JOSÉ JULIÁN MARTÍ PÉRES

 

 

 

José Julián Martí Pérez

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Liberdade é o direito de cada homem tem de ser honrado, de pensar e de falar sem hipocrisia. Esta sentença é do político, pensador, jornalista, filósofo, poeta e maçom cubano José Martí – grande mártir da independência de Cuba em relação à Espanha. Para ele, a luta deveria ser uma verdadeira transformação cubana em todos os aspectos: econômico, político e social. É de alguns dos seus pensamentos que este estudo irá prazerosamente tratar.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Cuba libre o muerte!

Cuba libre o muerte!

 

 

 

José Julián Martí Pérez (Havana, 28 de janeiro de 1853 – Dos Ríos, 19 de maio de 1895) foi um político, pensador, jornalista, filósofo, poeta e maçom cubano (iniciado em 1871 no Grande Oriente Lusitano Unido, atual Grande Oriente Lusitano), criador do Partido Revolucionário Cubano (PRC) e organizador da Guerra de 1895 ou Guerra Necessária. Seu pensamento transcendeu as fronteiras de sua Cuba natal para adquirir um caráter universal. Em seu país natal, também é conhecido como El Apóstol.

 

Filho de pai espanhol e mãe natural das Ilhas Canárias, José Martí foi o grande mártir da Independência de Cuba em relação à Espanha. Além de poeta e pensador fecundo, desde sua mocidade demonstrou sua inquietude cívica e sua simpatia pelas idéias revolucionárias que gestavam entre os cubanos.

 

Influenciado pelas idéias de independência do poeta cubano Rafael Maria de Mendive (Havana, 24 de outubro de 1821 – Matanzas, 1886), seu mestre na escola secundária de Havana, iniciou sua participação política escrevendo e distribuindo jornais com conteúdo separatista no início da Guerra dos Dez Anos. Com a prisão e deportação de seu mestre Mendive, cristalizou-se a atitude de rebeldia que Martí nutria contra a dominação espanhola.

 

Em 1869, com apenas dezesseis anos, publicou a folha impressa separatista El Diablo Cojuelo e o primeiro e único número da revista La Patria Libre. No mesmo ano, passou a distribuir um periódico manuscrito intitulado El Siboney. Pouco depois, foi preso e processado pelo Governo Espanhol por estar de posse de papéis considerados revolucionários. Foi condenado a seis anos de trabalhos forçados, mas passou somente seis meses na prisão. Em 1871, com a saúde debilitada, sua família conseguiu um indulto e obteve a permuta da pena original pela deportação para a Espanha. Na Espanha, Martí publicou, naquele mesmo ano, seu primeiro trabalho de importância: El Presidio Político en Cuba, no qual expôs as crueldades e os horrores vividos no período em que esteve na prisão. Nesta obra, já se encontravam presentes o idealismo e o estilo vigoroso que tornariam Martí conhecido nos círculos intelectuais de sua época. Mais tarde, dedicou-se ao estudo do Direito, obtendo o doutorado em Leis, Filosofia e Letras da Universidade de Saragoça, em 1874.

 

Em 19 de maio de 1895, no comando de um pequeno contingente de patriotas cubanos, após um encontro inesperado com tropas espanholas nas proximidades do vilarejo de Dos Ríos, José Martí foi atingido e veio a falecer em seguida. Seu corpo, mutilado pelos soldados espanhóis, foi exibido à população e posteriormente sepultado na cidade de Santiago de Cuba, em 27 de maio do mesmo ano.

 

 

 

José Julián Martí Pérez
Pensamentos

 

 

 

 

Base de Guantânamo1

 

 

Guantanamera
(José Julián Martí Pérez)

 

 

Yo soy um hombre sincero
De donde crece la palma,
Y antes de morirme quiero
Echar mis versos del alma.

 

Guantanamera,
guajira guantanamera.
Guantanamera,
guajira guantanamera.

 

Con los pobres de la tierra
Quiero mis versos dejar,
Porque el arroyo de la sierra,
Complace mucho más que el mar.

 

Guantanamera,
guajira guantanamera.
Guantanamera,
guajira guantanamera.

 

Mi verso es de un verde claro
Y de un jazmín encendido;
Mi verso es un ciervo herido
Que busca en el monte amparo.

 

Guantanamera,
guajira guantanamera.
Guantanamera,
guajira guantanamera.

