão da vida e ao nascimento de uma maior unidade de tempo.
Aqueles
que esperam a certeza absoluta para agir acabam não realizando nada.
Quem busca o caminho correto deve estar preparado para correr o risco de
se equivocar.
Tudo
o que sabemos do homem e tudo o que cada um dos homens sabe de si mesmo
não corresponde ao homem.
A
reverência não eleva o homem ao nível da Divindade.
O homem humilíssimo e o grande homem são aparentados.
A
dignidade do homem reside no fato de ele ser indefinível. O homem
é o que é, porque reconhece esta dignidade em si mesmo e nos
outros homens. Kant o disse de maneira maravilhosamente simples: nenhum
homem poder ser, para outro, apenas meio; cada homem é um fim em
si mesmo.8
Os
políticos são diferentes. Oportunistas, facciosos, forjadores
de mentiras e de intrigas, inescrupulosamente agem em nome da liberdade
contra a liberdade.
A
divisão das responsabilidades gera a irresponsabilidade. A Democracia
degenera em oligarquia de partidos. O que se tem por cultura não
passa de bolhas de sabão em salões literários. O espírito
perde densidade.9
A
questão final é se do fundo da escuridão um ser poderá
brilhar.10
Fidelidade
ou é absoluta ou é nada.11
Tudo
depende de encontrar o pensamento em sua fonte. Tal pensamento é
a realidade do ser do homem, que alcançou a consciência e a
compreensão de si mesmo por ele.
Eu
descobri que o estudo de filósofos do passado é de pouco uso,
a menos que a nossa própria realidade esteja inserida no contexto
filosófico do pensador estudado. Nossa realidade só permite
perguntas cujas respostas se tornem compreensíveis.12
A
demanda por saber a maneira como a História
[do homem] está a se desenvolver é
uma das conseqüências da prática filosófica.
Pela
meditação filosófica, poderemos atingir o nosso Eu
[Interior] e o próprio
Ser. A meditação
filosófica não
é um pensamento parcial que estuda um assunto qualquer com indiferença.
A
Humanidade produziu uma ordem de vida que segue canais estruturados e regulamentados,
que conecta indivíduos em uma organização tecnicamente
funcional, mas esta ordem não funciona
para tentar explicar a historicidade da alma humana.
A
partir de fatos
particulares, o entendimento é alcançado no âmbito
de um movimento circular.
Culpa
Metafísica Falta de
solidariedade absoluta com o ser humano como tal.
Cada
um de nós é culpado [responsável
pela desarmonia] na medida em que permanece inativo.
A
grandeza de espírito se torna objeto de amor somente quando a intenção
posta em movimento tem um caráter nobre.
Em
Filosofia, não existem trivialidades nem informações
simples.
Diante
do Ser, vemo-nos presa do espanto, e indagamos de nós próprios
acerca do sentido e da missão de nossa existência.
A
Filosofia é universal. Nada existe que a ela não diga respeito.
Quem se dedica à Filosofia se interessa por tudo. A Filosofia
é o modo de pensamento que termina por constituir a essência
mesma de um ser humano.
Para
que a seiva do conhecimento se transforme em alimento espiritual, importa
que esteja presente não apenas a inteligência, mas, em sua
plenitude, o homem, que, pensando, apresa o conhecimento. E, para se fazer
revigorante, o ar puro das regiões filosóficas precisa se
constituir na realidade que se vive e que se respira.
O
Silêncio não é o abrigo do nada, mas, é o momento
no qual a própria essência do homem encontra meios de lhe falar
mediante o seu Eu Interior, através de suas necessidades, da razão,
do amor.
O
Universo não é um espaço de apenas três dimensões,
mas é curvo, sem limites e finito.
O
Universo sensível corresponder tão-somente ao primeiro plano
do Universo real, que só pode ser pensado. Mas não representado.
As
hipóteses matemáticas se enchem de sentido quando é
possível corroborá-las pelas observações e pelas
medições, mas se tornam indiferentes quando é impossível
comprová-las por meio de experimentações.
Todos
os corpos são aparências e não realidades fundamentais.
A essência da matéria permanece indefinida.13
O
nosso mundo, este mundo esplêndido e cruel, está indubitavelmente
ligado à matéria, mas é infinitamente mais do que ela,
e não pode ser compreendido a partir dela.
A
vida não é apenas um corpo vivo que implica em uma intimidade
(o ser considerado) e em uma exterioridade (o meio, o mundo). Há
a existência sobre a qual a vida age. Os aparelhos orgânicos,
seu quimismo finalista e os órgãos dos sentidos são
produzidos pela vida, mas, ainda não são a vida mesma. Os
cientistas descobrirão e produzirão formas biológicas
não sonhadas, porém, serão sempre incapazes de criar
a vida.
'Quando
vejo um minúsculo inseto pousar no papel em que faço cálculos,
tenho desejo de exclamar: Allah é grande, e com toda a glória
de nossa ciência não passamos de micróbios miseráveis.'
