KALACHAKRA

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

A ignorância é a mãe de todos os males.

 

François Rabelais

 

A ignorância é a mãe das tradições.

 

Montesquieu

 

Ignorância e arrogância são duas irmãs inseparáveis com um só corpo e uma só alma.

 

Giordano Bruno

 

 

 

 

Ba Gua1

 

 

 

e dominar a Cruz que o apouca,

o ente precisa deixar de ser lapuz,

e, dia-a-dia, mitigar o que alouca.

 

Ilustrar o aviltamento de ignorar...

Meter ao jugo o desejo de querer...

Transmutar a loucura de desamar...

Desautorizar o império do não-ser...

 

Por que viver como tolo fingidor?2

Por que recusar a Voz do Coração?

Por que não se tornar um vencedor?

 

Cada um só se livrará do samsara3,

e deixando cair a impeditiva máscara.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Ba Gua ou Pa Kua é a representação de um conceito filosófico fundamental da antiga China. Sua tradução literal significa oito trigramas ou oito mutações – as oito combinações possíveis das energias Yin Yang.

2. A ignorância é o agente do passado que influencia o presente até a sensação. A ignorância é a causa principal do nascimento nos estados miseráveis, porque a mente, envolvida pela ignorância, é incapaz de distinguir entre o bem e o mal, entre o certo e errado, entre o benéfico e prejudicial. Como resultado, não existe um padrão de comportamento harmonioso e as ações são aleatórias. Se a ignorância é o agente do passado que influencia o presente até a sensação, isto significa tolamente fingir viver, não efetivamente Viver. E tolamente fingir viver obriga a encarnar... Desencarnar... Encarnar... Desencarnar... Encarnar... Desencarnar... Isto é: samsarizar e choramingar sem parar.

Nota editada da fonte:

http://www.dantas.com/budismo/
origem_dependente_4.htm

 

 

Ignorância Samsarizante

 

3. Samsara (perambulação) pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos. No Budismo Tibetano, samsara é a repetição do nascimento e da morte. A menos que se adquira a perfeita Sabedoria (ShOPhIa) pela Illuminação, não é possível escapar da encarnação compulsória ou Roda do Samsara. A meditação budista ensina que, por meio de cuidadosa observação da mente, é possível perceber a consciência como sendo uma seqüência de momentos conscientes ao invés de um contínuo de autoconsciência. Cada momento é a experiência de um estado mental específico: um pensamento, uma memória, uma sensação, uma percepção. Um estado mental nasce, existe e, sendo impermanente, cessa, dando lugar ao próximo estado mental que haverá de surgir. Assim a consciência de um ser senciente pode ser entendida como uma série contínua de nascimentos e mortes destes estados mentais. Neste contexto, o renascimento é simplesmente a persistência deste processo. Esta explicação do renascimento como um ciclo de consciência é consistente com os demais conceitos budistas, como anicca (impermanência), dukkha (insatisfação), anatta (ausência de identidade), e é possivel entender o conceito de karma como um elo de causas e conseqüências destes estados mentais. A meta do ser, portanto, deve ser transmutar samsara em Nirvana – superação do apego aos sentidos, do material, da ignorância e da própria existência. Siddhartha Gautama – o Supremo Buddha (Sammasambuddha) – descreveu o Nirvana como um estado de calma, de paz, de pureza de pensamentos, de libertação, de ausência de transgressões físicas e pensamentais, de elevação espiritual, ou seja, o acordar para Atualidade Universal.

