Contam
que José 'Vadinho' Wilker tinha dois hábitos: comprar tênis
e comprar relógios. Contam também que ele tinha alguns vícios:
fumar era um, mas, o maior deles era a leitura (se leitura puder ser tida
como vício). E que cultuava uma paixão: interpretar. A humildade
era a sua marca – característica que carregava no dia-a-dia,
na profissão e nos relacionamentos. Bem, posso estar equivocado,
mas, penso que morrer dormindo, (aparentemente) sem ter sofrido, como morreu
José Wilker, seja um privilégio para poucos. E olha, segundo
ele mesmo declarou, cheirou cocaína, tomou ácido e fumou maconha
às pampas, às vezes, tudo ao mesmo tempo! Por que estou invocando
este depoimento? Por uma simples razão: não que eu aprove
ou julgue desfavoravelmente o que quer que seja ou quem quer que seja, pois,
cada quê é cada quê, cada coisa é cada coisa e
cada um é cada um, mas, o certo é que vale o lado de dentro
– o Eu Interior. E o Eu Interior do Wilker, sei lá, acho que
deveria ser muito legal. Por isto, julgar alguém pelo seu lado externo
é um equívoco sesquipedal. Bem, o próprio ato de julgar,
de imputar e de assacar (o que dá na mesma) é uma sesquipedalíssima
estupideza. Bolas! Danem-se os que julgam! Mas, voltando ao inevitável
morrer, melhor do que morrer dormindo é morrer conscientemente. Na
Hora Aprazada... Uma Postura Corporal Específica... Três Palavras
Sagradas... Akhenaton... Jesus, o Cristo... Oh!, ego
non sum dignus! Quem dignus est?
Bem,
esta recordação é uma homenagem
recordativa, que recordo com muito prazer, de algumas frases (suas e de
seus personagens) do recentemente falecido diretor, narrador, apresentador,
crítico de cinema, franco-maçom e grande ator José
Wilker (Juazeiro do Norte, 20 de agosto de 1944 – Rio de Janeiro,
5 de abril de 2014). E nessa ola recordatória, recordo que, certa
vez, há muitos anos – no tempo que a barca de Niterói
era puxada a burro e que Adão era cadete e ainda não havia
comido a maçã – fui não sei o quê fazer
em Brasília, e, na volta, no avião, me sentei ao lado do Wilker.
Ao me sentar na poltrona do avião, ele me cumprimentou educadamente;
eu devolvi educadamente o cumprimentou. Aí, ele mergulhou no livro
que estava lendo e não trocamos mais nenhuma palavra até o
avião aterrissar no Rio de Janeiro. Esta é a recordação
que me ficou de José Wilker: um homem simpático e educado,
mas, sei lá, acho que meio tímido. Bem, vai ver que, agora,
ele está lá no céu pensando: Que
droga! Aqui, nada tem cheiro e gosto de xibiu!
Frases
e Tiradas de Wilker
Sinto
falta da minha ingenuidade. A gente vai perdendo ela com o tempo, né?
É muito bom ter ingenuidade. É por ingenuidade que você
tem fé em certas coisas. Eu ainda tento investir na minha.
Eu
tenho curiosidade por religiões. Mas, só como leitor. Não
como crente. Leio muito sobre o assunto. É um fenômeno bem
interessante. Mas, eu não sou um religioso. Todos da minha família
eram devotos de Padre Cícero. Mas eu não sou.
Eu
vou para onde eu quero, na hora em que eu quero. Não faço
dessa coisa da celebridade um objetivo. Meu objetivo é ser ator.
Acho
que o melhor ator que você pode ser é o bom ator do seu país,
da sua língua. Não estou me comparando a ninguém, mas,
não conheço nenhum grande ator internacional que antes não
tenha sido um grande ator no seu país.
Eu
não gosto mesmo. Eu vi o Big Brother na casa de amigos. Aquilo me
entedia um pouco. Na verdade, se trata de trabalhar com personagens pobres.
E a coisa do dinheiro, em função de um comportamento, acaba
nivelando as pessoas por baixo. Nada contra, mas, eu não apostaria
muito nisso.
Cada
vez mais uma coisa chamada entretenimento invade o espaço do teatro.
