JOHN DEWEY
(Pensamentos)

 

 

 

John Dewey

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma coletânea dos mais expressivos pensamentos de John Dewey, um dos mais influentes pensadores na área da educação contemporânea. Este destacado filósofo, psicólogo e pedagogo, nascido nos Estados Unidos, posicionou-se a favor do conceito de Escola Ativa, na qual o aluno tinha que ter iniciativa, originalidade e agir de forma cooperativa. Em um conceito: prato feito, não!

 

Bolas! Criança educadinha não tem que ficar quietinha, com as mãozinhas nas articulações das coxinhas com as perninhas – de que participam o fêmur, a tíbia e a rótula imóvel como se fosse uma estatuazinha de rocha metamórfica calcítica e/ou dolomítica recristalizadas, geralmente de textura sacaróide, de granulação variável, freqüentemente provida de veios coloridos, ou seja, petrificada com as mãozinhas nos joelhinhos como se fosse uma estatuazinha de mármore. E, se soltar uma ventosidadizinha anal fétida (silenciosa ou barulhosa), não precisa ter medo e dizer que foi o miau; pode assumir o peidinho fedegoso que não será repreendida nem ficará de castigo ajoelhada no milho. Aqui e ali, soltar umas bufinhas é normal, e, convenhamos, não deixa de ser uma forma de arte. Como disse Dewey, a função da arte sempre foi a de romper a crosta da consciência convencionalizada e da rotina. É verdade ou não é verdade que não há nada melhor para romper uma rotina aporrinhante do que uma expulsão gaseiforme malcheirante? Agora, o expulsador não pode ficar com a mão amarela, senão todo mundo vai ficar sabendo que foi ele. Ora, por exemplo, não peidorreiam Sua Santidade, o Dalai Lama líder religioso da Escola Gelug do Budismo Tibetano o Senhor Sumo Pontífice – o Santo Padre, líder mundial da Igreja Católica a Senhora Rainha do United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland e o Senhor Presidente da República Federativa do Brasil? Peidam sim; pra chuchu, às pampas, à beça! E não são admoestados e nem pagam castigo! Agora, muito particularmente, se um purpurado (religioso de carreira que foi investido da dignidade cardinalícia) resolver admoestar um papa – por flatular ou por um outro motivo qualquer poderá ser transferido rapidinho de mala e cuia para Jijoca de Jericoacoara ou para Monsenhor Tabosa (sem direito a pedir para scambiare). Durante a inquisição talvez fosse diferente! Eu, particularmente, confesso, desde que nasci se a faculdade de conservar e lembrar estados de consciência passados e tudo quanto se ache associado aos mesmos não me falha e a capacidade de perceber o mundo exterior pelos órgãos da vista não me pisca já devo ter soltado uns quatro quatrilhões, três trilhões, dois bilhões, um milhão, novecentos e noventa e nove mil e um (ou dois) flátulos. Acordado – claro! – porque dormindo não pude fazer a escrituração...

 

Enfim, este estudo que nada apresenta de original e, também, nada tem a ver com flátulos é uma espécie de Ctrl c —› Ctrl v de pesquisas de outros autores e diligenciadores pervicacíssimos. Recortei, colei e compus o texto desta maneira, o que me obriga, com imenso prazer, a considerar todos os autores consultados cúmplices e co-autores neste esforço de digitação e nesta deleitação de divulgação de alguns extratos de algumas reflexões deweyanas. Todas as páginas da Internet consultadas estão listadas ao final.


 

 

 

Breve Biografia de John Dewey

 

 

 

 

John Dewey

John Dewey

 

 

 

John Dewey (Burlington, Vermont, 20 de outubro de 1859 – New York City, 1º de junho de 1952) foi um filósofo e pedagogo norte-americano. Foi professor de 1904 a 1931 na Universidade de Colúmbia, em Nova York, e é reconhecido como um dos representantes mais significativos do pragmatismo norte-americano, que teve início década de 1890, quando Dewey começou a se afastar da sua anterior visão idealista neo-Hegeliana e a adotar esta nova posição. Na sua obra Reconstrução em Filosofia, por exemplo, Dewey sugere que a Filosofia deva reproduzir, na área sóciopolítica, o que a ciência moderna realiza na área tecnológica.

 

Partindo das ciências naturais, do materialismo, do behaviorismo e da experiência prática, concebeu o pensamento como um instrumento para o intercâmbio, definindo, por isto, sua filosofia como instrumentalista.

 

O crescimento e o desenvolvimento são os termos-chave de seu pensamento filosófico, cujo objetivo primordial é a solução das tensões e a melhoria das relações sociais.

 

Dewey defendeu uma humanização da sociedade capitalista, e sua obra pedagógica Democracia e Educação (1916) foi determinante para o que, no século XX, evoluiu para o sistema educativo norte-americano. Como psicólogo, sustentou a idéia de que todas as formas de relação conduziam basicamente a uma adaptação ao meio (funcionalismo).

 

Em Democracy and Education (Democracia e Educação), Dewey tentou sintetizar, criticar e ampliar a filosofia da educação democrática ou proto-democrática contidas em Rousseau e Platão. Via em Rousseau uma visão que se centrava no indivíduo, enquanto Platão acentuava a influência da sociedade na qual o indivíduo se inseria. Dewey contestou esta distinção, e tal como o psicólogo bielo-russo Lev Semenovitch Vygotsky (1896 – 1934), que concebia o conhecimento e o seu desenvolvimento como um processo social, integrou os conceitos de sociedade e de indivíduo. Para Dewey, o indivíduo somente passa a ser um conceito significante quando considerado como parte inerente de sua sociedade – enquanto esta nenhum significado possui, se for considerada à parte, longe da participação de seus membros individuais.

 

Por causa de seu processo de orientação e de visão sociologicamente consciente do mundo e do conhecimento, muitas vezes Dewey é tido como alternativa válida aos dois modos de pensar: o moderno e o pós-moderno – mesmo sendo contemporâneo aos dois. E, como afirma Thamy Pogrebinschi no estudo A Democracia do Homem Comum: Resgatando a Teoria Política de John Dewey, o Pragmatismo político de Dewey é ainda extremamente atual e inovador, e apresenta infinitas possibilidades de contribuição para os debates contemporâneos.

 

 

 

 

Pensamentos Deweyanos

 

 

 

John Dewey

 

 

 

 

John Dewey


Texto originalmente publicado em The Social Frontier – A Journal of Educational Criticism and Reconstruction. Outubro, 1934, Vol. 1 Nº 1, páginas 11 e 12. Traduzido por João M. Paraskeva (Universidade do Minho, Portugal) e Luís Armando Gandin (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil). Foi mantida a ortografia do texto original.

 

 

O “status quo”
– expressivo ou repressivo?


O facto de que as escolas têm educado para algo denominado “status quo” é indiscutível. A falácia desta perspectiva é igualmente evidente. Não há “status quo” nenhum – exceto pelo sentido literal no qual Andy explica a frase a Amos: um nome para “a confusão em que nos encontramos”. Contudo, não é difícil definir aquilo que se denomina por “status quo”; a dificuldade assenta no facto de que o movimento dos actuais acontecimentos tem pouca relação com o nome pelo qual é denominado.

Na verdade, o alegado “status quo” resume-se na expressão “individualismo cru”. Parte-se ou partiu-se do princípio que vivemos numa sociedade economicamente livre na qual cada indivíduo tem oportunidades iguais para desenvolver suas iniciativas e outras capacidades, e que a ordem legal e política é desenhada e calculada de modo a promover esta liberdade igualitária de todos os indivíduos. A liberdade económica, para a vasta maioria da população, ou não existe ou é precária. Dada a sua ausência e a intangibilidade para a maioria, a liberdade política e cultural tem sido minada; a ordem legalmente constituída tem apoiado o ideal 'beati possidentes'.1

Neste contexto, não há necessidade de rever a mudança histórica de uma ordem agrária simples, na qual a ideia de igualdade de oportunidades continha uma larga margem de verdade, para uma ordem industrial complexa com um controlo político e económico concentrado. A questão é que a ideia e as teorias anteriores persistiram, mesmo após terem perdido a relevância perante os factos correntes, e foram posteriormente utilizadas para justificar e fortalecer a própria situação que minaram na prática. Afinal, qual é o verdadeiro “status quo”? É a condição da individualidade liberta postulada pela teoria filosófica dominante ou o avanço cada vez maior do poder das minorias privilegiadas, um poder exercido sobre as liberdades das massas sem uma responsabilidade correspondente?

