Eu chorei, mas não desejo que os demais chorem; mas se o fizerem, agora sei o que isso significa.

É preciso que se libertem, não por minha causa, mas apesar de mim. Toda esta vida e, especialmente nos últimos meses, tenho lutado para ser livre – livre de meus amigos, dos meus livros, de minhas associações. Vocês devem lutar pela mesma liberdade. Deve haver uma constante inquietação interior. Segurem um espelho constantemente à sua frente. Se houver algo indigno do ideal que criaram para si mesmos, mudem-no. Não façam de mim uma autoridade. Se eu me tornar uma necessidade para vocês, o que farão quando eu partir? Alguns de vocês acreditam que eu possa lhes dar uma bebida que os tornará livres, que posso lhes dar uma fórmula que os libertará mas não é assim. Eu posso ser a porta, mas vocês devem passar por ela e encontrar a libertação que está além dela... A verdade chega como um ladrão quando menos se espera por ela. Gostaria de poder inventar uma nova língua; como não posso, gostaria de destruir a velha fraseologia e antigos conceitos. Ninguém pode lhes dar a libertação. Terão de encontrá-la dentro de si, mas porque eu a encontrei, eu lhes mostrarei o caminho... Aquele que atingiu a libertação tornou-se um instrutor. Cada um de vocês têm o poder de entrar na chama, de se tornarem a própria chama... Porque eu estou aqui, se me tiverem em seus corações, eu lhes darei a força para alcançá-la. A libertação não se destina aos poucos, aos escolhidos, aos eleitos. (Grifos meus).


Jid
du Krishnamurti

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

 

 

Objetivo do Trabalho

 

Muito jovem, antes mesmo de entrar para a AMORC, li alguns livros de Krishnamurti (11 de maio de 1895, Madanapalle, Índia – 17 de fevereiro de 1986, Ojai, California), que, sinceramente, na época, pensei tê-los entendido. Hoje retomo, via WEB, esse contato iniciático com as palavras de um místico que entendeu muito bem a necessidade de haver dialética sobreposta à Tradição nas Ordens e Fraternidades destinadas a encaminhar o ser-no-mundo no rumo da Luz Maior. Fiz isto prazeroso e não como uma obrigação, pois o estudante sincero do oculto necessita sempre se reciclar, amadurecendo conceitos e digerindo enunciações metafísicas. Há diversos websites e diversas páginas que seriamente divulgam seu pensamento e suas obras. Esse é o lado bom da Internet. Foi aí que comecei minha revisitação do seu pensamento, e, então, resolvi listar (do que eu li) alguns de seus mais significativos ensinamentos (segundo meu filtro Rosa+Cruz do que é significativo para a evolução por harmonização com o pensamento de outrem que caminhe na Senda) para oferecer para reflexão. Este estudo de 560 kb, obviamente, está incompleto, e, portanto, não representa exatamente a linha filosófica do pensamento do Autor, principalmente porque os fragmentos listados não se encontram em ordem cronológica de publicação. Em raros casos fiz algumas pequenas edições (exigência deste tipo de estudo) sem comprometer ou adulterar o que Krishnamurti expôs. Um resumo da sua biografia, apresentada logo abaixo, foi editada e ligeiramente ampliada do Website citado. Acrescentei também umas poucas animações em flash, mas a principal se encontra nas Considerações Finais. Que faço e não faço. Como é isso? Quando você chegar lá vai entender.

Enfim, como sei que muitas pessoas não conhecem o pensamento filosófico de Krishnamurti, penso que esta modesta contribuição será bastante útil. Provavelmente, os fanáticos coloridos de sempre e os ortodoxos cinzentos de não sei quando não gostarão do que irão ler, se lerem. Mas aqueles com mente aberta para o ilimitado, que ainda não conhecem o pensamento de Krishnamurti, tenho certeza de que aprofundarão seus estudos na obra deste eminente pensador do século passado. Finalmente, penso que se não se quiser dizer nada sobre Jiddu, que não se diga; mas não se pode deixar de admitir, no mínimo, que ele foi um homem corajoso. A sua biografia demonstra isso.

 

 

Pequena Biografia de Krishnamurti

Editada da fonte:
http://www.krishnamurti.org.br/

 

Jiddu Krishnamurti nasceu na Índia em 1895. Reza a tradição brâmane, à qual sua família era vinculada, que o oitavo filho deve receber no batismo o nome Krishna, em homenagem ao Deus Sri Krishna, de quem sua mãe, Sanjeevamma, era devota; foi o que aconteceu com Krishnamurti, a quem foi dado o nome de Krishna, juntamente com o nome de família, Jiddu.

A partir dos treze anos de idade, Jiddu passou a ser educado pela Sociedade Teosófica, que o considerava o veículo para o Instrutor do Mundo, cujo advento proclamavam. Krishnamurti logo emergiu como um poderoso, descompromissado e inclassificável instrutor, cujas palestras e escritos não estavam vinculadas a nenhuma religião específica, não sendo do Oriente nem do Ocidente, mas para o mundo todo. Todavia, repudiando com firmeza a imagem messiânica que tentaram lhe impor, em 1929 dissolveu dramaticamente a grande e rica organização que havia sido criada à sua volta, e declarou ser a verdade uma terra sem caminhos, à qual nenhuma religião formalizada, filosofia ou seita daria acesso. Em certa ocasião afirmou: O homem não pode atingir a verdade por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo. Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente e através da observação. E assim, rejeitou o insistentemente o estatuto de guia espiritual que alguns tentaram lhe atribuir. Entretanto, continuou a atrair grandes audiências por todo o mundo, mas recusando qualquer autoridade, não aceitando discípulos e falando sempre como se fosse de pessoa a pessoa.

O cerne do seu ensinamento consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só pode acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos foram por ele constantemente realçadas em suas conferências e nos livros que publicou. Um de seus iluminados momentos está contido neste excerto: Para que o homem possa se transformar radicalmente, fundamentalmente, torna-se necessária uma mutação nas próprias células cerebrais de sua mente. Dizem-nos que devemos mudar, que devemos agir, que devemos transformar nossa mente, nosso coração, tornar-nos uma coisa totalmente diferente. Isso vem sendo pregado há milhares de anos por homens muito sérios, muito ardorosos, e também por charlatães interessados em explorar o povo. Mas, agora, chegamos ao ponto em que não há mais tempo a perder. Compreendei isto por favor. Não dispomos de tempo para efetuar gradualmente tal transformação. Os intelectuais de todo o mundo estão reconhecendo que o homem se acha à beira de um abismo, na iminência de se destruir a si próprio. Nem religiões, nem deuses, nem salvadores, nem mestres, nem as lengalengas dos gurus, poderão impedi-los. Dizem os intelectuais ser necessário inventar uma nova droga, uma 'pílula dourada' capaz de produzir uma completa transformação química; e os cientistas provavelmente descobrirão esta droga. Não sei se estais bem a par dessas coisas. Ora, conquanto o organismo físico seja um produto bioquímico, pode uma droga, uma superdroga, fazer-vos amar, tornar-vos bondosos, generosos, delicados, não-violentos? Não o creio; nenhum preparado químico pode fazer os homens se amarem uns aos outros. O amor não é um produto do pensamento; também não é cultivável, como a flor que plantamos em nosso jardim. O amor não pode ser comprado em uma drogaria, e o amor é a única coisa que poderá salvar o homem – e não os artifícios das religiões, nem seus ritos, nem todos os exércitos do mundo. Podemos fugir, assistindo a concertos, visitando museus, entregando-nos a divertimentos de toda ordem – debalde! porque o homem se acha hoje em dia em presença de um tremendo problema: tem a possibilidade de se transformar radicalmente, de efetuar uma total mutação de sua consciência, não amanhã, nem daqui a alguns anos, mas agora! Eis o problema principal: o homem, em qualquer país que viva, com todas as suas belezas naturais, é capaz de operar uma mudança radical em seu interior. Imediatamente. E não podeis resolvê-lo com vossas crenças, vossas ideologias, vossos deuses, salvadores, sacerdotes e rituais. Essas coisas já não têm o menor significado. De qualquer forma, mesmo tendo rompido com a Sociedade Teosófica, parece que Jiddu jamais negou o intenso preparo iniciático recebido dos Mestres Morya e Kut Hu Mi, e há quem admita que ele foi veículo de Maitreya.

Logo que desfez a organização que havia sido criada para tê-lo como Instrutor do Mundo, um repórter, considerando um ato espetacular dissolver uma organização com milhares de membros, perguntou-lhe quem se interessaria em escutá-lo, se não queria seguidores? Krishnamurti respondeu: — Se houver apenas cinco pessoas que queiram escutar, que queiram viver, que tenham a face voltada para a eternidade, será o suficiente. De que servem milhares que não compreendem, completamente imbuídos de preconceitos, que não desejam o novo? Gostaria de que todos os que queiram compreender sejam livres, não para me seguir, não para fazer de mim uma gaiola, que acabe se tornando uma religião, uma seita. Deverão estar livres de todos os temores (...), do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida.

No decorrer de sua longa vida, Krishnamurti, decidida e insistentemente, rejeitou a posição de guru que tentaram lhe impingir. Continuou a atrair grande audiência através do mundo, mas não reivindicava autoridade, não queria discípulos e falava sempre como um indivíduo fala a outro. No cerne do seu ensinamento estava a conscientização de que é possível produzir mudanças fundamentais na sociedade apenas pela transformação da consciência individual. Enfatizava constantemente a necessidade de autoconhecimento e da compreensão da influência restritiva e separativa dos condicionamentos religiosos e nacionalistas. Apontava sempre para a necessidade urgente de abertura, do vasto espaço no cérebro no qual há inimaginável energia, como costumava dizer. Isto parece ter sido a fonte de sua própria criatividade e a chave para seu impacto catalítico sobre uma ampla gama de pessoas.