Acho que entretenimento é muito importante, é essencial, mas,
não tem nada a ver com teatro. Teatro é outra coisa. E eu
gosto de teatro, eu prefiro teatro. Embora eu adore, de vez em quando, ir
à roda gigante, à...
Por
favor, não me peça opiniões políticas porque
não me sinto qualificado para isso. No Brasil, as pessoas acham que
os atores precisam ter opinião formada sobre tudo, até de
buraco de rua.
Não
sou 'workaholic'.1
Sou uma pessoa preguiçosa que trabalha muito. Gosto mesmo é
de pasmaceira.
Mulher
pelada em foto de revista me deixa impotente.
De
onde alguém tirou essa idéia imbecil de chamar a pessoa de
melancia ou de maçã?2
Desde quando um rabo é sinal de inteligência?
Triste!
Muito triste! Tristíssimo!
O
melhor que pode acontecer a um personagem é o público se apoderar
dele.
Há
malas que vêm de trem!
Costumam
falar em ciclos do cinema nacional; eu vejo surtos cinematográficos.
É
justo! É muito justo! É justíssimo!
Vou
me pirulitar-me!
O
nosso grande ídolo futebolístico Kaká dá dinheiro
para uma ex-presidiária, que entrava ilegalmente com dinheiro dos
EUA e que fica rica tomando dinheiro dos outros para vender terreno no céu.
Vou
lançar a minha candidatura à Presidência da República.
Dona
Dorotéia, eu só não lhe dou na cara por respeito à
sua idade. Agora me dê licença que eu vou cagar!
Deite
que vou lhe usar!
Deite,
abra as pernas e o restante deixe que eu faço.
Beijo
é uma nojeira, a boca fica cheia de cuspe. Beijo é para quenga.3
Mulher decente não gosta dessas coisas
Já
matei uma. Por que não posso matar duas?
Mulher
não se casa para ser feliz. Casa para servir o marido!
Sobre
os atuais políticos brasileiros:
Essas pessoas representam o que há de pior no caráter nacional.
A
política partidária não favorece nem a cultura e nem
a educação.
Quando
trabalhei no circo, eu fazia uma coisa muito útil que não
sei o nome: eu só tinha que ficar em pé lá fundo. Em
silêncio!
A
pior coisa que pode acontecer para um artista, seja lá o que ele
faça, é ter uma espécie de funeral. Então, prefiro
me sentir, sinceramente, uma pessoa sempre começando. Não
sou alguém de planejar, é claro. A minha carreira foi uma
sucessão de acasos. Jamais sonhei, na minha infância, e, digamos,
começo de juventude, em ser ator. Eu queria ser tudo, menos ator.
Queria ser piloto de avião, engenheiro, físico; minhas expectativas
eram nesse sentido. Adoro matemática; queria fazer algo ligado a
isso e, de repente, quando pensei em conseguir um emprego, tipo, uma coisa
qualquer para ter uma certa independência, aconteceu que, em Recife,
na televisão, ofereciam teste pra locutor. Resolvi fazer, mas, fui
reprovado. E o cara que me aplicou o teste ficou muito acabrunhado por ter
me reprovado e falou assim: — Tem vaga pra ator, quer? E eu peguei
a vaga. Claro, tinha feito alguma coisa ligada a teatro na escola, nos Salesianos
de Juazeiro e nos Salesianos de Recife. Então, fui fazer teatro,
e lembro que a minha estréia foi na televisão, na TV Rádio
Clube. Em seguida, tive outra chance de fazer teatro na Festa da Mocidade,
que acontecia numa praça, onde eu tinha que atravessar o palco puxando
uma lata de goiabada. Eu até hoje não sei pra quê. Acho
que era uma experiência moderna porque, se alguém fizer isso
hoje, vão achar ser alguma experiência pós-moderna.
Eu sei que tinha que fazer isso, e eu fiz isso durante duas semanas. Então,
trabalhar como ator, é sempre uma espécie de recomeço,
de reinvenção, de recriação. A cada trabalho,
descubro que você pode olhar pro ato de representar de forma nova
e diferente, ou se não nova, pelo menos diferente. Pra ser ator,
pra representar, ou seja, pra você fazer alguma coisa que de alguma
maneira toque o Coração das pessoas, que de alguma maneira
contribua para que você promova, do ponto de vista da emoção,
algum crescimento, você tem de estar permanentemente antenado. Mas,
resumindo, se eu for medir o que me falta, eu diria que falta tudo.