Não será difícil defender uma resposta positiva e decisiva a favor desta última alternativa. No que diz respeito à função das escolas, permitam-me citar aqui Roger Baldwin:

Regra geral, pode-se dizer, inquestionavelmente, que as escolas públicas foram entregues à manutenção dos defensores militantes do “status quo” – as filhas da revolução americana, a legião americana, os fundamentalistas, a Ku Klux Klan e o Ministério da Guerra. Tenham em conta os registros de doze anos! Ritos patrióticos compulsivos e saudação da bandeira por lei na maior parte dos Estados; leitura obrigatória da Bíblia Protestante em dezoito Estados, contrariamente à provisão de separação da Igreja e do Estado; ensino compulsivo da constituição através de uma rotina prescrita; cometer o crime de ensinar a evolução em três Estados; juramentos de lealdade especiais não exigidos a outros funcionários públicos em dez Estados; juramentos de lealdade exigidos aos estudantes como condição para obterem a sua graduação em muitas cidades; manuais escolares de história revistos sob pressão de modo a estarem em sintonia com os preconceitos; restrição ou proibição dos sindicatos de professores[as] filiados[as] com movimentos de trabalhadores[as]; leis que protegem o combate e o enfraquecimento da estabilidade do emprego; treinamento militar compulsivo, tanto nas escolas como nas universidades, com uma pressão inevitável da mentalidade militar nos[as] estudantes e nos[as] professores[as].

A estas formas de pressão externa e explícita pode ser acrescentada – e, na verdade, Baldwin acrescenta – uma pressão mais poderosa, por que subtil e natural, que actua, constantemente, sobre os professores[as] e estudantes.

 

Forças e tendências
actualmente em conflito


Assim, a julgar pela situação actual, pode parecer que a limitação sobre os esforços dos professores[as] para promoverem uma nova ordem social – na qual o ideal da igualdade e liberdade dos indivíduos seja um facto e não uma ficção – sobrepõe-se profundamente em relação ao elemento de possibilidade de alcançarem este objectivo. Todavia, não é este o caso, mesmo perante as grandes contrariedades imediatas para a realização de tal possibilidade. A razão reside no facto de que o actual “status quo” se encontra num estado de fluidez; não há “status quo” nenhum se se entende esta expressão como algo estável e constante. Os últimos quarenta anos têm registado, em todas as sociedades industrializadas do mundo, um movimento decisivo em direção ao controlo social das forcas económicas. A pressão para este controlo do Capital – ou, se preferirem, para a sua “regimentação” – é exercida, não somente através das agências políticas, como também por organizações voluntárias. Hoover, que deu notoriedade à frase “individualismo cru”, enquanto presidente, actuou repetida e
freqüentemente defendendo uma intervenção e regulação governamental das forcas económicas em larga escala. A lista de interferências à liberdade educacional genuína que citamos é, em si, um sinal de um esforço e, freqüentemente, um esforço consciente, que rema contra a corrente – ou seja, rumo a um coletivismo que é hostil à ideia de uma acção livre por parte dos indivíduos que possuem poder político e económico uma vez que controlam o capital.

Espero que as considerações que tenho feito em torno da temática das limitações e possibilidades do esforço educacional para estabelecer uma nova ordem social estejam suficientemente claras. Os[as] professores[as] e administradores[as] dizem freqüentemente que se devem “conformar com as condições existentes”, ao invés de fazerem aquilo que pessoalmente prefeririam fazer. Esta proposta poderia ser realizável se as condições fossem fixas ou mesmo razoavelmente estáveis. No entanto, não são. São profundamente instáveis; as condições sociais desenvolvem-se em direções diferentes e, habitualmente, opostas. Perante isto, o[a] educador[a], no que tange à relação do trabalho educacional com a sociedade presente e futura, é constantemente obrigado[a] a fazer uma escolha. No que se refere às forças sociais, em que momento e em que direção os[as] professores[as] investirão as suas energias? A grande chaga é que, freqüentemente, esta escolha é feita inconscientemente devido às exigências das pressões imediatas e à estimativa de probabilidade de sucesso em empreender ambições egoístas.

 

A obrigação que recai
sobre os[as] educadores[as]

 


Desta forma, não creio que as escolas possam ser, literalmente, construtoras da nova ordem social. No entanto, as escolas, decerto, participarão, concretamente e não idealmente, na construção da ordem social do futuro à medida que se forem aliando com este ou aquele movimento, no seio das forcas sociais existentes. Este facto é inevitável. As escolas
[dos Estados Unidos da América] promoveram a desorientação e o caos social actual ao enfatizarem uma forma económica de sucesso que é intrinsecamente pecuniária e egoísta. O desejo de necessidade e, novamente, não por uma questão teórica, assume um papel preponderante na determinação da ordem social – ou desordem – do futuro, à medida que os[as] professores[as] e administradores[as] se alinham com os velhos ideais denominados “individualistas” – que na realidade são fatais para as individualidades da maioria – ou com as novas forças que criam o controlo social das forcas económicas. A crença de que os[as] professores[as] devem passivamente se adaptar às condições existentes é, apenas, uma forma – e uma forma cobarde – de se fazer uma escolha a favor do antigo e do caótico.

Se a escolha dos[as] professores[as] é aderir às forças e condições envolvidas na luta pela transformação do controlo social do Capitalismo – económica e política – raramente haverá um momento durante o dia em que eles[as] não tenham a oportunidade de fazer a sua boa escolha no decorrer da acção. Se a escolha é consciente e inteligente, os[as] professores[as] descobrirão que tal escolha afecta os detalhes da administração e da disciplina escolar, os métodos de ensino e ainda os métodos de selecção e ênfase de uma determinada matéria escolar. Mesmo que neste caso, repito, o[a] educador[a] esteja a tomar uma decisão, fá-la de uma forma cega e pouco perspicaz. Se os[as] professores[as] se encontram genuinamente comprometidos com forças actuais que tendem a desenvolver uma determinada ordem social que, através do controlo e posse colectiva, tornarão possível um genuíno e necessário “individualismo cru” (no sentido de individualidade) para todos os membros da comunidade, os[as] professores[as], para além disto, não ficarão contentes com as generalidades em torno de uma ordem futura desejável. A tarefa é transferir o ideal desejado para a conduta pormenorizada da escola, tanto no nível da administração e instrução, quanto no nível das matérias escolares. Para mim, tal tarefa é de uma enorme necessidade, e é de responsabilidade daqueles que pensam que as escolas devem ser, conscientemente, parceiras na construção da mudança da sociedade. O desafio colocado aos[às] professores[as] deve ser expresso de forma muito clara. No entanto, tal desafio é apenas o início de um processo. O que significa isto no contexto específico de trabalho numa escola ou num jardim-de-infância? A resposta a esta questão – e não propriamente um compromisso mais vasto com a teoria e os 'slogans' sociais é uma necessidade urgente.

Não obstante a letargia e timidez de muitos dos[as] professores[as], acredito que estes[as] existam em número suficiente para responderem à grande tarefa de fazerem das escolas participantes de uma forma activa e militante na criação de uma nova ordem social, desde que lhes seja mostrada, não apenas a ampla finalidade de tal perspectiva, mas também os meios para a construção de tal desiderato. O Dr. Kandel, ao terminar um artigo, de algum modo inconveniente, sobre o papel das escolas na tarefa da reconstrução social, diz o seguinte, relativamente à sociedade, em geral: “Corrigir os abusos existentes e tornando-os ainda, em si, uma realidade, seria um auxílio bem-vindo; mais do que isso impediria o funcionamento das próprias escolas. Se o corpo docente, cuja tarefa consiste em definir e interpretar a cultura e o ideal de sociedade para a geração futura, tiver concretizado isto terá já enfrentado uma tarefa formidável; poderá criar as bases para uma nova ordem social, mas será a sociedade e não o corpo docente que determinará os seus pormenores”.

