As grandes almas
são como as nuvens: recolhem para dar (reúnem-se para compartilhar).
Um diamante valioso
não procura; ele é procurado.
A amizade com
pessoas cujo Coração não conhecemos bastante facilmente
se transforma em inimizade.
A felicidade
que se obtém após um período de luto é mais
agradável. Aquele que está aflito pelo intenso calor do Sol
goza melhor a sombra dada por uma árvore do que aquele que não
é exposto aos raios do Sol.
Os atributos
conflitantes de riqueza e de aprendizagem raramente coexistem em uma pessoa.
Olhe para este
dia,
pois é a vida – a própria vida da Vida.
No seu breve curso,
deitam-se todas as verdades e realidades de sua existência:
a bem-aventurança do crescimento,
a glória da ação,
o esplendor da realização.
Mas, são experiências do tempo.
Ontem é
apenas um sonho;
amanhã será apenas uma visão.
E, hoje, bem vivido, faz
do ontem, um sonho de felicidade,
e todo o amanhã uma visão de esperança.
Vejam bem, portanto, este dia:
esta é a saudação
ao amanhecer sempre novo.
Escute agora,
ó nuvem, que eu lhe explico o caminho que deve ser seguido. Você
prestará bastante atenção. Eu vou lhe dizer sobre quais
cumes, você, extenuada pelo cansaço, irá posar, os rios
dos quais, exaurida, você beberá a água doce.
Eu posso prever,
minha amiga, que apesar do seu desejo de ir depressa para encontrar minha
bem-amada, você passará algum tempo sobre todas estas colinas
perfumadas pelo jasmim. Acolhida pelos pavões, com os olhos úmidos
cujos gritos lhe desejam as boas vindas, decida-se a deixá-los sem
mais tardar.
Quanto seu cansaço
passar, continue seu caminho, regando os jardins com suas gotas de água
fresca, os botões em cachos dos jasmins nascidos às margens
do Vannadi, derramando por um instante sua sombra familiar sobre os rostos
das moças que colhem as flores que enrugam e murcham, a secar o suor
de suas faces, os lótus de suas orelhas.
Seria desviá-la
caminho que deve ser seguido em direção ao Norte; mas não
deixe de visitar os palácios de Ujjayini. Seria realmente uma pena
não experimentar o charme dos olhos matreiros das citadinas, assustadas
ao ver cintilar as suas guirlandas de relâmpagos.
À sua
chegada, os Daçarnas verão os canteiros de seus jardins se
esbranquiçarem de ketaka, cujos botões desabrocham; os santuários
de suas cidades se encherão de pássaros alimentados pelas
oferendas domésticas, ocupados com a construção de
seus ninhos; o reflexo azulado dos frutos maduros marcarão os bosques
de macieiras-rosas e os cisnes viajantes ali ficarão durante alguns
dias.
Pousada sobre
a colina no gracioso cume do qual te falei, reduza logo de tamanho, para
chegar depressa ao tamanho de um jovem elefante; você poderá,
então, com um dos relâmpagos pálidos, bem pálido,
tal qual o luar de um enxame de vagalumes, lançar um olhar no interior
do palácio.
Ali, tendo despertado
de um sopro que refresca suas gotas de água, depois de tê-la
reanimado com o perfume dos pequenos botões de jasmim, escondendo
seus relâmpagos, envie a palavra grave do seu trovão a esta
bela tão recatada, cujos olhos se fixam sobre a janela estreita onde
você se mantém.
Nas visões
do meu sono, você aparece e eu estendo os braços no vazio,
tentando lhe segurar com um abraço apaixonado. As Divindades da Terra
sempre vendo esta cena não podem conter as lágrimas que, pesadas
como as pérolas, descem sobre os galhos das árvores.
Estas brisas
vindas das Montanhas Nevadas fizeram se quebrar bruscamente os brotos sobre
os ramos dos déodars, e correm em direção ao sul, perfumadas
pela resina derramada. Eu abro meus braços para elas, virtuosa esposa.
Se, pelo menos, elas tivessem tocado o seu corpo!
Ei-la de volta,
ó minha bem-amada,
a estação dos calores, o Sol queimando
como fogo, as mais puras noites
de Lua, os longos banhos em que
nossos corpos perfuram o espelhos das águas,
e estes deliciosos fins de dia
no ardor apaziguado do amor.
Os sábios
dizem que a morte é uma coisa natural e que a vida é um acidente.
Mas, se alguém for capaz de respirar e de estar vivo por apenas um
segundo, isto deverá ser considerado um ganho.
Como entidades
externas poderiam causar sofrimento a uma pessoa sábia?
O perfume que
os leques de seda
Espalham sobre os seios das belas mulheres,
As pérolas sobre a pele bronzeada,
As canções, o som das harpas
E o canto das aves,
Tudo isso desperta o deus do amor,
Fazendo nascer novas alegrias e novos tormentos.
Alguém
só poderá ser considerado um Dheera [uma
pessoa corajosa] se sua mente não for perturbada
ou sobrepujada por emoções, mesmo na presença de objetos
de desejo.
Na maioria dos
casos, o Criador Brahma reluta em colocar todas as boas qualidades em um
só lugar [pessoa].
Pesados com flores
se inclinam
Os ramos das árvores.
