INSTANTES VAZIOS

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Jorge Luis Borges

(Fragmentos)

 

 

 

Jorge Luis Borges

 

 

 

A arte opta sempre pelo individual, o concreto; a arte não é platônica.

 

Sempre imaginei que o paraíso será uma espécie de biblioteca.

 

Dá o santo aos cães, atira tuas pérolas aos porcos; o que importa é dar.

 

O nacionalismo só permite afirmações, e toda doutrina que descarte a dúvida, a negação, é uma forma de fanatismo e de estupidez.

 

Lento em minha sombra, com a mão exploro/Meus invisíveis traços.

 

Parece-me fácil viver sem ódio. Sem amor, acho impossível.

 

Publicamos para não passar a vida a corrigir rascunhos. Quer dizer, a gente publica um livro para se livrar dele.

 

De todos os instrumentos do homem, o mais surpreendente é, sem dúvida nenhuma, o livro.

 

 

Instantes

 

 

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima, trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito; relaxaria mais. Seria mais tolo do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico; correria mais riscos. Faria mais viagens, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e comeria menos favas. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveram sensata e prolificamente cada minuto de sua vida. Claro que tive momentos de alegria, mas se eu pudesse voltar atrás, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disto é feita a vida: só de momentos. Não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se eu pudesse voltar a viver, viveria mais descontraído. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria mais com as crianças. Se eu tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas vejam: já tenho 85 anos e sei que estou morrendo. [Na verdade, a autoria do poema Instantes é questionada.]

 

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (Buenos Aires, Argentina, 24 de agosto de 1899 – Genebra, Suíça, 14 de junho de 1986).


 

 

 

 

 

El Bailarín de Tango

 

 

 

 

Aperta-chicos... Banzés... Prisões...

Vai-e-vens desnecessários!

Cus-de-boi... Distúrbios... Colisões...

Servilismos consuetudinários!

 

 

Aprioridades... Manias... (Des)opiniões...

Preconceitos acachapantes!

Descompassos... Trancos... Encontrões...

Fados e tangos estonteantes!

 

 

Alforria... Alforria... Alforria...

Livrei-me da velha sombrinha!

Alforria... Alforria... Alforria...

 

 

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://labiosdesilencio.wordpress.com/2007/10/
13/ler-borges-com-o-quixote-a-cabeceira-ii/

http://africanhistory.about.com/od/slavery
images/ig/Slavery-Images-Gallery/Slave.htm

http://www.rcadena.net/
borges.htm

http://www.pensador.info/
autor/Jorge_Luiz_Borges/

 

Fundo musical:

Mano a Mano (Celedonio Esteban Flores, Carlos Gardel & José Razzano)

Fonte:

http://www.nurisite.com/
midisonly/argentina/tangos.htm

 

Observação:

A animação em flash El Bailarín de Tango foi editada a partir de um GIF animado disponibilizado na Página da Internet abaixo referenciada. Assim sendo, o web designer que produziu o GIF animado detém os mesmos direitos legais e autorais sobre a animação em flash.

Fonte do GIF animado:

http://www.btinternet.com/
~edward.caution/littledarling.htm