Não
me sinto pressionado se um personagem tem de ir de acordo com a expectativa
das pessoas, porque eu não posso, de maneira alguma, não acho
que deva, colocar esse peso nas costas dos outros. Recentemente, fui fazer
‘Gabriela’. Tinha participado da primeira versão. Quando
a gente fez ‘Gabriela’, em (1975, havia no Brasil uma ditadura
militar e, ‘Gabriela’, na versão do Walter George Durst
e Walter Avancini, precisava privilegiar, de alguma maneira, um símbolo
qualquer, um sinal qualquer de protesto com relação à
repressão sob a qual a gente vivia. O trilho de ‘Gabriela’
era muito em cima do protesto e, como na época eu me sentia muito
inclinado a protestar, mas, sempre na segurança de ‘vou protestar
e ninguém vai me encanar’, portanto ‘to à vontade,
protestando via televisão’, que era um lugar privilegiado,
eu aproveitei o meu temperamento do momento, e aproveitei tudo isso para
fazer o meu personagem, o Mundinho Falcão, que digamos, era o novo,
entre aspas, porque era o ‘novo’ que, no correr da história,
ia se adaptando, às circunstâncias de velhice que ele queria
combater.
Qualquer
que seja o personagem que interpreto, eu sou absolutamente responsável
pelas minhas escolhas. Qualquer equívoco é um equívoco
que eu atribuo plena e totalmente a mim. Qualquer acerto também.
É muito importante que a gente tenha a adesão do público
para o qual se dirige, que o respeite, que tenha, com relação
ao seu trabalho, esse compromisso de respeito e de reciprocidade, porque,
na medida em que te admiram, você tem uma dívida enorme a pagar
por essa admiração.
Existia,
e ainda existe, dificuldade para o exercício da ternura e do carinho,
para a exibição da própria fragilidade e da própria
carência, e assim por diante.
Você
pode sair do Ceará, mas, o Ceará não sai de você.
Quando os americanos chegaram à Lua, tinha um cearense lá
vendendo ouro.
Eu
tenho um olhar pra vida muito irônico, muito debochado. Não
me levo muito a sério. Não consigo brigar com ninguém.
Dificilmente me irrito. Eu gosto de me divertir, ser feliz. É uma
coisa que talvez tenha herdado da minha mãe. Ela dizia assim: —
Eu tive seis filhos —
e apontava pra mim e falava: —
o único esquisito é esse.
E o meu pai, que nunca tinha me visto fazer nada, foi me ver fazer uma peça
de teatro no Centro de Convenções, em Olinda. Um troço
enorme, cinco mil pessoas. Quando terminou o espetáculo, falei assim:
—
Quero dedicar o espetáculo de
hoje a uma figura muito importante que está aqui presente, o meu
pai. Pedi pra ele levantar, ele levantou. O pessoal aplaudiu muito. Aí,
ele foi no camarim e me falou a seguinte frase: —
Tá tudo muito bom, tá tudo
muito bem, mas, me diga uma coisa: quando é que você vai tomar
vergonha na cara e começar a trabalhar? Então, não
tenho com o que me preocupar. Eu sei de onde eu vim, entendeu? Muitos colegas
meus, de escola, dizem que Deus é injusto porque não deu pra
eles a mesma coisa que deu pra mim. Mas Ele não me deu nada. Essas
coisas a gente vai ganhando com o trabalho, com o empenho, com a autocrítica
e com o desapego. Sem pretensão. Quando você, de repente, começa
a se achar melhor do que os outros, não dá certo. Nós
somos todos iguais. Temos a obrigação de encontrar uma forma
de ser feliz. Sendo que, com isso, a gente não deve abusar do espaço
de ninguém. O teu espaço é sagrado e você vai
ser feliz com ele assim.
Nem
fui nem sou louco. Eu nunca joguei dinheiro fora, nunca falei sozinho, nunca
andei nu na rua. Sabe o que é? Há dois padrões que
valem há mil anos. Primeiro, artista tem que ser estranho, é
uma pessoa que não tem uma vida normal. O outro é o que determina
que a pessoa que não se comporta segundo esses padrões só
pode ser louca. Um ator não precisa necessariamente ser desvairado.
