JIMMY CARTER
(Pensamentos)

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este despretensioso estudo é o resultado, que agora partilho com todos, de uma pesquisa que fiz a respeito do pensamento do ex-Presidente Jimmy Carter, o 39° Presidente dos Estados Unidos da América.

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

James Earl Carter, Jr., conhecido como Jimmy Carter, (Plains, Geórgia, 1º de outubro de 1924) é um político norte-americano, tendo sido o 39° Presidente dos Estados Unidos da América.

 

Antes de conseguir a vitória nas eleições presidenciais disputadas com o Presidente republicano Gerald Ford, o democrata Jimmy Carter, plantador de amendoins, foi Governador de seu Estado natal, a Geórgia, de 1971 a 1974. Carter, de firmes convicções religiosas (batistas) e levado por uma intensa vontade de reconciliação, tentou introduzir uma dimensão moral na política mundial. Exercendo pressões econômicas e diplomáticas, conseguiu que em alguns Estados autoritários, entre os quais se incluía a URSS, se respeitassem os direitos humanos. Do mesmo modo, acelerou a queda das ditaduras na Nicarágua, nas Filipinas e no Irã. Carter foi mediador no tratado de paz subscrito por Israel e pelo Egito (Acordos de Camp David, 1978), estabeleceu relações diplomáticas com a China e assinou com a URSS o acordo SALT II sobre o controle de armas, embora no final não tivesse sido confirmado devido à entrada de tropas soviéticas no Afeganistão, em 1979. A crise dos reféns norte-americanos (pertencentes ao corpo diplomático) em Teerã, que se prolongou durante mais de um ano, o fracasso de muitas de suas reformas, a queda do dólar e a crise energética influíram na esmagadora derrota de Carter por Ronald Reagan nas eleições presidenciais de 1980. Na qualidade de mediador em crises internacionais, Carter conseguiu impor, em numerosas ocasiões, seus elevados princípios morais (conflito acerca do programa atômico da Coréia do Norte, destituição da Junta do Haiti, acordo de cessar-fogo na Bósnia-Herzegovina, todos em 1994).

 

Carter usou a sua presidência para melhorar as perspectivas de paz no Oriente Médio, bem como para promover o controle de armamentos norte-americanos e soviéticos e os direitos humanos. Usou a sua fase pós-presidencial para estimular uma série de iniciativas globais, como o monitoramento de eleições, a promoção da Democracia em todo o mundo, e a quase erradicação da dracunculíase1 no oeste da África.

 

Por décadas de esforços incansáveis no sentido de encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, em prol da Democracia e dos direitos humanos, promovendo o desenvolvimento econômico e social, foi agraciado, no ano de 2002, com o Prêmio Nobel da Paz.

 

 

 

Pensamentos

 

 

 

 

 

UMA GUERRA DESNECESSÁRIA

Jimmy Carter, no Washington Post

 

 

Eu sei, por envolvimento pessoal, que a devastadora invasão de Gaza por Israel poderia facilmente ter sido evitada.

Depois de visitar Sderot [cidade israelense] em abril último e de ver o sério dano psicológico causado pelos foguetes que haviam caído na área, minha mulher Rosalyn e eu dissemos que o lançamento de foguetes de Gaza era indesculpável e um ato de terrorismo. Embora as mortes fossem raras (três mortes em sete anos), a cidade estava traumatizada pelas explosões imprevisíveis. Cerca de três mil residentes haviam se mudado para outras comunidades, as ruas e parques e shopping centers estavam quase vazios. O prefeito Eli Moyal juntou um grupo de cidadãos em seu escritório para nos encontrar e reclamou que o governo de Israel não parava o lançamento de foguetes, através de diplomacia ou de ação militar.

Sabendo que em breve eu veria os líderes do Hamas em Gaza e também em Damasco, prometemos avaliar as perspectivas de um cessar-fogo. Do chefe de inteligência do Egito, Omar Suleiman, que estava negociando com Israel e o Hamas, soubemos que havia diferenças fundamentais entre os dois lados. O Hamas queria um cessar-fogo que compreendesse tanto a Cisjordânia quanto Gaza, mas Israel se negava a discutir qualquer coisa que não fosse Gaza.