Krishnamurti continuou peregrinando e falando mundo afora até sua morte, em 1986, aos noventa anos de idade. Suas palestras e diálogos, diários e cartas, têm sido preservados em livros e gravações. Falou em várias universidades a professores e a grupos de estudantes, nos EUA, na Europa e na Índia. Foi freqüentemente procurado por pensadores e cientistas, com os quais estabeleceu debates.

Desde muito jovem, a educação constituiu sua principal preocupação, tendo fundado várias escolas. Foi, indiscutivelmente, uma espécie de World Teacher. Hoje, estes centros educacionais são renomados e recebem jovens de todas as partes do mundo. As mais famosas são as de Brockwood Park, na Inglaterra, para jovens a partir de quatorze anos, a de Rishi Valley, na Índia, que recebe crianças a partir de sete anos, e a de Oak Grove, nos EUA, com alunos a partir de três anos e meio de idade.

Krishnamurti cumpriu o que se propôs a cumprir. Quantos têm essa disposição e essa energia?

 

 

Livros publicados

 

Dentre os mais de 60 livros que publicou, alguns títulos são: A Busca (Poemas), Cartas às Escolas, Comentários Sobre Viver, O Despertar da Sensibilidade, Diálogos Sobre a Vida, Diálogos Sobre a Visão Intuitiva, Diário de Krishnamurti, Vida e Morte de Krishnamurti, A Educação e o Significado da Vida, A Eliminação do Tempo Psicológico, Ensinar e Aprender, A Essência da Maturidade, Fora da Violência, O Futuro da Humanidade, O Futuro é Agora, Libertação dos Condicionamentos, Liberte-se do Passado, O Mistério da Compreensão, O Mundo Somos Nós, Novo Acesso à Vida, Novo Ente Humano, Novos Roteiros em Educação, Onde Está a Bem-Aventurança, O Passo Decisivo, Palestras com Estudantes Americanos, A Primeira e Última Liberdade, A Questão do Impossível, A Rede do Pensamento, Reflexões Sobre a Vida, Sobre o Amor e a Solidão, Sobre o Aprendizado e o Conhecimento, Sobre o Conflito, Sobre Deus, Sobre Liberdade, Sobre o Medo, Sobre a Mente e o Pensamento, Sobre a Natureza e o Meio Ambiente, Sobre Relacionamentos, Sobre a Verdade, Sobre a Vida e a Morte, Sobre o Viver Correto, Uma Nova Maneira de Agir, O Verdadeiro Objetivo da Vida, O Vôo da Águia

 

 

 

 

Ensinamentos Selecionados de Krishnamurti

 

 

 

 

Apresento, a seguir, uma seleção dos principais ensinamentos de Krishnamurti voltados para a evolução da consciência humana através da liberdade e da aplicação consciente do livre-arbítrio no exercício da razão plena.

 

Os ensinamentos são importantes por si mesmos e intérpretes ou comentadores apenas os distorcem, sendo aconselhável ir diretamente à fonte, os próprios ensinamentos, e não se valer de nenhuma autoridade.

O homem que vive alegre, verdadeiramente feliz, está livre de todo esforço. Viver sem esforço não significa se tornar estagnado, embotado, estúpido; ao contrário, só os homens sensatos, altamente inteligentes, estão verdadeiramente livres do esforço e da luta.

O importante não é o objeto da luta, porém, sim, compreender a própria luta.

Poderemos ir longe, se começarmos de muito perto. Em geral começamos pelo mais distante, o 'supremo princípio', 'o maior ideal', e ficamos perdidos em algum sonho vago do pensamento imaginativo. Mas quando partimos de muito perto, do mais perto, que é nós, então o mundo inteiro está aberto – pois nós somos o mundo. Temos de começar pelo que é real, pelo que está a acontecer agora, e o agora é sem tempo. (Grifos meus).

Aprender não é um mero processo de acumular conhecimentos, porém de descobrimento de extraordinárias riquezas existentes além do alcance da mente.

Se observardes vossa mente, com serenidade e sem dardes explicações, se deixardes simplesmente que vossa mente esteja cônscia de sua própria luta, vereis que muito depressa surgirá um estado no qual nenhuma luta haverá, um estado de extraordinária vigilância. Nessa vigilância, não há idéia de 'superior' e 'inferior', não há homem importante nem homem insignificante, não há guru. Todos esses absurdos desapareceram, por que a mente está inteiramente desperta. E a mente de todo desperta está cheia de alegria.

Descontentamento é a luta pela consecução de mais, e o contentamento é a cessação dessa luta; mas, não se chega ao contentamento, se não se compreende todo o 'processo' relativo ao mais, e por que razão a mente o exige.

Estamos lutando por alguma coisa e nunca nos detivemos para investigar se essa coisa é digna de lutarmos por ela. Nunca perguntamos a nós mesmos se ela merece nossos esforços... Só quando tivermos compreendido inteiramente o significado do mais é que deixaremos de pensar em termos de fracasso e de êxito.

Aqueles que realmente desejam compreender, que estão buscando o eterno – sem início nem fim – caminharão juntos com maior intensidade e serão uma ameaça para tudo que não é essencial, para as irrealidades, para as sombras.

Meditação é libertar a mente de toda desonestidade. O pensamento gera desonestidade. O pensamento, no seu esforço para ser honesto, é comparativo e, portanto, desonesto. Meditação é o movimento dessa honestidade no Silêncio.

Tudo o que importa ao homem inteligente é perceber os fatos e compreender o problema – e isso não significa pensar em termos de êxito ou de fracasso. Só quando não amamos o que fazemos pensamos nesses termos.

Esperamos sempre que alguém nos diga o que é conduta justa ou injusta, pensamento correto ou incorreto, e, pela observância desse padrão, nossa conduta e nosso pensar se tornam mecânicos e nossas reações automáticas.

Consoante a história teológica, garantem-nos os guias religiosos que, se observarmos determinados rituais, recitarmos certas preces e versos sagrados, obedecermos a alguns padrões, refrearmos nossos desejos, controlarmos nossos pensamentos, sublimarmos nossas paixões e se nos abstivermos dos prazeres sexuais, então, após torturar suficientemente o corpo e o espírito, encontraremos uma certa coisa além desta vida desprezível. É isso o que têm feito, no decurso das idades, milhões de indivíduos ditos religiosos, quer pelo isolamento nos desertos, nas montanhas, numa caverna, quer peregrinando de aldeia em aldeia a esmolar, quer em grupos, ingressando em mosteiros e forçando a mente a ajustar-se a padrões estabelecidos. Mas, a mente que foi torturada, subjugada, a mente que deseja fugir a toda agitação, que renunciou ao mundo exterior e se tornou embotada pela disciplina e o ajustamento – essa mente, por mais longamente que busque, o que achar será em conformidade com sua própria deformação.

A causa primária da desordem existente em nós é estarmos buscando a realidade prometida por outrem.

Estou apenas a ser como um espelho da vossa vida, no qual podeis ver-vos como sois. Depois, podeis deitar fora o espelho; o espelho não é importante.

A compreensão de si próprio é o começo da sabedoria.

Qualquer espécie de filosofia e qualquer espécie de teologia representam, meramente, uma fuga à realidade do que é.

Não podeis depender de ninguém. Não há guia, não há instrutor, não há autoridade. Só existe vós, vossas relações com outros e com o mundo, e nada mais.

Normalmente, gostamos de culpar os outros, o que é uma forma de autocompaixão.

O intelecto não constitui o campo total da existência. Ele é um fragmento, e todo fragmento, por mais engenhosamente ajustado, por mais antigo e tradicional que seja, continua a ser uma parte insignificante da existência, e nós temos de nos interessar pela totalidade da vida. Quando consideramos o que está ocorrendo no mundo, começamos a compreender que não há processo exterior nem processo interior; há só um processo unitário, um movimento integral, total, sendo que o movimento interior se expressa exteriormente, e o movimento exterior, por sua vez, reage ao interior.

No esforço para ajustar-vos a uma ideologia, recalcais a vós mesmo e, no entanto, o que é realmente verdadeiro não é a ideologia, porém aquilo que sois.

A ordem imposta de fora gera sempre, necessariamente, a desordem.

Tenho de mudar completamente, desde as raízes de meu ser; não posso mais depender de nenhuma tradição, porque foi a tradição que criou essa colossal indolência, aceitação e obediência; não posso contar com outrem para me ajudar a mudar, com nenhum instrutor, nenhum deus, nenhuma crença, nenhum sistema, nenhuma pressão ou influência externa.

Não perca esse tempo. Olhe a sua vida, dê tudo para a compreender.

Necessitamos de grande abundância de energia, e a dissipamos com o medo. Mas, quando existe a energia que vem depois de nos livrarmos de todas as formas do medo, essa própria energia produz a revolução interior, radical.

A mente sem medo é capaz de infinito amor. E o amor pode fazer o que quer.

Não podemos depender de nenhuma autoridade exterior para promover a revolução total na estrutura de nossa própria psique...

A compreensão de nós mesmos não requer nenhuma autoridade, nem a do dia anterior nem a de há mil anos, porque somos entidades vivas, sempre em movimento, sempre a fluir e jamais se detendo. Se olhamos a nós mesmos com a autoridade morta de ontem, nunca compreenderemos o movimento vivo e a beleza e natureza desse movimento.

Livrar-se de toda autoridade, seja própria, seja de outrem, é morrer para todas as coisas de ontem – para que a mente seja sempre fresca, sempre juvenil, inocente, cheia de vigor e de paixão.

Esquecei de tudo o que sabeis a respeito de vós mesmos. Esquecei de tudo o que pensastes a vosso respeito. Vamos iniciar a marcha como se nada soubéssemos... Iniciemos juntos a jornada, deixando para trás todas as lembranças de ontem, e comecemos a compreender-nos pela primeira vez.

