Canalhas
de todos os matizes: eu não sou como vocês. Ética, para
mim, não é pose, não é bandeira eleitoral, não
é construção artificial de imagem para uso externo.
Ética, para mim, é compromisso de vida. Agir eticamente, para
mim, é tão natural quanto o ato de respirar.
Se
alguém mandou me seguir, me fotografou em companhia de amantes, mande
as fotografias, estou pedindo. Quem é que pode me chantagear? Eu
não sou chantageável. Minha mulher nunca foi funcionária
do Senado Federal, nem do meu nem de qualquer gabinete.
Não
descarto terem sido pessoas do Amazonas [que
revelaram sua suposta participação em uma operação
financeira fraudulenta na Companhia Siderúrgica da Amazônia
nos anos 70]. Talvez, eu tenha, no máximo, cinco dedos
da mão de pessoas inimigas. Mas tenho milhares de inimigos rancorosos.
Todos os canalhas são desinibidos. Nada incomoda mais um canalha
do que uma pessoa de bem. Fere a auto-estima do canalha saber que há
pessoas honestas.
Eu
já sentia que ela [Marina
Silva] vinha descontente com algumas ações do Governo.
Para mim, não foi surpresa. Seria deselegante antecipar suas razões,
mas é uma possibilidade essa questão dos conflitos com a ala
desenvolvimentista do Governo que quer crescimento a qualquer custo.
Lá
no plenário, vou votar ou sim ou não a prorrogação
da CPMF. Se até lá o Governo mandar proposta satisfatória,
voto pela prorrogação. Se não me satisfizer, vou votar
contra. Aqui [na CCJ],
vou me abster. Lá, não me absterei.
O
presidente [Lula],
que contrariou até economistas de seu Partido, adotou uma política
econômica responsável e colhe os frutos de sua decisão.
É
a falta de zelo com a coisa pública que contaminou a universidade
[de Brasília].
Não se gasta pouco em educação, mas se gasta brutalmente
mal.
O
que está faltando mesmo ao Brasil – e sempre
faltou – é uma elite dirigente com compromisso com a coisa
pública, capaz de fazer neste País o que precisaria ser feito:
investimento em capital humano.
O
Japão não tem nada. Não tem petróleo, gás
ou riquezas minerais. A Coréia do Sul também não tem
nada disso, e nos dá um banho em termos de desenvolvimento, não
apenas econômico, mas também humano.
Os
senadores que votarem pela absolvição [do
senador Renan Calheiros] ou se abstiverem por consciência
ou convencimento pessoal, eu respeito. Mas se for por uma acordo, eu não
tenho respeito algum.
Você
precisa estar convicto para concluir, com base em fatos ou ausência
de fatos. Eu já tenho elementos para apresentar o meu relatório
[do processo contra Renan].
A
decisão [do TSE de
estender a fidelidade partidária aos cargos majoritários]
vai pôr um freio no troca-troca partidário, não
há dúvida. Eu fui um caso raro de migração ao
contrário. Saí do PSDB porque divergi sobre a reeleição,
fiquei numa situação incômoda durante o Governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Temos
que lidar com a razão ao invés do coração. A
Instituição está acima das pessoas. Se o Conselho de
Ética tiver que punir, tem que punir. Senão vai ser a descrença
total desta Instituição.
O
que a Amazônia deve temer: as
madeireiras e os pecuaristas que podem provocar o holocausto na região.
Obviamente,
estamos no meio de uma grave crise política de desfecho desconhecido.
Mas, como dizem os chineses, crise é também oportunidade.
Temos a chance de fazer o País bem melhor.
Hoje, é impossível,
por exemplo, um golpe militar.
Hoje,
ninguém repetiria a frase do Brizola – 'o Congresso deveria
ser fechado, pois não serve para nada mesmo'. A sociedade amadureceu
e compreende que, por maior que seja a sua banda podre, o Congresso é
uma instituição imprescindível.
A
tese conspiratória de um complô das elites não tem qualquer
sustentação nos fatos. É ridícula. Não
convence ninguém, salvo a 'velhinha de Taubaté'.
Quem
caminha com o povo nunca está sozinho.