Nota editada das fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nirvana

http://pt.wikipedia.org/wiki/Samsara#
Samsara_no_Budismo_Tibetano

 

 

Samsara

 

 

Observação:

A palavra kalachakra significa ciclos de tempo, e o Sistema Kalachakra apresenta três desses ciclos – externos, internos e alternativos. Os ciclos externos e internos lidam com o tempo como nós normalmente o conhecemos, enquanto os ciclos alternativos são práticas para alcançar a liberação destes dois. As estruturas dos ciclos externos e internos são semelhantes, similares ao paralelo entre o Macrocosmo e o microcosmo discutido na Filosofia Ocidental. Isto significa que as mesmas Leis que governam um Universo também dizem respeito aos átomos, ao corpo e à nossa experiência da vida. As práticas dos ciclos alternativos também seguem esta estrutura de modo a nos permitir engajar e superar estas forças de uma maneira efetiva. Este imitar é, de fato, uma das características distintivas do método tântrico Anuttarayoga. O tempo, no Budismo, é definido como sendo uma medida de mudança. Por exemplo, um mês é a medida de mudança envolvida externamente na Lua circundando a Terra ou internamente na mulher indo de uma menstruação à seguinte. Tais mudanças são cíclicas, visto que os padrões se repetem, embora os eventos de cada ciclo não sejam completamente idênticos. Em um nível externo, o Universo passa através de ciclos cósmicos, astronômicos, astrológicos e históricos. No nível interno, o corpo atravessa ciclos fisiológicos, muitos dos quais também produzem associados ciclos mentais e emocionais. Além disto, assim como os universos se formam, expandem, contraem, desaparecem e, depois, se formam uma vez mais, seres individuais atravessam renascimentos contínuos, repetindo nascimentos, crescimentos, envelhecimentos e mortes. Normalmente, a passagem do tempo exercita um efeito debilitante. Ao envelhecermos, a visão, a audição, a vmemória e a força física enfraquecem gradualmente e, por fim, morremos. Devido ao apego compulsivo e à confusão sobre quem somos e como existimos, tomamos renascimentos sem termos qualquer controle sobre este processo ou circunstâncias, tendo cada vez de tornar a aprender tudo o que antes sabíamos. Assim que cada uma das nossas vidas evolve sobre o curso do tempo, os potenciais cármicos das nossas ações precedentes amadurecem em adequados momentos astrológicos, históricos e do ciclo vital, nos vários acontecimentos que experienciamos. Alguns destes são agradáveis, mas, muitos não são. Parece que temos pouca escolha sobre o que nos acontece na vida. Resumindo: os ciclos do tempo externos e internos delineiam o samsara – os renascimentos incontrolavelmente recorrentes, cheios de problemas e dificuldades. Estes ciclos são dirigidos por impulsos de energia, conhecidos no Sistema Kalachakra como "ventos do karma". O karma é uma força intimamente ligada à mente e surge devido à confusão sobre a realidade. Imaginar que nós, outros e tudo à nossa volta existem da maneira que a nossa mente os faz parecer – como se tivessem identidades concretas e permanentes, estabelecidas de dentro de cada ser ou coisa – nos faz agir com base nesta confusão com apego, raiva ou estupidez. Pensamos, por exemplo: "eu sou mesmo assim, aqueles objetos ou pessoas são certamente assim, eu tenho de possuir estas coisas como sendo minhas e me livrar daquelas que me incomodam". E assim por diante. Quaisquer ações físicas, verbais ou mentais cometidas com base nesta maneira rígida e confusa de pensar constroem potenciais e hábitos cármicos. Sob circunstâncias adequadas, estes potenciais ou "sementes de karma" amadurecem na forma de impulsos que nos compelem a repetir estes atos, e a entrar em situações em que ações similares nos acontecem. Podemos ver isto prontamente se examinarmos com cuidado o comportamento impulsivo que está por atrás dos acontecimentos pessoais e históricos que experienciamos. Quantas pessoas vão de um mau casamento a outro, e quantos países de uma crise à seguinte? Os potenciais cármicos, de fato, causam uma grande variedade de impulsos que afetam as nossas vidas. Os