Se não há compreensão do sofrimento, não há sabedoria; o fim do sofrimento é o começo da sabedoria. Para se compreender o sofrimento e dele se ficar livre completamente, requer-se compreensão, não só do sofrimento individual, particular, mas também do imenso sofrer humano.

Tempo é sofrimento, não só sofrimento do passado, mas também sofrimento que inclui o futuro – a idéia de chegar, a esperança de algum dia nos tornarmos algo, com sua inevitável sombra de frustração.

A mente superficial é aquela que se refugia na igreja, em alguma conclusão, em algum conceito, em alguma crença ou em alguma déia. Tudo isso são refúgios para a mente em sofrimento. E, quando nenhum refúgio encontrais, construís em torno de vós uma muralha e vos tornais acrimoniosos, duros, indiferentes, ou buscais a fuga em alguma reação neurótica, fácil. Todas essas fugas ao sofrimento impedem a investigação mais aprofundada [do que seja o sofrimento].

A mente superficial não pode resolver o problema do sofrimento porque sempre procura evitar o sofrimento... Qualquer espécie de entretenimento, seja uma cerimônia religiosa, seja uma partida de futebol, é essencialmente a mesma coisa, mera fuga à vossa aflição, ao vosso vazio interior; e é isto o que estamos fazendo em toda a parte: buscando em diferentes formas de entretenimento o auto-esquecimento.

Ora, quase todos nos satisfazemos com palavras, símbolos, idéias, e com as nossas reações a essas palavras, de modo que nunca estamos em intimidade com o fato. Quando subitamente nos vemos frente a frente com o fato do sofrimento, isso nos causa um choque, e nossa reação é a fuga a esse fato.

Se desejo compreender profundamente, completamente, o fato do sofrimento, não posso ter um motivo a ditar minha reação ao fato. Só posso viver com o fato e compreendê-lo, quando nenhum motivo tenho.

Compreender o sofrimento é [con]viver com ele, olhá-lo, conhecê-lo como ele realmente é; mas não tendes possibilidade de conhecê-lo quando o olhais com um motivo – que supõe o tempo. A mente superficial, incessantemente ocupada em se melhorar, em se lastimar, em se torturar numa dada relação, desejosa de se libertar do sofrimento sem enfrentar o fato – essa mente prosseguirá sofrendo indefinidamente.

Para se ser livre do sofrimento, é necessário compreender, consciente e inconscientemente, todo o seu ‘processo', e isso só é possível vivendo-se com o fato, olhando-o sem motivo. Deveis perceber as manhas de vossa mente, suas fugas, as coisas aprazíveis a que estais apegado e as coisas desagradáveis de que desejais vos livrar com rapidez. Cumpre observar o vazio, o embotamento e a estupidez da mente que só trata de fugir. E pouca diferença faz, se se foge para Deus, para o sexo ou para a bebida, porquanto todas as fugas são essencialmente a mesma coisa.

Existe uma imensidade que ultrapassa todas as medidas, mas nesse mundo não ingressareis sem a prévia e total extinção do sofrimento.

Não encontraremos saída de nossa confusão, angústia, conflito, pela constante repetição do 'Gita', do 'Upanishads' e demais livros sagrados; isso poderá levar à hipocrisia, a uma vida de insinceridade, de interminável pregação moral, porém nunca a enfrentar realidades.

Temos de enfrentar-nos assim como somos e não como deveríamos ser, segundo um certo padrão ou ideal. Temos de ver realmente o que somos e, daí, iniciar a transformação radical.

A vida inteira, a partir do momento em que nascemos, é um processo de aprendizado.

Se realmente entendemos o problema, a resposta virá dele, porque a resposta não está separada do problema.

A verdadeira revolução não é revolução violenta, mas a que se realiza pelo cultivo da integração e da inteligência de entes humanos, os quais, pela influência de suas vidas, promoverão gradualmente radicais transformações na sociedade.

Não há nada que conduza à verdade. Temos que navegar por mares sem roteiros para encontrá-la.

Não existe consciência individual; só há Consciência, da qual somos uma parte. O Eu está relacionado com o todo, esse Eu não é separado.

Entendo por 'vida religiosa', não uma vida ritualista, de ajustamento a determinado padrão, porém a vida religiosa resultante da autocompreensão. Porque, sem o conhecimento de nós mesmos – o que realmente somos, por mais desonestos, falsos, astutos, hipócritas e ignóbeis que sejamos – não teremos base para nenhuma ação ou pensamento religioso.

Se não há autoconhecimento, se não há compreensão do eu – não do 'Eu superior', do Eu com 'E' maiúscula – porém do 'eu ordinário', do homem que freqüenta diariamente o escritório, que é apaixonado, irascível, violento, cruel, hipócrita, acomodatício, se não há essa compreensão total, completa, de todo o nosso ser, nesse caso, toda ação, todo pensamento e toda idéia só conduzirão a mais confusão e a mais angústia.

O conflito é o principal fator de deterioração. A compreensão dos conflitos – compreensão não parcial, porém total – é a mais importante tarefa da mente humana. Porque só com a completa terminação do conflito podem acabar todas as ilusões; só então a mente tem a possibilidade de penetrar fundo na investigação da Verdade, no investigar se algo existe além do tempo. E só essa mente é capaz de descobrir o que é o amor e de descobrir o estado mental criador, porque tudo o mais, em qualquer forma que seja, é pura especulação. A mente religiosa não especula; move-se tão-somente, de fato para fato. E não é possível observar o fato quando há conflito ou tensão de qualquer espécie... A vida verdadeiramente religiosa é aquela que vivemos com compreensão do conflito e libertados do conflito.

 

 

O conflito surge, decerto, quando há contradição – contradição de diferentes desejos, diferentes exigências, tanto conscientes como inconscientes... Só há possibilidade de se resolverem os conflitos quando a mente é capaz de compreender a si própria.

No momento em que se começa a acumular, deixa-se de aprender. Pois só a mente que está fresca, que é nova, só a mente que observa com atenção, aprende.

Quando a mente está sempre acumulando, acrescentando algo a si própria e de tal base observando, então, tudo o que ela observa recebe o colorido do que antes foi aprendido, do conhecimento prévio. Essa mente, por conseguinte, é incapaz de compreender um fato novo. (Grifo meu).

Só podeis compreender alguma coisa quando lhe aplicais vossas mente, vosso corpo, vossos sentidos, vossos olhos, vossos ouvidos, tudo. E dessa compreensão resulta a ação total, e não ação fragmentária, contraditória.

Psicologicamente, vemo-nos inseguros. Por essa razão criamos deuses, deuses que se tornam nossa segurança permanente! Isso gera conflitos.

A função da mente religiosa é descobrir o verdadeiro. E a verdade [ainda que relativa] não pode ser encontrada num templo ou num livro, por mais venerando que seja. Vós tendes de descobri-la por vossos próprios meios. Não podeis comprá-la com lágrimas, com orações, com repetições, com rituais; por esse caminho se vai ao absurdo, à ilusão, à insânia.

A mente se torna sobremodo alertada quando escutamos simplesmente – isto é, não interpretando o que ouvimos, não tentando traduzi-lo, não o identificando com o que já conhecemos pois isso nos impede de escutar. Mas, se escutardes simplesmente, escutardes vossos pensamentos, vossas exigências, o desespero de vossa existência, não tentando interpretar, traduzir nada, não tentando fazer alguma coisa em relação ao que se escuta vereis que vossa mente se tornará sobremodo lúcida.

A primeira coisa que nos cumpre fazer é observar com atenção, todas as murmurações, todos os temores, ilusões e desesperos de nosso próprio ser. E vereis então, por vós mesmos – e para isso não se necessita de provas, nem de gurus, nem de livros sagrados se a Realidade existe. E encontrareis, então, um extraordinário sentimento de libertação do sofrimento. Aí existe a claridade, a beleza e aquela coisa que está faltando hoje à mente humana: o amor, a afeição. (Grifo meu).

A religião, evidentemente, perdeu o seu significado, pois sempre houve guerras religiosas. Ela não resolve os nossos problemas. As religiões separaram os povos. Poderão ter exercido determinada influência civilizadora, mas não transformaram radicalmente o homem.

Ao desejarmos experiências no terreno religioso, nós as desejamos porque não resolvemos os nossos problemas, nossas ânsias, desesperos, temores e tristezas de cada dia; por essa razão pretendemos algo 'mais'. Nessa pretensão de 'mais' encontra-se a ilusão.

As pessoas são facilmente influenciáveis, excessivamente crédulas, ainda que sejam 'sofisticadas' e muito sabedoras; mas estão sempre ansiando por alguma coisa, sempre a desejar e, por essa razão, crêem.

Pensamos saber, pelo menos um pouco, e esse é o começo da vaidade.

Há vasta diferença entre estar isolado e estar completamente só, ser um todo não fracionado. O isolamento é um estado de espírito em que cessaram as relações e, em nossa vida e atividades diárias, erguemos (consciente ou inconscientemente) uma muralha em torno de nós para não sofrermos danos. Esse isolamento, naturalmente, impede qualquer espécie de relação. 'Estar só' implica que a pessoa não depende de outra, psicologicamente; não está apegada a ninguém. Isso não é dizer que não há, então, amor; o amor não é apego. 'Estar só' significa que, profundamente, interiormente, não existe nenhum movimento de medo e, por conseguinte, nenhum movimento de conflito.

A ordem é uma coisa viva, e não uma coisa mecânica; a ordem, por certo, é virtude. Na mente que se acha confusa, que se ajusta, que imita, não existe ordem, porém conflito. E em conflito a mente se acha em desordem e, deste modo, é sem virtude. Já a ordem é virtude... Como pode a pessoa confusa, que apenas sabe obedecer ou imitar, ter qualquer espécie de ordem, qualquer espécie de virtude? (...) A mente em desordem não tem possibilidade de compreender o que é virtude.