Sabíamos que 1,5 milhão de habitantes de Gaza estavam esfomeados, já que o 'rapporteur' da ONU em direito à comida havia encontrado grave desnutrição em Gaza, na mesma escala das nações mais pobres do sul do Saara, com mais de metade das famílias da Palestina comendo apenas uma refeição por dia.

Os líderes da Palestina em Gaza não assumiam compromisso em todas as questões, alegando que os foguetes eram a única forma de responder ao aprisionamento e de dramatizar o aspecto humanitário. O escalão superior do Hamas em Damasco, no entanto, concordou em considerar um cessar-fogo em Gaza desde que Israel prometesse não atacar e permitisse a entrega de ajuda humanitária aos cidadãos palestinos.

Depois de extensas discussões, os líderes do Hamas também aceitaram qualquer acordo de paz que pudesse ser negociado entre os israelenses e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que também lidera a OLP, desde que fosse aprovado pela maioria dos palestinos em um referendo ou por governo de unidade eleito.

Uma vez que éramos apenas observadores, não negociadores, passamos a informação aos egípcios e eles buscaram uma proposta de cessar-fogo. Depois de cerca de um mês, os egípcios e o Hamas nos informaram que a ação militar dos dois lados e os foguetes iam parar em 19 de junho, por um período de seis meses, e que a ajuda humanitária seria restaurada ao nível normal que existia antes da retirada de Israel em 2005 (cerca de 700 caminhões por dia).

Fomos incapazes de confirmar isto em Jerusalem por causa da decisão de Israel de não admitir qualquer negociação com o Hamas, mas os lançamentos de foguetes logo pararam e houve aumento na entrega de comida, água, remédios e combustível. Ainda assim, o aumento foi para cerca de 20% do nível original [de 700 caminhões]. E este cessar-fogo frágil foi parcialmente rompido em 4 de novembro, quando Israel lançou um ataque em Gaza para destruir um túnel defensivo que estava sendo cavado pelo Hamas dentro do muro que cerca Gaza.

Em outra visita à Síria, na metade de dezembro, tomei a iniciativa de tentar que o cessar-fogo fosse estendido. Estava claro que a principal questão era a reabertura das entradas de Gaza. Representantes do Centro Carter visitaram Jerusalém, se encontraram com autoridades de Israel e perguntaram se isto seria possível em troca da cessação dos foguetes. O Governo de Israel propôs que seria possível entregar 15% dos suprimentos se o Hamas parasse os foguetes por 48 horas. Isto foi inaceitável para o Hamas e as hostilidades recomeçaram.

Depois de 12 dias de 'combate', as forças de defesa de Israel informaram que mais de mil alvos tinham sido bombardeados. Durante este período, Israel rejeitou as tentativas internacionais de obter um cessar-fogo, com apoio completo de Washington. Dezessete mesquitas, a escola americana internacional, várias casas e muito da infra-estrutura de uma região pequena e densamente povoada foram destruídos. Isso inclui os sistemas de água, esgoto e eletricidade. Baixas civis pesadas são informadas pelos corajosos voluntários de muitos países, enquanto os bem-afortunados operam feridos à luz de geradores movidos a diesel.

A esperança é de que quando as novas hostilidades não forem mais produtivas, Israel, o Hamas e os Estados Unidos aceitem outro cessar-fogo, depois do qual os foguetes deixem de ser lançados e o nível normal de ajuda humanitária será permitido aos palestinos sobreviventes, com um acordo monitorado pela comunidade internacional. O próximo passo possível: uma paz ampla e permanente.


 

 

 

Nós devemos nos ajustar às mudanças dos nossos tempos, mas sem mudar nossos princípios.

