Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Teria sido assim?

 

 

 

Introdução e Objetivo

 

 

Sobre a verdadeira História de Jesus, Sua Vida e Sua Missão na Terra, hoje, pouco se sabe. O tempo engoliu a História. O que era conhecido, ou melhor, o que podia ser conhecido pelo povo nos primeiros séculos do Cristianismo foi sendo, ao mesmo tempo, conspiratoriamente perdido, escondido e adulterado, particularmente nos concílios (locais e ecumênicos) do Catolicismo que foi surgindo e se impondo. E se um Papa falar ex cathedra, ninguém pode contestá-lo porque a infalibilidade papal é incontestável!

 

Pouquíssimas Fraternidades têm guardadas em seus arquivos a verdadeira história da vida de Jesus (que não morreu crucificado, como os mal-intencionados querem nos fazer acreditar, mas, sim, Iniciaticamente cônscio em idade provecta) e as regras ou normas de Sua Sagrada Missão/Doutrina (SOPhIa-mathesis Universalis). Hoje, em termos históricos e religiosos, prevalecem mais lendas, fantasias e superstições do que a verdade histórica. Com estas afirmações, não quero nem pretendo ofender os fiéis católicos; pois, se alguma responsabilidade têm, têm-na em boas intenções. Agora, assim como o Cristianismo é uma coisa e o Catolicismo é outra inteiramente diferente, a alta hierarquia da Igreja Católica é uma coisa e a confraria católica é outra. Il Nome della Rosa (O Nome da Rosa), romance de Umberto Eco, lançado em 1980, mostra isto muito bem. E, nestes últimos dois milênios, o fato inconteste é que, em termos religiosos e doutrinais, muitas coisas, ao invés de avançarem, de se modernizarem, de evoluírem, andaram para trás como caranguejola bêbada a tropegar na costa atlântica rochosa da Europa. Arre!

 

 

Ilusão Imposta à Humanidade

 

 

Este estudo, em forma de fragmentos, é uma pequena compilação do conteúdo gnóstico apresentado no pequeno e estracinhado Evangelho Segundo Judas, cujo próprio sobrenome (por exemplo, Iscariotes, como consta na Bíblia, ou Ihariotes, como consta no Talmud de Jmmanuel) já deu margem a controvérsias as mais variadas, pois Judas Iscariotes é um – o homem de Kariot – e Judas Ihariotes é outro – o filho de um fariseu. Por outro lado, mais do que uma simples controvérsia, foi o papel que Pontius Pilatus desempenhou na Crucifixão Iniciática de Jesus. A pergunta sem resposta é: por que o poderoso Pilatus, prefeito da província romana da Judéia, após ter lavado as mãos (lavabo manus meas), condenou Jesus a morrer na cruz, apesar de não ter Nele encontrado nenhuma culpa? O que sabia Pilatus que permanece oculto por dois mil anos? Seja como tiver sido e como realmente for, neste estudo, deixarei que, se você não conhece este Evangelho Gnóstico, chegue às suas próprias conclusões. Se e quando for o caso, em notas de rodapé, farei alguns comentários explicativos. Mas, como sempre recomendo, o melhor é ler o texto original.

 

 

Ecce Homo (Eis o Homem)
(pintura de Antonio Ciseri, 1821 – 1891)

 

 

 

Judas e o Evangelho Segundo Judas

 

 

 