Existem, nesta citação, muitas palavras e frases que mereceriam destaque: correção de abusos; relegar os pormenores para a sociedade. Todavia, contento-me em questionar o seguinte: o que mais poderá querer um educador mesmo que seja “radical”? Os abusos não podem ser corrigidos, apenas, por intermédio de meios negativos; podem ser eliminados, apenas, se forem substituídos por condições humanas e de justiça. Lançar as bases, intelectuais e morais, para uma nova ordem social é um ideal suficientemente original e inspirador para provocar um novo espírito na profissão docente e para orientar os esforços que foram transformados radicalmente. Aqueles que defendem um ideal deste género não são fiéis ao que professam através das suas palavras quando se alinham com reacionários, ridicularizando aqueles que tornariam a profissão uma realidade. A tarefa poderá ficar, eventualmente, na mão de educadores fascistas.

Fonte:

http://www.curriculosemfronteiras.org/
classicos/dewey.pdf

 

 

 

 

 

Deus é uma das formas de manifestação da inteligência humana, com método e investigação, portanto, ciência.

 

Todos os grandes avanços da ciência nasceram de uma nova audácia da imaginação.

 

O empirismo subjetivo da pessoa é quem realmente introduz as novas idéias revolucionárias no conhecimento.

 

O professor que desperta entusiasmo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter.

 

A criança de três anos que descobre o que se pode fazer com blocos ou a de seis anos que percebe o que acontece quando põe cinco cêntimos e mais cinco cêntimos juntos são, verdadeiramente, descobridoras, mesmo que toda a gente no mundo já o saiba. Ocorre um genuíno incremento da experiência. Não é apenas mais um item mecanicamente acrescentado; mas um enriquecimento com uma nova qualidade. O charme que a espontaneidade de crianças jovens nutrem por observadores simpáticos é devido à compreensão desta originalidade intelectual. A alegria que as próprias crianças sentem com as suas próprias experiências é a alegria da construção intelectual da criatividade – se me é permitido usar esta palavra sem ser mal entendido.

 

A exigência de liberdade é uma exigência de poder.

 

A Natureza é essencialmente saudosa e patética, turbulenta e passional.

 

A educação é um processo social; é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida; é a própria vida.

 

Um sistema de educação baseado na conexão necessária de educação com experiência deve, para ser fiel aos seus princípios, ter constantemente em vista a familiarização íntima com as condições físicas, históricas, econômicas, ocupacionais etc. da comunidade local, para poder utilizá-las como recursos educativos. Esta é outra razão pela qual a educação progressiva será sempre mais difícil de se conduzir do que o sistema tradicional.

 

É um erro supor que a simples aquisição de certa quantidade de aritmética, de geografia ou de história, estudadas porque seriam úteis em algum tempo no futuro, possuam um valor em si mesmo. Como é igualmente um erro supor-se que a aquisição de certas habilidades de leitura e de desenho constitua automaticamente preparação para seu uso certo e efetivo sob condições muito diferentes daquelas em que foram adquiridas. Quase todos nós tivemos ocasião de recordar os dias de escola e de perguntar: o que foi feito dos conhecimentos que deveríamos ter acumulado naqueles dias e por que tivemos de reaprender tudo de forma diferente, fossem técnicas ou conhecimentos, para podermos ter nossa capacidade atual? E feliz aquele que não teve, para poder progredir profissional e intelectualmente, de desaprender o que veio a aprender na escola. Tais questões não podem ser afastadas dizendo-se que as matérias não foram realmente aprendidas. Tanto que o foram, que permitiram, pelo menos, passar nos exames. O erro é que a matéria em questão foi aprendida de modo isolado, como se fosse posta em um compartimento fechado. Quando se pergunta o que foi feito do que se aprendeu, a resposta certa está no compartimento em que foi originariamente escondido. Se as mesmas condições em que foi adquirido voltassem, reapareceria novamente. O estado de segregação em que foi adquirido o fez tão desconexo com o restante da experiência, que ele não se apresenta diante das condições reais de vida. Aprendizagem deste tipo, seja lá qual for o grau em que tiver sido, ao tempo, exercitada, não constitui, em face das leis de experiência, preparação genuína.

 

Vivemos sempre no tempo em que estamos, e não em um outro tempo; e só quando extraímos em cada ocasião, de cada presente experiência, todo o seu sentido, é que nos preparamos para fazer o mesmo no futuro.

 

Silêncio, imobilidade e obediência forçados impedem o aluno de revelar sua real natureza. Criam automaticamente uma uniformidade artificial. Parecer se antepõe a ser. Há um prêmio para os que saibam preservar a aparência exterior de atenção, decoro e obediência. Todos os que estão familiarizados com escolas deste tipo sabem que, por trás dessa fachada, seguem seu curso, despercebidos, os pensamentos, as imaginações, os desejos e as furtivas atividades. Somente quando algum ato de indocilidade ou de rebeldia ocorre, é que o professor descobre, por vezes, com surpresa. Basta contrastar esta situação altamente artificial com a das relações humanas em condições normais, fora da escola, como as de uma família bem conduzida, para se ver quanto é fatal aquela situação para o conhecimento e a compreensão pelo professor da criança ou do jovem que ele, admite-se, esteja educando. Sabemos que, sem esta compreensão da individualidade do aluno, só por acidente conseguirá o mestre que as matérias de estudo e os métodos de instrução usados se integrem no aluno de modo a efetivamente dirigir-lhe o desenvolvimento da mente e do caráter. Há um verdadeiro círculo vicioso. A uniformidade mecânica do ensino e dos métodos cria uma espécie de imobilidade uniforme, que, por sua vez, tende a perpetuar a uniformidade das preleções e lições, enquanto, por trás desta imposta uniformidade, vagueiam por caminhos desordenados e mais ou menos proibidos as tendências individuais.

 

A formação de propósitos é operação intelectual bem mais complexa do que poderia parecer. Envolve: 1) observação das condições e circunstâncias ambientes; 2) conhecimento do que aconteceu em situações similares no passado, conhecimento obtido, em parte, pela lembrança, em parte pela informação ou conselho; aviso de cuidado dos que tiveram maiores e mais amplas experiências; e 3) julgamento ou juízo, ou seja, a operação pela qual juntamos o que observamos e o que recordamos e concluímos sobre o que significa toda a situação, para podermos tomar, então, o propósito de ação. O propósito difere de um impulso ou desejo original por essa translação para um plano e método de ação, baseado na previsão das conseqüências de agir nas condições observadas... O problema crucial da educação é o de conseguir o adiamento da ação imediata em face do desejo, até que a observação e o julgamento intervenham e façam o seu trabalho... Impõe-se que a antecipação intelectual, a idéia das conseqüências se misture com o desejo e o impulso para adquirir força de movimento e dar, então, direção ao que seria atividade cega, enquanto o desejo dá às idéias ímpeto e projeção.

 

O objetivo da educação é capacitar o indivíduo para continuar a sua educação – ou o objeto e a recompensa do aprendizado é a capacidade contínua de crescimento. No entanto, esta idéia não pode ser aplicada para todos os membros de uma sociedade, exceto onde o intercurso do homem com o homem seja mútuo, exceto onde exista provisão adequada para a reconstrução dos hábitos e instituições sociais por meio de um amplo incentivo originado dos interesses eqüitativamente distribuídos. E isto significa uma sociedade democrática.

 

Eu acredito que educação é o método fundamental do progresso social e da reforma. Através da educação, a sociedade formula o seu próprio propósito, podendo organizar seus próprios meios e recursos, dirigindo-os no sentido em que ela pretende se mover.

 

A meta da vida não é a perfeição, mas o eterno processo de aperfeiçoamento, de amadurecimento e de refinamento.