Tenho
fé inabalável no lento, mas irresistível, progresso
dos projetos de reforma político-partidária e eleitoral, que,
mais cedo ou mais tarde, superarão esse inquietante divórcio
entre representantes e representados, eliminando os obstáculos subsistentes
à ascensão dos ideais, princípios e valores éticos
e cívicos que sempre defendi ao longo de minha vida pública.
Sobre
a Reforma da Previdência do funcionalismo público:
na idade avançada ou na triste convivência com uma saúde
precária, o cidadão, mais do que nunca, precisa de dinheiro
para comprar remédios e pagar por tratamentos que o Poder Público
não raro falha em fornecer.
Sobre
a Reforma Tributária:
progressiva redução da carga de impostos e contribuições
que sufocam o microempresário e reduzem a capacidade de a Economia
criar empregos.
Zona
Franca de Manaus: é um patrimônio de progresso material
e integração social do povo amazonense, pivô da inserção
da Amazônia Ocidental no espaço geopolítico e geoeconômico
da soberania brasileira.
O
Brasil está em uma encruzilhada. Se fizer a opção errada,
irá resvalar para o limbo no qual vegetam nações inviáveis.
A
assustadora operação bélica do crime organizado em
São Paulo, ao mostrar a semi-falência do Estado Brasileiro,
me estimulou a insistir na proposta de se buscar um pacto de salvação
nacional, antes que seja tarde demais.
Nesse período, ou chegamos
a um consenso capaz de deslanchar um desenvolvimento duradouro ou nos perderemos
engolfados na guerra política, na desordem urbana e na estagnação
econômica.
Implantação
do Parlamentarismo a partir de 2011: Com isso, a atmosfera se
desanuviaria e o futuro presidente começaria a construir o projeto
nacional em um céu de brigadeiro, com oposição civilizada,
a cargo de adversários, mas não de inimigos.
Este
Congresso que está aqui – desculpem-me a franqueza –
é o pior de que já participei. É a pior legislatura
da qual já participei. Nunca vi um Congresso tão medíocre.
Claro, com uma minoria ilustre, respeitável, a quem cumprimento.
Mas uma maioria, infelizmente, tão medíocre, com nível
intelectual e moral tão baixo, eu nunca vi. O que se pode esperar
disso aí? Não sei.
Sobre
a conduta ética no Pparlamento: Infelizmente, é
um problema cultural difícil de erradicar. Não tenho fórmulas,
mas é preciso melhorar o relacionamento vicioso entre o Executivo
e o Legislativo.
Sobre
a redução dos cargos eletivos para o Congresso Nacional:
Um bom número seria dois senadores por Estado, cerca de 300 deputados
federais e um máximo de dois mandatos, para evitar os políticos
profissionais.
Procuro
ser racional na vida e nunca seguir com espírito de rebanho. Não
importa que eu seja o único do batalhão com o passo certo;
se eu achar que o meu passo é o certo, fico sozinho com o batalhão...
No dia em que eu não tiver coragem de dizer o que penso, dissentindo
de todo mundo, nesse dia é melhor eu deixar a cena política
e me recolher. Batráquio, coaxando com todos, isso jamais serei.
Eu
sou um ET, um marciano caído na Terra... Eu sou uma voz isolada,
mas sou totalmente a favor da legalização das drogas... Tentar
reprimir as drogas é um grande equívoco coletivo... A não-legalização
das drogas viola um direito inalienável da pessoa humana, que é
o de um ser adulto fazer o que quiser da sua vida, inclusive consumir drogas...
A não-legalização é um tabu social que alimenta
um câncer que se chama narcotráfico... Este câncer só
será extirpado com a legalização das drogas e com a
criação de uma contribuição social sobre a fabricação
e a venda de drogas, contribuição esta destinada à
prevenção e ao tratamento dos usuários... Enquanto
a não-legalização existir, haverá narcotráfico...
Mas como não quero ser arrogante, o único com o passo certo,
eu devo estar errado.1
Política
Externa:
Megalomania e Fracasso
Enquanto
durou a Guerra Fria, com a divisão do mundo em dois blocos
antagônicos e inconciliáveis, os países em
desenvolvimento podiam orientar suas políticas externas
por motivos ideológicos, colocando-se em um campo ou no
outro.