É necessário estarmos livre de toda crença – de toda e qualquer ligação porque nós estamos ligados ao todo da vida, e não a um fragmento dela. (Grifo meu).

 

 

 

Necessitamos da liberdade para ligarmos o nosso ser – a nossa energia, a nossa vitalidade e a nossa paixão – à totalidade da vida e não a uma de suas partes... Os sistemas tornam a mente mecânica, não libertam ninguém; poderão prometer a liberdade no fim de tudo, mas a liberdade está no começo e não no fim.

O pensamento, em si, não pode ser livre, embora fale sobre liberdade; em si próprio, ele é o resultado das 'memórias', experiências e conhecimentos trazidos do passado. Em conseqüência, ele é velho.

Meditação é descobrir se existe um campo ainda não contaminado pelo conhecido. Se, meditando, continuo com o que antes aprendi, com o que já sei, estou, então, vivendo no passado, no campo de meu condicionamento. Nesse campo não há liberdade... Meditação é expurgar a mente da vontade.

Só a mente tranqüila pode compreender que, em sua quietude, há um movimento bem diverso, de diferente dimensão, de outra qualidade. Esse movimento, sendo inefável, não pode ser expresso em palavras. O que pode ser descrito só nos leva até este ponto: o ponto em que, tendo lançado a base correta, percebemos a necessidade, o valor e a beleza da serenidade espiritual.

A beleza, com efeito, é o total abandono do 'eu'.... Isso acontece quando não existe nenhum centro constituído pelo 'eu'.

Na Eternidade, não existe tempo.

Vós, homens, como indivíduos, desenvolveis vossos sentidos pela luta social, pela autopreservação, e dais início, assim, à consciência de separação. Desde a infância vos foi incutida a idéia de que sois uma entidade separada; e desta ilusão provém a divisão entre 'vosso' e 'meu', no que pensais e no que sentis, no que possuis... e em todas as cosias. E desta consciência separada surgem cobiça, inveja, ódio, sentimento de posse, vaidade, alegrias passageiras, tristezas transitórias e transitórios prazeres.

A verdade pode ser uma das coisas mais devastadoras e desconfortáveis. O homem que busca o conforto não deseja a verdade: deseja apenas segurança, proteção, um refúgio onde não seja perturbado. Já o homem que busca a verdade tem de abrir a porta às perturbações e às tribulações, porque só nos momentos de crise há o estado de alerta, há vigilância, ação. Só então aquilo que é pode ser descoberto e compreendido.

Enquanto existir dualidade (o experimentador e a coisa experimentada, o observador e a coisa observada), haverá deformação, porque o experimentador é o passado com todos os conhecimentos e memórias nele acumulados. Insatisfeito com as atuais experiências, deseja ele uma experiência muito mais grandiosa. 'Projeta-a' como idéia e trata de alcançar essa 'projeção': mais uma vez dualidade e deformação.

Para mim, revolução é sinônimo de religião. Com a palavra 'revolução' não me refiro a imediatas reformas econômicas ou sociais, porém a uma revolução na própria consciência. Todas as outras formas de revolução, seja comunista, seja capitalista, seja qual for, são puramente reacionárias. Uma revolução na mente – que significa total destruição do que foi, para que a mente se torne capaz de ver sem deformação e sem ilusão o que é verdadeiro – essa é a ação própria da religião.

A mente religiosa é aquela que não está ligada a nada; só ela pode descobrir o que é verdadeiro e o que é falso. Só ela pode descobrir se há, ou não, uma Realidade, Deus, uma coisa Atemporal – mas não a mente ligada a alguma coisa, a mente que crê ou que não crê. Por certo, não tem mente religiosa o homem que vai à igreja... A mente religiosa, ou mente nova, é a mente revolucionária. Porque, então, a mente já não é ambiciosa, invejosa; percebeu o significado da inveja, da ambição, da autoridade, e, por conseguinte, livrou-se delas – não no fim, porém no presente, imediatamente. E essa negação é própria da meditação. Meditação não é essa coisa simplória consistente em repetir palavras, sentado à frente de uma imagem, procurando ter visões e todas as correspondentes sensações; meditação é, sim, o percebimento constante que nos faz ver o falso e negá-lo totalmente. Essa negação provê energia – não a energia que nasce do conflito, não a energia recomendada pela chamada gente religiosa que nos manda ser celibatários toda a vida etc. Tudo isso são formas de resistência e, por conseguinte, contradição.

No sentido da palavra 'religioso', é necessária uma revolução em cada um de nós – revolução total e não parcial. Toda reação é parcial, e a revolução a que nos referimos não é parcial e, sim, uma coisa total. E só essa mente pode ter intimidade com a Verdade. Só essa mente pode ter 'amizade' com Deus – ou o nome que preferirdes. Só essa mente pode participar da Realidade.

Estamos tão absorvidos em nosso trabalho e em nossas misérias que não temos um momento de lazer para sentir o que é amar, para ser bom, para ser generoso. E, no entanto, desprovidos de tudo isso, queremos saber o que é Deus!

Interiormente, psicologicamente, somos em geral muito vulgares e limitados sob o peso de nossa ilustração e do nosso saber. Temos tantos problemas (problemas de relação, problemas que surgem em nossa vida de cada dia, o que se deve fazer, o que se não deve fazer, o que se deve crer, o que se não deve crer) nessa interminável busca de conforto, busca de e segurança e busca de um meio para fugir ao sofrimento. Temos tantos problemas que se os víssemos todos em conjunto poderíamos perder as esperanças. Assim, evidentemente, o que se torna necessário, o desejável e essencial é uma mente nova, porque, em verdade, tudo o que tocamos faz surgir um novo problema.

A verdade não é uma coisa contínua que se possa manter mediante prática ou disciplina, mas algo que se percebe num lampejo. A percepção de uma verdade [relativa] não surge através de qualquer forma do pensamento condicionado, razão pela qual o pensamento não pode imaginar, conceber e nem formular o que seja a verdade.

Ordem significa estado mental em que não há contradição e, portanto, nenhum conflito. Isso não implica em estagnação ou em declínio. A ordem que obedece a uma fórmula preestabelecida, a um ideal ou a um conceito é, simplesmente, desordem. Se um ente humano se ajusta a um padrão de pensamento – uma certa coisa ideal que ele deveria ser – nesse caso, está meramente a imitar, a se ajustar, a se disciplinar, a se forçar, a fim de se adaptar a um molde. Assim fazendo (como na vida em sociedade vem sendo forçado a fazer há séculos e séculos, porquanto a sociedade trata sempre de o controlar mediante diferentes sanções religiosas, leis etc.), naturalmente, está sempre a se produzir uma grande desordem.

A moralidade social não é moral mas imoral. Temos de ser extraordinariamente morais porque, afinal, moralidade é apenas criar ordem, tanto dentro como fora de cada um de nós. Mas esta moralidade deve estar na ação, não sendo uma moralidade meramente baseada em idéias ou conceitos, mas termos uma conduta verdadeiramente moral.

Através da história, o homem – percebendo que sua vida é breve, acidentada e sujeita ao sofrimento e à morte certa – sempre formulou uma idéia chamada 'Deus'.

A meditação tem tudo o que ver com a vida [e a Vida]. Não é abandonar-nos a um certo estado extático, emocional. Há uma qualidade de êxtase que não é prazer; só vem esse êxtase quando existe em nós mesmos aquela ordem matemática, que é absoluta. A meditação é o caminho da vida [e a Vida]. Só com ela pode surgir, em nossa existência, o imperecível, o eterno.

Aprender não é mero cultivo da memória ou acumulação de conhecimentos, porém, a capacidade de pensar clara e sãmente, sem ilusões, partindo de fatos e não de crenças e ideais.

A transformação que se opera no nível consciente não passa de uma simples continuidade modificada, pois nesse nível a mente opera de modo superficial, calculando, julgando, pensando; mas esse processo de calcular, de pesar e de julgar é a continuidade de uma coisa condicionada. Por conseguinte, por esse meio não se resolve qualquer problema de modo algum. O que se faz é apenas modificá-lo, alterar a sua direção; todavia, a nova direção é confusa, do mesmo modo... Tão-somente ao compreendermos o processo do nosso pensar e vermos o quanto estão condicionadas as nossas mentes, só então há uma possibilidade de descobrir o que é a Verdade, a qual, só ela, pode nos libertar dos nossos problemas.

A verdade é não-continuidade. A verdade de ontem não é a verdade de hoje. A verdade não é do tempo e, portanto, não é da memória. Não é algo que se possa experimentar, lembrar, ganhar, perder ou mesmo realizar. Perseguimos a verdade porque desejamos ganhá-la e dar-lhe continuidade; e logo que percebemos isso, realmente o padrão se quebrará, pois a mente, então, já cortou todas as amarras.

A liberdade não está no fim, mas no começo, porque o fim e o começo não são diferentes... são idênticos. O começo da sabedoria é a compreensão do processo total de nós mesmos, e esse autoconhecimento, essa compreensão, é meditação.

Uma mente equilibrada é sábia; não é moldada por juízos e opiniões.

Só podemos compreender algo se repararmos no que esse algo é, e não se tratarmos de fugir disso ou se tentarmos de convertê-lo em outra coisa.

Quando condenais uma coisa ou sobre ela tendes uma opinião, essa opinião ou preconceito deforma a observação.