 

Cultivo uma rosa blanca
Em lulio como em enero,
Para el amigo sincero
Que me da su mano franca.

 

Guantanamera,
guajira guantanamera.
Guantanamera,
guajira guantanamera.

 

 

A liberdade custa muito caro, e temos ou de nos resignarmos a viver sem ela ou de nos decidirmos a pagar o seu preço.

 

Instrução não é o mesmo que educação: aquela se refere ao pensamento, e esta principalmente aos sentimentos. Contudo, não há boa educação sem instrução. As qualidades morais sobem de preço quando estão realçadas por qualidades inteligentes.

 

Educação popular não quer dizer exclusivamente educação da classe pobre; porém, que todas as classes da nação, que é o mesmo que o povo, sejam bem educadas. Assim como não há nenhuma razão para que o rico se eduque e o pobre não, que razão há para que se eduque o pobre e o rico não? Todos são iguais.

 

O que sabe mais, vale mais. Saber é ter. A moeda se funde; o saber não. Os bônus, o papel-moeda, valem mais, ou nada: o saber sempre vale o mesmo, e sempre muito. Um rico necessita de suas moedas para viver, e podem ser perdidas, já não tendo meios de vida. Um homem instruído vive de sua ciência, e como a carrega em si, não a perde, e sua existência é fácil e segura.

 

O povo mais feliz é o que melhor tenha educado a seus filhos na instrução do pensamento e na direção dos sentimentos. Um povo instruído ama o trabalho e sabe tirar proveito dele. Um povo vitorioso viverá mais feliz e mais rico que outro cheio de vícios, e se defenderá melhor de todo ataque.

 

A um povo ignorante se pode enganar com a superstição e torná-lo servil. Um povo instruído será sempre forte e livre. Um homem ignorante está em caminho de ser um animal escravizado, e um homem instruído na ciência e na consciência já está em caminho de ser Deus. Não há que duvidar entre um povo de Deuses e um povo de animais escravizados. O melhor modo de defender nossos direitos é conhecê-los bem; assim se tem fé e força. Toda nação será infeliz enquanto não eduque a seus filhos. Um povo de homens educados será sempre um povo de homens livres. A educação é o único meio de salvar-se da escravidão. Tão repugnante é um povo que é escravo de homens de outro povo, como escravo de homens de si mesmo.

 

 

 

É preferível o bem de muitos à opulência de poucos.

 

Os sonhos de hoje serão as realidades de amanhã.

 

A Liberdade nunca morre dos ferimentos que recebe. O punhal que a fere leva às suas veias sangue novo.

 

Não há perdão para os atos de ódio. O punhal que se crava em nome da liberdade, se crava no peito da liberdade.

 

Apenas a opressão deve temer o exercício pleno da liberdade.

 

A dor do presídio é a mais severa; é a dor mais devastadora. Mata a inteligência e seca a alma, deixando marcas que nunca serão apagadas.

 

Educar é depositar em cada homem toda a obra humana que o antecedeu.

 

São abertas campanhas para a liberdade política. Deveriam ser abertas, com maior força, campanhas para a liberdade espiritual – para acomodação do homem à terra para que possa viver.

 

A mediocridade copia; a originalidade se atreve.

 

A vingança e o ódio são duas ficções que, em maldita hora, foram espalhadas pela Terra.

 

A justiça, a igualdade pelo mérito, o tratamento respeitoso do homem, a plena igualdade de direitos: isto é a revolução.

 

E os negros? Quem viu açoitar a um negro não se considera para sempre seu devedor? Eu o vi, vi-o quando era criança, e a vergonha ainda não se me apagou da face... Eu o vi e jurei a mim mesmo, desde então, a sua defesa...

 

Uma criança que não é educada para pensar sobre o que acontece em torno dela e vive sem saber se é ou não é honesta é como um homem que vive como um malandro e está a caminho de ser um canalha.

 

Uma criança, a partir do momento que comece a fazer uso da razão, deve ser ensinada a avaliar tudo o que vê, deve sofrer por todos os que não vivem honestamente e trabalhar para que todos os homens possam ser honestos, e deve, ainda, ela mesma ser honesta.

 

Um homem verdadeiro vai às raízes. Ser um radical não é mais do que isto: ir às raízes.

 

Quem não vê as coisas em sua profundidade não deve ser considerado um radical.

 

 

Ernesto "Che" Guevara

 

Um homem egoísta é um ladrão.