Só que, pelo tipo de seu trabalho – é uma pessoa que
se divide em duas
– ele nunca vai se comportar exatamente
como um secretário ou um médico homeopata. Por isto é
que, às vezes, um artista se dá ao luxo de tomar uma atitude
mais extravagante, porque sabe que vão justificar: “deixa,
é um artista”. Mas, isto é mais malandragem que convicção.
As
pessoas que não se comportam segundo os padrões não
precisam, não merecem e não devem ser classificadas da forma
como a gente as classifica. Eu tenho convicções rigorosamente
diversas das convicções padrões. Eu não acredito
que possa ter qualquer vislumbre de salvação me comportando
como a maioria da classe média. As convicções dessa
classe média me parecem deletérias. Não gosto, acho
chato, entediante. É convicção de classe média
que o casamento é um vínculo absoluto que se deve respeitar?
Eu caso, e desrespeito. Para que fique bem claro que meu casamento é
uma paixão, e não um contrato social. Está estabelecido
que é responsabilidade do cidadão defender a pátria?
Então, eu sou insubmisso. Não tenho que defender porra nenhuma
de pátria, se ela não é exatamente a minha pátria.
E esse lugar aqui, durante muito tempo, não foi a minha pátria,
foi apenas o quintal de três ou quatro babacas. Eu desrespeito rigorosamente,
e pago a pena de desrespeitar.
Eu
não podia servir à pátria dirigida por esses generais
que a governaram por um tempão. Imagine se eu tivesse ido, no momento
em que invadiram a Nicarágua... Nicarágua não, a República
Dominicana, defendendo os interesses dos Estados Unidos, servindo à
minha pátria. Agora, sou capaz de me comover com o desfile de Sete
de Setembro. Acho bonito aquele monte de caras marchando. Também
acho muito babaca aquele monte de caras marchando. Mas, acho bonito também.
Eu
era do Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, que até 64
era a coisa mais revolucionária que o País tinha.
Acredito
que o que faltou ao Partidão
e à esquerda brasileira foi, primeiro, seriedade, segundo, senso
de humor. Você não é sério se não tem
senso de humor.
No
Recife, quando eu era militante, era membro do Comitê Estadual do
Partido Comunista, seção de Pernambuco, junto com o Gregório
Bezerra, o David Capistrano, o Hiram Pereira, todos esses ilustres mortos,
o Paulo Cavalcanti etc. Morávamos uns três ou quatro garotos
num chatô, como se chama lá – uma espécie de casinha
de madeira em cima do último andar de um puteiro qualquer da zona.
A gente tinha uns dois ou três livros, uns dois ou três discos,
inclusive um que as putas adoravam, o Rodolfo Mayer dizendo 'As Mãos
de Eurídice', e umas cento e tantas garrafas de cachaça, além
de quilos e quilos de pão, e o tempo todo para falar besteira, sacanagem.
As putas ficaram amigas e, de vez em quando, preocupadas com o estado de
prostração causado pelos porres, nos davam gemadas e diziam:
— Fora, o pessoal está esperando para o comício... Um
dia, eu comecei um comício em Casa Amarela mais ou menos assim: —
Camaradas, aqui, nesta praça, onde futuramente tremulará a
bandeira vermelha da foice e do martelo, redentora da classe operária...
Acabei com o comício, bicho. Não deixaram mais eu falar.
Hoje,
para mim, a revolução é
uma coisa muito objetiva. Ela começa na minha casa, no meu dia-a-dia.
Não faz sentido, para mim, que uma pessoa tenha um discurso público
libertário e seja um repressor com a mulher e os filhos. Minha revolução
começa na forma como eu me relaciono com o meu cão, passando
pela relação com minha mulher, com minha família, com
os meus amigos e, finalmente, com o meu País. O meu cão é
o meu País.
Por
mais que eu seja um cara de cabeça aberta, eu já me vi, de
repente, fazendo parte dessa confraria franciscana. Não quero que
suma da minha memória, por exemplo, o fato de que, na minha origem,
como membro do Partido Comunista, no Recife, eu votei a favor de que se
expulsasse do Partido um homossexual, e disso nunca vou me perdoar.