 

 


Nós, em geral, gostamos de conversas fúteis. As conversas fúteis são extraordinariamente estimulantes, quer tratem de Mestres e Devas, quer tratem de nossos vizinhos. Quanto mais embotados estamos, tanto mais adoramos uma conversa fútil. Quando estamos enfadados da tagarelice social, desejamos tagarelar a respeito de algo superior. Estamos interessados, não no problema da desigualdade, mas, sim, nas guloseimas servidas nas conversas sobre estranhas entidades que não vemos, que nos proporcionam um meio de fugirmos à nossa superficialidade. Afinal de contas, os Mestres e os Devas são nossas próprias projeções; quando os seguimos, estamos seguindo nossas próprias projeções. Se eles nos disserem 'abandonai vosso nacionalismo, abandonai vossas sociedades, não sejais gananciosos, não sejais cruéis', trataremos imediatamente de substituí-los por outros que possam nos dar satisfação.

A dificuldade, pois, não está em fazer uma pergunta ou obter uma resposta, mas, sim, em ver o problema claramente. E quando há clareza, já não há necessidade de perguntas nem de respostas.

Assim como o Sol aparece límpido e brilha através das nuvens escuras, assim, através do vosso próprio discernimento e da pureza da vossa ação advirá a realização daquela Vida que está sempre se renovando a si mesma.

O que vos libertará – o que livrará a todos nós do pecado e do sofrer – é aquele sentimento, aquela percepção do que “é”. É o conhecê-lo exatamente – e não traduzi-lo, explicá-lo, pô-lo de lado – é o conhecê-lo exatamente, o percebê-lo livremente, que traz a liberdade. E é só pela liberdade que se dá a conhecer a Verdade.

Seguimos a autoridade de outro, a experiência de outro, e depois duvidamos dela. Esse desejo de autoridade e a sua conseqüência, a desilusão, constitui um processo penoso para a maioria de nós. Censuramos ou criticamos a autoridade, o guia, o mestre, que uma vez aceitamos, mas não examinamos o nosso próprio anseio por uma autoridade que nos guie e conforte. Uma vez compreendido esse anseio compreenderemos também o significado da dúvida.

Se o homem é explorado em nome de Deus ou em nome do Governo vem a dar no mesmo. Mas como o homem é humano, chega o dia em que ele deita abaixo o sistema. Enquanto a educação for a serva do Governo, não há esperanças... Para se transformar o mundo é necessária uma regeneração dentro em nós mesmos.

A mente em conflito jamais descobrirá o verdadeiro. Poderá tagarelar incessantemente acerca de Deus, da bondade, da espiritualidade e de tudo mais, mas só a mente que compreendeu de maneira completa a natureza do conflito e, por conseguinte, se acha fora dele, só ela pode perceber aquilo a que se não pode dar nome, aquilo que não pode ser medido.

O contentamento pode ser encontrado? A paz é uma coisa que possa ser achada pelo processo do intelecto? A felicidade é coisa adquirível pela compreensão ou pela criação do seu oposto? Esse sofrimento, esse descontentamento, é essencial em nossa vida? O fato é que estamos descontentes com o que é, descontentes com as coisas que temos, descontentes com o que somos; e o descontentamento surge por causa da comparação. Estou descontente porque vejo que sois ilustrado, rico, feliz, poderoso. É essa a causa do descontentamento? Ou vem à existência o descontentamento quando estou em busca de um caminho por onde possa me afastar do que é? Se eu puder compreender o caminho do descontentamento, talvez possa haver felicidade, talvez possa haver satisfação. Não há caminho para a felicidade, para o contentamento. Aquele contentamento e aquela felicidade não constituem um processo de 'estagnação'. Pois, se me vejo descontente e desejo estar contente, esse caminho me conduz ao contentamento, que é estagnação; e isso é o que deseja a maioria de nós.

Nós necessitamos de uma mente nova, uma mente jovem, um novo coração, uma mente purificada, juvenil, decidida. E para se ter essa mente tem de haver destruição; tem de haver criação sempre nova.

A madureza da mente-coração advém quando ela se liberta de suas próprias limitações, e não quando se apega à lembrança de uma 'experiência' espiritual. Se se apega à memória, então ela habita com a morte e não com a vida. Uma experiência profunda pode abrir a porta para a compreensão, para o autoconhecimento e para o reto pensar. Mas, para muitas pessoas ela se torna apenas um estímulo agitante, uma lembrança, perdendo logo o seu significado vital, e impedindo a continuação da 'experiência'.

Só poderá haver uma radical transformação interior e exterior quando o pensamento-sentimento se desprender dos valores sensuais geradores de conflito e sofrimento.

A resistência é mero isolamento, e a mente do homem que, consciente ou inconscientemente, está sempre procurando se isolar, torna-se embotada por causa dessa resistência.

Só pelo pensar correto pode haver ação correta.

Uma revolução dentro das muralhas de isolamento não é revolução. A verdadeira revolução só será possível depois de destruirdes as muralhas de isolamento, e isso só ocorrerá quando não mais estiverdes em busca de poder.

Enquanto houver conflito, haverá poder de criar ilusões, e com a total cessação do conflito todo medo terá cessado, e, portanto, não há mais busca.

Tenho de conhecer a mim mesmo tal como sou, e não como acho que devo ser. Tenho de me conhecer como o centro a partir do qual estou agindo, a partir do qual estou pensando, o centro formado pelo conhecimento acumulado, por pressupostos, pela experiência passada, que são coisas que impedem uma revolução interior, uma radical transformação de mim mesmo. E como temos um tão grande número de complexidades no mundo atual, com tantas mudanças superficiais acontecendo, é necessário que haja essa mudança radical no indivíduo, porque só o indivíduo, e não o coletivo, pode criar um novo mundo.

Para descobrirdes o que é falso, cumpre percebê-lo lucidamente, observar todas as coisas que estais fazendo, pensando e sentindo; e, como resultado disso, não apenas descobrireis o que é falso, mas virá também uma nova vitalidade, uma nova energia, e essa energia determinará que espécie de trabalho deveis ou não deveis fazer.

Quando há competição, o espírito está nublado pelo temor. Há temor quando não se sabe enfrentar o vasto e complexo problema do viver. Enfim, há temor quando há ambição. O homem feliz não é ambicioso; só os ambiciosos são infelizes.

Certamente o professor não é um simples distribuidor de informação; o professor é alguém que aponta o caminho para a sabedoria. E aquele que aponta o caminho para a sabedoria não é o guru. A verdade é muito mais importante do que o professor; portanto, quem está em busca da verdade deve ser simultaneamente estudante e professor.

Para se perceber qualquer coisa na vida, tem que haver uma certa calma na mente, não uma calma disciplinada – nesse caso não é calma, é uma mente sem vida. Ora, uma mente em conflito não deixa observar nada, observar eu próprio. Portanto, se estou em permanente conflito, em constante movimento, a mexer, a falar, eternamente a fazer perguntas, a explicar; aí não é possível haver qualquer observação. É isso que a maior parte de nós faz, quando estamos perante 'o que é'. Portanto, vemos que só pode haver observação quando não há conflito. Para não haver conflito, podemos tomar um tranqüilizante, um comprimido, para ficarmos tranqüilos, mas não é isso que dá percepção, isso apenas nos faz é dormir; e isso é provavelmente o que a maior parte de nós quer. Ora, para observar, tem que haver uma certa tranqüilidade na mente; e se se vê ou não o que é a verdade, depende da qualidade da mente.

Para conhecerdes a Deus, vós não O deveis buscar. Se O buscais, estais fugindo do que é, e esta é a razão por que perguntais se há ou não há Deus. Quereis escapar do vosso sofrimento, refugiar-vos numa ilusão. Vossos livros estão cheios de Deus, vosso templo está cheio de imagens feitas pela mão; mas Deus não está nessas coisas, porque todas elas são fugas do vosso sofrimento real. Para encontrarmos a realidade, ou, melhor, para que a realidade se nos manifeste, deve cessar o sofrimento. E e a mera busca de Deus, da imortalidade, é uma fuga do sofrimento.

Todos somos invejosos de diferentes maneiras. Não há um só que não seja invejoso. Mas a inveja não é apenas uma manifestação superficial; ela é aquele senso de comparação que penetra tão fundo e ocupa uma tão grande porção da mente. Para ficarmos radicalmente livres da inveja tem de deixar de existir o 'observador' da inveja que quer se libertar da própria inveja.

A vida é um todo completo, sem começo nem fim. É esse êxtase, essa sabedoria, que produz a plenitude do viver no presente.

Compreender o isolamento não é um ato burguês; não podeis compreendê-lo enquanto houver em vós a dor daquela insuficiência não revelada que acompanha o sentimento de vazio e frustração. 'Estar só' não é isolamento, e nem tampouco, o seu oposto; é um 'estado de ser' em que há completa ausência da experiência e do conhecimento.

A nossa consciência é o resultado de nossas reações, de nossas crenças, de nossa fé, de todos os nossos preconceitos, da multiplicidade de opiniões, dos medos, da insegurança, da dor, do prazer e de todo o sofrimento que os seres humanos têm experimentado há milhares de anos... Compartilhamos da consciência de toda a Humanidade, pois, nossos sofrimentos, nossos prazeres, nossas crenças, nossas conclusões e nossas opiniões, como também todos os dogmas religiosos e todas as doutrinas, são compartilhados por todos os seres humanos na Terra... Todavia, interiormente, continuamos mais ou menos como éramos há milhares de anos.

O pensamento criou Deus, as ideologias, as guerras e o assassínio de milhões de pessoas em nome de Deus. Também criou todas as coisas das igrejas, dos templos, das mesquitas e as nossas próprias relações.

Os problemas surgem porque estamos condicionados.

Para perceber o verdadeiro, a mente deve estar livre de todo condicionamento, de sua particular cultura, livre de toda e qualquer crença. Porque toda crença se baseia no desejo de consolação, de segurança ou no medo. Vós não credes que o Sol se erguerá amanhã; sabeis que ele se erguerá. Só a mente que, vendo-se incerta e confusa, busca segurança e consolação. Em uma palavra: crê. Deveis, pois, estar totalmente livres de crenças, vale dizer, livres de conclusões e ideais.