 

Em escolas equipadas com laboratórios, lojas e jardins, que livremente introduzem dramatizações, jogos e desporto, existem oportunidades para reproduzir situações da vida, e para adquirir e aplicar informação e idéias em um progressivo impulso de experiências continuadas. As idéias não são segregadas; não formam ilhas isoladas. Animam e enriquecem o decurso normal da vida. Informação é vitalizada pela sua função; pelo lugar que ocupa na linha de ação.

 

Nós só pensamos quando nos defrontamos com um problema.

 

O homem não tem usado de modo amplo os poderes que lhe são inerentes para melhorar as próprias condições de vida porque tem esperado muito do auxílio divino e da Natureza.

 

Os homens nunca usaram totalmente os poderes que possuem para promover o bem porque esperam que algum poder externo faça o trabalho pelo qual são responsáveis.

 

Aprender? Certamente. Mas, primeiro, viver e aprender pela vida, na vida.2

 

Instrução é conseqüência de um processo de viver e não uma preparação para a vida futura.

 

Toda sociedade democrática é uma sociedade em indefinido estado de reconstrução.

 

 

 

 

A Democracia3 genuína é, primariamente, um modo de vida associado de experiência comunicada conjuntamente.

 

A Democracia precisa começar em casa e sua casa é a comunidade vicinal.

 

Nós comumente falamos de alguns Governos como representativos, em contraste com outros que não o são. Pela nossa hipótese, todos os Governos são representativos.

 

Uma Democracia é muito mais do que uma forma de Governo; é primacialmente uma forma de vida associada, de experiência conjunta e mutuamente comunicada.

 

O ponto mais forte a ser feito mesmo em favor de tais formas políticas rudimentares que a Democracia já alcançou – como o voto popular, a regra da maioria e assim por diante – é que, em alguma medida, elas envolvem uma consulta e uma discussão que revelam as necessidades e os problemas sociais.

 

Pois o que é a fé na Democracia nos papéis de consulta, de conferência, de persuasão, de discussão, na formação da opinião pública, a qual, a longo prazo, é autocorretiva, senão fé na capacidade de inteligência do homem comum para responder com bom senso ao livre jogo de fatos e de idéias, que são assegurados pelas garantias efetivas da livre investigação, da livre reunião e da livre comunicação?

 

Existe mais do que uma aliança formal entre palavras comuns, comunidade e comunicação. Os homens vivem em comunidade em virtude de coisas que possuam em comum; e comunicação é a maneira pela qual eles adquirem coisas em comum.

 

Se a Democracia tem significação moral e ideal, é porque se exige de todos uma retribuição social e porque se proporciona, a todos, oportunidade para o para o desenvolvimento das suas aptidões distintivas.

 

As disputas e controvérsias devem ser transformadas em empreendimentos cooperativos em que as duas partes aprendem, ao possibilitar, uma à outra, a chance de se expressarem. E esta chance deve ser conferida não porque consiste em um direito das pessoas, mas porque representa uma crença na expressão das diferenças, que, por sua vez, consiste em um meio de enriquecer a experiência de vida pessoal de cada um.

 

Os meios e os fins da Democracia são inevitavelmente inseparáveis. Ou seja, a Democracia não é meramente um fim, mas também não se resume a um meio; ela é, ao mesmo tempo, meio e fim. E estes meios e fins podem ser de qualquer espécie, pois sempre haverá um meio de concretizar um fim. Assim, não há nada mais radical do que a insistência sobre métodos democráticos como os meios pelos quais mudanças sociais radicais são efetuadas. O fim da Democracia é um fim radical. Pois é um fim que não tem sido adequadamente realizado em nenhum país, em nenhum momento. Ele é radical porque requer uma grande mudança nas instituições sociais, econômicas, jurídicas e culturais existentes.

 

Para entender a idéia de Democracia é preciso perceber, no pensamento e na ação, que a Democracia é um modo pessoal de vida individual; que ela significa a possessão e o uso contínuo de certas atitudes, formando o caráter pessoal e determinando o desejo e o propósito em todas as relações da vida. Ao invés de pensar em nossas próprias disposições e hábitos como acomodados a certas instituições, nós temos que aprender a pensar nestas últimas como expressões, projeções e extensões das atitudes pessoais habitualmente dominantes.

 

A Democracia política deve subordinar-se à idéia de Democracia.

 

A Democracia é um modo de vida comandado por uma operante fé nas possibilidades da natureza humana. A crença no homem comum é um artigo familiar do credo democrático. Esta crença não tem base nem significado, senão quando significa fé nas potencialidades da natureza humana, na medida em que esta natureza é exibida em todo ser humano sem distinção de raça, cor, sexo, nascimento e família, riqueza material ou cultural. Esta fé pode ser decretada em leis, mas ela será apenas papel, a não ser que seja colocada em vigor nas atitudes que os seres humanos possuem uns com os outros em todas as circunstâncias e relações da vida cotidiana.

 

A Democracia é, assim, um modo de vida pessoal comandado não apenas pela fé na natureza humana em geral, mas pela fé na capacidade de os seres humanos terem discernimento ('judgement') e uma ação inteligente.

 

A pura consciência de uma vida comunal, com todas as suas implicações, constitui a idéia de Democracia.

 

A cura para uma Democracia em crise apenas pode ser alcançada se ao velho bordão for conferido um outro sentido, qual seja, o de retornar à própria idéia de Democracia. A solução para os males da Democracia política reside, assim, em encontrar a substância da idéia, em clarificá-la, compreendê-la, apreendê-la em seu sentido mais profundo, de modo a então possibilitar a crítica e a reconstrução de suas manifestações políticas.

 

A intenção que levou à criação das conhecidas instituições da Democracia moderna foi a de satisfazer necessidades e demandas concretas, e não a de promover a idéia democrática.

 

A natureza moral e social da escola pode servir como uma comunidade em miniatura – uma sociedade embriônica.

 

Enquanto a Grande Sociedade não se converter em Grande Comunidade, é, de certo modo, fútil considerar qual maquinaria política irá servi-la.

 

No exame das condições sob as quais o público disforme, agora existente, pode funcionar democraticamente, devemos proceder a partir de uma proposição da natureza da idéia democrática em seu sentido social genérico. Do ponto de vista do indivíduo, isso consiste em ter uma parcela de responsabilidade de acordo com a capacidade de formar e dirigir as atividades dos grupos a que se pertence, e em participar de acordo com a necessidade dos valores sustentados pelo grupo. Do ponto de vista dos grupos, isto demanda liberação das potencialidades dos seus membros em harmonia com os interesses e bens que são comuns. Uma vez que todo indivíduo é membro de vários grupos, esta especificação só pode ser cumprida se grupos diferentes interagirem flexível e plenamente em conexão com outros grupos.

 

Um bom cidadão considera a sua conduta como membro de um grupo político enriquecedora e enriquecida pela sua participação na vida familiar, no trabalho e nas associações científicas e artísticas.

 

A educação4 é a reconstrução ou a reorganização das experiências que somam ao significado de experiência e que aumenta a capacidade de conduzir o curso de experiências subseqüentes.

 

A matéria ou o conteúdo da educação consiste de corpos de informação e de habilidades que se elaboraram no passado; a principal tarefa da escola é, portanto, transmiti-los à nova geração. No passado, também padrões e regras de conduta se estabeleceram; logo educação moral consiste em adquirir hábitos de ação em conformidade com tais regras e padrões. Finalmente, o plano geral de organização da escola (por isto quero significar as relações gerais dos alunos uns com os outros e com os professores) faz da escola uma instituição radicalmente diferente das outras instituições sociais. Imaginemos a sala de aula comum, seus horários, esquemas de classificação, de exames e promoção, de regras de ordem e disciplina e, creio, logo veremos o que desejo exprimir com o plano de organização.

 

A educação é um processo de reconstrução e de reorganização da experiência, pelo qual lhe percebemos mais agudamente o sentido, e, com isto, nos habilitamos a melhor dirigir o curso de nossas experiências futuras.