 

 

 

 

Palestina – Paz, sim. Apartheid, não. Na Margem Ocidental, nos territórios ocupados, um horrível exemplo de 'apartheid' vem sendo perpetrado contra os palestinos que vivem ali. Israel penetrou, ocupou, confiscou e colonizou grandes partes do território pertencente aos palestinos. Os palestinos são separados de sua própria Terra. E com a finalidade de impedir os palestinos de protestarem contra isto, os israelenses capturaram e encarceraram cerca de 9 mil palestinos, incluindo 300 crianças, algumas com 12 anos de idade, e mais de 100 mulheres. E, no processo, os palestinos são completamente tratados como cidadãos inferiores. Isto não é senão 'apartheid'. O propósito fundamental de meu livro é apresentar fatos a respeito do Oriente Médio que são desconhecidos nos EUA e precipitar uma discussão que possa levar à reabertura das negociações de paz, ausentes faz seis anos, que permitam trazer paz permanente entre Israel e seus vizinhos. Outra esperança é de que os judeus e outros norte-americanos que compartilhem dos mesmos objetivos se sintam motivados a exprimir seus pontos de vista publicamente, quem sabe ao mesmo tempo. Adoraria ajudar neste esforço.

 

Se a repressão continuar em Gaza e na Cisjordânia, se Israel não consentir em negociar um Estado Palestino, poderemos chegar a uma situação semelhante ao 'apartheid' sul-africano. Dois povos habitando a mesma terra, mas completamente separados um do outro, com os israelenses ocupando a posição dominante e privando os palestinos, de forma repressiva e violenta, de seus direitos fundamentais... Enquanto a repressão israelense continuar, haverá terrorismo... Há um incômodo generalizado no mundo árabe e na Europa, que, porém, não é sentido nos Estados Unidos, a respeito da ausência de consideração por nosso Governo do sofrimento palestino.

 

Nós nos tornamos não uma mistura, mas um lindo mosaico. Pessoas diferentes, diferentes credos, diferentes anseios, diferentes esperanças, diferentes sonhos.

 

 

 

 

Nossas duas nações [EUA e URSS] têm quase cinco vezes mais ogivas de mísseis hoje do que tínhamos oito anos atrás [em 1969]. Mesmo assim, não estamos cinco vezes mais seguros, pelo contrário.

 

Ao ser apresentado a Pelé: — Muito prazer, eu sou Jimmy Carter; você não precisa se apresentar.

 

Às vezes, a guerra pode ser um mal necessário. Mas, apesar da sua urgência, será sempre um mal e nunca um bem. Não é pela matança dos nossos filhos que nós aprenderemos a viver juntos em paz.

 

Os Estados Unidos têm mais de 12 mil armas nucleares, a Rússia, mais ou menos o mesmo, França e Grã-Bretanha têm largas centenas e Israel tem 150 ou mais. Temos uma enorme diversidade de armamentos.2

 

Estou consternado e tive de reter as lágrimas ao verificar a destruição deliberada contra o povo palestino, destruição causada por bombas lançadas por israelitas a partir de aviões fabricados na América.

 

Preocupado com a possibilidade de fraude nas eleições presidenciais na Flórida (citado em Veja, 06.10.04): Alguns requisitos internacionais básicos para uma eleição justa estão ausentes na Flórida.

 

Já que o presidente Evo Morales veio à minha propriedade e, evidentemente, colheu alguns amendoins, espero que em minha próxima visita possa ir ao Chapare, onde ele vai me levar para colher folhas de coca.

 

Acho que uma esmagadora parcela da animosidade intensamente demonstrada contra o Presidente Barack Obama se baseia no fato de que ele é um homem negro. A inclinação racista ainda existe e borbulha na superfície por causa da crença de muitos brancos, não só no Sul, mas em todo o País, de que os afro-americanos não estão qualificados para liderar este grande País. É uma circunstância lamentável que me entristece e preocupa muito profundamente.