Essa
tomada de posição tinha também efeitos práticos
e podia render bons frutos, na medida em que o alinhamento político
com qualquer dos dois lados resultava em acordos econômicos
vantajosos com os respectivos países-líderes, vale
dizer, as duas superpotências hegemônicas: Estados
Unidos e União Soviética.
Agora,
tudo mudou. Com o desmoronamento do bloco socialista, o engajamento
ideológico em política externa não tem mais
razão de ser, perdeu o sentido. Além de não
haver mais uma causa a defender, não resulta em nenhum
benefício econômico. Ao contrário, só
traz prejuízos.
Infelizmente,
o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua tosca equipe
de assessores – como ele escolhe mal! –
ainda não perceberam essa nova realidade
mundial e, por isso, embarcaram em uma política exterior
equivocada e ultrapassada.
Deslumbrado
com o cargo e na ilusão de que se tornaria um protagonista
importante no cenário internacional, o presidente –
às vezes, com o Itamaraty à margem
– tratou de buscar dois objetivos
impossíveis: um, liderar a América Latina; outro,
formar um bloco com a China e a Índia, em contraposição
aos Estados Unidos e à Europa.
O
primeiro objetivo logo fracassou, quando México e Argentina
deixaram claro que jamais aceitariam a liderança do Brasil.
E o segundo também acaba de se mostrar inviável,
com a decisão da China de se unir aos Estados Unidos contra
a pretensão do Brasil de se tornar membro permanente do
Conselho de Segurança da ONU.
Aliás,
na busca desse objetivo maior – não
se sabe por quê – da
nossa política exterior, não tivemos apoio sequer
dos países da União Africana, que apresentaram uma
proposta diferente, inviabilizando a nossa.
Mais
vexatórias ainda foram as contundentes derrotas que sofremos
nas disputas para a diretoria da OMC e a presidência do
BID. Da mesma forma, apesar da nossa política terceiromundista,
a maioria do Terceiro Mundo nos recusou apoio.
Mesmo
no âmbito mais próximo da América do Sul,
além das crescentes cutucadas que levamos da Argentina,
outros países vizinhos já demonstraram, na prática,
que não farão alinhamento automático com
o Brasil. Vale dizer, não lideramos nem mesmo o nosso próprio
terreiro.
A
partir de agora, talvez o presidente Lula perceba que as políticas
externas de cunho ideológico acabaram. E a China é
o grande exemplo disso. Em suas relações com o mundo,
os chineses são de um realismo brutal. Jamais formarão
nenhum bloco político, muito menos contra os Estados Unidos,
país com o qual mantêm um valiosíssimo intercâmbio
comercial.
Ao
apostar suas fichas em uma aliança política com
a China, o Governo Brasileiro fez concessões prejudiciais
a setores importantes da nossa Economia, que ficaram sem salvaguardas.
Tudo isso rigorosamente a troco de nada. Tomara que Lula tenha
aprendido com os pragmáticos chineses. No mundo de hoje,
os países não têm mais amigos nem inimigos.
Cada um trata de defender exclusivamente seus próprios
interesses.
Tal
postura não significa, contudo, amoralismo, com defesa
apenas de interesses e abandono de princípios. Pragmatismo
e principismo são perfeitamente conciliáveis, desde
que os princípios sejam defendidos nos foros adequados,
sem afetar as relações bilaterais com ingerência
indevida nos assuntos internos do outro país.
Decorridos
quase três anos do atual Governo, o balanço do seu
desempenho no plano internacional não anima. Marcada por
sonhos megalomaníacos, desapego a princípios e malogro
nas disputas, nossa política externa apresenta resultados
medíocres, para não dizer melancólicos.
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Creio
que, longe de reagirmos enraivecidos ou mostrando medo quanto a uma possível
internacionalização da Amazônia, devemos replicar com
bom humor, no mesmo tom, respondendo como respondeu, certa vez, o Senador
Cristovam Buarque em uma universidade americana. Quando um universitário
perguntou se a Amazônia, pela sua importância para o equilíbrio
climático mundial, não deveria ser internacionalizada, o Senador
Cristovam respondeu ao seu aparteante: — Eu até concordaria
em debater a internacionalização da Amazônia se os Estados
Unidos admitirem debater a internacionalização da Califórnia,
por exemplo.