A mente deve tornar-se pura, nova. Não pode ser nova e pura se há acumulação de saber ou a mera repetição das palavras de um instrutor ou o resultado final de uma certa prática.

Para estarmos cônscios, temos de observar.

A mente religiosa difere sobremodo daquela que crê na religião. No sentido psicológico, a mente religiosa está livre da sociedade, livre também de todas as formas de crença, todas as formas de exigência de experiência e auto-expressão. O homem sempre criou, através das idades, um conceito a que deu o nome de 'Deus'. Para o homem, a crença nesse conceito chamado 'Deus' sempre foi necessária, porque vê que a vida é desgraçada – uma sucessão de batalhas, conflitos e aflições– com uma ocasional centelha de luz, de beleza e de alegria... No Ocidente, há um Salvador; só por meio Dele pode se achar aquela Coisa Suprema. Todos os sistemas do Oriente e do Ocidente implicam em um constante controle, uma constante deformação da mente a fim de ajustá-la ao padrão fixado pelo sacerdote, pelos livros sagrados, por todas essas coisas deploráveis que constituem a essência mesma da violência. Sua violência não consiste apenas em renunciar à carne, mas, também, em renunciar a toda forma de desejo, a toda forma de beleza, por meio do ajustamento a determinado padrão.

A supressão nunca resolve um problema. Nem a autodisciplina o faz. Isto é apenas substituir um problema por outro.

Você é memória; sem memória você não é nada. Memória de seu nome, memória de sua família, memória de matemática, memória de subir aquela colina, memória de seu amigo. Certo? Então, você é memória. Memória é algo morto, que se foi.

A Realidade está presente aqui neste momento, imediatamente ao nosso alcance. O eterno, o atemporal existe agora, e não pode o agora ser compreendido por aquele que está preso na rede do tempo. Para se libertar o pensamento do tempo requer-se ação, porquanto a mente é preguiçosa, indolente, razão por que está sempre a criar novos obstáculos. Essa libertação só é possível mediante a meditação correta – que significa ação completa – e não ação contínua, e a ação correta só pode ser realizada quando a mente compreende o processo de continuidade, que é a memória, não a memória 'fatual' (relativa aos fatos) mas a memória psicológica...

O amor é uma coisa nova, fresca, viva. Não tem ontem nem amanhã. Está além da confusão do pensamento. Só a mente inocente sabe o que é o amor... Só é possível encontrar o amor – essa coisa maravilhosa que o homem sempre buscou sequiosamente por meio de sacrifícios, de adoração, das relações, do sexo, de toda espécie de prazer e de dor – alcançando a compreensão de si próprio. O amor não conhece o oposto, não conhece conflito.

Quando puderdes ver a beleza da árvore, quando puderdes ver a beleza de um sorriso, quando puderdes ver o Sol a deitar-se atrás dos muros da cidade – ver totalmente – sabereis, então, o que é o amor.

É, pois, a vigilância constante que nos dá autoconhecimento profundo e vasto.

A palavra nunca é o real, mas facilmente nos deixamos arrebatar ao alcançarmos o segundo grau do percebimento, aquele em que o percebimento se torna pessoal e, por influência da palavra, nos tornamos emocionais. Temos, pois, o percebimento superficial da árvore, do pássaro, da porta, e temos a reação a esse percebimento, ou seja, o pensamento, o sentimento, a emoção.

Na bem-aventurança do Real não existe 'experiente' nem 'experiência'. Uma mente-coração sobrecarregada das lembranças do passado não pode viver no Eterno Presente. Deve a mente-coração morrer a cada dia para que haja Eternidade.

O pensamento é fragmentário; faça o que fizer, ele trará fragmentação.

Para vivermos de acordo com os princípios morais verdadeiros e a virtude temos de estar profundamente integrados no âmbito da ordem. Se formos plenamente sérios, interessados de verdade no fenômeno da existência como um todo, é importante descobrirmos sozinhos se há algo inominável fora do tempo, que não tenha sido formado pelo pensamento, que não seja mera ilusão da mente humana ansiando por experiências do além.

A liberdade dará à vida um significado diverso; o sexo terá diferente significação, haverá paz no mundo, e não divisão entre os homens. Mas deveis possuir a energia necessária para olhar; quer dizer: olhar com a Mente e o Coração, e não com olhos cheios de medo.

Só há transformação total quando o observador é a coisa observada, pois o observador nada pode fazer em relação àquilo que observa.

O pensamento é a origem do medo. Se não houvesse pensamento, não haveria medo. Se nenhum pensamento tivéssemos a respeito da morte (como, por exemplo, 'que aconteceria se eu morresse?') e a morte ocorresse neste mesmo instante, não teríeis medo nenhum. É o pensamento a respeito da morte que vos infunde temor, temor proveniente da experiência do passado e 'projetado' no futuro... Quando o medo deixa de existir, quando o medo finda, não há mais sofrimento.

A potência criadora surge quando estamos livres da servidão do anseio, com o seu conflito e seus pesares. Pelo abandono do 'eu', com sua positividade e crueldade, com suas lutas incessantes por vir-a-ser, surge a Realidade criadora. Na beleza de um pôr de sol ou de uma noite calma, já não sentistes uma alegria intensa e criadora? Em um momento desses, estando o 'eu' temporariamente ausente, ficais suscetíveis, abertos à Realidade. Essa é uma ocorrência rara, não-buscada, independente de nossa vontade, mas o 'ego', havendo-a provado uma vez, em toda a sua intensidade, quer continuar a se deleitar com ela, e por isso começa o conflito.

A existência é dolorosa e complexa. Para compreendermos os pesares que nos invadem a existência, devemos pensar-sentir de uma maneira nova, devemos enfrentar a vida de maneira simples e direta; se possível, devemos começar cada dia renovados. Devemos ser capazes, em cada dia, de fazer uma nova avaliação dos ideais e dos padrões que criamos. A vida só pode ser compreendida, profunda e justamente, tal como existe em cada um de nós; vós sois essa vida, e sem a compreenderdes não pode haver tranqüilidade e alegria permanentes.

Sede serenos, tranqüilos. Vede as árvores, os pássaros, o céu, a beleza, as riquezas da existência humana. Observai silenciosa e vigilantemente. Nesse Silêncio se manifesta aquela Coisa indefinível, imensurável, atemporal.

No fundo, geralmente, a nossa vida é confusão, desordem, aflição e agonia. Quanto mais sensíveis somos, tanto maior o nosso desespero a nossa ansiedade e o nosso 'sentimento de culpa'. E dessa vida desejamos naturalmente fugir, porque nela não encontramos nenhuma solução... Desejamos fugir para um outro mundo, para uma outra dimensão. Fugimos por meio da música, da arte, da literatura; mas, trata-se sempre deuma fuga, e a coisa para que fugimos é sem realidade, em comparação com aquilo que estamos buscando. Todas as fugas são iguais, não importa se fugimos pela porta de uma igreja em busca de Deus ou de um Salvador ou pela porta da bebida ou de diferentes drogas. Não só temos de compreender o quê e porquê estamos buscando, mas também temos de compreender essa necessidade de experiências profundas e duradouras, porque só a mente que nada busca, que não exige experiências de nenhuma forma, poderá ingressar em uma esfera ou dimensão inteiramente nova.

 

 

A grandeza da liberdade – a verdadeira liberdade, a dignidade, a sua beleza – está em nós mesmos quando a ordem é completa. E essa ordem só vem quando somos uma luz para nós mesmos.

Só a mente livre pode dar atenção a uma coisa e depois 'soltá-la' – e isso é bem diferente de ficar ocupado com ela. A mente ocupada jamais poderá ser livre.

Os opostos sempre trazem conflito. ‘Eu gostaria de fazer isso, mas não tenho vontade de fazê-lo’. ‘Eu gostaria de agir dessa forma, mas não posso’. Então, deve-se perceber claramente este fato: existe tão-somente ‘o que é’ e não o seu oposto... A mente sem clareza sempre escolhe; a mente confusa vai, inevitavelmente, escolher. Para a mente que vê claramente não há qualquer escolha. Portanto, clareza não é o oposto de ‘o que é’. A compreensão de ‘o que é’ e a transcendência disso produzem clareza.

A vida é um contínuo movimento de relações, e só quando compreendermos essas relações – como um todo e não fragmentariamente – poderemos resolver nossos problemas individuais.

O tempo trará compreensão? Tereis compreensão amanhã? Ou só há compreensão no presente ativo, agora? Compreensão é ver uma dada coisa totalmente, imediatamente. Mas essa compreensão é impedida pela avaliação, sob qualquer forma. Verbalizar, condenar, justificar etc. impedem o percebimento.

A sabedoria é a compreensão do fluxo contínuo da Vida ou da Realidade e somente é apreendida quando a mente está aberta, isto é, quando a mente não mais está embaraçada pelos seus próprios desejos de autoproteção, reações e ilusões. Nenhuma sociedade, nenhuma religião, nenhum sacerdote e nenhum líder poderão dar, jamais, a sabedoria. É só pelo nosso próprio sofrimento e pela atenção dada à causa do sofrimento – ao qual tentamos escapar aderindo a corporações religiosas e mergulhando em teorias filosóficas – que a sabedoria nasce natural e suavemente.

É necessária uma revolução total do nosso pensar, para que o Atemporal possa acontecer.

A mente deve achar-se completamente só, não-influenciada, não-contaminada e, portanto, livre do tempo, pois só então pode se manifestar o Imensurável, o Atemporal.

Pode-se ver muito claramente como tem início o condicionamento, como, no mundo cristão, dois mil anos de propaganda levaram à veneração da cultura cristã, enquanto a mesma coisa sucede no Oriente. É assim que a mente, em virtude da propaganda, da tradição, do desejo de segurança, começa a condicionar a si própria.

