Deus é uma das formas de manifestação
da inteligência humana, com método e investigação,
portanto, ciência.
Todos os grandes avanços da
ciência nasceram de uma nova audácia da imaginação.
O
empirismo subjetivo da pessoa é quem realmente introduz as novas
idéias revolucionárias no conhecimento.
O
professor que desperta entusiasmo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma
soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode
obter.
A criança de três anos
que descobre o que se pode fazer com blocos ou a de seis anos que percebe
o que acontece quando põe cinco cêntimos e mais cinco cêntimos
juntos são, verdadeiramente, descobridoras, mesmo que toda a gente
no mundo já o saiba. Ocorre um genuíno incremento da experiência.
Não é apenas mais um item mecanicamente acrescentado; mas
um enriquecimento com uma nova qualidade. O charme que a espontaneidade
de crianças jovens nutrem por observadores simpáticos é
devido à compreensão desta originalidade intelectual. A alegria
que as próprias crianças sentem com as suas próprias
experiências é a alegria da construção intelectual
da criatividade – se me é permitido usar esta palavra sem ser
mal entendido.
A
exigência de liberdade é uma exigência de poder.
A
Natureza é essencialmente saudosa e patética, turbulenta e
passional.
A
educação é um processo social; é desenvolvimento.
Não é a preparação para a vida; é a própria
vida.
Um
sistema de educação baseado na conexão necessária
de educação com experiência deve, para ser fiel aos
seus princípios, ter constantemente em vista a familiarização
íntima com as condições físicas, históricas,
econômicas, ocupacionais etc. da comunidade local, para poder utilizá-las
como recursos educativos. Esta é outra razão pela qual a educação
progressiva será sempre mais difícil de se conduzir do que
o sistema tradicional.
É
um erro supor que a simples aquisição de certa quantidade
de aritmética, de geografia ou de história, estudadas porque
seriam úteis em algum tempo no futuro, possuam um valor em si mesmo.
Como é igualmente um erro supor-se que a aquisição
de certas habilidades de leitura e de desenho constitua automaticamente
preparação para seu uso certo e efetivo sob condições
muito diferentes daquelas em que foram adquiridas. Quase todos nós
tivemos ocasião de recordar os dias de escola e de perguntar: o que
foi feito dos conhecimentos que deveríamos ter acumulado naqueles
dias e por que tivemos de reaprender tudo de forma diferente, fossem técnicas
ou conhecimentos, para podermos ter nossa capacidade atual? E feliz aquele
que não teve, para poder progredir profissional e intelectualmente,
de desaprender o que veio a aprender na escola. Tais questões não
podem ser afastadas dizendo-se que as matérias não foram realmente
aprendidas. Tanto que o foram, que permitiram, pelo menos, passar nos exames.
O erro é que a matéria em questão foi aprendida de
modo isolado, como se fosse posta em um compartimento fechado. Quando se
pergunta o que foi feito do que se aprendeu, a resposta certa está
no compartimento em que foi originariamente escondido. Se as mesmas condições
em que foi adquirido voltassem, reapareceria novamente. O estado de segregação
em que foi adquirido o fez tão desconexo com o restante da experiência,
que ele não se apresenta diante das condições reais
de vida. Aprendizagem deste tipo, seja lá qual for o grau em que
tiver sido, ao tempo, exercitada, não constitui, em face das leis
de experiência, preparação genuína.
Vivemos sempre no tempo em que estamos,
e não em um outro tempo; e só quando extraímos em cada
ocasião, de cada presente experiência, todo o seu sentido,
é que nos preparamos para fazer o mesmo no futuro.
Silêncio, imobilidade e obediência
forçados impedem o aluno de revelar sua real natureza. Criam automaticamente
uma uniformidade artificial. Parecer se antepõe a ser. Há
um prêmio para os que saibam preservar a aparência exterior
de atenção, decoro e obediência. Todos os que estão
familiarizados com escolas deste tipo sabem que, por trás dessa fachada,
seguem seu curso, despercebidos, os pensamentos, as imaginações,
os desejos e as furtivas atividades. Somente quando algum ato de indocilidade
ou de rebeldia ocorre, é que o professor descobre, por vezes, com
surpresa. Basta contrastar esta situação altamente artificial
com a das relações humanas em condições normais,
fora da escola, como as de uma família bem conduzida, para se ver
quanto é fatal aquela situação para o conhecimento
e a compreensão pelo professor da criança ou do jovem que
ele, admite-se, esteja educando. Sabemos que, sem esta compreensão
da individualidade do aluno, só por acidente conseguirá o
mestre que as matérias de estudo e os métodos de instrução
usados se integrem no aluno de modo a efetivamente dirigir-lhe o desenvolvimento
da mente e do caráter. Há um verdadeiro círculo vicioso.
A uniformidade mecânica do ensino e dos métodos cria uma espécie
de imobilidade uniforme, que, por sua vez, tende a perpetuar a uniformidade
das preleções e lições, enquanto, por trás
desta imposta uniformidade, vagueiam por caminhos desordenados e mais ou
menos proibidos as tendências individuais.
A
formação de propósitos é operação
intelectual bem mais complexa do que poderia parecer. Envolve: 1) observação
das condições e circunstâncias ambientes; 2) conhecimento
do que aconteceu em situações similares no passado, conhecimento
obtido, em parte, pela lembrança, em parte pela informação
ou conselho; aviso de cuidado dos que tiveram maiores e mais amplas experiências;
e 3) julgamento ou juízo, ou seja, a operação pela
qual juntamos o que observamos e o que recordamos e concluímos sobre
o que significa toda a situação, para podermos tomar, então,
o propósito de ação. O propósito difere de um
impulso ou desejo original por essa translação para um plano
e método de ação, baseado na previsão das conseqüências
de agir nas condições observadas... O problema crucial da
educação é o de conseguir o adiamento da ação
imediata em face do desejo, até que a observação e
o julgamento intervenham e façam o seu trabalho... Impõe-se
que a antecipação intelectual, a idéia das conseqüências
se misture com o desejo e o impulso para adquirir força de movimento
e dar, então, direção ao que seria atividade cega,
enquanto o desejo dá às idéias ímpeto e projeção.
