Jango
(João Belchior Marques Goulart)
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Breves
Dados
Biográficos
João Goulart nasceu
em São Borja, no Rio Grande do Sul, em 1º de março
de 1919. Conhecido popularmente como Jango e Presidente do Brasil
de 1961 até 1964, era o mais velho de oito irmãos, filho
do estancieiro Vicente Rodrigues Goulart e de Vicentina Marques Goulart.
Em 1939, formou-se na Faculdade de Direito de Porto Alegre, mas preferiu
não exercer a advocacia e cuidar das fazendas de sua família,
em especial após a morte do pai. Aproximou-se de Getúlio
Vargas depois que este foi alijado do poder com o fim do Estado Novo,
e foi morar na Fazenda de Itu, em São Borja, terra natal de
ambos. Jango foi amigo de Maneco e Protásio Vargas, respectivamente
filho e irmão de Getúlio chegando a receber um convite
para ingressar no PSD, o que só não ocorreu devido a
intervenção direta do líder deposto. Pelas mãos
de Getúlio, Jango entrou na política, elegendo-se deputado
estadual constituinte pelo Partido Trabalhista Brasileiro, em 1947
e, depois, deputado federal, em 1950, licenciando-se do mandato para
exercer o cargo de Secretário de Interior e Justiça
no Governo de Ernesto Dorneles, primo de Getúlio Vargas.
De
18 de junho de 1953 a 23 de fevereiro de 1954, foi Ministro do Trabalho,
Indústria e Comércio do segundo Governo de Getúlio
Vargas (1951 - 1954), sendo forçado a renunciar após
conceder um aumento do 100% no salário-mínimo, que causou
forte reação entre empresários e na imprensa.
Presidente nacional do PTB, após o suicídio de Getúlio
tornou-se o principal nome trabalhista do País.
Em 1955, foi eleito Vice-Presidente
do Brasil, na chapa PTB-PSD. Na ocasião, obteve mais votos
que o Presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Naquela época,
as votações para Presidente e vice eram separadas.
Na
eleição de 1960, foi novamente eleito Vice-Presidente,
concorrendo pela chapa de oposição ao candidato Jânio
Quadros, do Partido Democrata Cristão e apoiado pela União
Democrática Nacional (UDN), que venceu o pleito.
Em
25 de agosto de 1961, enquanto João Goulart realizava uma missão
diplomática na China, o Presidente Jânio Quadros renunciou
ao cargo de Presidente. Os ministros militares Odílio Denys,
da Guerra, Gabriel Grün Moss, da Aeronáutica, e Sílvio
Heck, da Marinha, tentaram impedir a posse de Jango, e o Presidente
da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, foi empossado Presidente.
Presidente da República
Manifestações
populares contra o golpe se formaram em todo o País, sendo
sufocadas nos estados controlados pela UDN, como foi o caso da Guanabara,
de Carlos Lacerda. Por outro lado, no Rio Grande do Sul, governado
por Leonel Brizola, casado com Neusa Goulart e cunhado de Jango, a
Campanha da Legalidade teve apoio oficial, com a criação
da Rede da Legalidade e a posterior adesão do III Exército,
comandado pelo general Machado Lopes. A solução para
o impasse foi a aprovação pelo Congresso Nacional, em
2 de setembro, de uma emenda constitucional que instaurou o Parlamentarismo
como regime de Governo.
Fase Parlamentarista
(7 de setembro de 1961 a 24 de janeiro de 1963)
João Goulart assumiu
a Presidência em 7 de setembro de 1961. Três gabinetes
sucederam-se:
Tancredo
Neves: de 7 de setembro de 1961 a 12 de julho de 1962.
Francisco de Paula Brochado da Rocha: de 12 de julho a 18 de setembro
de 1962.
Hermes Lima: de 18 de setembro de 1962 a 24 de janeiro de 1963.
Em 1962, o Governo divulgou
o Plano Trienal, elaborado pelo economista Celso Furtado, para combater
a inflação e desenvolver o País. Anunciou também
a realização das reformas de base: agrária, tributária,
administrativa, bancária e educacional.
O
Plano Trienal falhou, após enfrentar forte oposição,
e o Governo brasileiro se viu obrigado a negociar empréstimos
com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Governo dos Estados
Unidos da América, que exigiram cortes significativos nos investimentos
nacionais.
Fase Presidencialista
(24 de janeiro de 1963 a 31 de março de 1964)
Em 6 de janeiro de 1963, um
plebiscito escolheu a volta do presidencialismo por larga margem de
votos. João Goulart presidiu o Brasil de 24 de janeiro de 1963
a 31 de março de 1964.
Em
seu Governo, Jango aprovou leis que garantiam benefícios aos
trabalhadores urbanos e rurais. Também procurou diminuir a
participação de empresas estrangeiras em alguns setores
estratégicos da Economia. Manteve uma política externa
independente: reatou relações diplomáticas com
a União Soviética e se recusou a apoiar uma invasão
a Cuba, proposta pelo Presidente estado-unidense John Kennedy.
O
desemprego, a inflação e a carestia aumentavam as tensões
sociais no País. Em 13 de março de 1964, Jango discursou
na Central do Brasil para 150 mil pessoas e anunciou reformas, como
a nacionalização de refinarias de petróleo e
a desapropriação de terras para a implementação
reforma agrária.
A Deposição
(O Golpe)
Em 19 de março, em São
Paulo, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liberdade,
cujo objetivo era mobilizar a opinião pública contra
o Governo de Jango e a política que, segundo eles, culminaria
com a implantação de um regime totalitário comunista
no Brasil.