 

É muito importante que alguém se encontre com os dirigentes do Hamas para exprimir os seus pontos de vista, para avaliar se podem dar provas de condescendência, para tentar convencê-los a cessar todos os ataques contra civis inocentes em Israel e a cooperarem com a Fatah, enquanto grupo que une os palestinos.

 

O Brasil é uma grande nação, dedicada à liberdade e à Democracia, com um compromisso com os direitos humanos e que está capitalizando suas possibilidades econômicas.

 

O acordo entre Brasil e Estados Unidos na produção e pesquisa de etanol é realmente insignificante, no que diz respeito a aliviar as necessidades energéticas desta nação em longo prazo. Por outro lado, o acordo com o Brasil é encorajador, porque mostra amizade e compromisso em relação a um tema, mas é relativamente insignificante em relação a conservação energética.

 

O tema número 1 nos Estados Unidos deveria ser o de aumentar a eficiência energética de veículos e outras coisas que dependem de combustível. Minha esperança é que, no futuro, nós passemos para o etanol celulósico, produzido a partir de árvores, que crescem rapidamente.

 

Sobre a viagem do Presidente George W. Bush à América Latina: Por muito tempo, nossa política latino-americana foi orquestrada por gente cuja maior credencial era ser antiCuba. Você não podia almejar um alto cargo no Departamento de Estado ou um alto posto diplomático a não ser que manifestasse uma animosidade pública contra Fidel Castro. Agora, nos dois últimos anos de seu mandato, espero que o presidente Bush mude a sua posição.

 

Em resposta às críticas que lhe dirigem quanto à sua presidência dos Estados Unidos: Mantivemos a paz, conservamos o nosso País seguro, promovemos os direitos humanos em todo o mundo, normalizamos as relações com a China, estabelecemos acordos nucleares com a URSS, conseguimos levar a paz a Israel e ao Egito. Sinto-me bem com a minha Administração.

 

Atualmente, os EUA importam diariamente quase 13 milhões de barris de petróleo. A ausência de uma reforma energética compromete a segurança nacional e o crescimento econômico do País em longo prazo. A reforma energética para reduzir a dependência americana de petróleo estrangeiro deve ser uma das maiores prioridades do Congresso. Coletivamente, nada poderia ser mais importante do que esta questão de energia. Eu diria que nosso 'status', mesmo como nação líder no mundo, dependerá do papel que tivermos nos campos da energia e do meio ambiente, no futuro. A meta da independência energética dos Estados Unidos é fundamental para resolver a vulnerabilidade da nação a possíveis pressões e chantagens. Contudo, a complexidade dos problemas exige uma estratégia multidimensional, porque nenhum elemento por si só pode se separar das demais soluções.

 

 

 

NÃO CASTIGUEM OS PALESTINOS

Jimmy Carter, no Washington Post

 

 

Enquanto os resultados das recentes eleições palestinas estão sendo implementados, é importante entender como funciona o processo de transição e também o quanto são importantes para ele as ações de Israel e dos EUA.

Embora o Hamas tenha obtido 74 das 132 cadeiras do Parlamento, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, detém o direito de propor e de vetar leis, sendo necessários 88 votos para cancelar seu veto. Com nove de seus membros eleitos presos, o Hamas tem apenas 65 votos, mais os que puder atrair de outros partidos. Abbas tem o poder de escolher e demitir o Primeiro-ministro, de publicar decretos com força de lei quando o Parlamento não estiver reunido e de declarar o estado de emergência. Como comandante-em-chefe, também tem a palavra final sobre a Força de Segurança Nacional e a inteligência palestina.

Os membros do novo Parlamento irão eleger, após o início da nova legislatura no sábado, um presidente da Casa, dois vices e um secretário. A estes não é permitido qualquer cargo no Executivo, portanto dirigentes do Hamas poderão optar por concentrar sua influência no Parlamento e indicar moderados ou tecnocratas para o cargo de primeiro-ministro e ministros. O 'premier' terá três semanas para formar o Gabinete, que precisará da maioria do Parlamento para aprovação final.