 

Quem já começou a pensar coloca alguma porção do mundo em perigo.

 

A vontade geral rousseauniana, com a influência da metafísica alemã, foi erigida no dogma de uma vontade absoluta mística e transcendente, a qual por sua vez apenas não é outro nome para força porque foi identificada com razão absoluta.5

 

Aprendemos quando compartilhamos experiências.

 

Liberdade, Igualdade e Fraternidade: Apenas quando está associada à comunidade, a liberdade consiste na liberação e satisfação das potencialidades pessoais. A igualdade, por sua vez, implica o compartilhamento das conseqüências da ação coletiva por parte de cada indivíduo membro da comunidade. E, por fim, a fraternidade passa a ser outro nome para os bens conscientemente apreciados que provêm da própria associação e por ela são compartilhados.

 

Alcançar um objetivo é o ponto de partida para outro objetivo.6

 

A mais profunda das solicitações na natureza humana é o desejo de ser importante.

 

O aluno deve usar todo o conhecimento trabalhado em seu regime escolar para poder solucionar certas situações ocorrentes em seu dia-a-dia, integrando os conceitos aprendidos em sala de aula na sua vida cotidiana.

 

A personalidade e o caráter não são meros meios, mas instrumentos para o alcance de certos fins.

 

Os saberes psicológicos e filosóficos não são antagônicos, pois a Psicologia é um método filosófico – uma ciência essencial para o pensar filosófico. A Psicologia contém os saberes sobre o Universo individualizado, sem o qual nenhuma filosofia é possível.

 

Os juízos não possuem um 'modus operandi' próprio; vigoram somente pela mediação dos hábitos e das tendências daquele que julga.7

 

A natureza humana é essencialmente social, construída no mundo em que o indivíduo vive, devendo ser entendida como algo constantemente mutável, jamais passível de ser definida aprioristicamente.

 

Uma sensação não é anterior à experiência ou ao conhecimento; é somente um elemento da experiência consciente. Logo, uma sensação que existe somente na e para a experiência não pode ser usada para explicar a experiência.

 

O empenho para explicar a origem do conhecimento repousa no fato admitido de que a consciência individual vai se formando. A única maneira de explicar este vir-a-ser, sem incoerências, é postulando uma Consciência Universal. Mas, a relação entre a consciência individual e a Consciência Universal constitui um só movimento gerado na experiência, uma vez que a consciência individual é apenas o processo de realização da Consciência Universal.

 

Pragmático é uma função que incumbe as conseqüências como provas necessárias da validez das proposições, sempre que estas conseqüências se tenham alcançado operativamente e sejam tais que resolvam o problema específico que suscita as operações.

 

Todas as formas se originam da operação de investigação e dizem respeito ao controle deste processo de investigação, de modo a levá-lo a produzir asserções garantidas.

 

Para os metafísicos, a experiência nunca se ergue acima do nível particular, do contingente e do provável. Só um poder que transcenda, na origem e por seu conteúdo, toda e qualquer experiência concebível, poderá alcançar autoridade e direção universal necessária e certa. Os próprios empíricos admitiram a justeza de tais assertos. Apenas disseram que, visto não existir uma faculdade da Razão Pura em posse da Humanidade, devemos acomodar-nos com o que temos – a experiência – e utilizá-la da melhor forma possível.

 

Através da experiência, os seres vivos alteram-se alterando o Universo. O homem, neste processo de alteração mútua com o meio, é capaz de acumular experiências e de formular o conhecimento.

 

O problema de método na formação de hábitos de pensamento reflexivo é o problema de estabelecer condições que despertem e guiem a curiosidade; de preparar, nas coisas experimentadas, as conexões que, ulteriormente, promovam o fluxo de sugestões, criem problemas e propósitos que favoreçam a consecutividade na sucessão de idéias.

 

O isolamento pode causar a rigidez, a institucionalização formal da vida e os ideais estáticos e egoístas.

 

Pode-se comparar a diferença entre o ponto de vista lógico e psicológico com a diferença que existe entre as notas que um explorador toma em um país desconhecido, onde tente descobrir e traçar um caminho, e o mapa perfeito e acabado que se constrói depois que a região tenha sido definitivamente explorada. Os dois são mutuamente dependentes. Sem a marcha tortuosa e incerta do explorador, não se poderiam colher os fatos necessários para o levantamento completo do mapa.

 

Com o desenvolvimento da civilização, acentua-se a lacuna entre a capacidade original dos imaturos e os padrões e costumes dos adultos. O mero desenvolvimento físico – ou seja, o mero domínio de capacidades básicas de subsistência – não será suficiente para reproduzir a vida do grupo.

 

Aprender significa adquirir o que já foi incorporado aos livros e à mente dos mais velhos. Considera-se o que se ensina como essencialmente estático... Trata-se de produto cultural de sociedades que supunham o futuro em tudo semelhante ao passado. O conhecimento do passado é, antes, um meio do que um fim, dirigido ao propósito de equacionamento dos problemas postos pela atualidade. Isto nos põe ante o problema de descobrir a relação entre as realizações do passado e os problemas do presente.

 

Quantos estudantes, por exemplo, se tornam insensíveis às idéias, e quantos perdem o ímpeto por aprender, devido ao modo por que experimentam o ato de aprender? Quantos adquirem habilidades por meio de exercícios de automatismo e assim limitam a capacidade de julgar e agir inteligentemente em situações novas? Quantos acabam por associar o processo de aprendizagem com algo de enfadonho e tedioso? Quantos acharam o que aprenderam tão alheio às situações da vida fora da escola, que nenhuma capacidade de controle puderam desenvolver para o comando da vida? Quantos para sempre perderam o gosto pelos livros, associando-os a supremo enfado e ficando condicionados para apenas lerem sumária e ocasionalmente?8

 

 

Automatismo... Repetição...

 

 

 

 

MEU CREDO PEDAGÓGICO
John Dewey

(traduzido do inglês por Bruna T. Gibson)
Fonte:
http://www.futuroeducacao.org.br/

 

 

Artigo I
O que é a Educação

 

Eu acredito que toda educação acontece com a participação do indivíduo na consciência social da raça. Esse processo se inicia inconscientemente quase com o nascimento, e está continuamente modelando os poderes do indivíduo, saturando sua consciência, formando seus hábitos, treinando suas idéias e estimulando seus sentimentos e emoções. Através dessa educação inconsciente o indivíduo gradualmente passa a partilhar dos recursos intelectuais e morais que a Humanidade conseguiu reunir. Ele se torna um herdeiro da capital financiada da civilização. A educação mais formal e técnica do mundo não pode se afastar com segurança desse processo geral. Só pode organizá-lo ou diferenciá-lo em uma direção particular.

Acredito que a única real educação vem através do estímulo dos poderes da criança pelas exigências das situações sociais nas quais ela se encontra. Através dessas exigências, ela é estimulada a agir como um membro da unidade, a emergir da sua estreiteza de ação e sentimento original e a considerar-se a partir do ponto de vista do grupo ao qual ele pertence. Através das respostas dos outros às suas atividades ela passa a saber o que elas significam em termos sociais. O valor que essas ações têm é refletido de volta para ela. Por exemplo, através da resposta às suas balbuciações instintivas, a criança passa a saber o que elas significam; elas se transformam em linguagem articulada e, dessa forma, a criança é introduzida à riqueza consolidada de idéias e emoções que agora estão resumidas na linguagem.

Acredito que esse processo educacional têm dois lados – um psicológico e outro sociológico; e que um não pode ser submetido ao outro ou negligenciado sem ocasionar prejuízos. Desses dois lados, o psicológico é a base. Os próprios instintos e poderes da criança fornecem o material e marcam o local do início de toda a educação. A não ser que os esforços do educador se conectem a alguma atividade que a criança esteja realizando por sua própria iniciativa independente do educador, a educação se reduz a uma pressão exterior. Ela pode, de fato, dar certos resultados exteriores, mas não pode ser verdadeiramente chamada de educativa. Sem o 'insight' da estrutura e atividades psicológicas do indivíduo, o processo educativo será, portanto, aleatório e arbitrário. Se, por acaso, coincide com a atividade da criança, irá alavancá-la; se não, irá resultar em atrito, desintegração ou aprisionamento da natureza da criança.