Eu
tomava um ácido por dia, e aí passava na frente do botequim
e via aquele monte de pernil, aquele monte de carne, aí eu parava
e queria convencer o dono do botequim a tirar aquilo dali: — São
cadáveres que o senhor está expondo aí; o senhor
tem de tirar isso daí. Então, tinha muito folclore a meu respeito...
Cheirei
cocaína, tomei ácido, fumei maconha... Às vezes, ao
mesmo tempo.
Durante
meus anos de formação, me despertou a mais absoluta descrença
em valores que os padres transmitem, ao tentar vender idéias que,
no exercício diário, eram opostas ao que pregavam. As respostas
que eu obtinha não eram satisfatórias às minhas perguntas.
Nunca
fui molestado pelos padres pedófilos, mas presenciei, sim casos de
pedofilia. Era tudo meio escondido, mais eu via, e não entendia muito
bem o que era aquilo... Comecei a entender só no segundo ciclo de
estudos, a partir do fato de algumas histórias de pessoas que vieram
a meu conhecimento. Como a história de um padre que, ao ser descoberto
na condição de pedófilo, foi confinado no interior
da Bahia. Todos os casos eram acobertados. As famílias tinham vergonha
de falar o que acontecia com seus filhos; isso não chegava ao domínio
público. Sempre se deu um tratamento secreto a este assunto.
Não
acredito naquela história do analista freudiano que encontra o paciente
no elevador e finge que não vê. A crítica é parte
do processo de criação, e eu só tenho a ganhar lendo
críticas. Nós devemos à crítica a existência
de um Van Gogh, de um Michelangelo... Mas, eu faço uma distinção
entre crítica e desaforo. Se eu percebo uma crítica com a
devida consistência, isso só me enriquece. Já o desaforo
eu relevo; passo batido. Afinal, estou há 50 anos nesse negócio.
Eu
sofro, e até acho bom. Não vou me proibir; não vou
sonegar de mim esse sentimento, que acaba sendo construtivo.
Merdas
cagadas não voltam ao cu.
Há
um caminho tortuoso que o afeto tem que percorrer até se realizar
como tal.
Édipo4
não tinha complexo; ele era Édipo.
Eu
nunca tive problemas
com qualquer diretor; mas, muitos diretores
tiveram problemas comigo. Seja como for, o diretor
tem que me dizer a palavra certa na hora certa. Ou senão ele me confunde.
A
gente estabelece acordos para viver, e vai seguindo esses acordos.
Os
atores que ficaram na minha cabeça são os atores mais antigos,
tipo John Wayne, James Stewart, Jack Palance, Kirk Douglas, Burt Lancaster...
Meus
atores preferidos são: Laurence Olivier, Orson Welles, Marlon Brando,
Robert de Niro, Al Pacino e Sean Connery.
Eu
gosto muito de Kafka [Franz
Kafka (1883 – 1924)], escritor austro-húngaro
cuja obra, em grande medida, trata de conflitos existenciais, da condição
humana, por meio de situações absurdas, como a de homem que
acorda transformado em barata [A
Metamorfose] ou de outro que é julgado e condenado
por um crime que desconhece [O
Processo].5
Há
uma certa camada da nossa "inteligência" que prefere ir
a Nova York, comprar o programa, o disco, o moletom e assistir a uma peça
em uma língua que não entende, a pagar para assistir uma peça
aqui, a ir ao teatro aqui.
Eu
sempre fui um pouco sonso. Eu sempre me fingi um pouco de morto para comer
o melhor do jantar.
Eu
fico muito assustado e muito irritado com o descaso com relação
ao conhecimento que, às vezes, eu percebo nas pessoas, e acho até
que tem sido estimulado no Brasil. Essa tendência moderna na educação
de substituir a investigação por cruzinha e quadradinho é
desesperante.
Vamos
ver como anda a sua cultura. Responda à esta questãozinha
de múltipla escolha: o Regente da Etiópia de 1916
a 1930 e Imperador daquele País de 1930 a 1974 foi o ilustre
e respeitado senhor:
(
) Hailé Selassié
(
) Hilé Será-que-ele-é
(
) Zezé Vai-ver-que-ele-é
(
) Oigalé Dizem-que-ele-é
(
) Rapapé Antes-sesse-mas-ele-não-é
|
Eu
tive a felicidade de poder contar nos dedos os papéis que eu não
gostei de representar, de ter feito.