O papel de primeiro-ministro foi muito fortalecido enquanto Abbas e Ahmed Qurei ocuparam essa posição sob Yasser Arafat, e Abbas anunciou que não irá escolher um 'premier' que não reconheça Israel ou não aceite o 'roadmap' da paz. Isto poderia resultar em um impasse, mas minhas conversas com os dois lados indicam que eles evitarão tal imbróglio. Porta-vozes do Hamas já declararam que 'desejamos um Governo de unidade pacífica'. Se esta for uma declaração confiável, merece uma chance.

Durante o período de formação do novo Governo, é importante que Israel e EUA assumam papéis positivos. Qualquer conluio entre os dois para romper o processo punindo o povo palestino pode ser contraproducente e ter conseqüências devastadoras.

Infelizmente, esses passos já estão sendo dados. No domingo, Israel anunciou que bloqueara fundos (cerca de U$ 50 milhões por mês) que os palestinos recebem com alfândega e recolhimento de impostos.

A decisão israelense de restringir o movimento de legisladores do Hamas entre os territórios palestinos pode ser uma provocação maior. Representará obstáculos significativos ao funcionamento efetivo do Governo.

Abbas informou-me, após a eleição, que a Autoridade Palestina tem uma dívida de U$ 900 milhões e não tem como cumprir a folha de pagamento de fevereiro. Sabedores de que o Hamas herda um Governo falido, os EUA anunciaram a suspensão dos recursos para o novo Governo, inclusive aqueles necessários para pagar salários de professores, enfermeiros, trabalhadores sociais e policiais.

Até agora, eles não acordaram em contornar o Governo do Hamas permitindo que os fundos humanitários sejam direcionados para os palestinos através de agências da ONU responsáveis por refugiados, saúde e outros serviços.

Este compromisso comum de estrangular o Governo do Hamas punindo cidadãos pode atender a objetivos restritos, mas os resultados prováveis serão alienar os palestinos já oprimidos e inocentes, incitar a violência e aumentar a influência interna e a estima internacional do Hamas. Certamente isto não induzirá o Hamas ou outros militantes a moderar suas políticas.

A eleição do Hamas não afetará as negociações de paz, já que elas não existem há mais de cinco anos. Um acordo negociado é o único caminho para uma solução permanente de dois Estados, proporcionando paz a Israel e justiça aos palestinos. Abbas ainda pode desempenhar esse papel único de negociador como líder inconteste da OLP (embora não do Governo, que também inclui o Hamas).

Foi sob essa instituição e não pela Autoridade Palestina que Arafat negociou com líderes israelenses para concluir os acordos de paz de Oslo. Abbas tem buscado conversações de paz com Israel desde sua eleição há um ano, e nada impede o diálogo direto com ele, mesmo que o Hamas não renuncie imediatamente à violência nem reconheça o direito de Israel existir.

Não violaria qualquer princípio político dar aos palestinos pelo menos o seu próprio dinheiro, deixar a ajuda humanitária continuar fluindo através da ONU e de agências privadas, incentivar Rússia, Egito e outras nações a exercer o máximo de influência para o Hamas moderar suas políticas negativas, e apoiar o presidente Abbas em seu esforço para reduzir a tensão, evitar a violência e explorar os passos para uma paz duradoura.

 

 

A invasão do Iraque foi a maior estupidez que um presidente americano já fez.

 

 

 

 

Sobre os abusos cometidos nas prisões de Abud Graib (Iraque) e Guantânamo (Cuba): Vi pela primeira vez os Estados Unidos abandonarem os princípios básicos dos Direitos Humanos. Bush deve ter sua própria definição de tortura para dizer que não a pratica. Dissemos que as Convenções de Genebra não se aplicam aos detidos nas prisões de Abu Ghraib e Guantânamo, e afirmamos que podíamos torturar prisioneiros sem culpa formada nos crimes de que são acusados.

 

Eu não creio que o Governo de Bush torture; eu sei que o faz com certeza.