Acredito que o conhecimento das condições sociais, do estado presente da civilização, é necessário para que se possa interpretar adequadamente os poderes da criança. A criança tem o seus próprios instintos e tendências, mas nós não sabemos o que eles significam até os traduzirmos para os seus equivalentes sociais. Devemos ser capazes de rastreá-los até um passado social e vê-los como a herança das atividades anteriores da raça. Também devemos ser capazes de projetá-los para o futuro para ver quais serão seus resultados e fins. Na ilustração utilizada, é a habilidade de ver nos balbucios da criança a promessa e a potência de um futuro intercurso e conversa sociais que nos possibilitam lidar com esse instinto da maneira adequada.

Acredito que os lados psicológico e social estão organicamente relacionados e que a educação não pode ser considerada como uma cessão entre os dois ou uma imposição de um sobre o outro. Dizem que a definição psicológica da educação é estéril e formal – que nos dá somente a idéia de um desenvolvimento de todos os poderes mentais sem nos dar qualquer idéia de como utilizá-los. Por outro lado, é afirmado que a definição social da educação, como sendo ajustada à civilização, faz dela um processo forçado e externo, e resulta na subordinação da liberdade do indivíduo a um status social e político preconcebido.

Acredito que cada uma dessas objeções é verdadeira quando afirmada sobre um lado isolado do outro. Para que possamos saber o que um poder realmente é, devemos saber qual é o seu fim, uso ou função; e não podemos saber isso a não ser que consideremos o indivíduo como um ser ativo nos relacionamentos sociais. Mas, por outro lado, o único ajustamento possível que podemos oferecer à criança sob as condições existentes é aquele que surge quando damos a ela a posse completa de todos os seus poderes. Com o advento da Democracia e das condições industriais modernas, é impossível prever definitivamente como a civilização será daqui a vinte anos. Por conseguinte, é impossível preparar a criança para qualquer conjunto preciso de condições. Prepará-la para a vida futura significa dar-lhe o comando de si mesma; significa treiná-la de forma que ela tenha o uso completo e pronto de todas as suas capacidades; que seus olhos, ouvidos e mãos sejam ferramentas prontas para comandar, que seu julgamento seja capaz de compreender as condições sob as quais deve trabalhar, e que suas forças executivas sejam treinadas para agir econômica e efetivamente. É impossível atingir esse tipo de ajustamento a não ser que se considere os próprios poderes, gostos e interesses do indivíduo, isto é, quando a educação for continuamente convertida em termos psicológicos.

Em suma: acredito que o indivíduo que deve ser educado é um indivíduo social, e que a sociedade é uma união orgânica de indivíduos. Se eliminarmos o fator social da criança, nos restará somente uma abstração; se eliminarmos o fator individual da sociedade, nos restará somente uma massa inerte e sem vida. A educação, portanto, deve se iniciar com uma percepção psicológica das capacidades, interesses e hábitos da criança. Deve ser controlada em todos os pontos por uma referência a essas mesmas considerações. Esses poderes, interesses e hábitos devem ser continuamente interpretados, ou seja, devemos saber o que eles significam. Eles devem ser traduzidos em termos dos seus equivalentes sociais – em termos das suas capacidades no âmbito do serviço social.

 


Artigo II
O que é a Escola

 


Acredito que a escola é primariamente uma instituição social. Sendo a educação um processo social, a escola é simplesmente a forma de vida em comunidade, na qual aquelas agências estão concentradas, que será mais efetiva em fazer com que a criança compartilhe dos recursos herdados da raça, e com que use seus próprios poderes para fins sociais.

Acredito que a educação, portanto, é um processo de vivência, e não uma preparação para a vida futura.

Acredito que a escola deve representar a vida presente – uma vida tão real e vital para a criança como aquela que ela tem na sua casa, na vizinhança ou no parque.

Acredito que a educação que não ocorre através de formas da vida ou de formas que valem a pena ser vividas por si mesmas, é sempre uma substituta pobre para a genuína realidade, e tende a limitar e a enfraquecer.

Acredito que a escola, como uma instituição, deve simplificar a vida social existente; deveria reduzi-la, por assim dizer, a uma forma embrionária. A vida existente é tão complexa que a criança não pode ser posta em contato com ela sem ficar confusa ou distraída; ela ficará ou estupefata pela multiplicidade de atividades que estejam acontecendo, fazendo com que ela perca seu próprio poder de reação ordenada, ou será tão estimulada por essas variadas atividades que seus poderes serão prematuramente levados à atividade e ela se tornará indevidamente especializada ou simplesmente desintegrada.

Acredito que, como vida social simplificada, a vida escolar deveria se desenvolver gradualmente a
partir da vida doméstica; que deveria adotar e continuar as atividades com as quais a criança já está familiarizada no seu lar.

Acredito que deveria exibir essas atividades à criança e reproduzi-las de tal modo, que a criança aprenda gradualmente o significado delas, e se torne capaz de representar seu próprio papel em relação a elas.

Acredito que isso é uma necessidade psicológica, porque é o único modo de assegurar a continuidade do crescimento da criança, a única forma de fornecer o pano de fundo da experiência passada às novas idéias apresentadas na escola.

Acredito também que é uma necessidade social, porque o lar é a forma de vida social na qual a criança foi criada e onde teve seu treinamento moral. É dever da escola aprofundar e aumentar seu senso dos valores ligados à sua vida doméstica.

Acredito que grande parte da educação moderna falha porque negligencia esse princípio fundamental da escola como uma forma de vida em comunidade. Ela concebe a escola como um lugar onde certas informações devem ser fornecidas, onde certas lições devem ser aprendidas, ou onde certos hábitos devem ser formados. Concebe-se que o valor disso está amplamente em um futuro remoto. As criança devem fazer essas coisas em razão de algo mais que elas devem realizar; elas são uma mera preparação. Como resultado, elas não se tornam parte da experiência de vida das crianças e, por isso, não são verdadeiramente educativas.

Acredito que a educação moral está centrada nessa concepção da escola como um modo de vida social, que o melhor e mais profundo treinamento moral é precisamente aquele que adquirimos através de relações apropriadas com os outros em uma unidade de trabalho e de pensamento. Os sistemas educacionais atuais, enquanto destroem ou negligenciam essa unidade, dificultam ou impossibilitam qualquer treinamento moral genuíno e regular.

Acredito que a criança deve ser estimulada e controlada no seu trabalho através da vida da comunidade.

Acredito que, sob as condições existentes, demasiado estímulo e controle procede do professor, em razão da negligência da idéia da escola como forma de vida social.

Acredito que o lugar e trabalho do professor na escola devem ser interpretados a partir da mesma base. O professor não está na escola para impor certas idéias ou para formar certos hábitos na criança, mas está lá como um membro da comunidade para selecionar as influências que devem afetar a criança, e para assisti-la a responder apropriadamente a essas influências.

Acredito que a disciplina da escola deve proceder a partir da vida da escola como um todo, e não diretamente a partir do professor.

Acredito que o dever do professor é simplesmente determinar, com base na experiência mais ampla e na sabedoria mais madura, como a disciplina da vida deve chegar até a criança.

Acredito que todas as questões da avaliação da criança e da sua promoção devem ser determinadas tendo como referência o mesmo padrão. As avaliações são úteis até o ponto em que testam o preparo da criança para a vida social e revelam o lugar no qual ela pode ter mais utilidade e onde pode receber o maior auxílio.

 


Artigo III
O Conteúdo da Educação

 


Acredito que a vida social da criança é a base da concentração ou correlação em todo o seu treinamento ou crescimento. A vida social fornece a unidade inconsciente e o pano de fundo de todos os seus esforços e de todas as suas conquistas.

Acredito que o conteúdo do currículo escolar deveria marcar uma diferenciação gradual a partir da unidade inconsciente primitiva da vida social.