Pois tal é o propósito da vida: partir, como centelha de uma Chama, para colher experiência, e, a seu tempo, voltar a se juntar a essa Chama.

 

 

Para onde quer que fordes, por onde quer que andeis, existe o anseio de descobrir uma morada onde possais habitar pacificamente e em tranqüilidade, onde vós pensais em se tornar uno com o Reino da Felicidade. Há muitos modos de buscar e atingir essa Felicidade, porém, o fim, a meta, é a mesma para todos, pertença o homem a que temperamento ou tipo pertencer. Seja qual for o seu meio de atividade no mundo, a meta para ele é a conquista da Felicidade e da Libertação. Pois uma vez que tenhais percebido este fim, para atingi-lo deixareis de lado todas as coisas transitórias, todas as causas que passam com o contato da tristeza.

Se vedes que sois preguiçosos, que sois estúpidos, e se compreendeis a preguiça e olhais de frente a estupidez, sem procurar mudá-la noutra coisa, então, nesse estado, encontrareis extraordinária liberdade, grande beleza, vasta inteligência.

A questão não é de como se ter menos [ou mais] mestres em uma escola, mas, sim, de como fazer nascer em nossas relações uma inteligência não-limitada, não-temerosa, mas realmente revolucionária e criadora.

A mente que está só encontra-se liberta de todo o seu condicionamento.

O professor não é o 'esclarecedor', não é o 'inspirador', não é o 'guia', não é o 'herói' e não é o 'exemplo'. A verdadeira função de um professor é completamente diferente: é a de ajudar o estudante e educá-lo para perceber todos os problemas. Nenhum estudante pode perceber os problemas, se existe medo – medo de ordem econômica, social ou religiosa.

O Silêncio não é apenas uma virtude verbal ou uma asserção verbal que procura se realizar. Do Silêncio decorrem todas as ações. Quando O compreendemos profundamente, percebemos o que somos. Só nesse Silêncio se pode ver o que é totalmente 'novo', aquilo em que não há lugar para o pensamento, porque o pensamento é reação do 'velho'. O pensamento funciona sempre na esfera do conhecido. Só a mente silenciosa – aquela que está completamente vazia do conhecido – pode perceber o que é 'novo'. Só essa mente pode se encontrar com algo para o qual não há palavra nem medida de tempo.

Quando a mente está ocupada [agitada], seja com Deus, seja com assuntos culinários, com uma pessoa, com uma idéia, com uma virtude, sua ocupação, inevitavelmente, tende de criar problemas.

A única coisa que tem importância é que propineis a água que extinguirá a sede do povo – o povo que não está aqui, que está no mundo. E a água que haverá de dar satisfação, que purificará os corações e que enobrecerá as mentes é esta: encontrar a Verdade e o estabelecimento na mente e no coração da Libertação e da Felicidade.

Religião, no verdadeiro sentido da palavra, não cria separação.

Só a mente realmente humilde não está explorando... Acha-se a mente no estado de 'não-exploração' quando está em Silêncio, sozinha, quando não adquire, nem busca êxito, nem galga os degraus da popularidade. Só essa mente pode trazer a sanidade a este mundo tão cheio de crueldade e exploração.

Só haverá reconciliação do homem e do cidadão quando o processo psicológico do homem for compreendido.

Há medo, deterioração e destruição da mente quando ela está constantemente a buscar segurança ou quando está onerada do desejo de se preencher.

Deus só poderá ser encontrado quando a mente não mais busca vantagem para si.

Releva, pois, investigar profundamente a questão do condicionamento, sem nos limitarmos a aceitar a asserção de outro sobre se a mente pode ou não se libertar. Cabe a cada um investigar e libertar a si próprio. Penso que, então, algo se descobrirá além de todas as palavras, algo verdadeiramente incomunicável. O homem que realizou, que experimentou por si mesmo essa coisa, é um homem verdadeiramente religioso, porque já não está sob a influência da sociedade – essa estrutura de ambição, aquisição, inveja e atividade egocêntrica.

Qualquer escolha entre diferentes influências denota sempre um estado de mediocridade. A mente que escolhe entre duas influências e começa a viver em conformidade com a influência preferida, continua a ser medíocre, pois essa mente nunca se acha em um estado de revolta [indignação], e a revolta é essencial para que se possa descobrir algo.

O impulso de buscar a verdade nasce a partir do sofrimento; no sofrimento radica a causa da insistente investigação e busca da verdade.

Quando alguém realmente ouve e mergulha em si mesmo com profundidade é uma purificação. E aquilo que está purificado recebe uma bênção que não é a bênção das igrejas.

O pensamento é o resultado do passado a atuar no presente; as vagas do passado estão continuamente submergindo o presente. O presente, o novo, está sempre sendo absorvido pelo passado, o conhecido. Para se viver no eterno presente, é necessário morrer para o passado, para a memória; nesta morte há renovação, sem a limitação do tempo.

 

 


Todos nós, velhos e jovens, desejamos ser altamente respeitáveis, não é verdade? Respeitabilidade implica em reconhecimento por parte da sociedade; e a sociedade só reconhece quem teve êxito, quem se tornou importante e famoso, e
[cruelmente] despreza o resto. Por isso, adoramos o êxito e a respeitabilidade. Só quando pouco vos importar se a sociedade vos considera respeitável ou não, quando não mais buscardes o êxito, quando não mais desejardes vos tornar alguém, então, passará a existir intensidade. Isso significa que não existirá mais medo, nem conflito, nem contradição interior. Por conseguinte, passareis a dispor de abundante energia para acompanhardes o fato 'até o fim'.

O nosso problema está no fato de a nossa vida ser vazia e de não conhecermos o amor; conhecemos as sensações, conhecemos a publicidade, conhecemos as exigências sexuais, mas não há amor... A fuga é um processo de isolamento, e a verdade é que só poderá haver comunhão quando houver amor. Só então será resolvido o problema da solidão.

Apenas a mente realmente simples pode observar e amar.

Sendo a vida aquilo que é – geralmente muito superficial, vazia, tortuosa, sem grande sentido – tenta-se inventar um significado, dar-lhe um sentido. Se se tem uma certa habilidade mental, o significado e o sentido dessa invenção tornam-se bastante complicados. E ao não encontrarmos a beleza, o amor ou o sentido da imensidade, isso pode nos tornar céticos e descrentes de tudo. É claro que é absurdo e ilusório, sem qualquer significado, inventar uma ideologia, uma fórmula, afirmar que há Deus ou que não há, quando a vida não tem qualquer significado – o que é verdade – vivendo da forma como vivemos... Temos de pôr de lado todas as teologias e crenças. Se assim procedermos, então, deixa de haver qualquer forma de medo.

Não se pode encontrar a verdade, ou a faculdade divina da compreensão, enquanto estivermos apegados à família, à tradição ou ao hábito. Ela só poderá ser encontrada quando estiverdes em plena nudez, despidos de vossos desejos, das esperanças e das cautelas. Nessa simplicidade direta está a riqueza da vida.

Só a mente religiosa pode promover a ordem neste mundo cheio de confusão e sofrimento. E vossa obrigação – vossa e de ninguém mais – é promover, enquanto estais vivendo neste mundo, aquela vida criadora. Só essa é a mente religiosa, a mente bem-aventurada.

Se uma pessoa sabe que a verdade não pode ser achada por intermédio de ninguém, de nenhum livro, de nenhuma religião; se uma pessoa sabe que a Realidade só se torna existente quando a mente está tranqüila; que a tranqüilidade só pode vir com o autoconhecimento e que o autoconhecimento não lhe pode ser dado por ninguém, mas tem de ser descoberto por ela própria, momento por momento, então, por certo, aparece uma tranqüilidade mental, que não é morte, mas uma paz realmente criadora, e só então pode surgir o Eterno.

Para enfrentar uma coisa inteiramente desconhecida, necessitamos de muita energia, não? E tal só é possível quando já não existe mais vontade, já não existe mais resistência, já não existe mais escolha e já não existe mais dissipação de energia. Para enfrentar o que desconhecemos temos de contar com a mais intensa energia, e, quando ocorre essa energia total, haverá porventura medo da morte? Ou haverá medo de continuar? Só quando vivo uma vida de resistência, de vontade e de escolha é que tenho medo de não Ser ou de não Viver. Mas, quando a mente está diante do desconhecido e livre de tudo mais, há uma enorme energia. E nessa Suprema Energia, que é Inteligência, há morte? Verifiquem.

 


 

 

Considerações Finais Sobre os
Ensinamentos
de Jiddu Krishnamurti

 

 

 

 

 

Este despretensioso estudo está inacabado, isto é, não pôde ser concluído. Motivo: a obra de Jiddu é monumental. Por isso mesmo não apresentarei nenhuma consideração final. Isso seria, em um certo sentido, apocopar seu pensamento. A animação abaixo resume – sob minha única responsabilidade – o que bebi (e penso que compreendi) do pouco que compilei do muito que escreveu Jiddu Krishnamurti. Paciência. Um dia farei um segundo volume ou um ensaio consistente sobre um tema específico de suas concertadas reflexões. Todavia, não posso deixar de registrar que o que eu queria fazer foi feito. Para todos. Mas ainda preciso dizer outra coisa: se eu tivesse que escolher três palavras para definir os textos que li, escolheria: LIBERDADE MÍSTICA ATEÍSTA.

 

 

 

 

Em acréscimo, reproduzo a resposta que foi dada por Krishnamurti, em Madras, em 7 de dezembro de 1947, a uma pergunta a ele endereçada:

Pergunta: — Você foi anunciado pela Sociedade Teosófica como sendo o Messias e o Instrutor do Mundo. Por que você saiu da Sociedade Teosófica e renunciou ao papel de Messias?