O
objetivo da educação é capacitar o indivíduo
para continuar a sua educação – ou o objeto e a recompensa
do aprendizado é a capacidade contínua de crescimento. No
entanto, esta idéia não pode ser aplicada para todos os membros
de uma sociedade, exceto onde o intercurso do homem com o homem seja mútuo,
exceto onde exista provisão adequada para a reconstrução
dos hábitos e instituições sociais por meio de um amplo
incentivo originado dos interesses eqüitativamente distribuídos.
E isto significa uma sociedade democrática.
Eu
acredito que educação é o método fundamental
do progresso social e da reforma. Através da educação,
a sociedade formula o seu próprio propósito, podendo organizar
seus próprios meios e recursos, dirigindo-os no sentido em que ela
pretende se mover.
A
meta da vida não é a perfeição, mas o eterno
processo de aperfeiçoamento, de amadurecimento e de refinamento.
Em
escolas equipadas com laboratórios, lojas e jardins, que livremente
introduzem dramatizações, jogos e desporto, existem oportunidades
para reproduzir situações da vida, e para adquirir e aplicar
informação e idéias em um progressivo impulso de experiências
continuadas. As idéias não são segregadas; não
formam ilhas isoladas. Animam e enriquecem o decurso normal da vida. Informação
é vitalizada pela sua função; pelo lugar que ocupa
na linha de ação.
Nós
só pensamos quando nos defrontamos com um problema.
O
homem não tem usado de modo amplo os poderes que lhe são inerentes
para melhorar as próprias condições de vida porque
tem esperado muito do auxílio divino e da Natureza.
Os
homens nunca usaram totalmente os poderes que possuem para promover o bem
porque esperam que algum poder externo faça o trabalho pelo qual
são responsáveis.
Aprender?
Certamente. Mas, primeiro, viver e aprender pela vida, na vida.2
Instrução
é conseqüência de um processo de viver e não uma
preparação para a vida futura.
Toda sociedade democrática
é uma sociedade em indefinido estado de reconstrução.
A
Democracia3
genuína é, primariamente, um modo de vida associado de experiência
comunicada conjuntamente.
A
Democracia precisa começar em casa e sua casa é a comunidade
vicinal.
Nós
comumente falamos de alguns Governos como representativos, em contraste
com outros que não o são. Pela nossa hipótese, todos
os Governos são representativos.
Uma
Democracia é muito mais do que uma forma de Governo; é primacialmente
uma forma de vida associada, de experiência conjunta e mutuamente
comunicada.
O
ponto mais forte a ser feito mesmo em favor de tais formas políticas
rudimentares que a Democracia já alcançou – como o voto
popular, a regra da maioria e assim por diante – é que, em
alguma medida, elas envolvem uma consulta e uma discussão que revelam
as necessidades e os problemas sociais.
Pois
o que é a fé na Democracia nos papéis de consulta,
de conferência, de persuasão, de discussão, na formação
da opinião pública, a qual, a longo prazo, é autocorretiva,
senão fé na capacidade de inteligência do homem comum
para responder com bom senso ao livre jogo de fatos e de idéias,
que são assegurados pelas garantias efetivas da livre investigação,
da livre reunião e da livre comunicação?
Existe
mais do que uma aliança formal entre palavras comuns, comunidade
e comunicação. Os homens vivem em comunidade em virtude de
coisas que possuam em comum; e comunicação é a maneira
pela qual eles adquirem coisas em comum.
Se
a Democracia tem significação moral e ideal, é porque
se exige de todos uma retribuição social e porque se proporciona,
a todos, oportunidade para o para o desenvolvimento das suas aptidões
distintivas.
As
disputas e controvérsias devem ser transformadas em empreendimentos
cooperativos em que as duas partes aprendem, ao possibilitar, uma à
outra, a chance de se expressarem. E esta chance deve ser conferida não
porque consiste em um direito das pessoas, mas porque representa uma crença
na expressão das diferenças, que, por sua vez, consiste em
um meio de enriquecer a experiência de vida pessoal de cada um.
Os
meios e os fins da Democracia são inevitavelmente inseparáveis.
Ou seja, a Democracia não é meramente um fim, mas também
não se resume a um meio; ela é, ao mesmo tempo, meio e fim.
E estes meios e fins podem ser de qualquer espécie, pois sempre haverá
um meio de concretizar um fim. Assim, não há nada mais radical
do que a insistência sobre métodos democráticos como
os meios pelos quais mudanças sociais radicais são efetuadas.
O fim da Democracia é um fim radical. Pois é um fim que não
tem sido adequadamente realizado em nenhum país, em nenhum momento.
Ele é radical porque requer uma grande mudança nas instituições
sociais, econômicas, jurídicas e culturais existentes.
Para
entender a idéia de Democracia é preciso perceber, no pensamento
e na ação, que a Democracia é um modo pessoal de vida
individual; que ela significa a possessão e o uso contínuo
de certas atitudes, formando o caráter pessoal e determinando o desejo
e o propósito em todas as relações da vida. Ao invés
de pensar em nossas próprias disposições e hábitos
como acomodados a certas instituições, nós temos que
aprender a pensar nestas últimas como expressões, projeções
e extensões das atitudes pessoais habitualmente dominantes.
A
Democracia política deve subordinar-se à idéia de Democracia.
A
Democracia é um modo de vida comandado por uma operante fé
nas possibilidades da natureza humana. A crença no homem comum é
um artigo familiar do credo democrático. Esta crença não
tem base nem significado, senão quando significa fé nas potencialidades
da natureza humana, na medida em que esta natureza é exibida em todo
ser humano sem distinção de raça, cor, sexo, nascimento
e família, riqueza material ou cultural. Esta fé pode ser
decretada em leis, mas ela será apenas papel, a não ser que
seja colocada em vigor nas atitudes que os seres humanos possuem uns com
os outros em todas as circunstâncias e relações da vida
cotidiana.