 

Os palestinos da faixa de Gaza são tratados mais como animais do que como seres humanos... Nunca antes na história houve uma ampla comunidade como esta sendo atacada brutalmente por bombas e mísseis para depois ser privada de reparos. Isto é muito angustiante para mim.

 

O mais grave é como a população de Gaza é maltratada; em alguns lugares ela literalmente morre de fome. Aliviar seu sofrimento seria o mais importante que o Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Neta-nyahu, poderia fazer.

 

Sobre Dick Cheney: Ele tem sido um desastre para o nosso País, com demasiada influência sobre o Presidente Bush e, em geral, se impondo a ele. Ele continuou a dizer que Saddam tinha armas de destruição em massa, quando todas as fontes credíveis o negam.

 

No futuro, creio que os cubanos vão estar em Democracia, porque o continente americano é um exemplo para o resto do mundo, para a Democracia e para os direitos do homem. Não se pode obrigar os cubanos a efetuar mudanças, mas os sinais indicam que há uma flexibilização crescente em Cuba.

 

Sobre o golpe que quase derrubou o Presidente Venezuelano Hugo Chávez: em 2002: Acho que não há dúvidas sobre o fato de que, em 2002, os Estados Unidos estavam sabendo ou tiveram participação direta no golpe de Estado. Assim, as críticas de Chávez contra os Estados Unidos são legítimas.

 

Posição quanto aos transgênicos: Em 1996, as nações que ratificaram o tratado da Rio-92 comissionaram um grupo 'ad hoc' para determinar se os organismos geneticamente modificados poderiam ameaçar a biodiversidade. Pressionados pelos ambientalistas e sem dados consistentes para apoiá-lo, o grupo decidiu que tais organismos poderiam, potencialmente, eliminar plantas nativas e animais. Como regras pretendidas para a proteção de espécies e à conservação de seus genes poderiam desviar-se tanto de seu objetivo? A principal causa são os grupos ambientalistas anti-biotecnologia que exageram os riscos de organismos geneticamente modificados e ignoram seus benefícios. Ativistas antibiotecnologia argumentam que a engenharia genética é tão nova que seus efeitos no meio ambiente não podem ser previstos. Isto é enganoso. De fato, por centenas de anos, virtualmente todos os alimentos têm sido melhorados geneticamente por plantas regeneradoras. Se produtos como estes forem regulamentados desnecessariamente, os reais perdedores serão as nações em desenvolvimento. Ao invés de colher os benefícios de décadas de descobrimentos e pesquisas, povos da África e do Sudeste Asiático permanecerão prisioneiros de tecnologia ultrapassada. Seus países poderiam sofrer bastante nos anos vindouros. É crucial que eles repilam a propaganda de grupos extremistas antes que seja tarde demais.

 

As pessoas de todo o mundo dividem o mesmo sonho: uma comunidade internacional responsável que previna a guerra e evite a opressão.

 

Sobre os direitos humanos: Esse conceito, hoje, não significa apenas o direito a viver em paz, mas inclui cuidados de saúde adequados, habitação, alimentação e de ter acesso a oportunidades econômicas justas.

 

Felicito o Presidente Obama por ser premiado com o Nobel da Paz. É uma declaração audaz do apoio internacional à sua visão e compromisso para a paz e a harmonia nas relações internacionais. Mostra a esperança que representa seu Governo não apenas para nosso País, como para todas as pessoas no mundo.

 

Ao invés de entrar em um milênio de paz, o mundo está, agora, mais perigoso, em muitos aspectos. A maior facilidade das viagens e das comunicações não foi acompanhada da compreensão e do respeito mútuo.

 

Crítica às igrejas cristãs por não ordenarem mulheres: Durante os anos da igreja primitiva, as mulheres atuavam como diaconisas, padres, bispas, apóstolas, mestras e profetisas. Só foi a partir do quarto século que líderes cristãos dominantes, todos homens, torceram e distorceram as Sagradas Escrituras para perpetuarem suas posições de autoridade dentro da hierarquia religiosa. A decisão de restringir o ministério aos homens fornece a base ou justificação para boa parte da geral perseguição e abuso contra as mulheres no mundo inteiro.