Acredito que violamos a natureza da criança e dificultamos a obtenção de melhores resultados éticos ao introduzi-la demasiado abruptamente a vários estudos especiais, leituras, escrita, geografia etc., fora de uma relação com essa vida social.

Acredito, portanto, que o verdadeiro centro da correlação nos assuntos da escola não é ciência, nem literatura, nem história, e nem geografia, mas, sim, as próprias atividades sociais da criança.

Acredito que a educação não pode ser unificada no estudo da ciência ou do chamado estudo da natureza, porque, separada da atividade humana, a própria Natureza não é uma unidade; a Natureza, por si só, é um número de diversos objetos no espaço e no tempo, e tentar torná-la o centro do trabalho é introduzir o princípio da irradiação, ao invés do da concentração.

Acredito que a literatura é uma expressão e interpretação-reflexo da experiência social; que, portanto, deve se dar a partir dessa experiência, e não precedê-la. Ela, portanto, não pode ser tomada como base, apesar de poder ser o resumo da unificação.

Acredito novamente que a história tem valor educativo até o ponto em que apresenta as fases da vida social e do crescimento. Deve ser controlada por referências à vida social. Quanto tomada simplesmente por história, é jogada de volta a um passado distante e se torna morta e inerte. Considerada como um registro da vida social e progresso do homem, se torna cheia de significado.

Acredito, no entanto, que não pode ser assim considerada exceto quando a criança for também introduzida diretamente na vida social.

Acredito, conseqüentemente, que a base primária da educação está nos poderes em atividade da própria criança, nas mesmas linhas construtivas gerais daqueles que atuaram na formação da civilização.

Acredito que a única forma de conscientizar a criança acerca da sua herança social é torná-la capaz de realizar os tipos fundamentais de atividade que fazem da civilização o que ela é.

Acredito, portanto, que as chamadas atividades expressivas ou construtivas são o centro da correlação.

Acredito que isso forneça o padrão para o lugar que o treinamento manual, a cozinha, a costura etc. devem ter na escola. Acredito que eles não são estudos especiais que devem ser introduzidos depois e sobre todos os outros, como uma forma de relaxamento ou alívio ou como conquistas adicionais. Ao invés disso, acredito que eles representam, como símbolos, formas fundamentais da atividade social; e que é possível e desejável que a introdução da criança aos assuntos mais formais do currículo seja por meio dessas atividades.

Acredito que o estudo da ciência é educacional até o ponto em que revela os materiais e processos que fazem a vida social ser o que é.

Acredito que uma das maiores dificuldades no ensino atual da ciência é que o material é apresentado de uma forma puramente objetiva ou é tratado como uma nova e peculiar forma de experiência que a criança pode acrescentar àquelas que ela já tem. Na verdade, a ciência tem valor porque dá a habilidade de interpretar e de controlar a experiência já adquirida. Ela não deveria ser introduzida tanto como um novo assunto, mas como algo que mostrasse os fatores já
envolvidos em experiências passadas e que fornecesse ferramentas com as quais aquela experiência pode ser mais fácil e efetivamente regulada.

Acredito que atualmente nós perdemos muito do valor dos estudos da literatura e da linguagem por causa da eliminação do elemento social. A linguagem é quase sempre tratada nos livros de pedagogia simplesmente como a expressão do pensamento. É verdade que a linguagem é um instrumento lógico, mas é fundamentalmente e primariamente um instrumento social. A linguagem
é o instrumento da comunicação; é a ferramenta através da qual um indivíduo passa a partilhar das idéias e dos sentimentos dos outros. Quando tratada simplesmente como uma forma de adquirir informação individual ou como um meio de exibir o que se aprendeu perde seu motivo e fim social.

Acredito, portanto, que não há uma sucessão de estudos no currículo escolar ideal. Se a educação é vida, a vida como um todo tem, desde o início, um aspecto científico, um aspecto artístico e cultural, e um aspecto de comunicação. Não pode, portanto, ser verdade que os assuntos adequados para uma série sejam meras leituras e escritas, e que, numa série posterior, a leitura, ou a literatura, ou a ciência possam ser introduzidas. O progresso não está na sucessão de estudos, mas no desenvolvimento de novas atitudes para com as experiências e novos interesses nelas.

Acredito, finalmente, que a educação deve ser concebida como uma reconstrução contínua da experiência; que o processo e o objetivo da educação são uma e única coisa.

Acredito que estabelecer qualquer fim fora da educação e fornecer seu objetivo e padrão é desprover o processo educacional de grande parte do seu significado, e isso tende a nos fazer apoiar em estímulos falsos e externos ao lidar com a criança.

 


Artigo IV
A Natureza do Método

 


Acredito que a questão do método é ultimamente redutível à questão da ordem do desenvolvimento dos poderes e interesses da criança. A lei para a apresentação e o tratamento do material é a lei implícita na própria natureza da criança. Por causa disso, acredito que as seguintes declarações são de suprema importância para determinar o espírito no qual a educação é conduzida:

1. Acredito que o lado ativo precede o passivo no desenvolvimento da natureza da criança; que a expressão vem antes da impressão consciente; que o desenvolvimento muscular precede o sensorial; que os movimentos vêm antes das sensações conscientes; acredito que a consciência é essencialmente motora ou impulsiva; que os estados de consciência tendem a projetar a si mesmos na ação.

Acredito que a negligência desse princípio é a causa de grande parte da perda de tempo e forças nos trabalhos escolares. A criança é jogada em uma atitude passiva, receptiva ou absorvente. As condições são tais que não lhe é permitido seguir a lei da sua natureza; o resultado é fricção e desperdício.

Acredito que as idéias (processos intelectuais e racionais) também resultam da ação e se transferem em razão de um melhor controle da ação. O que nós denominamos razão é primariamente a lei da ação ordenada ou efetiva. Tentar desenvolver o poderes de raciocínio e os poderes de julgamento sem referência à seleção e organização dos meios em ação é a falácia fundamental nos nossos métodos atuais de lidar com essa questão. Como resultado, apresentamos à criança símbolos arbitrários. Símbolos são uma necessidade no desenvolvimento mental, mas eles têm o seu lugar como ferramentas para economizar esforço; apresentados sozinhos, eles são uma massa de idéias arbitrárias e sem significado impostas exteriormente.

2. Acredito que a imagem é o grande instrumento de instrução. O que uma criança adquire de qualquer assunto que lhe seja apresentado são simplesmente as imagens que ela mesmo forma em relação a esses assuntos.

Acredito que, se nove décimos da energia atualmente direcionada a fazer com que a criança aprenda certas coisas fosse gasta para assegurar que a criança esteja formando imagens adequadas, o trabalho de instrução seria indefinidamente facilitado.

Acredito que grande parte do tempo e da atenção hoje dedicados à preparação e apresentação de lições poderia ser mais sábia e lucrativamente gasto no treinamento do poder imaginativo da criança, e em assegurar que ela está continuamente formando imagens definidas, vívidas e crescentes dos vários assuntos com os quais ela entra em contato na sua experiência.

3. Acredito que os interesses são os sinais e os sintomas de um poder crescente. Acredito que eles representam capacidades nascentes. Portanto, a observação constante e cuidadosa dos interesses é da maior importância para o educador.

Acredito que esses interesse devem ser observados como medidores do estado de desenvolvimento que a criança alcançou.

Acredito que eles profetizam o estágio no qual a criança está prestes a entrar.

Acredito que é só através da observação contínua e simpática dos interesses da criança que o adulto pode adentrar a vida da criança e ver para o que ela está pronta, e com qual material ela poderia trabalhar mais pronta e proveitosamente.

Acredito que esses interesses não devem ser ridicularizados nem reprimidos. Reprimir um interesse é substituir a criança pelo adulto, o que enfraquece a curiosidade intelectual e a vigilância, suprime a iniciativa e enfraquece o interesse. Ridicularizar os interesses é substituir o transitório pelo permanente. O interesse é sempre o sinal de um poder subjacente; o importante é descobrir esse poder. Ridicularizar o interesse é falhar em penetrar abaixo da superfície, e isso resulta seguramente na substituição de caprichos e excentricidades por interesses genuínos.