A
Democracia é, assim, um modo de vida pessoal comandado não
apenas pela fé na natureza humana em geral, mas pela fé na
capacidade de os seres humanos terem discernimento ('judgement')
e uma ação inteligente.
A pura consciência de uma vida
comunal, com todas as suas implicações, constitui a idéia
de Democracia.
A
cura para uma Democracia em crise apenas pode ser alcançada se ao
velho bordão for conferido um outro sentido, qual seja, o de retornar
à própria idéia de Democracia. A solução
para os males da Democracia política reside, assim, em encontrar
a substância da idéia, em clarificá-la, compreendê-la,
apreendê-la em seu sentido mais profundo, de modo a então possibilitar
a crítica e a reconstrução de suas manifestações
políticas.
A
intenção que levou à criação das conhecidas
instituições da Democracia moderna foi a de satisfazer necessidades
e demandas concretas, e não a de promover a idéia democrática.
A
natureza moral e social da escola pode servir como uma comunidade em miniatura
– uma sociedade embriônica.
Enquanto
a Grande Sociedade não se converter em Grande Comunidade, é,
de certo modo, fútil considerar qual maquinaria política irá
servi-la.
No
exame das condições sob as quais o público disforme,
agora existente, pode funcionar democraticamente, devemos proceder a partir
de uma proposição da natureza da idéia democrática
em seu sentido social genérico. Do ponto de vista do indivíduo,
isso consiste em ter uma parcela de responsabilidade de acordo com a capacidade
de formar e dirigir as atividades dos grupos a que se pertence, e em participar
de acordo com a necessidade dos valores sustentados pelo grupo. Do ponto
de vista dos grupos, isto demanda liberação das potencialidades
dos seus membros em harmonia com os interesses e bens que são comuns.
Uma vez que todo indivíduo é membro de vários grupos,
esta especificação só pode ser cumprida se grupos diferentes
interagirem flexível e plenamente em conexão com outros grupos.
Um
bom cidadão considera a sua conduta como membro de um grupo político
enriquecedora e enriquecida pela sua participação na vida
familiar, no trabalho e nas associações científicas
e artísticas.
A educação4
é a reconstrução ou a reorganização das
experiências que somam ao significado de experiência e que aumenta
a capacidade de conduzir o curso de experiências subseqüentes.
A
matéria ou o conteúdo da educação consiste de
corpos de informação e de habilidades que se elaboraram no
passado; a principal tarefa da escola é, portanto, transmiti-los
à nova geração. No passado, também padrões
e regras de conduta se estabeleceram; logo educação moral
consiste em adquirir hábitos de ação em conformidade
com tais regras e padrões. Finalmente, o plano geral de organização
da escola (por isto quero significar as relações gerais dos
alunos uns com os outros e com os professores) faz da escola uma instituição
radicalmente diferente das outras instituições sociais. Imaginemos
a sala de aula comum, seus horários, esquemas de classificação,
de exames e promoção, de regras de ordem e disciplina e, creio,
logo veremos o que desejo exprimir com o plano de organização.
A
educação é um processo de reconstrução
e de reorganização da experiência, pelo qual lhe percebemos
mais agudamente o sentido, e, com isto, nos habilitamos a melhor dirigir
o curso de nossas experiências futuras.
Quem
já começou a pensar coloca alguma porção do
mundo em perigo.
A
vontade geral rousseauniana, com a influência da metafísica
alemã, foi erigida no dogma de uma vontade absoluta mística
e transcendente, a qual por sua vez apenas não é outro nome
para força porque foi identificada com razão absoluta.5
Aprendemos
quando compartilhamos experiências.
Liberdade,
Igualdade e Fraternidade: Apenas quando está associada
à comunidade, a liberdade consiste na liberação e satisfação
das potencialidades pessoais. A igualdade, por sua vez, implica o compartilhamento
das conseqüências da ação coletiva por parte de
cada indivíduo membro da comunidade. E, por fim, a fraternidade passa
a ser outro nome para os bens conscientemente apreciados que provêm
da própria associação e por ela são compartilhados.
Alcançar
um objetivo é o ponto de partida para outro objetivo.6
A
mais profunda das solicitações na natureza humana é
o desejo de ser importante.
O
aluno deve usar todo o conhecimento trabalhado em seu regime escolar para
poder solucionar certas situações ocorrentes em seu dia-a-dia,
integrando os conceitos aprendidos em sala de aula na sua vida cotidiana.
A
personalidade e o caráter não são meros meios, mas
instrumentos para o alcance de certos fins.
Os
saberes psicológicos e filosóficos não são antagônicos,
pois a Psicologia é um método filosófico – uma
ciência essencial para o pensar filosófico. A Psicologia contém
os saberes sobre o Universo individualizado, sem o qual nenhuma filosofia
é possível.
Os
juízos não possuem um 'modus operandi' próprio; vigoram
somente pela mediação dos hábitos e das tendências
daquele que julga.7
A
natureza humana é essencialmente social, construída no mundo
em que o indivíduo vive, devendo ser entendida como algo constantemente
mutável, jamais passível de ser definida aprioristicamente.
Uma
sensação não é anterior à experiência
ou ao conhecimento; é somente um elemento da experiência consciente.
Logo, uma sensação que existe somente na e para a experiência
não pode ser usada para explicar a experiência.
O
empenho para explicar a origem do conhecimento repousa no fato admitido
de que a consciência individual vai se formando. A única maneira
de explicar este vir-a-ser, sem incoerências, é postulando
uma Consciência Universal. Mas, a relação entre a consciência
individual e a Consciência Universal constitui um só movimento
gerado na experiência, uma vez que a consciência individual
é apenas o processo de realização da Consciência
Universal.
Pragmático
é uma função que incumbe as conseqüências
como provas necessárias da validez das proposições,
sempre que estas conseqüências se tenham alcançado operativamente
e sejam tais que resolvam o problema específico que suscita as operações.
Todas
as formas se originam da operação de investigação
e dizem respeito ao controle deste processo de investigação,
de modo a levá-lo a produzir asserções garantidas.