 

Um apetite insaciável pela glória leva ao sacrifício e à morte; mas o instinto inato leva à autopreservação e à vida.

 

O amor – como Sol que é derrete tudo. O que a ganância e o privilégio construíram ao longo dos séculos, com sua seqüência natural das almas oprimidas, será derrubado com um simples empurrão.

 

Quando as mulheres, que são de natureza calma e controlada, estão motivadas a dar ajuda, incentivam e aplaudem com o seu doce amor, então, elas são invencíveis.

 

Todo ser humano tem dentro de si um homem ideal, assim como cada pedaço de mármore contém em estado bruto uma estátua tão bela como a do deus Apolo esculpida pelo grego Praxíteles.2

 

 

Apolo

Apolo Saurocton (c. 350 a.C.)
Praxíteles
Cópia romana do original, Louvre, Paris

 

Quem usa injustamente um cargo para o qual foi eleito é um ladrão.

 

É um pecado não fazer o que se é capaz de fazer.

 

A morte é uma vitória, e quando se viveu bem o caixão é um arco de triunfo.

 

Um grão de poesia basta para perfumar todo um século.

 

Quem não se sentir ofendido com a ofensa feita a outros homens, quem não sentir na face a queimadura da bofetada dada noutra face, seja qual for a sua cor, não é digno de ser homem.

 

Esqueço o meu mal quando curo o mal dos demais.

 

Os homens são como as estrelas; alguns geram a sua própria luz, enquanto outros refletem o brilho que elas recebem.

 

O dinheiro é a mancha do mundo.

 

Theos vive como força impulsora, pura, magna: bem sabem os que estiveram presos nos cárceres dos homens...

 

Existe no homem um conhecimento íntimo, vago, mas constante e imponente – um Grande Ser Criador: este conhecimento é o sentimento religioso, e sua forma, sua expressão, a maneira com que cada agrupação de homens concebe Deus e o adora, é o que se chama religião. Por isto, na Antigüidade, havia tantas religiões como povos originais; mas nem um só povo deixou de sentir Deus e tributar-lhe culto. A religião está, pois, na essência de nossa natureza. Ainda que as formas variem, o grande sentimento de amor, de firme crença e de respeito, é sempre o mesmo. Deus existe e é adorado.

 

O homem que honra a si mesmo é capaz de ver as virtudes de outro homem.

 

O amor nasce do prazer de olhar um para o outro, é alimentado pela necessidade de ver um ao outro, e é concluído com a impossibilidade da separação!

 

Ajudar a quem necessita não só é parte do dever, mas também da felicidade.

 

Aquele que tem um direito não pode violar o do próximo para manter o seu.

 

A liberdade não pode ser frutífera para as pessoas que têm sangue em suas mãos.

 

Mais vale um minuto de pé do que uma vida de joelhos.

 

Também a um grande homem pode exasperar uma miserável mosca.

 

A manutenção da República e a cura para seus males, é, acima de tudo, a propagação da cultura.

 

Tudo já foi dito; mas as coisas sinceras, cada vez que são repetidas, são sempre novas.

 

 

Conflito no Cérebro

 

Só em silêncio você poderá perceber a dor dos outros.

 

A religiosidade do ser humano é determinada por dois elementos básicos: 1º) pela existência mesma deste Grande Ser Criador – Deus; e 2º) pelo conhecimento intuitivo de Deus por parte do ser humano.

 

Só o amor constrói... Amar é o único modo de crescer... Deus não pode odiar... É ingrato a Deus aquele que ensina às novas gerações o evangelho bárbaro do ódio, e não a prática doce do amor.

 

Agora se necessita, mais do que nunca, de templos de amor e de humanidade que desatem tudo o que de generoso existe no ser humano e que sujeitem tudo o que nele há de cru e vil.

 

Odiar não é bom. Repilo-o como distúrbio.

 

Se eu odiasse alguém, me odiaria a mim mesmo. Por isto, eu não sei odiar.

 

Não pode haver ódio contra os que não pensam como nós.

 

Somente edificam os que perdoam e amam. Haver-se-á de amar o adversário ainda que se esteja derrubando-o em terra. Os odiadores deveriam ser declarados traidores da república. O ódio não constrói.

 

A dor é o sal da glória.