Judas Iscariotes (ou Iouda Iskariotes) foi um dos doze apóstolos de Jesus, o Cristo, que, de acordo com os Evangelhos Canônicos, veio a ser o traidor que entregou Jesus aos seus capturadores por trinta moedas de prata. Já Samael Aun Weor admite que Judas Iscariotes é um Grande Mestre. Ele não queria aquele papel. Ele nada mais fez do que repetir o que havia aprendido de memória. Como tinha de o fazer, tinha de ser exato, preciso, no momento oportuno. Tudo tinha de ser perfeito, de acordo com o drama. Porém, ele não traiu Jesus jamais. Ele foi seu melhor discípulo. Odiado pelas multidões e toda essa questão de ser considerado um traidor, quando a única coisa que fez foi obedecer ao Senhor! Ninguém, nem remotamente, suspeita o que foi o sacrifício de Judas pela Humanidade. Ele foi o único que não teve honras. Para ele não houve louvores. Ele é o melhor dos discípulos do Senhor, o maior dos sacrificados; de forma que condenar Judas é o pior dos delitos. Quem nós temos de condenar é o judas interno. Aquele traidor que vende o Senhor por trinta moedas de prata, o que não é outra coisa do que aquele que troca o Senhor pelos prazeres, pelos licores e por todas as coisas do mundo. A esse é que se tem de condenar. Judas nos indicou isto claramente com a sua doutrina. Esta é a sua doutrina. A doutrina de Judas é a mais profunda – a morte absoluta do Ego. E Joaquin Amortegui ensina: Através das seitas religiosas ou crenças, sempre houve um Judas como um elemento perverso, daninho, mau. Mas, em realidade, ante as Hierarquias Cósmicas, o que tocou aos Apóstolos foi um drama cósmico para nos dar o ensinamento vivo do que cada um de nós deveria realizar. Em realidade, de todos os Apóstolos do Mestre Jesus, o mais adiantado, o de categoria superior, foi Judas, a quem tocou representar o papel mais terrível. Quando o Mestre Jesus destinou Judas para representar este papel, ele se ajoelhou ante o Mestre Jesus, e, chorando, Lhe disse que não permitisse representar este papel, porque não se sentia capacitado. Porém Jesus lhe respondeu: — Tu terás que fazê-lo. Tu és o único preparado para isto!

 

O Evangelho de Judas é um Evangelho Gnóstico, atribuído a autores gnósticos nos meados do século II, composto de vinte e seis páginas de papiro escrito em copta dialetal que revela as relações de Judas com Jesus Cristo sob uma outra perspectiva: Judas não teria pura e simplesmente traído Jesus; mas atendido a uma determinação Deste ao denunciá-lo aos romanos.

 

Desaparecido por quase 1700 anos, a única cópia conhecida do Evangelho de Judas foi publicada em 6 de abril de 2006 pela revista National Geographic. O manuscrito, autentificado como datando do século III ou IV (280 d.C. ± 50 anos), é uma cópia de uma versão mais antiga redigida em grego. Contrariamente à versão dos quatro evangelhos oficiais, canônicos, este texto informa que Judas era o discípulo mais fiel a Jesus e aquele que mais compreendia os seus ensinamentos. Basicamente, o conteúdo do Evangelho de Judas consiste em ensinamentos de Jesus para Judas, apresentando informações sobre uma estrutura hierárquica de seres angelicais e uma outra versão para a criação do Universo.

 

O documento, com bordas em couro, foi descoberto nos anos 1970, no deserto egípcio, perto de El Minya. Em seguida, ele circulou entre os comerciantes de antigüidades, indo parar primeiro na Europa e depois nos Estados Unidos, onde permaneceu em um cofre de um banco em Long Island (New York) durante dezesseis anos, antes de ser comprado em 2000 pela antiquária grega Frieda Nussberger-Tchacos.

 

Inquieta com a deterioração do manuscrito, Frieda confiou-o à Fundação Maecenas, com sede em Basiléia, na Suíça, em fevereiro de 2001, a fim de preservá-lo e traduzi-lo. Após a restauração do documento, o trabalho de análise e tradução foi confiado a uma equipe de coptólogos dirigida pelo professor Rodolphe Kasser, especialista em manuscritos, da Universidade de Genebra. Kasser disse jamais ter visto um manuscrito em um estado de deterioração tão avançado: páginas faltavam, o topo das páginas, onde ficavam os números, estava rasgado, e havia quase mil fragmentos de papiro. Para reconstituir, segundo ele, o quebra-cabeça mais complexo jamais criado pela história, o professor Kasser foi auxiliado pela restauradora de papiros Florence Darbre e pelo especialista em copta dialetal Gregor Wurst, da Universidade de Augsburg (Alemanha). O documento, chamado Códice Tchacos, será devolvido ao Egito e conservado no Museu Copta do Cairo.

 

 

Códice Tchacos

O Evangelho Segundo Judas
Página do Códice Tchacos

 

Mario Jean Roberty, diretor da Fundação Maecenas, garante que com os resultados dos testes realizados no documento pode-se afirmar, sem dar margem a dúvidas, que o texto foi transcrito entre o século III e o século IV.