 

Acho que o Presidente Obama, em relação à América Latina, tem ido bem. Os contornos de sua política para a região se deram na Cúpula das Américas, realizada em Trinidad e Tobago. O resultado foi muito empolgante. Ele deixou a porta aberta para Cuba e estendeu a mão à Bolívia, ao Equador e à Venezuela.

 

Não gosto de encarar os EUA como força de contrabalanceamento do que quer que seja. Não acho que se trate de uma disputa para subverter as relações de certos países com Venezuela ou Bolívia. Temos laços de respeito com a região e não devemos palpitar sobre o que os países fazem ou deixam de fazer. Além disso, não somos inimigos da China nem da Rússia, e não deveríamos ser inimigos do Irã. Obama quer uma boa relação com todos.

 

Eu gostaria que o embargo a Cuba acabasse hoje mesmo. Não há razão para que o povo cubano continue sofrendo. O embargo dá ao regime Castro uma desculpa para os seus próprios erros econômicos. Eles sempre dizem que a culpa é dos EUA. Na situação atual, acho que as iniciativas de Obama não foram tão boas como as das duas Câmaras do Congresso americano, que hoje está um passo adiante do Presidente em relação à Cuba. O próximo passo deveria ser a remoção imediata de todas as restrições de viagem à Ilha, não só para cidadãos cubano-americanos. Foi o que eu fiz quando era presidente, há trinta anos. O fim do embargo virá em seguida. Mas é claro que dependerá também de como os irmãos Castro reagirão.

 

Discordo radicalmente de algumas coisas que Hugo Chávez faz e diz. Acho que ele concentrou poder demais em seu gabinete em detrimento de outras instituições democráticas. Mas Chávez não é o único responsável, pois a oposição retirou os seus candidatos, criando um vácuo que lhe foi muito favorável. Isto dito, é fato que ele tem o apoio de seu povo, que aprovou livremente boa parte das mudanças que ele implementou. Enquanto as pessoas continuarem avalizando suas decisões, não se pode dizer que ele seja antidemocrático.

 

Com relação à crise global, no caso de Chávez, a redução do preço do barril de petróleo certamente abalará a força de seu Governo e os seus planos de dar à população melhores serviços, atendimento médico e educação. No geral, vejo uma tendência de fortalecimento da região e diminuição das violações de direitos humanos. Ver um indígena no poder [o boliviano Evo Morales] reflete essa tendência inevitável. No Equador, há algo incrível, que é a implementação de um Quarto Poder fomentado pela participação cidadã. É claro que tudo isso perturba as velhas oligarquias. Pode haver atritos e manipulação política, e a crise é profunda; mas isto não afetará os processos em curso na região.

 

A América Latina será muito mais importante para os EUA do que foi nos últimos oito anos, período em que a Casa Branca praticamente só cometeu erros. Obama deixou claro que dará mais atenção à região e a tratará com respeito, o que não foi o caso de Bush, que vivia tentando interferir em assuntos internos de outros países. Será uma relação mais saudável. Vejo disposição de dialogar com Obama em todos os países da região, com exceção da Nicarágua. O discurso do Presidente Ortega foi muito negativo na Cúpula das Américas.

 

Eu gostaria que o Brasil fosse mais ambicioso. O País não participa apenas do processo de reconfiguração da América Latina, mas também de redefinição do cenário global. O Brasil sempre foi reconhecido por sua força econômica, mas tende a ser tímido na hora de transformar isso em poder geopolítico. Os contornos da diplomacia brasileira são progressistas e muito responsáveis. Seria bom que essa influência tivesse alcance maior do que no passado.