 

Pura, desinteressada, perseguida, martirizada, poética e simples, a religião do Nazareno seduziu todos os homens honrados, indignados do vício alheio e ansiosos de ares de virtude; e seduziu as mulheres dispostas sempre ao maravilhoso, ao terno e ao belo...O fundador da família não é responsável pelos delitos que cometem os filhos de seus filhos.

 

A maldade é um acidente e a bondade humana é essencial. Se nasce bom; o mal se faz depois.

 

Quem fomenta e propaga a oposição e o ódio das raças peca contra a Humanidade.

 

Uma escola é uma forja de espíritos.

 

Não há batalha entre civilização e barbárie e, sim, entre a falsa erudição e a Natureza.

 

O poeta é o alimento vivo da chama com que ilumina.

 

A queixa é uma prostituição do caráter.

 

Não existe ódio de raças porque não existem raças. Os pensadores doentios, os pensadores de lampiões, tecem e requentam as raças de biblioteca, que o viajante justo e o observador cordial procuram em vão na justiça da Natureza, onde se destaca, no amor vitorioso e no apetite turbulento, a identidade universal do homem. A alma emana, igual e eterna, de corpos diversos em forma e em cor.

 

A sátira é a homenagem que a mediocridade invejosa paga sempre ao gênio.

 

O silêncio é o pudor dos grandes caracteres.

 

A vida não é propriedade do homem, mas empréstimo que lhe fez a Natureza.

 

O amor, mãe, à pátria
Não é o amor ridículo à terra,
Nem à relva que pisam nossos pés.
É o ódio invencível a quem a oprime,
É o rancor eterno a quem a ataca.
E tal amor desperta em nosso peito
O mundo de lembranças que nos chama
À vida outra vez...

 

A verdade se revela melhor aos pobres e aos que padecem.

 

Jamais houve na América, da independência para cá, assunto que requeira mais sensatez, nem que obrigue a maior vigilância, nem que peça exame mais claro e minucioso do que o convite que os EUA, potentes, repletos de produtos invendáveis e determinados a estender seus domínios pela América, fazem às nações americanas de menos poder, ligadas pelo comércio livre e útil com os povos europeus, para coordenar uma liga contra a Europa e encerrar tratados com o resto do mundo. Da tirania da Espanha soube salvar-se a América Espanhola; agora, depois de ver com olhos criteriosos os antecedentes, causas e fatores do convite, urge dizer, porque é a verdade, que para a América espanhola chegou a hora de declarar sua segunda independência.

 

Em sua Carta a Gonzalo de Quesada3 de 14/12/1889: Sobre nossa Terra, Gonzalo, paira outro plano mais tenebroso do que até agora conhecíamos e que é a iniqüidade de forçar a Ilha, de precipitá-la para a guerra, para ter o pretexto de nela intervir, e com o crédito de mediador ficar com ela. Coisa mais covarde não existe nos anais dos povos livres: nem maldade mais fria. Morrer para dar motivo de que se levante essa gente que nos empurra para a morte em seu próprio benefício?

 

O problema da independência não era uma mudança de forma, mas uma mudança de espírito. Com os oprimidos era preciso fazer uma causa comum, para afiançar o sistema oposto aos interesses e hábitos de mando dos opressores. O tigre, espantado pelo clarão do disparo, volta de noite ao lugar da presa. Morre soltando fogo pelos olhos e com as garras ao ar. Não se escuta quando se aproxima, pois vem com garras de veludo. Quando a presa acorda o tigre já está atacando. A colônia continuou vivendo na república, e nossa América está se salvando de seus grandes erros – da soberba das cidades capitais, do triunfo cego dos camponeses desdenhados, da importação excessiva das idéias e fórmulas alheias, do desprezo injusto e grosseiro pela raça aborígine – pela virtude superior, adubada com o sangue necessário, da república que luta contra a colônia. O tigre espera, atrás de cada árvore, agachado na esquina. Morrerá, garras para o ar, soltando fogo pelos olhos.

 

É preciso ter fé no melhor do homem e desconfiar do pior dele. É preciso dar oportunidade ao melhor para que se revele e prevaleça sobre o pior. Senão, o pior prevalece.