Para
os metafísicos, a experiência nunca se ergue acima do nível
particular, do contingente e do provável. Só um poder que
transcenda, na origem e por seu conteúdo, toda e qualquer experiência
concebível, poderá alcançar autoridade e direção
universal necessária e certa. Os próprios empíricos
admitiram a justeza de tais assertos. Apenas disseram que, visto não
existir uma faculdade da Razão Pura em posse da Humanidade, devemos
acomodar-nos com o que temos – a experiência – e utilizá-la
da melhor forma possível.
Através da experiência,
os seres vivos alteram-se alterando o Universo. O homem, neste processo
de alteração mútua com o meio, é capaz de acumular
experiências e de formular o conhecimento.
O problema de método na formação
de hábitos de pensamento reflexivo é o problema de estabelecer
condições que despertem e guiem a curiosidade; de preparar,
nas coisas experimentadas, as conexões que, ulteriormente, promovam
o fluxo de sugestões, criem problemas e propósitos que favoreçam
a consecutividade na sucessão de idéias.
O
isolamento pode causar a rigidez, a institucionalização formal
da vida e os ideais estáticos e egoístas.
Pode-se comparar a diferença
entre o ponto de vista lógico e psicológico com a diferença
que existe entre as notas que um explorador toma em um país desconhecido,
onde tente descobrir e traçar um caminho, e o mapa perfeito e acabado
que se constrói depois que a região tenha sido definitivamente
explorada. Os dois são mutuamente dependentes. Sem a marcha tortuosa
e incerta do explorador, não se poderiam colher os fatos necessários
para o levantamento completo do mapa.
Com
o desenvolvimento da civilização, acentua-se a lacuna entre
a capacidade original dos imaturos e os padrões e costumes dos adultos.
O mero desenvolvimento físico – ou seja, o mero domínio
de capacidades básicas de subsistência – não será
suficiente para reproduzir a vida do grupo.
Aprender
significa adquirir o que já foi incorporado aos livros e à
mente dos mais velhos. Considera-se o que se ensina como essencialmente
estático... Trata-se de produto cultural de sociedades que supunham
o futuro em tudo semelhante ao passado. O conhecimento do passado é,
antes, um meio do que um fim, dirigido ao propósito de equacionamento
dos problemas postos pela atualidade. Isto nos põe ante o problema
de descobrir a relação entre as realizações
do passado e os problemas do presente.
Quantos
estudantes, por exemplo, se tornam insensíveis às idéias,
e quantos perdem o ímpeto por aprender, devido ao modo por que experimentam
o ato de aprender? Quantos adquirem habilidades por meio de exercícios
de automatismo e assim limitam a capacidade de julgar e agir inteligentemente
em situações novas? Quantos acabam por associar o processo
de aprendizagem com algo de enfadonho e tedioso? Quantos acharam o que aprenderam
tão alheio às situações da vida fora da escola,
que nenhuma capacidade de controle puderam desenvolver para o comando da
vida? Quantos para sempre perderam o gosto pelos livros, associando-os a
supremo enfado e ficando condicionados para apenas lerem sumária
e ocasionalmente?8
Automatismo...
Repetição...
Eu
acredito que toda educação acontece com a participação
do indivíduo na consciência social da raça.
Esse processo se inicia inconscientemente quase com o nascimento,
e está continuamente modelando os poderes do indivíduo,
saturando sua consciência, formando seus hábitos,
treinando suas idéias e estimulando seus sentimentos e
emoções. Através dessa educação
inconsciente o indivíduo gradualmente passa a partilhar
dos recursos intelectuais e morais que a Humanidade conseguiu
reunir. Ele se torna um herdeiro da capital financiada da civilização.
A educação mais formal e técnica do mundo
não pode se afastar com segurança desse processo
geral. Só pode organizá-lo ou diferenciá-lo
em uma direção particular.
Acredito que a única
real educação vem através do estímulo
dos poderes da criança pelas exigências das situações
sociais nas quais ela se encontra. Através dessas exigências,
ela é estimulada a agir como um membro da unidade, a emergir
da sua estreiteza de ação e sentimento original
e a considerar-se a partir do ponto de vista do grupo ao qual
ele pertence. Através das respostas dos outros às
suas atividades ela passa a saber o que elas significam em termos
sociais. O valor que essas ações têm é
refletido de volta para ela. Por exemplo, através da resposta
às suas balbuciações instintivas, a criança
passa a saber o que elas significam; elas se transformam em linguagem
articulada e, dessa forma, a criança é introduzida
à riqueza consolidada de idéias e emoções
que agora estão resumidas na linguagem.
Acredito que esse processo
educacional têm dois lados – um psicológico
e outro sociológico; e que um não pode ser submetido
ao outro ou negligenciado sem ocasionar prejuízos. Desses
dois lados, o psicológico é a base. Os próprios
instintos e poderes da criança fornecem o material e marcam
o local do início de toda a educação. A não
ser que os esforços do educador se conectem a alguma atividade
que a criança esteja realizando por sua própria
iniciativa independente do educador, a educação
se reduz a uma pressão exterior. Ela pode, de fato, dar
certos resultados exteriores, mas não pode ser verdadeiramente
chamada de educativa. Sem o 'insight' da estrutura e atividades
psicológicas do indivíduo, o processo educativo
será, portanto, aleatório e arbitrário. Se,
por acaso, coincide com a atividade da criança, irá
alavancá-la; se não, irá resultar em atrito,
desintegração ou aprisionamento da natureza da criança.
Acredito que o conhecimento
das condições sociais, do estado presente da civilização,
é necessário para que se possa interpretar adequadamente
os poderes da criança. A criança tem o seus próprios
instintos e tendências, mas nós não sabemos
o que eles significam até os traduzirmos para os seus equivalentes
sociais. Devemos ser capazes de rastreá-los até
um passado social e vê-los como a herança das atividades
anteriores da raça. Também devemos ser capazes de
projetá-los para o futuro para ver quais serão seus
resultados e fins. Na ilustração utilizada, é
a habilidade de ver nos balbucios da criança a promessa
e a potência de um futuro intercurso e conversa sociais
que nos possibilitam lidar com esse instinto da maneira adequada.