O
Governo precisa da burocracia para se justificar e para existir.
Os
caras dão a vida por uma boa frase.
Nunca
deixei de ver um filme até o fim; até porque eu gosto muito
de filme ruim, que finge que é o que não é. Finge uma
seriedade que não tem. Mas, filme ruim é ótimo.
O
mundo: botões e ogivas nucleares prontos para detonar. Cabe a nós
mudar isso e dar um basta nesta crueldade desenfreada.
Novelas:
o ópio do povo; o circo de uma nação. O Brasil é
ótimo nisso!
Projetos
futuros: tudo ao mesmo tempo agora.
A
vida: um prazer.
Amor:
A mulher mais próxima.
Brasil:
Minha pátria, minha língua.
Como
nos colégios de primeiro mundo, o teatro deveria ser matéria
curricular, pois, faz com que o jovem tire mais cedo suas máscaras
e seus escudos, melhore sua relação com o grupo em que vive
e se desenvolva em aspectos culturais, corporais, vocais e, principalmente,
como um ser humano mais equilibrado, mais
preparado e mais
sensível.
O
FHC
nos deixou na mão; eu esperava muito, muito mais.
O
que falta no Brasil é justiça social, que será possível
somente quando houver profundas mudanças políticas.
Eu
tenho muito prazer naquilo que faço. É ótimo trabalhar.
Em
terra de águia, canarinho só voa onde pode.
O
tempo ruge e a Sapucaí é grande!
A
vaca vai voar!
Felomenal!
Cuidado
Senhor Trabalhólatra!
Cuidado
senhor trabalhólatra!
O tiro
poderá sair pela culatra!
Compulsão
tende a desandar,
e, em
geral, faz macambuziar!
Cuidado
pra não virar barata
ou de
saci-pererê sair à cata!
Eu vou
repetir: muito cuidado!
Trate
de cuidar do Quadrado!
Bibifonfom?
Sem o tutu dar?
Ter status?
Trabalhar-infartar?
Fazer
figura? Smoking vestir?
Vantajar?
Ao engano induzir?
Amontanhar
mil bens ao luar
e títulos
na bocetinha guardar?
Tentar
aparentar o que não é?
Talco
Ross® pra rebuçar
chulé?
Trabalholatrar
para abrilhantar?
Só
presunção! Mundanalidade!
Ora,
todos temos a eternidade!
Laborar
por u'a Compreensão,
trilhando
a Senda-do-Coração,
isto
– sim! – tem plausibilidade,
pois,
educa e alivia a Saudade.
da LLuz
não pinta uma réstia!
Exorbitar
–› doença do exagero.
Embirrar
–› afogo + desespero.
Por
que alogia e não alegria?
Todavia,
há uma saída: terapia.
Precisamos
tirar da nossa cuca
que terapia
é pra gente maluca.
Ora,
a que se poderá equiparar
essa
fantasia de trabalholatrar?
Triste!
Muito triste! Tristíssimo!
O
Trabalhólatra
(E a pilha não acaba!)
______
Notas:
1. Workaholic
é uma expressão americana que teve origem na palavra alcoholic
(alcoólatra). Serve para designar uma pessoa viciada não em
álcool, mas, em trabalho, e poderia ser traduzida como trabalhólatra.
As pessoas viciadas em trabalho sempre existiram, no entanto, esta última
década acentuou sua existência motivada pela alta competitividade,
vaidade, ganância, necessidade de sobrevivência ou ainda alguma
necessidade pessoal de provar algo a alguém ou a si-mesmo. Como resultado
da influência de uma pessoa viciada em trabalho, pode-se perceber
geralmente alguns fatores interessantes: o primeiro deles é que este
tipo de pessoa geralmente não consegue se desligar do trabalho, mesmo
fora dele, acaba por deixar de lado seu parceiro, filhos, pais, amigos.