Não
se pode levar a sério a tese da internacionalização
da Amazônia. Primeiro: por quem seria feita a internacionalização?
Pela ONU? A Carta da ONU não dá poderes a essa organização
para retirar território de nenhum país. Isso não encontra
amparo jurídico. A ONU não pode fazer isso. Quem faria a internacionalização?
Uma intervenção americana? Não seria internacionalização,
seria uma invasão, seria um ato imperialista impensável e
absolutamente impossível no contexto do mundo atual. O Brasil não
é Iraque nem Afeganistão. O Brasil é um país
com uma Economia hoje pujante, com uma Democracia consolidada, em pleno
Ocidente, um país cada vez mais respeitado em todos os foros internacionais.
Alguém imaginaria possível uma intervenção militar
americana para retirar nossa soberania da Amazônia? Isso é
impensável...
Há
três situações-limite que podem levar, sim, a comunidade
internacional a ser muito cobradora do Brasil. A primeira situação-limite
seria uma devastação florestal, um holocausto ecológico
que chocaria o mundo inteiro. A segunda situação-limite seria,
como está acontecendo no Estado do Amazonas, um processo de pauperização
que levará aquela população, fatalmente, se não
houver um processo de desenvolvimento com eqüidade social, a ficar,
logo, logo, refém do narcotráfico, situado ali na fronteira
do Peru e da Colômbia, porque, à falta de meios de sobrevivência,
será presa fácil das organizações criminosas
que usam o Amazonas como rota de passagem. A terceira situação-limite
seria nós, realmente, com o nosso descaso habitual nas áreas
de educação e pesquisa, sentarmos em cima da mais rica biodiversidade
do Planeta, não pesquisarmos e não deixarmos que pesquisem.
Sobre
a Lei de Responsabilidade Fiscal: Desempenhei minha missão
consciente de que a retomada do desenvolvimento econômico, a multiplicação
das oportunidades de trabalho e a superação de nossas ultrajantes
desigualdades sociais e regionais, nas áreas de educação,
saúde, segurança e justiça, implicam em uma profunda
reinvenção do papel do Estado e a urgente reestruturação
de sua máquina administrativa em todos os níveis e esferas,
de modo que o Governo, realmente, passe a servir ao cidadão e pare,
de uma vez por todas, de se servir dele, como tem ocorrido ao longo de nossos
500 anos de história.
Nós
vivemos em uma sociedade cada vez menos solidária. Desagrega-se a
estrutura familiar. As antigas e saudáveis relações
de vizinhança desapareceram. O Estado, entranhadamente, é
corrupto. Eu sou um pico nevado, mas contido. A minha erupção
é interna, mas creia que sou uma pessoa profundamente indignada também.
Essa é uma sociedade hipócrita, que só reage à
violência quando ela chega à classe média e sente a
violência explícita que põe em perigo ela mesma, mas
jamais se indigna quanto à violência silenciosa.
Ser
de esquerda é ter a permanente capacidade de se indignar contra todas
as formas de injustiça. Aí, então, sou tão esquerdista
quanto vossa Excelência, senadora Heloísa Helena.
Será
profundamente triste que o Governo Fernando Henrique Cardoso, nos seus dois
últimos anos, termine dessa maneira, um Governo abafador de investigações,
um Governo que, por imprevidência, por falta de planejamento, deixou
o País mergulhar em uma crise energética e o Governo que não
leva em conta a Região Amazônica porque não tem uma
política para a mesma. Infelizmente, vamos ter – tudo indica
– um melancólico final de Governo para alguém que assumiu
o poder despertando tantas esperanças no povo brasileiro.
A
vida pública, para mim, não é jogo de futebol, com
duas torcidas: uma querendo que o Flamengo vença mesmo com o atacante
fazendo gol com a mão, e a outra, querendo que o Fluminense ganhe
mesmo quebrando a perna do zagueiro adversário. Eu visto a camisa
do PDT, mas não quero ganhar assim. Não quero ganhar fazendo
pênalti. Eu só quero a verdade. Não me venham dizer
que no Governo Fernando Henrique Cardoso eu não queria CPI. Assinei
todos os requerimentos de criação de CPIs. Quero saber todas
as implicações do caso Waldomiro Diniz. O que há por
trás disso? Quero saber todas as implicações do caso
Santoro. O que há por trás disso? Acho que a Nação
brasileira quer saber.
