JUVENAL – SÁTIRAS

 

 

 

Juvenal

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

Este estudo teve por objetivo garimpar alguns fragmentos nas Sátiras do poeta e retórico romano Juvenal. Nesta quadra que atravessamos, penso que este estudo seja um excelente catalisador para reflexão. Nós, brasileiros, precisamos sair do imbróglio em que estamos metidos ou o imbróglio irá nos engolir.

 

 

Breve Biografia

 

 

Juvenal

 

 

Décimo Júnio Juvenal, em latim: Decimus Iunius Iuvenalis, (Aquino, entre 62 e 67 – Roma, por volta do ano 130), foi um poeta e retórico romano, autor das Sátiras, cujo objetivo foi denunciar e tentar corrigir os vícios da sociedade da sua época.

 

Os detalhes da vida do autor são obscuros, embora referências aos seus textos feitas no final do século I e começo do século II fixem as datas mais remotas de seus textos. De acordo com o poeta Lucílio, e também de tradições poéticas que incluem Horácio e Pérsio, Juvenal escreveu pelo menos 16 poemas em hexâmetro dactílico (uma forma de métrica poética ou esquema rítmico), cobrindo de forma enciclopédica os fatos do mundo romano. Apesar de as Sátiras serem uma fonte vital para o estudo da Roma Antiga a partir de um vasto conjunto de perspectivas, as suas hipérboles e a sua maneira sarcástica de se expressar fazem com que a utilização de suas declarações seja um fato problemático, para dizer o mínimo. À primeira vista, a obra poderia ser entendida como uma crítica ao Paganismo de Roma, talvez, tentando garantir sua sobrevivência dentro da monástica cristã, um estrangulamento na preservação dos textos antigos, dos quais a maioria foi perdida.

 

 

 

 

Fragmentos Satíricos

 

 

Em tempos como este, difícil é não escrever sátiras.

 

A honestidade é ser elogiado e morrer de fome.

 

A nobreza é a maior das virtudes.

 

Quem vigia os vigilantes?

 

Nenhum homem se tornou extremamente perverso de uma vez.

 

Os romanos, que antes eram tão poderosos, se tornaram escravos de prazeres corruptores e, hoje, só precisam de pão e circo.

 

As pessoas comuns, ao invés de se preocuparem com sua liberdade, estão apenas interessadas em pão e circo.

 

Os homens devem orar por uma mente sã num corpo sadio.

 

Uma mulher valorosa, como as sabinas1, é uma ave tão rara quanto um cisne negro.

 

A reputação e o crédito dependem apenas da riqueza que se guarda no cofre.

 

 

 

 

O homem é tão indulgente para consigo mesmo, que nunca julga ter se aproveitado bastante da liberdade de se portar mal.

 

 

Adolf Sich Schlecht Benehmen Hitler

 

 

Considera como maior infâmia preferir a vida à honra, e por amor àquela, perder a razão de viver.

 

Nenhum culpado pode ser absolvido pelo tribunal da própria consciência. [Penso que a coisa não seja de absolvição (que não existe), mas, sim, de compreensão. Todos os malfeitos que cometemos derivam da nossa sesquipedal ignorância com relação a tudo. À medida que vamos compreendendo, ipso facto, vamos nos descravizando e nos libertando.]

 

O primeiro castigo do criminoso é o da própria consciência, que o julga e que nunca o absolve.

 

Vivemos todos em um estado de pobreza ambiciosa.

 

 

A Pobreza Ambiciosa

 

 

Alguns tiveram a forca como preço pelo próprio crime; outros, a coroa.

 

A pior coisa que a miséria nos oferece é a de nos tornar ridículos diante de todos.

 

Quem poderia suportar uma esposa dotada de todas as virtudes? [Não há dúvida de que a virtude é tão bom quanto desejável. Mas, excesso de virtude é um saco! Todo virtuoso absurdo é um chato de galochas.]

 

Não há nada mais intolerável do que uma mulher rica. [Há, sim: um negacionista irresponsável, ignorante, inapto, inepto, mal-educado, grosseiro, pretensioso, presunçoso, inescrupuloso, negligente...]

 

 

 

 

A intenção oculta do crime é já o próprio crime.

 

Em Roma, tudo se compra. [Na Ilha da Fantasia também!]

 

Não existe um malvado feliz.

 

A honestidade é elogiada por todos, mas, morre de frio [e de fome].

 

A vingança é sempre o prazer de um espírito mesquinho, amedrontado e avaro.

 

A vingança é a pobre satisfação das mentes pequenas.

 

Deve-se o maior respeito à criança. [Chegaram tarde, mas, enfim, chegaram, em 1º de junho de 2021, as reformas do Livro VI do Código de Direito Canônico católico, que estabelecem novas sanções penais, incluindo para crimes de pedofilia, que causam maiores danos e horríveis escândalos na comunidade.]