potenciais cármicos coletivos das ações precedentes de um grande número de seres – incluindo nós próprios – causam, por exemplo, o impulso para a evolução de um Universo com ambientes específicos e formas de vida específicas em que nós e estes seres tomamos subseqüentemente renascimento. Estes potenciais coletivos também causam os impulsos que dirigem as leis físicas e biológicas que governam este Universo – dos padrões climáticos dos seus planetas aos hábitos do ciclo de vida de cada espécie neles. Explicam também os impulsos por trás do comportamento diário instintivo característico de cada forma de vida. Dentro deste contexto, os potenciais cármicos individuais, na junção apropriada dos ciclos internos de cada ser – depois de cada morte – produzem o impulso de renascer em um ambiente específico com um corpo específico. Este impulso é relativo a um ponto evolucionário particular no ciclo externo de um Universo. Nós não podemos renascer como um dinossauro em uma floresta primordial quando esta forma de vida e o ambiente já estão extintos. Todos estes fatores que amadurecem do karma funcionam juntos e harmoniosamente para fornecer o "recipiente" dentro do qual nós experienciamos o amadurecimento de outros potenciais cármicos pessoais na forma de comportamento impulsivo por trás dos acontecimentos da vida. Nascidos em uma nação em guerra, nós impulsivamente nos tornamos soldados, bombardeamos vilas inimigas e somos, um dia, mortos em batalha. Os muitos níveis dos ciclos de tempo externos e internos se entrelaçam de uma maneira muito complexa. Em resumo: o tempo não tem começo nem fim. Sempre houve e sempre haverá mudança, que pode ser rotulada como a passagem do tempo. Universos, civilizações e formas de vida animada continuamente surgem e desaparecem. A forma que tomam depende das ações e, por isto, das mentes daqueles que os precedem. É por isto que há um ajuste harmonioso entre os corpos e as mentes dos seres e o seu ambiente. Um ser nasce como um peixe para experienciar acontecimentos da vida na água, ou como um ser humano no ar, e não vice-versa. Contudo, porque as mentes dos seres estão sob a influência da confusão, os corpos, as mentalidades e os ambientes que resultam das ações cármicas que eles cometem têm um efeito constrangedor, mas, sempre educativo. Estes fatores limitam as suas capacidades de se beneficiarem a si mesmos e aos outros. Por outro lado, as pessoas que viveram durante as pestes medievais pouco puderam fazer para contrabalançar os horrores que enfrentaram. Enfim, o tempo, como uma medida de mudança, também ocorre como uma medida dos ciclos das ações de um Buda. Liberação do tempo significa nos livrarmos da confusão e dos instintos, que repetidamente produzem os impulsos ou karma, que nos deixam à mercê da destruição do tempo. Uma vez livres, já não somos afetados adversamente pela externa escuridão do inverno, por eclipses, pelas guerras e assim por diante, que ocorrem periodicamente. Nem somos limitados pelo tipo de corpo que está sob o controle de forças biológicas periódicas, tais como a fome, os impulsos sexuais, o cansaço ou o envelhecimento. Como resultado da total compreensão da realidade, torna-se possível, em vez disso, gerar ciclos que beneficiam os outros além de quaisquer limitações impostas pelo tempo. O nome disto é Liberdade, mas que só advirá pela Compreensão.

Observação editada da fonte:

http://www.berzinarchives.com/

 

 

Onda-tempo

 

 

Música de fundo:

Inside Voice
Interpretação: Buddhist Monks

Fonte:

http://www.4shared.com/get/
fFySbhNG/05_Inside_Voices.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/ignorancia/10

http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/ignorancia

https://en.wikipedia.org/wiki/Ba_gua

http://caccioppoli.com/Animated%20gifs%20flowers%20
roses%20plants%20trees%20landscape%20waterfalls.html

http://en.wikipedia.org/wiki/
Chinese_creation_myth

http://www.arthursclipart.org/
silhouettes/misc1.htm

http://www.3dm3.com/forum/
f200/clown-apumia-26213/

http://www.fotolog.com.br/
psychomorphosys/31762466/

 

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