 

 

 

O Beijo de Judas

O Beijo de Judas
(Pintura anônima do século XII)



Segundo o Evangelho de Judas o beijo não foi uma traição. O trecho-chave do documento é atribuído a Jesus, dizendo a Judas: Tu vais ultrapassar todos. Tu sacrificarás o homem que me revestiu. Segundo o pensamento gnóstico, esta frase significa que com a delação Judas estaria contribuindo para que Jesus, o Cristo pudesse libertar o seu espírito, livrando-se de seu invólucro carnal, o corpo.

 

Esta descoberta espetacular de um texto antigo, não-bíblico, considerada por alguns especialistas como um dos mais importantes jamais descobertos nos últimos sessenta anos, estende nosso conhecimento da história e das diferentes opiniões teológicas do início da era cristã, esclarece Terry Garcia, um dos responsáveis da revista National Geographic. Presume-se que o original, provavelmente escrito em grego, seja datado do início do século II.

 

A existência do Evangelho Segundo Judas havia sido atestada pelo primeiro bispo de Lyon, São Irineu, que o denunciou em um texto contra as heresias na metade do século II. Neste documento, o prelado teria explicado que, segundo a sua opinião, nos tempos dos apóstolos aconteceram diversas tentativas de se espalhar o erro e perturbar a união dos cristãos, e que alguns se faziam passar por convertidos, exclusivamente para disseminar doutrinas contrárias a da fé apostólica.1

 

Irineu também comentou a existência de uma seita gnóstica chamada de Cainitas, cuja crença era baseada no princípio que o mundo material é imperfeito, tendo sido criado não por um Deus Supremo e, sim, por uma inteligência criadora inferior a este. Além de Irineu, Epifânio, bispo de Salamina, também argumentou sobre a existência deste manuscrito no ano de 375 d.c.

 

Elaine Pagels, professora de Religião na Universidade de Princeton e uma das grandes especialistas mundiais sobre os Evangelhos gnósticos, considera que a descoberta surpreendente do Evangelho de Judas, bem como o Evangelho de Maria Madalena e diversos outros documentos dissimulados durante quase 2000 anos, modifica nossa compreensão dos primórdios do Cristianismo. Estas descobertas erradicam o mito de uma religião monolítica, e mostram o quanto o movimento cristão era realmente diversificado e fascinante no seu início.

 

 

 

O Evangelho de Judas
(Fragmentos Gnósticos)

 

 

 

Freqüentemente, Jesus não aparecia aos seus discípulos como Ele-mesmo, mas como uma criança.

 

Disse Jesus aos seus discípulos: Verdadeiramente eu vos digo: nenhum membro da geração das pessoas que está entre vocês me conhecerá.2

 

Disse Judas a Jesus: Eu sei quem Tu és e de onde vieste. Tu és do Reino Imortal de Barbelo, e eu não sou digno de proferir o Nome Daquele que Te enviou.3

 

Disse Jesus a Judas: É possível que tu alcances os Mistérios do Reino, mas sofrerás muito.

 

Disse Jesus aos seus discípulos: Parem de sacrificar o que vocês têm sobre o altar... Um padeiro não pode alimentar toda a criação.4

 

Disse Jesus aos seus discípulos: Parem de lutar comigo. Cada um tem sua própria Estrela!

 

Disse Jesus a Judas: É impossível plantar sementes nas pedras e colher seus frutos.

 

Disse Jesus a Judas: Tu te tornarás o décimo terceiro e serás amaldiçoado pelas outras gerações, [mas] tu regerás sobre elas.

 

Disse Jesus a Judas: Adamas... doze... vinte e quatro... setenta e duas luminárias aparecerem na geração incorruptível... As setenta e duas luminárias mesmas fizeram aparecer trezentas e sessenta luminárias... de maneira que o número delas deveria ser de cinco para uma.5

 

Disse Jesus a Judas: Deus fez com que o conhecimento fosse [dado] para Adão e para aqueles que estavam com ele, de forma que os reis do Kaos e do mundo inferior não poderiam controlar o conhecimento deles.6

 

Disse Jesus a Judas: Eles fornicarão em meu nome e matarão as suas crianças...7

 

Disse Jesus a Judas: Tu vais ultrapassar todos. Tu sacrificarás o homem que me revestiu.