 

Falar abertamente pelo amor à verdade é arriscar a vida.

 

A Sabedoria é o segredo da Felicidade.

 

Nunca é longe demais o caminho que nos conduz à casa de um amigo.

 

Nunca a Natureza diz uma coisa e a Sabedoria outra.

 

Senhor nos livra de todo o mal que nos aflige. Nos livra do olho-gordo, da inveja e de todos os invejosos de plantão. Envia todos para os quintos dos infernos. Isso mesmo, Senhor, para bem longe de nós, Seus filhos. Amém.

 

Antes de levantar para ensinar, aprenda o primeiro.

 

Nós temos sempre que fazer o bem, e nos apegar à Essência [nosso Deus Interior] que habita em nós [In Corde]. É esta Essência que nos ajuda a Compreender, desde que deixemos Ela agir. Nas dificuldades, devemos nos calar. Assim, em silêncio, a Essência trabalha.

 

Devemos deixar a nossa Essência ficar no controle da nossa vida. Caso contrário, o nosso ego irá ditar as regras da nossa vida.

 

Não existe essa coisa não dar certo. Se você pensou, sentiu e agiu da maneira que pensou e sentiu, tudo sempre dará certo. [Havendo percalços, transtornos ou incômodos, não devemos nos esquecer de que eles são os nossos melhores professores.]

 

Deus é uma Energia dentro de nós: e só sintonizá-La. O espaço vazio dentro de nós, que fica entre o consciente e subconsciente, é preenchido com a Essência de Deus e com amor.

 

Feliz é a nação que tem o conhecimento da Filosofia.

 

Perdendo ou ganhando, o que importa e que devemos vencer o nosso Ego.

 

Quem me ensinou a nadar foi uma corrente de retorno. Nunca queira cair em uma. Você tem duas escolhas: ou nada ou morre. Eu escolhi nadar. [Sempre, todos nós devemos escolher nadar. Desistir é morrer. Sempre recomeçaremos do ponto em que pararmos.]

 

Deus só vê três coisas na nossa vida: desejo, intenção e motivação.

 

O amor [paixão] é um vício. Se você não souber administrá-lo, irá sofrer como um dependente de qualquer outra substância.

 

Ousa alguma coisa, se queres ser alguma coisa.

 

 

Quanto mais o dinheiro aumenta, mais cresce a vontade de possuí-lo.

 

 

 

 

A punição seguirá o crime.

 

Nesta vida, temos o dever ser limpos de coração.

 

Se a prudência te acompanha, nenhum poder celestial te desamparará.

 

Felizmente, a Natureza não concede à vontade direitos sobre o corpo.

 

Menos desgraçado será sempre o escravo que deve cavar o campo do que aquele que deve 'cavar' o seu dono.

 

Piores são aqueles que se jogam contra os vícios com palavras de Hércules e que, depois de um belo discurso sobre a virtude, saem rebolando!

 

Os homens que têm os mesmos vícios se apóiam mutuamente.

 

O destino dará reinos aos escravos e triunfos aos cativos.

 

O avarento é escravo da sua fortuna.

 

Os cegos vivem apenas para o patrimônio que têm.

 

 

 

 

Mais do que a morte, devemos temer a velhice. [Precisamos, sim, alcançar a condição interior de não temer nada.]

 

O desejo por dinheiro cresce tanto quanto o próprio dinheiro. Dinheiro, de onde quer que venha, cheira bem.

 

 

 

 

Confiar em todos é tolice, mas, não confiar em ninguém é uma neurose.

 

Não deixe uma palavra ou um olhar obsceno manchar a casa onde há uma criança.

 

A integridade do homem é medida por sua conduta, não pela sua profissão.

 

As piadas são como o sal: devem ser usadas com muita cautela.

 

A perda do dinheiro é chorada com um pesar mais profundo do que os amigos e os parentes.

 

Todo mundo sabe o que carrega em sua mochila.

 

O pecado mais antigo é seduzir a esposa de outro e desprezar o vínculo sagrado.

 

No amor, há mais amargor do que no mel.

 

Não confie nas aparências.

 

 

 

 

É uma loucura manifesta viver precariamente para morrer rico.

 

O que importa a desonra, quando se economiza dinheiro?

 

O marido sempre é o último a saber da desonra de sua casa. [E quando sabe, mas, finge que não sabe, a sabedoria popular o qualifica de corno manso.]

 

Peça um espírito forte, livre do medo da morte, que considera o último momento da vida uma bênção da Natureza e que esteja disposto a suportar qualquer coisa. [Na verdade, não devemos pedir isto nem nada, até porque pedir não adianta necas de pitibiribas. Devemos, sim, nos esforçar para nos tornar aquilo que consideramos ser o Svmmvm Bonvm da existência.]