Acredito que os lados psicológico
e social estão organicamente relacionados e que a educação
não pode ser considerada como uma cessão entre os
dois ou uma imposição de um sobre o outro. Dizem
que a definição psicológica da educação
é estéril e formal – que nos dá somente
a idéia de um desenvolvimento de todos os poderes mentais
sem nos dar qualquer idéia de como utilizá-los.
Por outro lado, é afirmado que a definição
social da educação, como sendo ajustada à
civilização, faz dela um processo forçado
e externo, e resulta na subordinação da liberdade
do indivíduo a um status social e político preconcebido.
Acredito que cada uma dessas
objeções é verdadeira quando afirmada sobre
um lado isolado do outro. Para que possamos saber o que um poder
realmente é, devemos saber qual é o seu fim, uso
ou função; e não podemos saber isso a não
ser que consideremos o indivíduo como um ser ativo nos
relacionamentos sociais. Mas, por outro lado, o único ajustamento
possível que podemos oferecer à criança sob
as condições existentes é aquele que surge
quando damos a ela a posse completa de todos os seus poderes.
Com o advento da Democracia e das condições industriais
modernas, é impossível prever definitivamente como
a civilização será daqui a vinte anos. Por
conseguinte, é impossível preparar a criança
para qualquer conjunto preciso de condições. Prepará-la
para a vida futura significa dar-lhe o comando de si mesma; significa
treiná-la de forma que ela tenha o uso completo e pronto
de todas as suas capacidades; que seus olhos, ouvidos e mãos
sejam ferramentas prontas para comandar, que seu julgamento seja
capaz de compreender as condições sob as quais deve
trabalhar, e que suas forças executivas sejam treinadas
para agir econômica e efetivamente. É impossível
atingir esse tipo de ajustamento a não ser que se considere
os próprios poderes, gostos e interesses do indivíduo,
isto é, quando a educação for continuamente
convertida em termos psicológicos.
Em suma: acredito que o
indivíduo que deve ser educado é um indivíduo
social, e que a sociedade é uma união orgânica
de indivíduos. Se eliminarmos o fator social da criança,
nos restará somente uma abstração; se eliminarmos
o fator individual da sociedade, nos restará somente uma
massa inerte e sem vida. A educação, portanto, deve
se iniciar com uma percepção psicológica
das capacidades, interesses e hábitos da criança.
Deve ser controlada em todos os pontos por uma referência
a essas mesmas considerações. Esses poderes, interesses
e hábitos devem ser continuamente interpretados, ou seja,
devemos saber o que eles significam. Eles devem ser traduzidos
em termos dos seus equivalentes sociais – em termos das
suas capacidades no âmbito do serviço social.
Artigo II
O que é a Escola
Acredito que a escola é
primariamente uma instituição social. Sendo a educação
um processo social, a escola é simplesmente a forma de
vida em comunidade, na qual aquelas agências estão
concentradas, que será mais efetiva em fazer com que a
criança compartilhe dos recursos herdados da raça,
e com que use seus próprios poderes para fins sociais.
Acredito que a educação,
portanto, é um processo de vivência, e não
uma preparação para a vida futura.
Acredito que a escola deve
representar a vida presente – uma vida tão real e
vital para a criança como aquela que ela tem na sua casa,
na vizinhança ou no parque.
Acredito
que a educação que não ocorre através
de formas da vida ou de formas que valem a pena ser vividas por
si mesmas, é sempre uma substituta pobre para a genuína
realidade, e tende a limitar e a enfraquecer.
Acredito que a escola,
como uma instituição, deve simplificar a vida social
existente; deveria reduzi-la, por assim dizer, a uma forma embrionária.
A vida existente é tão complexa que a criança
não pode ser posta em contato com ela sem ficar confusa
ou distraída; ela ficará ou estupefata pela multiplicidade
de atividades que estejam acontecendo, fazendo com que ela perca
seu próprio poder de reação ordenada, ou
será tão estimulada por essas variadas atividades
que seus poderes serão prematuramente levados à
atividade e ela se tornará indevidamente especializada
ou simplesmente desintegrada.
Acredito que, como vida
social simplificada, a vida escolar deveria se desenvolver gradualmente
a
partir da vida doméstica; que deveria adotar e continuar
as atividades com as quais a criança já está
familiarizada no seu lar.
Acredito que deveria exibir
essas atividades à criança e reproduzi-las de tal
modo, que a criança aprenda gradualmente o significado
delas, e se torne capaz de representar seu próprio papel
em relação a elas.
Acredito que isso é
uma necessidade psicológica, porque é o único
modo de assegurar a continuidade do crescimento da criança,
a única forma de fornecer o pano de fundo da experiência
passada às novas idéias apresentadas na escola.
Acredito também
que é uma necessidade social, porque o lar é a forma
de vida social na qual a criança foi criada e onde teve
seu treinamento moral. É dever da escola aprofundar e aumentar
seu senso dos valores ligados à sua vida doméstica.
Acredito que grande parte
da educação moderna falha porque negligencia esse
princípio fundamental da escola como uma forma de vida
em comunidade. Ela concebe a escola como um lugar onde certas
informações devem ser fornecidas, onde certas lições
devem ser aprendidas, ou onde certos hábitos devem ser
formados. Concebe-se que o valor disso está amplamente
em um futuro remoto. As criança devem fazer essas coisas
em razão de algo mais que elas devem realizar; elas são
uma mera preparação. Como resultado, elas não
se tornam parte da experiência de vida das crianças
e, por isso, não são verdadeiramente educativas.
Acredito que a educação
moral está centrada nessa concepção da escola
como um modo de vida social, que o melhor e mais profundo treinamento
moral é precisamente aquele que adquirimos através
de relações apropriadas com os outros em uma unidade
de trabalho e de pensamento. Os sistemas educacionais atuais,
enquanto destroem ou negligenciam essa unidade, dificultam ou
impossibilitam qualquer treinamento moral genuíno e regular.
Acredito que a criança
deve ser estimulada e controlada no seu trabalho através
da vida da comunidade.
