Judas
Iscariotes (ou Iouda Iskariotes) foi um dos doze apóstolos de Jesus,
o Cristo, que, de acordo com os Evangelhos Canônicos, veio a ser o
traidor que entregou Jesus aos seus capturadores por trinta moedas de prata.
Já Samael Aun Weor admite que Judas Iscariotes é um Grande
Mestre. Ele não
queria aquele papel. Ele nada mais fez do que repetir o que havia aprendido
de memória. Como tinha de o fazer, tinha de ser exato, preciso, no
momento oportuno. Tudo tinha de ser perfeito, de acordo com o drama. Porém,
ele não traiu Jesus jamais. Ele foi seu melhor discípulo.
Odiado pelas multidões e toda essa questão de ser considerado
um traidor, quando a única coisa que fez foi obedecer ao Senhor!
Ninguém, nem remotamente, suspeita o que foi o sacrifício
de Judas pela Humanidade. Ele foi o único que não teve honras.
Para ele não houve louvores. Ele é o melhor dos discípulos
do Senhor, o maior dos sacrificados; de forma que condenar Judas é
o pior dos delitos. Quem nós temos de condenar é o judas interno.
Aquele traidor que vende o Senhor por trinta moedas de prata, o que não
é outra coisa do que aquele que troca o Senhor pelos prazeres, pelos
licores e por todas as coisas do mundo. A esse é que se tem de condenar.
Judas nos indicou isto claramente com a sua doutrina. Esta é a sua
doutrina. A doutrina de Judas é a mais profunda – a morte absoluta
do Ego. E Joaquin Amortegui
ensina: Através das seitas religiosas ou crenças,
sempre houve um Judas como um elemento perverso, daninho, mau. Mas, em realidade,
ante as Hierarquias Cósmicas, o que tocou aos Apóstolos foi
um drama cósmico para nos dar o ensinamento vivo do que
cada um de nós
deveria realizar. Em realidade, de todos os Apóstolos do Mestre Jesus,
o mais adiantado, o de categoria superior, foi Judas, a quem tocou representar
o papel mais terrível. Quando o Mestre Jesus destinou Judas para
representar este papel, ele se ajoelhou ante o Mestre Jesus, e, chorando,
Lhe disse que não permitisse representar este papel, porque não
se sentia capacitado. Porém Jesus lhe respondeu: — Tu terás
que fazê-lo. Tu és o único preparado para isto!
O
Evangelho de Judas é um Evangelho Gnóstico, atribuído
a autores gnósticos nos meados do século II, composto de vinte
e seis páginas de papiro escrito em copta dialetal que revela as
relações de Judas com Jesus Cristo sob uma outra perspectiva:
Judas não teria pura e simplesmente traído Jesus; mas atendido
a uma determinação Deste ao denunciá-lo aos romanos.
Desaparecido
por quase 1700 anos, a única cópia conhecida do Evangelho
de Judas foi publicada em 6 de abril de 2006 pela revista National
Geographic. O manuscrito, autentificado como datando do século
III ou IV (280 d.C. ± 50 anos), é uma cópia de uma
versão mais antiga redigida em grego. Contrariamente à versão
dos quatro evangelhos oficiais, canônicos, este texto informa que
Judas era o discípulo mais fiel a Jesus e aquele que mais compreendia
os seus ensinamentos. Basicamente, o conteúdo do Evangelho de
Judas consiste em ensinamentos de Jesus para Judas, apresentando informações
sobre uma estrutura hierárquica de seres angelicais e uma outra versão
para a criação do Universo.
O
documento, com bordas em couro, foi descoberto nos anos 1970, no deserto
egípcio, perto de El Minya. Em seguida, ele circulou entre os comerciantes
de antigüidades, indo parar primeiro na Europa e depois nos Estados
Unidos, onde permaneceu em um cofre de um banco em Long Island (New York)
durante dezesseis anos, antes de ser comprado em 2000 pela antiquária
grega Frieda Nussberger-Tchacos.
Inquieta
com a deterioração do manuscrito, Frieda confiou-o à
Fundação Maecenas, com sede em Basiléia, na Suíça,
em fevereiro de 2001, a fim de preservá-lo e traduzi-lo. Após
a restauração do documento, o trabalho de análise e
tradução foi confiado a uma equipe de coptólogos dirigida
pelo professor Rodolphe Kasser, especialista em manuscritos, da Universidade
de Genebra. Kasser disse jamais ter visto um manuscrito em um estado de
deterioração tão avançado: páginas faltavam,
o topo das páginas, onde ficavam os números, estava rasgado,
e havia quase mil fragmentos de papiro. Para reconstituir, segundo ele,
o quebra-cabeça
mais complexo jamais criado pela história, o professor
Kasser foi auxiliado pela restauradora de papiros Florence Darbre e pelo
especialista em copta dialetal Gregor Wurst, da Universidade de Augsburg
(Alemanha). O documento, chamado Códice Tchacos, será
devolvido ao Egito e conservado no Museu Copta do Cairo.
O Evangelho Segundo Judas
Página do Códice Tchacos
Mario
Jean Roberty, diretor da Fundação Maecenas, garante que com
os resultados dos testes realizados no documento pode-se afirmar, sem dar
margem a dúvidas, que o texto foi transcrito entre o século
III e o século IV.
O
Beijo de Judas
(Pintura anônima do século XII)
Segundo o Evangelho de Judas o beijo
não foi uma traição. O trecho-chave do documento é
atribuído a Jesus, dizendo a Judas: Tu
vais ultrapassar todos. Tu sacrificarás o homem que me revestiu.
Segundo o pensamento gnóstico, esta frase significa que com a delação
Judas estaria contribuindo para que Jesus, o Cristo pudesse libertar o seu
espírito, livrando-se de seu invólucro carnal, o corpo.
Esta
descoberta espetacular de um texto antigo, não-bíblico, considerada
por alguns especialistas como um dos mais importantes jamais descobertos
nos últimos sessenta anos, estende nosso conhecimento da história
e das diferentes opiniões teológicas do início da era
cristã, esclarece Terry Garcia, um dos responsáveis
da revista National Geographic. Presume-se que o original, provavelmente
escrito em grego, seja datado do início do século II.
A
existência do Evangelho Segundo Judas havia sido atestada
pelo primeiro bispo de Lyon, São Irineu, que o denunciou em um texto
contra as heresias na metade do século II. Neste documento, o prelado
teria explicado que, segundo a sua opinião, nos tempos dos apóstolos
aconteceram diversas tentativas de se espalhar o erro e perturbar a união
dos cristãos, e que alguns se faziam passar por convertidos, exclusivamente
para disseminar doutrinas contrárias a da fé apostólica.1
Irineu
também comentou a existência de uma seita gnóstica chamada
de Cainitas, cuja crença era baseada no princípio que o mundo
material é imperfeito, tendo sido criado não por um Deus Supremo
e, sim, por uma inteligência criadora inferior a este. Além
de Irineu, Epifânio, bispo de Salamina, também argumentou sobre
a existência deste manuscrito no ano de 375 d.c.
Elaine
Pagels, professora de Religião na Universidade de Princeton e uma
das grandes especialistas mundiais sobre os Evangelhos gnósticos,
considera que a
descoberta surpreendente do Evangelho de Judas, bem como o Evangelho
de Maria Madalena e
diversos outros documentos dissimulados durante quase 2000 anos, modifica
nossa compreensão dos primórdios do Cristianismo. Estas descobertas
erradicam o mito de uma religião monolítica, e mostram o quanto
o movimento cristão era realmente diversificado e fascinante no seu
início.