 

A esperança de viver retorna com o Sol. [Também não devemos ter esperança de que nada nos aconteça. Ficar esperançando é a mesma coisa que ajoelhar e rogar. Devemos, sim, fazer as coisas acontecer. A.'. U.'. M.'.]

 

Enquanto bebemos, enquanto nos coroamos com rosas e enquanto sonhamos com perfumes e com mulheres, inelutavelmente, a velhice vai chegando despercebida.

 

 

 

 

Estas são as dores dos que vivem longos anos: em meio a perdas familiares continuamente renovadas, chegam à velhice envoltos em lágrimas, luto e tristeza perpétua.

 

Quem você viu alguém se contentar com apenas um crime? [Foi por isto que o maldito petrolão, no Brasil, chegou aonde chegou, e deixou como herança a desconfiança, o descompasso e o desânimo. Aqui, no Rio de Janeiro, com os senhores Sérgio Cabral, Pezão, Crivella e Witzel a coisa foi pior e alcançou o nível do surrealismo. A PanCOVIDmia veio dar o toque de macabrismo nesta desusada e escalafobética situação, e ficamos em um barco sem leme e sem bússola. Mas, eu não tenho qualquer dúvida: nós (Brasil + povão) sairemos dessa e venceremos.]

 

Somos todos muito dóceis em seguir exemplos torpes ou depravados.

 

Esta é a Lei Natural: os maus exemplos recebidos em nossa casa nos corrompem com mais facilidade e rapidez, pois, se insinuam em nossa [personalidade-]alma com força de autoridade.

 

É uma coisa mesquinha se apoiar na fama dos outros.

 

A glória, por maior que seja, não é nada além de glória.

 

 

 


 

 

Para muitos, a razão de sua existência está apenas em seu paladar.

 

É uma loucura, depois de ter perdido tudo, perder também o dinheiro da passagem.

 

Não é fácil se destacar na vida para aqueles cujo talento é prejudicado por restrições familiares.

 

O dinheiro, acumulado e guardado com cuidado excessivo estrangula muitos.

 

A raiva arma o verso.

 

Talvez, seja possível comprar o pescador mais barato do que o peixe.

 

Quem quer ficar rico, quer ficar rico rapidinho. [E o melhor caminho para ficar rico rapidinho é açambarcar.]

 

Isto eu quero e, por isto, ordeno: minha vontade substitui minha razão.

 

O que valoriza um prazer é usá-lo raramente.

 

Com a sua educação, você deve tornar a República tão útil na guerra quanto na paz. [Não. Com a nossa educação só devemos tornar a República útil na paz. Tornar a República útil na guerra é se tornar um assassino, e, ipso facto, se suicidar. Mutatis mutandis, tornar a República útil na guerra é semelhante a esses médicos marca barbante que defendem o tratamento precoce e o uso de Cloroquina para tratar a PanCOVIDmia.]

 

Todo mundo quer saber, mas, poucos, comparativamente falando, estão dispostos a pagar o preço.

 

É fácil esmagar com um sorriso.

 

 

 

 

É uma simples loucura perder cem mil sestércios [moedas de cobre dos antigos romanos] e não dar uma camisa para um escravo que está tremendo de frio. [Loucura maior é ter escravos.]

 

Quando Alexandre, o Grande, estava vivo, o mundo não era grande o bastante para conter sua ambição, mas, na morte, um caixão foi o suficiente.

 

Enquanto a sua sogra ainda viver, harmonia doméstica está fora de questão.

 

Geralmente, o bom senso é raro.

 

A única nobreza é a virtude.

 

 

A Minha Sátira

 

 

É tão pecador quem peida e põe a culpa no inocente gatinho quanto quem obedece uma ordem incongruente e mata milhares. Não escaparão: ambos – o peidão e o obedecente – irão morar no avernus.

 

 

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. Uma das lendas romanas que mais eco teve na História da Arte, relata o suposto rapto das sabinas. Segundo esta lenda, os fundadores de Roma, provenientes de Tróia, após convidar os Sabinos para um banquete, seqüestraram as mais belas mulheres sabinas para povoar a nova cidade. Para recuperar as mulheres, o legendário rei sabino de Cures, Tito Tácio, declarou guerra a Roma; porém, as mulheres preferiram ficar com os seus esposos e filhos, e os sabinos desistiram de pelejar. Seja como for, esta lenda expressa a estreita união entre Romanos e Sabinos. Tinham muitas coisas em comum e um comércio ativo. Ambos os povos eram ligados pela Via Salária, assim designada porque era a via pela qual se comerciava o sal.

 

 

O Rapto das Sabinas (fragmento)
(Por Giovanni Francesco Romanelli)

 

 

Música de fundo:

Ancient Roman Music (The Roman Empire)

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=MaA0mLAFRSg

 

Páginas da Internet consultadas:

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Juvenal

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sabinos#O_Rapto_das_Sabinas

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