Acredito que, sob as condições
existentes, demasiado estímulo e controle procede do professor,
em razão da negligência da idéia da escola
como forma de vida social.
Acredito que o lugar e
trabalho do professor na escola devem ser interpretados a partir
da mesma base. O professor não está na escola para
impor certas idéias ou para formar certos hábitos
na criança, mas está lá como um membro da
comunidade para selecionar as influências que devem afetar
a criança, e para assisti-la a responder apropriadamente
a essas influências.
Acredito que a disciplina
da escola deve proceder a partir da vida da escola como um todo,
e não diretamente a partir do professor.
Acredito que o dever do
professor é simplesmente determinar, com base na experiência
mais ampla e na sabedoria mais madura, como a disciplina da vida
deve chegar até a criança.
Acredito que todas as questões
da avaliação da criança e da sua promoção
devem ser determinadas tendo como referência o mesmo padrão.
As avaliações são úteis até
o ponto em que testam o preparo da criança para a vida
social e revelam o lugar no qual ela pode ter mais utilidade e
onde pode receber o maior auxílio.
Artigo III
O Conteúdo da Educação
Acredito que a vida social
da criança é a base da concentração
ou correlação em todo o seu treinamento ou crescimento.
A vida social fornece a unidade inconsciente e o pano de fundo
de todos os seus esforços e de todas as suas conquistas.
Acredito que o conteúdo
do currículo escolar deveria marcar uma diferenciação
gradual a partir da unidade inconsciente primitiva da vida social.
Acredito que violamos a
natureza da criança e dificultamos a obtenção
de melhores resultados éticos ao introduzi-la demasiado
abruptamente a vários estudos especiais, leituras, escrita,
geografia etc., fora de uma relação com essa vida
social.
Acredito, portanto, que
o verdadeiro centro da correlação nos assuntos da
escola não é ciência, nem literatura, nem
história, e nem geografia, mas, sim, as próprias
atividades sociais da criança.
Acredito que a educação
não pode ser unificada no estudo da ciência ou do
chamado estudo da natureza, porque, separada da atividade humana,
a própria Natureza não é uma unidade; a Natureza,
por si só, é um número de diversos objetos
no espaço e no tempo, e tentar torná-la o centro
do trabalho é introduzir o princípio da irradiação,
ao invés do da concentração.
Acredito que a literatura
é uma expressão e interpretação-reflexo
da experiência social; que, portanto, deve se dar a partir
dessa experiência, e não precedê-la. Ela, portanto,
não pode ser tomada como base, apesar de poder ser o resumo
da unificação.
Acredito novamente que
a história tem valor educativo até o ponto em que
apresenta as fases da vida social e do crescimento. Deve ser controlada
por referências à vida social. Quanto tomada simplesmente
por história, é jogada de volta a um passado distante
e se torna morta e inerte. Considerada como um registro da vida
social e progresso do homem, se torna cheia de significado.
Acredito, no entanto, que
não pode ser assim considerada exceto quando a criança
for também introduzida diretamente na vida social.
Acredito, conseqüentemente,
que a base primária da educação está
nos poderes em atividade da própria criança, nas
mesmas linhas construtivas gerais daqueles que atuaram na formação
da civilização.
Acredito que a única
forma de conscientizar a criança acerca da sua herança
social é torná-la capaz de realizar os tipos fundamentais
de atividade que fazem da civilização o que ela
é.
Acredito, portanto, que
as chamadas atividades expressivas ou construtivas são
o centro da correlação.
Acredito que isso forneça
o padrão para o lugar que o treinamento manual, a cozinha,
a costura etc. devem ter na escola. Acredito que eles não
são estudos especiais que devem ser introduzidos depois
e sobre todos os outros, como uma forma de relaxamento ou alívio
ou como conquistas adicionais. Ao invés disso, acredito
que eles representam, como símbolos, formas fundamentais
da atividade social; e que é possível e desejável
que a introdução da criança aos assuntos
mais formais do currículo seja por meio dessas atividades.
Acredito que o estudo da
ciência é educacional até o ponto em que revela
os materiais e processos que fazem a vida social ser o que é.
Acredito que uma das maiores
dificuldades no ensino atual da ciência é que o material
é apresentado de uma forma puramente objetiva ou é
tratado como uma nova e peculiar forma de experiência que
a criança pode acrescentar àquelas que ela já
tem. Na verdade, a ciência tem valor porque dá a
habilidade de interpretar e de controlar a experiência já
adquirida. Ela não deveria ser introduzida tanto como um
novo assunto, mas como algo que mostrasse os fatores já
envolvidos em experiências passadas e que fornecesse ferramentas
com as quais aquela experiência pode ser mais fácil
e efetivamente regulada.
Acredito que atualmente
nós perdemos muito do valor dos estudos da literatura e
da linguagem por causa da eliminação do elemento
social. A linguagem é quase sempre tratada nos livros de
pedagogia simplesmente como a expressão do pensamento.
É verdade que a linguagem é um instrumento lógico,
mas é fundamentalmente e primariamente um instrumento social.
A linguagem
é o instrumento da comunicação; é
a ferramenta através da qual um indivíduo passa
a partilhar das idéias e dos sentimentos dos outros. Quando
tratada simplesmente como uma forma de adquirir informação
individual ou como um meio de exibir o que se aprendeu perde seu
motivo e fim social.
Acredito, portanto, que
não há uma sucessão de estudos no currículo
escolar ideal. Se a educação é vida, a vida
como um todo tem, desde o início, um aspecto científico,
um aspecto artístico e cultural, e um aspecto de comunicação.
Não pode, portanto, ser verdade que os assuntos adequados
para uma série sejam meras leituras e escritas, e que,
numa série posterior, a leitura, ou a literatura, ou a
ciência possam ser introduzidas. O progresso não
está na sucessão de estudos, mas no desenvolvimento
de novas atitudes para com as experiências e novos interesses
nelas.
Acredito, finalmente, que
a educação deve ser concebida como uma reconstrução
contínua da experiência; que o processo e o objetivo
da educação são uma e única coisa.