(Registro de Albert Einstein em 1952, apud Karl Jaspers).
'O
mistério do todo está implícito no nível mais
baixo.' (Albert
Einstein, apud Karl Jaspers).
O
mistério não está na realidade mesma, porém,
naquilo que a Matemática não permite resolver. (Pensamento
de Albert Einstein subscrito por Karl Jaspers).
Realizando
surpreendentes descobertas 'in partibus', a Ciência de nossos tempos
não tem feito senão adensar o mistério 'in toto'.
Recorrer
a processos mágicos é não só desarrazoado na
prática, mas falta de lealdade: o homem trai a própria razão.14
No
fundo, tudo é integralmente inteligível.
A
Matemática não esgota o mundo, sendo apenas um elemento da
Natureza e uma das formas de conhecimento do homem.' (Nicolau
de Cusa, apud
Karl Jaspers).
Alturas
e profundezas, sentido de ascensão e de queda, céu e Terra,
éter luminoso e abismos escuros, deuses olímpicos e abissais,
mesmo nos dias de hoje, sempre
os vemos diversamente. Mas a falsa desmitificação
trouxe ao homem cegueira de alma.
Onde
quer que a Ciência penetre, novos inteligíveis se manifestam,
brotados do espanto e geradores de um novo espanto. A Ciência autêntica
se contenta com apreender o possível, avançando rumo ao infinito,
sem, entretanto, perder a noção das próprias limitações.
A
infelicidade
do gênero humano começa
quando se identifica o cientificamente conhecido ao próprio
Ser, e se considera não-existente tudo quanto foge a esta forma de
conhecimento. A Ciência dá, então, lugar à superstição
da ciência, e esta, sob a máscara de uma pseudociência,
lembra um amontoado de extravagâncias, onde não está
presente nem Ciência nem Filosofia nem fé.
A
superstição da ciência ameaça destruir a
Filosofia.
A missão da Filosofia é romper essas barreiras
e trazer o homem de volta a si mesmo.15
Uma
Realidade Incognoscível precede a possibilidade de conhecer, e não
é alcançada pelo conhecimento [ordinário].
Há,
no Universo, uma Linguagem cifrada [Verbum
Universalis].
Os caracteres enigmáticos desta Linguagem nada são para a
ciência, que não os pode provar nem refutar.
O
Universo não existe para nós. Platão, Nicolau de Cusa
e Kant, por exemplo, ensinaram a contemplar o Universo
como tal, e não como algo criado exclusivamente para os homens.16
A
partir da natureza permanente do homem, são produzidos os fenômenos
históricos, que nunca se repetem de forma idêntica.
Pela
pureza do seu conteúdo, a Ciência se distingue dos mitos e
da História Sagrada. Os documentos da História Sagrada não
atestam fatos, mas convicções do estilo 'acreditamos que...'
Face
ao infinito das realidades cósmicas e históricas, adquirimos
consciência do passageiro e do insignificante caráter da nossa
existência. Todavia, temos não apenas consciência, mas
consciência de nós mesmos. Nesta consciência não
há tão-somente revelação, mas a revelação
da consciência
de si para si mesma.
O
Abrangente = Conjunto de sujeito + objeto (que, em si mesmo, não
é sujeito nem objeto). Tudo o que é se traduz, obrigatoriamente,
no abrangente da dicotomia sujeito-objeto.17
O
'amor
intellectualis Dei', de Baruch Spinoza, pretende significar que a razão
pura – modo supremo de conhecimento, superior à inteligência
e via de liberdade para o homem
– se confunde com o amor a Deus.
Espinosa não espera, entretanto, que Deus retribua o amor. Com efeito,
Deus não é um ser humano entregue ao amor e o amor espinosiano
é desinteressado.
O
amor iluminado pela razão filosófica se liga à uma
confiança
– inexplicável, sem objeto,
intelectualmente incompreensível
– no fundamento último das
coisas.
Toda
vida está posta entre dois parênteses: nascimento e morte.
Em verdade, vivendo, não nos preocupamos realmente com a morte, embora
ela constitua a maior de todas as certezas.
Para
que haja liberdade, é inevitável que a verdade [informação]
desça às massas, ao burburinho sonoro e confuso dos homens.
A alternativa seria o domínio das massas, a censura, a educação
padronizada. E os seres humanos se tornariam matéria-prima para os
déspotas.
Independência
Quietude sem violência
e sem orgulho.
Para
além de todos os enigmas, o pensamento penetra no Silêncio
pleno de insondável [Trans]razão.
Que
brilho irradia dos homens que são eles próprios!
O
Brilho dos Homens
Que
brilho irradia dos homens
que são eles próprios!
Que
brilho irradia dos homens
eximidos de opróbrios!
Que
brilho irradia dos homens
Que
brilho irradia dos homens
que venceram as
ilusões!
Que
brilho irradia dos homens
que escolheram a LLuz!
Que
brilho irradia dos homens
que pintaram sua Cruz!