 

Disse Jesus a Judas: A Estrela que conduz o Caminho é a tua Estrela.8

 

 

 

 

Eu Só Posso Dizer Assim:

 

 

 

Aquele que buscar riquezas

do lado de fora – ali, lá, acolá –

só encontrará dores e pobrezas...

 

do lado de fora – ali, lá, acolá –

só encontrará muros e prisões...

 

Aquele que buscar em seu Coração

o que não existe fora – ali, lá, acolá –

encontrará Paz Profunda e Illuminação!

 

 

A Ilusão do Lado de Fora

 

 

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Notas:

1. Não sabemos quem escreveu o Evangelho de Judas. Nossa melhor pista vem de Irineu (um Cristão do segundo século), o qual se referiu a este Evangelho como tendo sido inventado por hereges e rebeldes. Cerca de 180 D.C., Irineu escreveu: Eles declaram que Judas, o traidor, estava totalmente ciente dessas coisas, e que ele, conhecendo a verdade como mais ninguém, alcançou o mistério da traição; através dele todas as coisas, terrenas e celestiais, foram então confundidas. Eles produzem uma história fictícia desse estilo, a qual faz parte do Evangelho de Judas. (Contra as Heresias I.31.1).

2. Ninguém jamais poderá conhecer concertadamente nada com os sentidos exteriores. O concerto só poderá acontecer entre o ser-no-mundo e o Deus de seu Coração – do lado de dentro; jamais do lado de fora!

 

 

3. Isto é equivalente a: Domine, non sum dignus ut intres sub tectum meum; sed tantum dic Verbo et sanabitur anima mea.

4. Sacrifícios ciliciais, penitências, nove primeiras sextas-feiras, escapulários, oferendas, promessas, jejuns, abstinências, óbolos, genuflexões, beija-mãos etc. nada valem. O Reino, a que sempre se referiu Jesus, está dentro; e este Reino não pode ser alcançado ou conquistado com coisas materiais ou rituais.

 

 

5. A organização do trabalho místico programado por Jesus se baseou em três círculos concêntricos: 12 Apóstolos, 72 Adeptos e 360 (72 x 5) Postulantes, correspondentes às doze constelações, aos setenta e dois semidecanos do Zodíaco e aos trezentos e sessenta graus do círculo eclíptico. (Por favor, volte a examinar a animação que abre este estudo).

6. Isto significa que o nosso livre-arbítrio é inviolável.

7. Se pensarmos na Inquisição e no que está acontecendo hoje, esta sentença poderia ser escrita da seguinte forma: Eles matarão em meu nome e fornicarão com as suas crianças...

7. Disse Jesus: Ergue teus olhos para cima, olha para a nuvem e para a luz dentro dela e para as estrelas que a cercam. O para cima significa para o Átomo-semente, que está situado no ventrículo esquerdo do coração, próximo do ápice.

 

Bibliografia:

ARCHER, Jeffrey. O Evangelho segundo Judas. (Com a orientação do professor Francis J. Moloney). Tradução de Lilian Palhares. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil Ltda, 2007.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.abstractdigitalartgallery.com/artist_
gallery_Thelma1_Abstract_digital_art_fractals.htm

http://gifs-animados.lwam.com.br/
gif-animado-de-bolhas/

http://www.fraternidaderosacruz.org/
rgc_centenario_crc4.htm

http://www.4shared.com/get/lwCYKJ64
/O_Evangelho_de_Judas.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Judas_Iscariotes

http://inconscientecoletivo.net/o-evangelho
-proibido-de-judas-e-outros-apocrifos/

http://www.allaboutjesuschrist.org/
portuguese/o-evangelho-de-judas.htm

http://www.gnosisonline.org/teologia-gnostica/
judas-iscariotes-e-seu-evangelho/

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Evangelho_de_Judas

http://www.infojur.ufsc.br/aires/
arquivos/Evangelho_Judas.pdf

 

Fundo musical:

Patrem Omnipotentem (Johann Sebastian Bach)

Fonte:

http://www.classicalmidiconnection.com/
cmc/DavidSiu/