 

Sobre o Primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu e a criação de novos obstáculos para a paz entre os palestinos: Minha opinião é que ele levantou muitos novos obstáculos para a paz que não existiam na gestão anterior do primeiro-ministro. Ele ainda, aparentemente, insiste sobre expansão de colonatos existentes. Ele exige que os palestinos e outros países árabes reconheçam Israel como um Estado Judaico, embora haja 20% dos cidadãos que aqui não são os judeus…

 

Camp David (1978)... Menachem Begin + Muhammad Anwar Al Sadat + Jimmy Carter: Nenhuma guerra depois de hoje.

 

Perdoar é uma das coisas mais difíceis que um ser humano pode fazer.

 

Não rio mais das pessoas que dizem ter visto um UFO; eu mesmo já vi um.

 



 

 

 

 

Em Jeito de Epílogo

 

 

 

A paz exterior só será efetivada

se a Paz Profunda for alcançada.

Não por meia dúzia ou por 1001;

por todos sem excetuar nenhum.

 

 

Aqui, isto é uma impossibilidade.

E assim, só nos resta a saudade.

Saudade de um tempo esquecido;

saudade de um lugar mui querido.

 

 

Mas cada um deve fazer sua parte,

empenhando o Coração com Arte.

Por tudo e por todos, sem exceção,

compaixão, compaixão, compaixão.

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Dracunculíase ou dracunculose é uma infecção causada pela pela filária-de-medina – Dracunculus medinensis – mais comumente conhecida como Infecção pelo Verme da Guiné. Os pés e as pernas são as áreas mais afetadas. Os sintomas incluem prurido, náusea, vômitos, diarréia e ataques de asma.

2. É preciso estender ao máximo as mãos e fazer uma tentativa de apreender essa espantosa 'finesse': a de que o valor da vida não pode ser estimado. Não por um vivente, pois ele é parte interessada, até mesmo um objeto da disputa, e não juiz; e não por um morto, por outro motivo. (Crepúsculo dos Ídolos, Friedrich Nietzsche).

 

Páginas da Internet consultadas:

http://media.photobucket.com/image/%2522
UFO.gif%2522/angel_of_light_14/ufo.gif

http://www.steacher.pro.br/ufos.html

http://marchamundial.org.br/?tag=palestina

http://www.portaldoenvelhecimento.net/
artigos/artigo3134.htm

http://www.pazagora.org
/impArtigo.cfm?IdArtigo=692

http://askain.joeuser.com/article/351064

http://www.comshalom.org/
blog/carmadelio/date/2009/08

http://www.jornalopcao.com.br/

http://www.estadao.com.br/
arquivo/mundo/2002/not20021011p49841.htm

http://www.alerta.inf.br/ct/
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http://janvarela.blogspot.com/2009/09/
jimmy-carter-diz-que-eua-sabiam-de.html

http://tv1.rtp.pt/noticias/

http://www1.folha.uol.com.br/folha/
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http://www.lawrei.eu/MRA_Alliance/?p=466

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http://www.midiaindependente.org/
pt/blue/2006/12/369237.shtml

http://noticias.ambientebrasil.com.
br/noticia/?id=45569

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http://pedrodoria.com.br/2006/12/10/
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http://stopthedrugwar.org/pt/cronica/584
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http://www.netsaber.com.br/
biografias/ver_biografia_c_185.html

http://pt.wikiquote.org/wiki/Jimmy_Carter

http://pt.euronews.net/
2009/06/16/jimmy-carter-em-gaza/

http://intransmissivel.wordpress.com/2008/
09/04/que-citacoes-reflectirao-o-nosso-tempo/

http://blog.controversia.com.br/
2009/08/07/genealogia-da-malandragem/

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve
/carter-uma-guerra-desnecessaria/

http://pele.m-qp-m.com/

http://www.frazz.com.br/
autor.html/Jimmy_Carter-338

 

Música de fundo:

Fascination
Música: F. D. Marchetti
Letra: Maurice de Féraudy (versão inglesa: Dick Manning)
Intérprete: Nat King Cole

Fonte:

http://www.pcdon.com/NatKingCole.html