Acredito que estabelecer
qualquer fim fora da educação e fornecer seu objetivo
e padrão é desprover o processo educacional de grande
parte do seu significado, e isso tende a nos fazer apoiar em estímulos
falsos e externos ao lidar com a criança.
Artigo IV
A Natureza do Método
Acredito que a questão
do método é ultimamente redutível à
questão da ordem do desenvolvimento dos poderes e interesses
da criança. A lei para a apresentação e o
tratamento do material é a lei implícita na própria
natureza da criança. Por causa disso, acredito que as seguintes
declarações são de suprema importância
para determinar o espírito no qual a educação
é conduzida:
1. Acredito que o lado
ativo precede o passivo no desenvolvimento da natureza da criança;
que a expressão vem antes da impressão consciente;
que o desenvolvimento muscular precede o sensorial; que os movimentos
vêm antes das sensações conscientes; acredito
que a consciência é essencialmente motora ou impulsiva;
que os estados de consciência tendem a projetar a si mesmos
na ação.
Acredito que a negligência
desse princípio é a causa de grande parte da perda
de tempo e forças nos trabalhos escolares. A criança
é jogada em uma atitude passiva, receptiva ou absorvente.
As condições são tais que não lhe
é permitido seguir a lei da sua natureza; o resultado é
fricção e desperdício.
Acredito que as idéias
(processos intelectuais e racionais) também resultam da
ação e se transferem em razão de um melhor
controle da ação. O que nós denominamos razão
é primariamente a lei da ação ordenada ou
efetiva. Tentar desenvolver o poderes de raciocínio e os
poderes de julgamento sem referência à seleção
e organização dos meios em ação é
a falácia fundamental nos nossos métodos atuais
de lidar com essa questão. Como resultado, apresentamos
à criança símbolos arbitrários. Símbolos
são uma necessidade no desenvolvimento mental, mas eles
têm o seu lugar como ferramentas para economizar esforço;
apresentados sozinhos, eles são uma massa de idéias
arbitrárias e sem significado impostas exteriormente.
2. Acredito que a imagem
é o grande instrumento de instrução. O que
uma criança adquire de qualquer assunto que lhe seja apresentado
são simplesmente as imagens que ela mesmo forma em relação
a esses assuntos.
Acredito que, se nove décimos
da energia atualmente direcionada a fazer com que a criança
aprenda certas coisas fosse gasta para assegurar que a criança
esteja formando imagens adequadas, o trabalho de instrução
seria indefinidamente facilitado.
Acredito que grande parte
do tempo e da atenção hoje dedicados à preparação
e apresentação de lições poderia ser
mais sábia e lucrativamente gasto no treinamento do poder
imaginativo da criança, e em assegurar que ela está
continuamente formando imagens definidas, vívidas e crescentes
dos vários assuntos com os quais ela entra em contato na
sua experiência.
3. Acredito que os interesses
são os sinais e os sintomas de um poder crescente. Acredito
que eles representam capacidades nascentes. Portanto, a observação
constante e cuidadosa dos interesses é da maior importância
para o educador.
Acredito que esses interesse
devem ser observados como medidores do estado de desenvolvimento
que a criança alcançou.
Acredito que eles profetizam
o estágio no qual a criança está prestes
a entrar.
Acredito que é só
através da observação contínua e simpática
dos interesses da criança que o adulto pode adentrar a
vida da criança e ver para o que ela está pronta,
e com qual material ela poderia trabalhar mais pronta e proveitosamente.
Acredito que esses interesses
não devem ser ridicularizados nem reprimidos. Reprimir
um interesse é substituir a criança pelo adulto,
o que enfraquece a curiosidade intelectual e a vigilância,
suprime a iniciativa e enfraquece o interesse. Ridicularizar os
interesses é substituir o transitório pelo permanente.
O interesse é sempre o sinal de um poder subjacente; o
importante é descobrir esse poder. Ridicularizar o interesse
é falhar em penetrar abaixo da superfície, e isso
resulta seguramente na substituição de caprichos
e excentricidades por interesses genuínos.
4. Acredito que as emoções
são o reflexo das ações.
Acredito que se esforçar
para estimular as emoções separadamente das suas
atividades correspondentes é introduzir um estado mental
prejudicial e mórbido.
Artigo
V
A Escola e o Progresso Social
Acredito que a educação
é o método fundamental de progresso e reforma sociais.
Acredito que todas as reformas
que se fundamentam simplesmente na decretação de
leis, ou na ameaça de certas penalidades, ou em alterações
de arranjos mecânicos e exteriores são transitórias
e fúteis.
Acredito que a educação
é uma regulação do processo de compartilhamento
da consciência social, e que o ajuste da atividade individual
à base dessa consciência social é o único
método assegurado de reconstrução social.
Acredito que essa concepção
considera corretamente tanto os ideais individuais quanto os sociais.
É devidamente individual porque reconhece a formação
de um certo caráter como a única base
genuína para uma vida correta. É social porque reconhece
que esse caráter correto não deve ser formado meramente
a partir do preceito, do exemplo ou da exortação
individuais, mas, sim, a partir da influência de alguma
forma de vida institucional ou comunitária sobre o indivíduo,
e que o organismo social, através da escola como seu órgão,
pode determinar resultados éticos.
Acredito que, na escola
ideal, temos a reconciliação dos ideais individualistas
e socialistas.
Acredito que o dever da
comunidade para com a educação é, portanto,
seu dever moral supremo. Através
da lei e da punição, da agitação e
da discussão social, a sociedade se regula e se constitui
de uma forma mais ou menos aleatória e casual. No entanto,
através da educação, a sociedade pode formular
seus próprios propósitos, pode organizar seus próprios
meios e recursos, e assim se modelar com assertividade e economia
na direção em que deseja se deslocar.
Acredito que, assim que
a sociedade reconhecer as possibilidades que surgem com esse direcionamento,
e as obrigações que essas possibilidades impõem,
é impossível conceber os recursos de tempo, de atenção
e de dinheiro que serão disponibilizados ao educador.