Após a revolta dos marinheiros
e do discurso no Automóvel Clube do Brasil, que representou
uma quebra da hierarquia militar, em 31 de março de 1964 o
general Olímpio Mourão Filho iniciou a movimentação
de tropas de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro,
provocando o início da Revolução Redentora –
como foi denominada pelos militares – e dando início
ao golpe de 1964 que derrubou o Governo de João Goulart, sob
o argumento de defender a Democracia presente na Constituição
de 1946. O Presidente Jango refugiou-se no Rio Grande do Sul.
No
dia 2 de abril, o Congresso Nacional declarou a vacância de
João Goulart no cargo de Presidente do Brasil, entregando o
cargo de Chefe da Nação novamente ao Presidente da Câmara
dos Deputados Ranieri Mazzilli.
No
dia 10 de abril, João Goulart teve seus direitos políticos
cassados por 10 anos, após a publicação de um
Ato Institucional. Teve, então, quer se exilar nas fazendas
de propriedade pessoal no Uruguai.
Morte
Oficialmente, João
Goulart morreu vítima de ataque cardíaco, no Município
argentino de Mercedes, em 6 de dezembro de 1976, sendo o único
Presidente brasileiro a morrer no exílio. O
silêncio foi a versão oficial do Governo ditatorial que,
na época, tinha medo da comoção popular pela
morte daquele que era a personificação da queda da Democracia
brasileira,
disse recentemente Cristhofer Goulart, neto do ex-Presidente. O corpo
de Jango foi enterrado na Cidade de São Borja (Rio Grande do
Sul) sem ter sido submetido a uma autópsia.
Existem,
contudo, suspeitas por parte de familiares, colegas de política
e outras personalidades de que João Goulart tenha sido assassinado
por agentes da Operação Condor, uma aliança político-militar
montada no início dos anos 1970 e que durou até a onda
de redemocratização, na década seguinte, entre
os vários regimes militares da América do Sul –
Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai –
criada com o objetivo de coordenar a repressão a opositores
dessas ditaduras instalados nos seis países do Cone Sul. Seu
corpo não foi necropsiado antes do sepultamento. Supõe-se
que tenha sido envenenado.
No
dia 27 de janeiro de 2008, o jornal Folha de São Paulo, publicou
uma matéria com o depoimento de Mario Neira Barreiro, um ex-agente
do serviço de inteligência do Governo uruguaio, que declarou
que João Goulart foi envenenado por ordem de Sérgio
Fleury, delegado do DOPS. A autorização teria vindo
do Presidente da época, Ernesto Geisel (1908-1996).
Em
julho do mesmo ano, uma comissão especial da Assembléia
Legislativa do Rio Grande do Sul divulgou relatório afirmando
que são fortes os
indícios de que Jango foi assassinado de forma premeditada,
com o conhecimento do Governo Geisel.
O
ex-Presidente João Goulart, deposto em 1964, foi anistiado
em 15 de novembro de 2008, por unanimidade, pela Comissão de
Anistia. Sua viúva, Maria Tereza Goulart, também foi
anistiada. Com a decisão, a família do ex-Presidente
vai receber uma indenização de R$ 650 mil, e a viúva,
uma pensão de R$ 5.500. É a primeira vez, no Brasil,
que um ex-Presidente é anistiado por perseguição
política. O neto de Jango, Christopher Goulart, filho de João
Vicente e Stela Katz, representou a família e recebeu do Ministro
da Justiça, Tarso Genro, o documento anistiando Jango e Maria
Tereza. A solenidade foi realizada durante o encerramento da XX Conferência
Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Natal.
Em
rara manifestação sobre os anos de chumbo no Brasil,
o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez elogios ao ex-Presidente
João Goulart e, em nome do Estado Brasileiro, pediu desculpas
pelo golpe que o derrubou do poder. Em carta, lida por Tarso Genro,
Lula afirmou que Jango representou, como poucos, o ideal de um Brasil
mais justo. O evento de
hoje homenageia a um grande líder da Nação. Nunca
será demais destacar o papel heróico de Jango para o
povo brasileiro, uma vez que ele representa como poucos o ideal de
um Brasil mais justo, mais igualitário e mais democrático.
Infatigável defensor da Pátria e das reformas de base,
Jango viu o ocaso do Estado de Direito no Brasil, que o obrigou ao
exílio, do qual retornou sem vida, para ser sepultado em sua
amada terra natal,
afirmou o Presidente Lula na mensagem. Segundo o Presidente, o ato
deste sábado não apenas homenageia a memória
de João Goulart, mas, também, marca o pedido oficial
de desculpas do Estado Brasileiro, pela Comissão de Anistia,
que, em nome do povo, reconhece
os erros do passado e pede desculpas a um homem que defendeu a Nação
e seu povo do qual jamais poderíamos ter prescindido.
O
Ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou, por sua vez, que
a concessão da anistia política a João Goulart
representa uma reparação
do Estado brasileiro. João
Goulart foi um homem injustamente cassado, perseguido e derrubado
por meios ilegais, o que significa dizer à Nação
que ele foi injustiçado, que ele foi um grande brasileiro.
Eu o conheci pessoalmente.
Sempre admirei seu jeito de fazer política, olhando para o
Brasil como um conjunto, olhando para as classes trabalhadoras e sempre
procurando fazer concertações, acordos, dentro da Ética
e da Democracia, disse
o Ministro.
Texto
editado das fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Goulart
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/
11/15/governo_concede_anistia_politica_
joao_goulart_lula_chama_ex-Presidente_
de_heroi-586419192.asp
Observação:
Vale
a pena dar uma conferida no excelente texto O Juiz (Ensaio Sobre
o Julgamento Pessoal), de autoria do S+B Illuminatus Frater Velado,
Irmão Leigo da Ordem Rosacruz e Iniciado do 7º Grau do
Faraó. O endereço para leitura é:
http://svmmvmbonvm.org/judge.htm