Krishnamurti: — Vamos examinar a questão das Organizações. Existe uma história bem engraçada que conta que o diabo e um amigo estavam passeando quando viram, à sua frente, um homem se abaixar e pegar algo brilhante do chão. Ele olhou para aquilo com deleite, colocou-o no bolso e continuou caminhando. O amigo do diabo perguntou: 'O que aquele homem achou que o transformou tanto?' O diabo respondeu: 'Ele encontrou a verdade.' 'Por Deus!' – exclamou seu amigo – 'isto deve ser um mau negócio para você!. 'De jeito nenhum' – respondeu o diabo com um sorriso malicioso, E acrescentou: 'Vou ajudá-lo a organizá-la; você vai ver só!'.

Pode a verdade ser organizada? Você pode encontrar a verdade através de uma organização? Para encontrar a verdade, você não deve ir além e acima de todas as organizações? Afinal de contas, por que todas as organizações espirituais existem? Elas estão baseadas em diferentes crenças, não? Você acredita em uma coisa e o outro acredita nisso também, e em volta dessa crença vocês formam uma organização. E qual é o resultado? Crenças e organizações estão sempre separando as pessoas, excluindo umas das outras; você é um hindu e eu sou um mulçumano, você é um cristão e eu sou um budista. Crenças, ao longo de toda História, atuaram como uma barreira entre os seres humanos, e qualquer organização, baseada em uma crença, deve inevitavelmente produzir guerra entre os seres humanos; e isso tem acontecido vezes sem conta. Nós falamos de fraternidade, mas se você tem uma crença diferente da minha estou pronto para cortar sua cabeça; nós temos visto isso acontecer inúmeras vezes.

As organizações são necessárias? Você entende que não estou falando das organizações formadas para conveniência mútua dos seres humanos na sua existência cotidiana, como Correios etc. Estou falando das organizações psicológicas e das chamadas organizações espirituais. Elas são necessárias? Elas existem na suposição de que irão ajudar o ser humano a encontrar a verdade, ou Deus, ou seja lá o que você queira. Elas são um meio de propaganda, para converter o outro, para aumentar o número de adeptos etc. Você quer falar para os outros o que você pensa, ou o que você aprendeu, o que parece ser verdadeiro para você. E a verdade pode ser propagada? O que é verdade para alguém, quando propagado, certamente deixa de ser verdade para o outro. Não?

Certamente, a Realidade, Deus ou seja lá o nome que você der a isso, não é para ser propagado. Cada um deve experimentar por si mesmo, e essa experiência não pode ser organizada. No momento que é organizada, propagada, ela cessa de ser verdade; ela se torna uma mentira, portanto, um impedimento à realidade, porque, afinal de contas, o real, o imensurável, não pode ser formulado, não pode ser colocado em palavras. O desconhecido não pode ser medido pelo conhecido, pela palavra, e quando você o mede, ele cessa de ser verdade, deixa de ser real e, portanto, é uma mentira – e somente uma mentira é que pode ser propagada. E organizações, que supostamente estão baseadas na busca da verdade, fundadas para a busca do real, tornam-se instrumentos dos propagandistas, e assim elas deixam de ter qualquer significado; não apenas a organização que está em questão, mas todas as organizações espirituais acabam se tornando meios de exploração. Elas adquirem propriedades, e a propriedade se torna tremendamente importante; passam a procurar mais membros e começa todo aquele negócio; as pessoas não vão encontrar a verdade porque a organização se torna mais importante do que a busca da realidade. E nenhuma verdade pode ser encontrada através de qualquer organização porque a verdade vem quando existe liberdade, e liberdade não pode existir quando existe crença, pois crença é apenas o desejo de segurança, e a pessoa que está presa na sua necessidade de segurança nunca pode descobrir a verdade.

Agora, a respeito do papel de messias, é muito simples. Eu nunca neguei isso e não penso que tenha grande importância se eu neguei ou não. O que é importante para você é se o que eu digo é verdade. Assim, não se prenda ao rótulo, não dê importância ao nome. Se eu sou o instrutor do mundo ou messias, ou qualquer outro, é certamente sem importância. Se o nome se tornou importante, então você vai deixar escapar a verdade do que estou dizendo, porque você irá julgar pelo rótulo, e o rótulo é inconsistente. Alguém vai dizer que eu sou o messias, e outro vai dizer que não sou, e onde você fica? Fica na mesma confusão, na mesma miséria, no mesmo conflito. Assim, certamente, a questão tem muito pouco significado. Sinto muito desperdiçar seu tempo com essa questão. Se eu sou ou não o messias é de muito pouca importância. Mas o que é importante, se você é realmente sério, é descobrir se o que digo é verdade, e você só pode descobrir se o que eu digo é verdade, examinando-o, e estando agora atento ao que estou dizendo e descobrindo se o que estou dizendo pode ter efeito na sua vida diária. O que estou dizendo não é tão difícil de entender. O intelectual irá achar muito difícil porque sua mente está distorcida, e o devoto também irá achar extremamente difícil, mas a pessoa que está realmente procurando irá entender por causa da sua simplicidade. E o que estou dizendo não pode ser posto em poucas palavras e não vou tentar dizê-lo em poucas palavras. As várias palestras que eu tenho dado e minhas respostas às perguntas irão revelar isso, se você está interessado no que estou dizendo.

 

 



 

Páginas da Internet e Websites Consultados:

http://www.templodemaat.hpg.ig.com.br/

http://www.impactconsulting.co.uk/
Coaching/conflict-management.htm

http://tuljo.store20.com/krishnamurti/portuguese/index.php

http://www.katinkahesselink.net/kr/

http://en.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti

http://pt.wikiquote.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti

http://www.kfa.org/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti

http://www.j-krishnamurti.org/JKrishnamurti.html

http://www.sacred-texts.com/time/index.htm

http://www.astrosurf.com/cidadao/animations.htm

http://www.cuidardoser.com.br/coletanea-krishnamurti.htm

http://www.krishnamurti.org.br/

 

Principal Website Consultado:

http://www.cuidardoser.com.br/coletanea-krishnamurti.htm

 

Entre outras fontes, foram consultadas as seguintes separatas digitais de Jiddu:

A alegria de viver, A busca do homem, A casa está pegando fogo, A compreensão do sofrimento, A deterioração do homem, A experiência religiosa da meditação, A ilusão de separatividade, A importância da crise, A importância de um cérebro completamente quieto, A mentalidade religiosa, A mente religiosa, A mente religiosa e a mente científica, A mente revoltada, A mente sofredora, A natureza da liberdade, A ordem interior, A real função da educação, A realidade transcendental, A verdade libertadora, A verdade não é individual e nem coletiva, A verdadeira revolução, A verdadeira revolução (texto 2), Como é que as pessoas se tornam neuróticas?, Como conhecer a si mesmo?, Compreendendo a percepção, Conversas fúteis, Crenças, preconceitos, dogmas e idéias, Diálogos sobre a busca de segurança, Diálogo sobre a crença e a confiança, Diálogo sobre a dependência dos guias, Diálogo sobre a educação, Diálogo sobre conflito, Diálogo sobre descontentamento, Diálogo sobre desordem mental, Diálogo sobre experiência espiritual, Diálogo sobre mudança interior, Diálogo sobre o trabalho, Diálogo sobre profissão, Diálogo sobre relacionamentos, Diálogo sobre solidão, Diálogos sobre a solidão II, Diálogos sobre mudanças, Diálogos sobre o meio de vida correto, Educação sem disciplina, Educar o educador, É possível a mente humana perceber a verdade?, Existe ou não existe Deus?, Existe uma razão para a nossa existência?, Existe uma vida futura?, Isolamento e estar só, Krishnamurti em Los Alamos, Levando a mensagem, Liberdade Mental, Liberdade religiosa, Liberte-se das influências, Mentalidade religiosa, Mente livre, Nada é condenável, Não importa se você morrer, O alcançar da Realidade, O amor, O amor é um sentimento?, O desenvolvimento do correto pensar, O entendimento fundamental, O fim do conflito, O florescer interior, O homem no mundo, O maior problema do homem, O observador e a coisa observada, O pensamento é a origem do medo, O poder criativo, O problema da insegurança, O problema da transformação, O que buscamos todos nós?, O que é liberdade?, O que é uma mente medíocre?, O que existe além é indescritível, Os problemas humanos, Perenidade espiritual, Perguntas e respostas, Pode a mente medíocre se preencher?, Pode a mente ultrapassar a consciência coletiva?, Pode o homem mudar?, Porque autoridade – Capítulo 1, Porque autoridade – Capítulo 2, Porque tenho ódio de mim?, Qual a função de um mestre?, Qual a relação do individuo com a sociedade?, Qual é a verdadeira função de um educador?, Que buscamos nós?, Que é o amor?, Que são sonhos?, Que significa ser “religiosamente livre”?, Que sou eu?, Quem traz a verdade, Religião, Sanidade mental e meditação, Ser livre, Ser um bom cidadão ou ser um bom homem?, Sobre a deterioração da mente, Sobre a importância dos retiros, Sobre a libertação dos condicionamentos, Sobre a mediocridade, Sobre a realização espiritual, Sobre a solidão, Sobre a solidão – 2, Sobre a solidão – 3, Sobre conflitos, Sobre o morrer todos os dias, Sobre o sofrimento, Sobre o vazio existencial, Texto representativo da obra de Krishnamurti, The Voice of Intuition, Um modo de viver plenamente, Uma dimensão diferente, Uma nova maneira de viver, Uma radical revolução, Verdade e Conforto, Vida criadora, Viver sem temor, Vontade e energia.

 

Música de fundo:

Rhapsodie (Brahms)

Fonte:

http://www.piano-midi.de/brahms.htm