 

 

 

Onde quer que se governe é preciso prestar atenção para governar bem. E o bom governante na América não é o que sabe como se governam o alemão e o francês, mas, sim, aquele que sabe de quais elementos está constituído seu país, e como pode guiá-los conjuntamente para chegar, por métodos e instituições nascidas do próprio país, àquele estado desejado, em que cada homem se conhece e cumpre sua função, e todos desfrutam da abundância que a Natureza colocou no país que fecundam com seu trabalho e defendem com suas vidas. O Governo deve nascer do país. O espírito do Governo deve ser o do país. A forma de Governo deverá concordar com a constituição própria do país. O Governo não é mais do que o equilíbrio dos elementos naturais do país. É por isso que o livro importado foi vencido, na América, pelo homem natural. Os homens naturais venceram os letrados artificiais. O mestiço autóctone venceu o crioulo exótico. Não há batalha entre a civilização e a barbárie, mas sim entre a falsa erudição e a Natureza. O homem natural é bom, e acata, e premia a inteligência superior, enquanto esta não se vale de sua submissão para prejudicá-lo ou não o ofende prescindindo dele, coisa que o homem natural não perdoa, disposto a recuperar pela força o respeito do que lhe fere a suscetibilidade ou lhe prejudica os interesses. Por esta concordância com os elementos naturais desdenhados, subiram ao poder os tiranos da América; e caíram logo após tê-los traído. As repúblicas purgaram, nas tiranias, sua incapacidade de conhecer os elementos verdadeiros do país, de derivar deles a forma de Governo, e de governar com eles. Governante, num povo novo, quer dizer criador.

 

Criar é a palavra-chave desta geração.

 

Como poderão sair das universidades os governantes, se não há universidades na América onde se ensine o rudimentar da arte de Governo, que não é mais do que a análise dos elementos peculiares dos povos da América? Os jovens saem pelo mundo adivinhando as coisas com óculos ianques ou franceses e pretendem dirigir um povo que não conhecem. Na carreira política, dever-se-ia negar entrada aos que desconhecem os rudimentos da política. O prêmio dos concursos não deverá ser para a melhor ode, mas para o melhor estudo dos fatores do país em que se vive. No jornal, na cátedra, na academia, deve-se levar adiante o estudo dos fatores reais do país. Basta conhecê-los, sem vendas nem disfarces; pois aquele que, por vontade ou esquecimento, deixa de lado uma parte da verdade, tomba, afinal, vítima da verdade que lhe faltou, e cresce na negligência e derruba aquele que se levanta sem ela. Resolver o problema depois de conhecer seus elementos é mais fácil do que resolver o problema sem conhecê-los. Vem o homem natural – indignado e forte – e derruba a justiça acumulada nos livros, porque não é administrada de acordo com as necessidades patentes do país. Conhecer é resolver. Conhecer o país e governá-lo conforme o conhecimento é o único modo de livrá-lo de tiranias. A universidade européia deve dar lugar à universidade americana. A história da América, dos incas para cá, deve ser ensinada minuciosamente, mesmo que não se ensine a dos arcontes da Grécia. A nossa Grécia é preferível à Grécia que não é nossa. Nos é mais necessária. Os políticos nacionais substituirão os políticos exóticos. Enxerte-se, em nossas repúblicas, o mundo; mas o tronco terá de ser o de nossas repúblicas. E cale-se o pedante vencido; pois não há pátria na qual o homem possa ter mais orgulho do que em nossas sofridas repúblicas americanas.

 

Não haverá letras que tenham expressão enquanto não houver essência que expressar nelas. Nem haverá Literatura Hispano-americana enquanto não houver Hispano-América.

 

O hábito cria a impressão de justiça; o progresso não tem inimigo maior do que o hábito.

 

Querem levantar templos? Que façam casas para os pobres. Salvar almas querem? Pois, desçam a este inferno, não com esmolas que envilecem, mas com as artes do exemplo.

 

Há que se fazer causa comum com os oprimidos para fortalecer o sistema oposto aos interesses e hábitos de mando dos opressores... 'Homem te faço', disse o Criador: e lhe pôs nos lábios a palavra, e entre o cabelo e os olhos uma centelha de luz. Desde então, nem ser duque, nem marquês, nem conde, nem visconde, nem barão, é ser mais que homem... Vermes me parecem todos esses desprezadores dos pobres...

 

Observância rígida da moral. Melhoramento meu, ânsia pelo melhoramento de todos, vida pelo bem, meu sangue pelo sangue dos demais: eis aqui a única religião, igual em todos os climas, igual em todas as sociedades, igual e inata em todos os corações.