4. Acredito que as emoções são o reflexo das ações.

Acredito que se esforçar para estimular as emoções separadamente das suas atividades correspondentes é introduzir um estado mental prejudicial e mórbido.

 

Artigo V
A Escola e o Progresso Social

 


Acredito que a educação é o método fundamental de progresso e reforma sociais.

Acredito que todas as reformas que se fundamentam simplesmente na decretação de leis, ou na ameaça de certas penalidades, ou em alterações de arranjos mecânicos e exteriores são transitórias e fúteis.

Acredito que a educação é uma regulação do processo de compartilhamento da consciência social, e que o ajuste da atividade individual à base dessa consciência social é o único método assegurado de reconstrução social.

Acredito que essa concepção considera corretamente tanto os ideais individuais quanto os sociais. É devidamente individual porque reconhece a formação de um certo caráter como a única base
genuína para uma vida correta. É social porque reconhece que esse caráter correto não deve ser formado meramente a partir do preceito, do exemplo ou da exortação individuais, mas, sim, a partir da influência de alguma forma de vida institucional ou comunitária sobre o indivíduo, e que o organismo social, através da escola como seu órgão, pode determinar resultados éticos.

Acredito que, na escola ideal, temos a reconciliação dos ideais individualistas e socialistas.

Acredito que o dever da comunidade para com a educação é, portanto, seu dever moral supremo. Através da lei e da punição, da agitação e da discussão social, a sociedade se regula e se constitui de uma forma mais ou menos aleatória e casual. No entanto, através da educação, a sociedade pode formular seus próprios propósitos, pode organizar seus próprios meios e recursos, e assim se modelar com assertividade e economia na direção em que deseja se deslocar.

Acredito que, assim que a sociedade reconhecer as possibilidades que surgem com esse direcionamento, e as obrigações que essas possibilidades impõem, é impossível conceber os recursos de tempo, de atenção e de dinheiro que serão disponibilizados ao educador.

Acredito que cada um que esteja interessado na educação deve insistir na escola como o interesse primário e mais efetivo de progresso e reforma sociais, para que a sociedade possa acordar e perceber o que a escola representa, e que seja estimulada a atender a necessidade de favorecer o educador com equipamentos suficientes e apropriados para realizar a sua tarefa.

Acredito que a educação assim considerada marca a união mais perfeita e íntima da ciência e da arte concebível pela experiência humana.

Acredito que a arte de dar dessa maneira forma aos poderes humanos, adaptando-os ao serviço social, é a arte suprema; uma arte que chapa a seu serviço os melhores artistas; que nenhuma percepção, simpatia, tato e poder executivo são grandes demais para tal serviço.

Acredito que, com o crescimento do serviço psicológico fornecendo percepções adicionais sobre a estrutura individual e as leis de crescimento, e com o crescimento da ciência social adicionando informações ao nosso conhecimento sobre a organização correta dos indivíduos, todos os recursos científicos podem ser utilizados para o propósito da educação.

Acredito que, quando a ciência e a arte se unem dessa maneira, o objetivo mais importante da ação humana será alcançado; que os frutos mais genuínos da conduta humana serão estimulados e que o melhor serviço de que a natureza humana é capaz de realizar estará garantido.

Acredito, finalmente, que o educador não está envolvido simplesmente no treinamento dos indivíduos, mas na formação de uma vida social adequada.

Acredito que cada professor deveria perceber a dignidade da sua vocação; que ele é um servo social diferenciado em razão da manutenção da ordem social adequada e da asseguração do crescimento social correto.

Acredito que, dessa forma, o professor é sempre o profeta do Deus verdadeiro e o introdutor do verdadeiro reino de Deus.

 

 

Professor Jo-Ann Assteroid Lunatic Dewey

 

 

 

 

 

Epilogando Rapidinho

 

 

 

O homem comum

nutre o desejo de ser importante.

O místico incomum

peregrina lhanamente e abdicante.

 

 

O meu lado vezeiro

não quer mesmo nada de nada;

já o lado altaneiro

só quer pôr o pé na Santa Estrada.

 

 

O tempo dos quereres?

Agora está enterrado no outrora.

Um com todos os seres,

hoje, não canso de chamar: — simbora.

 

 

 


 

______

Notas:

1. Felizes os que têm a posse.

2. Já Aldous Leonard Huxley (Godalming, 26 de Julho de 1894 – Los Angeles, 22 de Novembro de 1963) disse: Todo o homem que interpreta o que lê leva dentro de si o poder de se ampliar, de multiplicar as formas que existem nele, para tornar sua vida plena, significativa e interessante.

3. A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (démokratía, de dêmos = 'povo' + kratía = força, poder). Este sistema de Governo foi desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido o berço da Democracia, nem todos podiam dela participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de Democracia era bem limitada.

Nota editada da fonte:

http://www.suapesquisa.com/
religiaosociais/democracia.htm

4. Disse Pitágoras (570 a.C. ou 571 a.C. – 496 a.C. ou 497 a.C): Educai as crianças e não será preciso castigar os homens.

5. Ora, como não há verdade absoluta, não pode mesmo haver razão absoluta. O Absoluto (conceito que vem do latim solutus ab omni re e compreende o que é em si e por si), em Filosofia, é definido como a realidade suprema e fundamental, independente de todas as demais e também como verdade primária em que se baseiam todas as outras, que, por isto, são relativas. Assim, por uns, o Absoluto foi considerado como a Suprema Idéia, a Suma Verdade, o Princípio Fundamental, ao passo que, para outros, apenas representa uma pseudo-idéia ou, como se expressou o filósofo francês Charles Bernard Renouvier (1815 – 1903) uma noção vazia de sentido.

6. Na vida, cada objetivo alcançado é uma síntese de nossos esforços intelectuais e espirituais; mas é também uma nova tese, que depois de antitetizada, se transforma em uma nova síntese mais elevada, mais concertada e mais compreensiva. Para o ser, nunca houve começo e jamais haverá fim; a estagnação paralisante – que, na verdade, inexiste – é, por assim dizer, uma espécie de morte em vida e, certamente, uma desconsideração com a Eterna Santa Vida.

 

 

 

 

7. Logo, misticamente, não há erro maior do fazer juízo de valor do que quer que seja e de quem quer que seja, pois, quando julgamos, estamos a emitir pareceres e opiniões com base em nossos conhecimentos, em nossas culturas e em nossos (pre)conceitos. Julgar é errar pensando acertar.

8. Comparem o teor deste fragmento com as pregações sermonárias religiosas em geral. Em parte, é por isto que muitos mudam de religião. E mudam... E mudam... E mudam... O repeteco é insuportável, soporífero e nauseante.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://politicstheoryphotography.blogspot.com/

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/
index.php/faced/article/viewFile/495/364

http://www.fae.ufmg.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pragmatismo

http://64.233.163.132/

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/
59/59137/tde-15042009-195532/

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-44782004000200005

http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/
snef/xvii/sys/resumos/T0587-1.pdf

http://www.pedagogia.seed.pr.gov.br/
modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=18

http://pt.wikipedia.org/
wiki/John_Dewey

http://www.netsaber.com.br/
biografias/ver_biografia_c_292.html

http://www.ponteiro.com.br/vf.php?p4=8512

http://frases.netsaber.com.br/busca_up.
php?l=&buscapor=John%20Dewey

http://www.pensador.info/autor/John_Dewey/

http://www.curriculosemfronteiras.org/
classicos/teiapple.pdf

http://educarparacrescer.abril.com.br/
aprendizagem/john-dewey-307892.shtml

http://www.planetaeducacao.com.br/
portal/artigo.asp?artigo=447

http://pt.wikiquote.org/
wiki/John_Dewey

 

Fundo musical:

Liberty

Fonte:

http://www.electrofresh.com/midi-38345-
download-anthems_usa_anthems-liberty.html