Os seus melhores amigos passam a ser aqueles que de alguma forma tem ligação
com seu trabalho. De
outro lado, este tipo de pessoa sofre por trazer para si uma qualidade de
vida muito ruim, pois as pressões do dia-a-dia e a auto-estima exagerada
fazem com que este tipo de profissional possa desenvolver insônia,
surtos de mau-humor, calvície, atitudes agressivas em situações
de pressão ou desconformidade (com os resultados que esperava) e
pode chegar a causar depressão, entre outros efeitos nocivos. Porém,
uma das mais severas consequências é o medo de fracassar. Este
medo condiciona e impulsiona o viciado a buscar resultados cada vez melhores
e/ou mais rápidos.
2. Antigamente,
os reaças boçais e antidemocráticos chamavam os comunistas
de melancia: verde por fora e vermelho por dentro, porque o vermelho era
a cor-símbolo
do Comunismo. Já no Materialismo Contemplativo (der Anschauende
Materialismus) de Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de
maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883), a maçã
é anterior a idéia de maçã: macieira dá
maçã; a fruta se forma no galho da árvore; chega à
maturidade completa; cai; apodrece; e liberta as sementes. Estas sementes
libertadas dão origem a outras árvores. E o ciclo continua.
Em outras palavras: tese –› a maçã nasce; antítese
–› certas forças acabam por provocar a destruição
da maçã; síntese –› a maçã
morre, mas, ainda que morta, libera sementes, que darão uma nova
árvore, a qual dará outras maçãs.
3. Quenga
= Prostituta (Mulher-dama).
4. Édipo
(em grego, Oidípous)
é um personagem da Mitologia Grega, famoso por matar o pai e se casar
com a própria mãe.
5. Aqui,
vale a pena acrescentar O Castelo.
6, Justiça,
como está na Wikipédia, é um conceito abstrato que
se refere a um estado ideal de interação social em que há
um equilíbrio razoável e imparcial entre os interesses, as
riquezas e as oportunidades entre as pessoas envolvidas em determinado grupo
social. Trata-se de um conceito presente no estudo do Direito, da Filosofia,
da Ética, da Moral e da Religião. Por isto, não gosto
muito quando se fala, por exemplo, em Justiça Social, Justiça
Comutativa, Justiça Legal e Justiça Distributiva. Justiça
é Justiça. Esse treco de adjetivar a Justiça até
pode ser filosófico, mas, místico não é.
Música
de fundo:
Jingle
do Talco Ross
Fonte:
http://www.locutor.info/audioJingles.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://gifsoup.com/view/967890/go-crazy.html
http://www.clker.com/clipart-nuclear-explosion-1.html
http://www.colmagno.com.br/
teatromagno/Entrevista_Wilker.htm
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3853
http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/
04/ultima-foto-ator-jose-wilker.html
http://www.euracional.com.br/index.php/
http://www.jornalggn.com.br/noticia/
jose-wilker-no-roda-viva-em-1996
http://www.losangelesmystery.com/whats-in-a-name-2/
http://www.dailymotion.com/video/xzgp8h_jo-entrevista-
jose-wilker-e-atriz-fernanda-paes-leme-29-04-2013_creation
http://vivernaboa.com.br/politica-sociedade/
noticias/amor-com-prazo-de-validade
http://www.surubimnoticia.com.br/2012_01_01_archive.html
http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?id
=1373303&tit=Confira-a-entrevista-com-o-ator-Jose-Wilker
http://www.paulopes.com.br/2014/04/
ator-jose-wilker-foi-um-ateu-assumido.html
http://viledesm.blogspot.com.br/2014/04/
o-meu-cao-e-o-meu-pais-jose-wilker-na.html
http://www.picgifs.com/graphics/humor/
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
http://www.youtube.com/watch?v=yPJPMcoKmNU
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/posts
/2014/04/05/jose-wilker-a-politica-530100.asp
http://rafaelbrasilfilho.blogspot.com.br/2014/04/
jose-wilker-essas-pessoas-representam-o.html
http://blogs.diariodonordeste.com.br/robertomoreira/jose-wilker/
http://bk2.com.br/noticia/14835/deite-que-vou-lhe-usar-
coronel-jesuino-foi-um-dos-ultimos-trabalhos-de-jose-wilker
http://torpedoverbal.blogspot.com.br/
2014/04/frases-de-jose-wilker.html
http://blog.tribunadonorte.com.br/ricardo/
jose-wilker-e-seu-humor-mordaz-e-eu-concordo/59272
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