 

A liberdade é a religião definitiva. O mundo é religioso, e não é religião aquela que se rebela contra a Natureza.

 

As religiões, naquilo que têm de durável e puro, são forma de poesia que o homem pressente... São a poesia do mundo futuro.

 

Oh!, a religião, falsa sempre como dogma à luz do alto juízo, é eternamente verdadeira como poesia!

 

 

 

 

A poesia aquieta e formoseia o presente, deduz e ilumina o futuro e explica o propósito de inefável e sedutora bondade do Universo.

 

A poesia não é arte, mas essência. É a língua do subjetivo permanente. Em conseqüência, a poesia adquire caráter divino: a poesia é sagrada.

 

A poesia é expressão do belo, a expressão simbólica dos aspectos belos da Natureza.

 

Tudo, até a própria dor há de parecer amor no poeta.

 

A poesia é forjadora de esperança. Bem fazem sempre os poetas, que, em meio à tanta realidade humana, anunciam e prometem a vindoura realidade divina.

 

É dever do homem levantar o homem.

 

Assim como é admirável aquele que dá sua vida para servir à uma grande causa, é abominável aquele que se vale de uma grande idéia para servir às suas esperanças pessoais de glória e poder, mesmo que ele também arrisque a sua vida.

 

Como os ossos do corpo humano, o eixo da roda e o ar para a asa do pássaro, assim é a liberdade – que é a essência da vida. Tudo o que é feito sem liberdade é imperfeito.

 

Como as pedras que rolam pelas colinas, as idéias justas acabam atingindo os seus objetivos, apesar de todos os obstáculos e de todas as barreiras. Entretanto, é possível acelerá-las ou retardá-las, mas é impossível impedi-las.

 

O amor é o vínculo entre os homens, a maneira de ensinar e o centro do mundo.

 

O homem é depositário de poderes que ele não deve deixar em estado bruto.

 

Mesmo que concertadamente o homem não perceba, ele ama a liberdade. Ele é impulsionado por ela e foge de onde ela não existe.

 

Homens de ação, sobretudo aqueles cujas ações são guiadas pelo amor, vivem para sempre.

 

As montanhas culminam em picos, e as nações em homens.

 

Um princípio justo no fundo de uma caverna é mais poderoso do que um exército.

 

Apenas aqueles que espalham a traição, o fogo, a morte, o ódio e impedem a prosperidade dos outros são indignos de piedade.

 

Os homens famosos – de muita conversa, mas de poucas ações – se evaporam logo. A ação é a dignidade da grandeza.

 

Muitos vão para a cama com suas amantes; eu vou com as minhas idéias.

 

Talento é um dom que traz consigo a obrigação de servir o mundo, e não a nós mesmos.

 

As lutas travadas pelas nações sempre serão fracas quando faltar apoio no coração de suas mulheres.

 

O voto é uma confiança mais delicada do que qualquer outra, pois envolve não apenas os interesses do eleitor, mas a sua vida, a sua honra e o seu futuro também.

 

O desgraçado que vive sem liberdade parece estar vestido com a lama das ruas.

 

Há felicidade no dever, embora não pareça.

 

Ocupar-se tão-só com o que é inútil, quando se pode fazer algo útil, para atender apenas o que é simples, quando não se tem coragem para tentar o que é difícil, é tirar o talento da dignidade.

 

Sim, somos livres, mas não para fazer o mal, não para sermos indiferentes ao sofrimento humano, não para lucrarmos com as pessoas.

 

Existe uma religião: a inconformidade com a existência atual e a necessidade, encontrada em nós mesmos, de algo que realize o que concebemos.

 

A bondade é a flor da força.

 

Em política, o verdadeiro é o que não se vê.

 

Juntar-se – esta é a palavra do mundo.

 

 

 

 

Os homens têm dois caminhos quando nascem: o da submissão que os esmaga e deteriora ou o da estrela que ilumina, mas mata.

 

As crianças são a esperança do mundo.

 

Para se ir adiante dos demais é necessário ver mais do que eles.

 

Quem vai em busca de montes não se detém em recolher as pedras do caminho.

 

A melhor maneira de ser livre é ser culto.

 

Trincheiras de idéias valem mais que trincheiras de pedras.

 

Os privilégios são como as liberdades. Ou prejudicam todos ou favorecem todos.

 

A felicidade existe na Terra, mas só poderá ser conquistada através do exercício prudente da razão, do conhecimento da harmonia do Universo e da prática constante da generosidade.