Acredito que cada um que
esteja interessado na educação deve insistir na
escola como o interesse primário e mais efetivo de progresso
e reforma sociais, para que a sociedade possa acordar e perceber
o que a escola representa, e que seja estimulada a atender a necessidade
de favorecer o educador com equipamentos suficientes e apropriados
para realizar a sua tarefa.
Acredito que a educação
assim considerada marca a união mais perfeita e íntima
da ciência e da arte concebível pela experiência
humana.
Acredito que a arte de
dar dessa maneira forma aos poderes humanos, adaptando-os ao serviço
social, é a arte suprema; uma arte que chapa a seu serviço
os melhores artistas; que nenhuma percepção, simpatia,
tato e poder executivo são grandes demais para tal serviço.
Acredito que, com o crescimento
do serviço psicológico fornecendo percepções
adicionais sobre a estrutura individual e as leis de crescimento,
e com o crescimento da ciência social adicionando informações
ao nosso conhecimento sobre a organização correta
dos indivíduos, todos os recursos científicos podem
ser utilizados para o propósito da educação.
Acredito que, quando a
ciência e a arte se unem dessa maneira, o objetivo mais
importante da ação humana será alcançado;
que os frutos mais genuínos da conduta humana serão
estimulados e que o melhor serviço de que a natureza humana
é capaz de realizar estará garantido.
Acredito, finalmente, que
o educador não está envolvido simplesmente no treinamento
dos indivíduos, mas na formação de uma vida
social adequada.
Acredito que cada professor
deveria perceber a dignidade da sua vocação; que
ele é um servo social diferenciado em razão da manutenção
da ordem social adequada e da asseguração do crescimento
social correto.
Acredito que, dessa forma,
o professor é sempre o profeta do Deus verdadeiro e o introdutor
do verdadeiro reino de Deus.
Professor Jo-Ann Assteroid Lunatic
Dewey
|
Epilogando
Rapidinho
O
homem comum
nutre
o
desejo de ser importante.
O
místico incomum
peregrina
lhanamente e abdicante.
O
meu lado vezeiro
não quer mesmo nada de nada;
já
o lado altaneiro
só
quer pôr o pé na Santa Estrada.
O
tempo dos quereres?
Agora
está enterrado no outrora.
Um com todos os seres,
hoje,
não canso de chamar: — simbora.
______
Notas:
1. Felizes
os que têm a posse.
2. Já
Aldous Leonard Huxley (Godalming, 26 de Julho de 1894 – Los Angeles,
22 de Novembro de 1963) disse: Todo
o homem que interpreta o que lê leva dentro de si o poder de se ampliar,
de multiplicar as formas que existem nele, para tornar sua vida plena, significativa
e interessante.
3.
A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (démokratía,
de dêmos
= 'povo' + kratía
= força, poder). Este sistema de Governo foi desenvolvido em Atenas
(uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido
o berço da Democracia, nem todos podiam dela participar nesta cidade.
Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam
das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga
de Democracia era bem limitada.
Nota
editada da fonte:
http://www.suapesquisa.com/
religiaosociais/democracia.htm
4. Disse
Pitágoras (570 a.C. ou 571 a.C. – 496 a.C. ou 497 a.C): Educai
as crianças e não será preciso castigar os homens.
5. Ora,
como não há verdade absoluta, não pode mesmo haver
razão absoluta. O Absoluto (conceito que vem do latim solutus
ab omni re e compreende o que é em si e por si), em Filosofia,
é definido como a realidade suprema e fundamental, independente de
todas as demais e também como verdade primária em que se baseiam
todas as outras, que, por isto, são relativas. Assim, por uns, o
Absoluto foi considerado como a Suprema Idéia, a Suma Verdade, o
Princípio Fundamental, ao passo que, para outros, apenas representa
uma pseudo-idéia ou, como se expressou o filósofo francês
Charles Bernard Renouvier (1815 – 1903)
uma noção vazia de sentido.
6.
Na vida, cada objetivo alcançado é uma síntese de nossos
esforços intelectuais e espirituais; mas é também uma
nova tese, que depois de antitetizada, se transforma em uma nova síntese
mais elevada, mais concertada e mais compreensiva. Para o ser, nunca houve
começo e jamais haverá fim; a estagnação paralisante
– que, na verdade, inexiste – é, por assim dizer, uma
espécie de morte em vida e, certamente, uma desconsideração
com a Eterna Santa Vida.
7.
Logo, misticamente, não há erro maior do fazer juízo
de valor do que quer que seja e de quem quer que seja, pois, quando julgamos,
estamos a emitir pareceres e opiniões com base em nossos conhecimentos,
em nossas culturas e em nossos (pre)conceitos. Julgar é errar pensando
acertar.
8.
Comparem o teor deste fragmento com as pregações sermonárias
religiosas em geral. Em parte, é por isto que muitos mudam de religião.
E mudam... E mudam... E mudam... O repeteco é insuportável,
soporífero e nauseante.
Páginas
da Internet consultadas:
http://politicstheoryphotography.blogspot.com/
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/
index.php/faced/article/viewFile/495/364
http://www.fae.ufmg.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pragmatismo
http://64.233.163.132/
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/
59/59137/tde-15042009-195532/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-44782004000200005
http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/
snef/xvii/sys/resumos/T0587-1.pdf
http://www.pedagogia.seed.pr.gov.br/
modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=18
http://pt.wikipedia.org/
wiki/John_Dewey
http://www.netsaber.com.br/
biografias/ver_biografia_c_292.html
http://www.ponteiro.com.br/vf.php?p4=8512
http://frases.netsaber.com.br/busca_up.
php?l=&buscapor=John%20Dewey
http://www.pensador.info/autor/John_Dewey/
http://www.curriculosemfronteiras.org/
classicos/teiapple.pdf
http://educarparacrescer.abril.com.br/
aprendizagem/john-dewey-307892.shtml
http://www.planetaeducacao.com.br/
portal/artigo.asp?artigo=447
http://pt.wikiquote.org/
wiki/John_Dewey
Fundo
musical:
Liberty
Fonte:
http://www.electrofresh.com/midi-38345-
download-anthems_usa_anthems-liberty.html