Sobre
a crise Ética no Governo Lula: O Governo atual perdeu,
definitivamente, a compostura. Mil dias de Governo Lula! Mil dias de um
Governo que 53 milhões de brasileiros elegeram para começar
o processo de transformação deste País. É este
o Brasil novo que este Governo nos prometia. Pela primeira vez na vida votei
no Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. O Governo está sendo responsável,
graças, talvez, à atuação isolada, quase heróica,
do Ministro Antônio Palocci, na condução da política
macroeconômica, mas, ao reverso do que eu imaginava, o Governo mergulha
fundamente numa crise moral da qual ele não vai mais se levantar.
Se
há três anos alguém me dissesse que o Governo Lula seria
isso, eu teria chamado a pessoa de louca. É curioso isso. Votei no
Lula com certo temor de que ele fizesse besteira na Economia, bobagem na
Economia, mas tinha a certeza de que ele seria corretíssimo do ponto
de vista ético. E houve o contrário.
Não
faço denúncias vazias nem acusações levianas.
Vejam
que País é este. Estamos aqui com seis Senadores em pleno
mês de agosto, porque estamos em recesso branco. Estamos aqui no faz-de-conta.
Este é o País do faz-de-conta. Estamos fingindo que fazemos
uma sessão do Senado; estamos em casa sem trabalhar. Tenho quatro
anos de Senado. Não me candidatarei em 2010. Não quero mais
viver a vida pública.
Hitler jamais deu um golpe de Estado
na Alemanha. Ele foi designado Primeiro-Ministro, que tinha o título
de Chanceler, pelo Presidente eleito, Hindenburg. A partir daquele momento,
Hitler conseguiu, mediante leis delegadas e plebiscitos, instaurar na Alemanha
uma das mais sangrentas ditaduras da história. O regime militar brasileiro
manteve Senado e Câmara abertos. Não empastelou um jornal nem
cassou um canal de televisão. Desse modo, não me venham dizer
que Hugo Chávez é Presidente de uma Democracia.
Juscelino
Kubitschek governou este País por cinco anos, cinco anos, e transformou-o.
Ele não tinha decreto-lei nem medida provisória. Como é
que Juscelino pôde fazer aquele Governo excepcional sem dispor de
medida provisória, sem a qual, segundo o presidente Lula, o País
ficaria ingovernável? É uma falácia que no Brasil o
Presidente não possa governar sem medidas provisórias, principalmente
sem poder editá-las, uma a cada semana. O atual Governo já
editou 320 medidas provisórias.
Sobre
um possível terceiro mandato para Lula: Essa idéia
esdrúxula não vai prosperar. Ela fere um dos fundamentos da
Democracia, que é a alternância no poder. Instituir um terceiro
mandato seria um pulo para o quarto, para o quinto, para o sexto, enfim,
para a permanência indefinida do Presidente Lula ou de outro no poder.
Isso seria a negação da Democracia. Terceiro mandato, nunca.
Isso é anti-republicano, e quem tentar vai se dar mal.
Sobre
a demarcação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol:
O Governo Brasileiro cometeu um grave equívoco ao fazer a demarcação
de uma área tão extensa em áreas contínuas.
Dir-se-á que as populações indígenas precisam
de grandes áreas devido ao seu modo de vida. Mas, no caso da Raposa
Serra do Sol, a situação é completamente diferente.
Os partidários da demarcação contínua tentam
demonizar os opositores, colocando uma falsa questão: seriam, de
um lado, os índios e, de outro lado, os arrozeiros. É uma
dicotomia falsa esta: são milhares de índios contra alguns
poucos arrozeiros. Isso é fantasia, não existe esse perigo.
Agora, reservas como essa, naquela fronteira difícil, complicada,
presa de um narcotráfico, das poderosas organizações
criminosas de narcotraficantes com muito dinheiro e muito poder de corrupção
daquelas populações que lá vivem, não sei que
futuro nos aguarda.
Jefferson
Peres ao Chegar no Céu