 

Toda mãe deveria se chamar maravilha.

 

O sucesso ou o insucesso de um grande empreendimento é decidido pela capacidade de dar atenção aos pequenos detalhes.

 

Quem é o ignorante que sustenta que a poesia não é indispensável aos povos? Há pessoas de tão curta visão mental, que crêem que toda a fruta se resume à sua casca. A poesia, que congrega ou desagrega, que fortifica ou angustia, que sustenta ou demole as almas, que dá ou tira dos homens a fé e o alento, é mais necessária aos povos do que a própria indústria, pois esta lhes proporciona o modo de subsistir, enquanto que aquela lhes dá o desejo e a força da vida.

 

Já é hora de começar a morrer. A noite é boa para dizer adeus. A luz estorva a palavra humana. O Universo fala melhor do que o homem.

 

Conceito universal de pátria: Pátria é Humanidade.

 

A escravização dos homens é a grande dor do mundo!

 

Embelezar a vida é dar-lhe um objetivo. Faz bem aos homens procurar embelezar suas existências, de modo que possam viver contentes com aquilo que são.

 

Só aos deficientes faltará coragem. Os que não acreditam em sua terra são homens deficientes.

 

Eu sou bom, e como bom morrerei de frente para o Sol!

 

Tenho padecido com amor.

 

 

 

 

 

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Notas:

1. A Baía de Guantânamo localiza-se ao sul da ilha de Cuba, e possui área de cerca de 111,9 km², onde está localizada a Base de Guantânamo. A Baía foi concedida aos Estados Unidos em 1903 como estação naval, em troca do pagamento de 4.085 dólares por ano. Fidel Castro tentou em vão desfazer a concessão, e desde então, em sinal de protesto, nunca utilizou o valor do aluguel pago pelos EUA, que se mantém no mesmo valor até hoje. Ao redor da base, encontra-se o único campo minado ainda existente em todo o ocidente. A manutenção da Base de Guantânamo não encontra amparo em nenhuma convenção internacional e, por isto, não há como fiscalizar o que acontece em seu interior. Os presos muitas vezes não possuem os direitos de consultar advogados, visitas ou até mesmo de um julgamento. Existem denúncias de tortura. Os Estados Unidos não permitem que a ONU inspecione as condições da base e do tratamento recebido pelos prisioneiros. É na base naval americana da Baía de Guantânamo que se encontram os prisioneiros das guerras do Afeganistão e Iraque.

2. Praxiteles (Atenas, c. 395 – 330 a.C.) foi um dos mais famosos escultores da Grécia Antiga. Várias obras de sua autoria, descritas na Antigüidade, são conhecidas através de cópias romanas.

3. Gonzalo de Quesada (15 de dezembro de 1868 – 9 de janeiro de 1915), junto com José Martí, foi um dos principais arquitetos do Movimento para a independência de Cuba, durante o século XIX.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.brainyquote.com/
quotes/authors/j/jose_marti_3.html

http://www.brainyquote.com/
quotes/authors/j/jose_marti_2.html

http://www.brainyquote.com/
quotes/authors/j/jose_marti.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Praxiteles

http://observateologia.blogspot.com/2010/
03/o-evidente-fator-demoniaco-nas.html

http://biacamposcy.multiply.com/
journal/item/43

http://www.espacoacademico.com.br/
079/79costa.htm

http://www.diarioliberdade.org/

http://www.alashary.org/autor/jose_marti/

http://saavedramusicachibeepoesia.blogspot
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http://www.guantanamera.org.br/marti.htm

http://jose-marti.org/default.aspx

http://pt.wikipedia.org/wiki/
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http://pt.wikiquote.org/wiki/
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http://www.ihu.unisinos.br/uploads
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http://en.wikipedia.org/wiki/
Gonzalo_de_Quesada_y_Ar%C3%B3stegui

http://www.citador.pt/citacoes.php?frases=
Jose_Marti&cit=1&op=7&author=160&firstrec=10

http://www.citador.pt/citacoes.php?cit
=1&op=7&author=160&firstrec=0

 

Música de fundo:

Guantanamera
Letra: José Martí
Música: Josito Fernandez
Interpretação: Celia Cruz

Fonte:

http://www.abmp3.com.br/download/Celia-Cruz
-Guantanamera-_34737476485265695a38.html