E, por cima, brilham
Gotas de orvalho prateadas.
Um pesado perfume se espalha
Através do úmido espaço,
E enche de langor
Os amantes que se procuram.
Quem poderá
reverter o curso de duas coisas, a saber: a mente que está firmemente
aprisionada ao objeto desejado e a água que sempre flui do nível
superior para o nível inferior?
O corpo humano
é o primeiro instrumento para trilhar o Caminho do 'Dharma.'
O desejo a impele
ao encontro do amante;
O receio a detém por um momento.
Parece a seda de um estandarte,
Que ora se abandona ora se furta ao vento.
O professor que
pensa que o que importa
é, da cátedra, estar a ganhar a vida,
sem estudar mais, deixando que em si morra
a controvérsia, que ao pensar acende,
não é senão mesquinho traficante,
que a obra dos outros a retalho vende.
Ao amanhecer,
com um espelho na mão, um ritus sobre a face, uma jovem mulher acompanha
sobre os róseos lábios os ferimentos que lhe fizeram os dentes
do amante – o cruel amante que lhe bebeu a alma pela boca!
Ah! Que esta
estação, companheira do frio, seja propícia aos teus
desejos! Possa ela te arrebatar a alma das mulheres pelas suas paisagens
recobertas por espessas searas de arroz e pelo canto dos pássaros
que pousam sobre a neve!
Melhor é
uma poesia por ser antiga?
Então, é sempre má, se for moderna?
Só o amador conhece a luta eterna,
e o crítico que espere o que ele diga.
Cuida deste dia!
Ele é a vida – a própria Essência da Vida!
Em seu breve curso,
estão todas as verdades
e realidades da tua existência:
a benção do crescimento,
a glória da ação
e o esplendor da realização.
Pois, o dia de ontem
não é senão um sonho,
e o amanhã somente uma visão.
Mas, o dia de hoje, bem vivido,
transforma os de ontem
em um sonho de ventura,
e os de amanhã
em uma visão de esperança.
Cuida bem, pois, do dia de hoje!
Eis a saudação da alvorada.
A lágrima
que ficava
tremia em seu lábio inferior.
E eu assisti indiferente, perdido na ilusão.
Agora vou enxugá-la, minha amada,
para me libertar do remorso.
A pureza ou não
do ouro só poderá ser testada quando ele for colocado no fogo.
O Conhecimento
transmitido apenas para um destinatário produzirá o resultado
desejado.
As pessoas têm
gostos variados; ora gostam, ora não gostam.
Os tolos ridicularizam
as grandes almas, cuja conduta e comportamento são diferentes dos
mortais comuns, que, por isto, não podem admitir razões para
esta diferença.
Implorar a uma
pessoa nobre e não se conseguir o que se quer é muito melhor
do que implorar a uma pessoa medíocre e se conseguir o que se quer.
Pela vaziez de
riqueza, de conhecimento, de boas qualidades etc. perde-se a dignidade e
o respeito na sociedade. A plenitude de riqueza, de conhecimento de boas
qualidades etc., por outro lado, atrai a dignidade e o respeito da sociedade.
Quando a rede
de pesca se rasga e o peixe pula na água, o pescador fica deprimido,
e se consola dizendo: — O peixe teve mérito.
Só um
tolo é cegamente conduzido pelo que os outros dizem.
Mesmo uma pessoa
que enxergue bem só será capaz de ver um objeto na escuridão
com o auxílio de uma lâmpada.
Até o
tolo se torna inteligente pela associação com os sábios...
Que todos ultrapassem
suas eventuais dificuldades. Que todos possam participar de coisas boas
e auspiciosas. Que todos as aspirações dignas se cumpram.
Que todos, em todos os lugares, sejam felizes.
Pinga-pinga
Já
fui fumaça viageira;
já
fui seixo rotundinho.
Já
fui neve na cumeeira;
já
fui urubu sem ninho.
Já
fui religioso canalha;
já
fui covarde e sacana.
Já
fui um puta bandalha;
já
fingi que era bacana.
Já
fui escarlate na rinha;
já
fui areiinha lá no erg.
Já
fui aragem mansinha;
já
fui uva johannisberg.
Já
fui noite e já fui dia;
já
fui reles pau-mandado.
Já
fui itinerante bóia-fria;
já
fui um bolsilho furado.
Já
fui pai e já fui filho;
já
fui u'a pedra-sabão.
Já
fui fosco e lustrilho;
já
fui até assombração!
Já
fui tasco de chumbo;
lapis
e ouro eu nunca fui.
Já
fui um cafuzo matumbo;
senhor
feudal também fui.
pedra-inca,
abanga, bicho
e padrinho
do Sujismundo.
Cada
vez, um novo nicho!
Estive
até em Pasárgada;
Pasárgada:
quimera sem lei.
Lá,
dei com uma transviada,
e foi
aí que eu me enforquei!
Hoje,
Rodolfo Pizzinga,
amanhã,
o que eu serei?
Na base
do pinga-pinga,
eu me
tornarei meu Rei!
O
que agora eu não mudar
virará
catalisador-adimplência,
para
eu conseguir me libertar
desta
mendicidade-sofrência.
Mas,
não vencerei sozinho;
comigo,
você precisará vir.
Ouça
aí, que é comezinho:
para
todos, há um só devir!
Há
um só devir!