LEALDADES PAROQUIANAS

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Pensamentos de Jâmblico

 

 

 

Jâmblico

Jâmblico

 

 

 

O sábio fala assim: a alma, tendo uma vida dupla, uma em conjunção com o corpo, mas, a outra separada de todo corpo, quando estamos despertos empregamos, na maior parte, a vida que é comum com o corpo, exceto quando nos separamos inteiramente dele através de energias puramente intelectuais e dianoéticas [virtudes do pensamento, da racionalização, ou seja, capacidades de conhecimento possíveis à alma racional, que, de acordo com Aristóteles (Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.), são: a arte (technè), a ciência (epistéme), a sabedoria prática (frónesis), a sapiência (sofia) e o intelecto ou (nous)]. Todavia, quando dormimos, somos como que perfeitamente livres de certas limitações, e usamos uma vida separada da geração.

 

O Deus que comanda a Palavra, Hermes, foi considerado outrora, com razão, como comum a todos os sacerdotes. Aquele que preside a verdadeira Ciência dos Deuses é um e idêntico a todos. É a Ele que nossos antepassados dedicavam todas as descobertas de sua Sabedoria, dando o nome de Hermes a seus próprios escritos.

 

Ignora se o interlocutor é de caráter inferior ou superior, mas, atenta para o que é dito, para estimular prontamente a tua mente para descobrir se o que é dito é verdadeiro ou falso.

 

A alma é uma hipóstase [realidade permanente, concreta e fundamental] auto-subsistente, inferior ao e dependente do intelecto.

 

Antes de verdadeiramente existirem seres e princípios universais, existe uma Deidade, anterior ao primeiro Deus e regente, imóvel e residindo na solidão1 de Sua própria Unidade.

 

Em a Natureza, nada surge por saltos, mas, antes, por desdobramentos graduais.

 

 

 

 

O Um se torna muitos nos vários níveis.

 

Tudo está em tudo, e o particular é um microcosmo do Macrocosmo.

 

Enquanto cada entidade particular reflete dentro de si o todo da realidade, o faz apenas de um modo consoante à sua própria natureza. Cada entidade é, portanto, uma parte do todo e uma unidade em si mesma.

 

O objeto de pensamento precede os atos particulares de pensar; as formas ideais são anteriores às mentes que as percebem; e as distinções lógicas implicam representações ontológicas.

 

O Intelecto é um reflexo do Um.

 

Cada nível de realidade contém, como que através de irradiação, os princípios dinâmicos inteligentes dos níveis superiores. Assim, os seres podem descer para níveis cada vez mais heterogêneos através destes reflexos, e podem ascender a níveis superiores ativando os princípios superiores dentro do nível que é deles.

 

O Primeiro Intelectivo (o Primeiro Inteligível) deve ser adorado somente através do Silêncio.

 

Alma Elo entre a Inteligência Pura Impessoal e Universal e o mundo sensível.

 

A Ética é fundamental para a habilidade da alma de ser um paradigma da Natureza.

 

Cada alma tem sua própria peregrinação, mas, seu destino é causalmente ligado ao destino de todas as outras almas e de todos os seres.

 

A Sabedoria [ShOPhIa] é Magia, embora nem toda magia seja Sabedoria. Quem desejar comungar com o Divino deverá cultivar em si mesmo a Filosofia, o Amor à Sabedoria, e não simplesmente o amor à magia.

 

A Magia é uma Divina e Sublime Ciência, excedendo todas as outras. É o grande remédio para tudo. Não tem sua fonte no corpo, não se limita às suas paixões nem ao composto humano ou à sua constituição. Por meio Dela, tudo nos vem dos nossos Deuses Superiores.

 

Magia não é mais nem menos do que Iniciação em Teurgia [magia ritual (cerimonial)].

 

Os atos que ordinariamente se executam na Teurgia têm uma causa infalível e superior à razão.

 

Para o exercício da Teurgia, é indispensável que o homem tenha alma pura e casta e mais elevada moralidade.

 

Nossa Alma Superior haverá de se unir com a Alma Universal.2

 

O Universo é uma geometria viva – cada som, cada número, cada cor e cada ação correspondendo a alguma ordem de seres inteligentes.

 

 

Tetraktys

 

 

A natureza do sacrifício e o estado da mente com que o religioso se oferece determina o deus que ele invoca.

 

Devemos ser muito cautelosos para que não ofereçamos nenhuma oferenda indigna ou estranha aos deuses.

 

Na ordem teúrgica, as naturezas secundárias sempre são invocadas através das primárias.

 

O selo da união inefável com os deuses leva a alma a repousar na Deidade.

 

Com os Seres Superiores coexistem a ordem mesma, a beleza mesma e a causa mesma, enquanto à alma corresponde participar sempre da Ordem Intelectual e da Beleza Divina.

 

A perfeita realização da plenitude do Fogo Divino é a consumação da busca filosófica e o ápice da questão religiosa; é o nascimento da Sabedoria e da Alta Magia.

 

O Conhecimento dos Deuses é acompanhado de um Conhecimento Transcendental e de uma Alquimia de nós mesmos.

 

Sabedoria Libertação do Renascimento Compulsório.

 

O contínuo exercício da prece cultiva o vigor de nosso intelecto e torna os receptáculos da alma muito mais capazes para as comunicações dos Deuses. Igualmente é a chave divina que abre aos homens a porta para os Deuses, e nos acostuma aos esplêndidos rios de Luz Superna. Em um curto período, ela aperfeiçoa nossos recessos mais íntimos, e os dispõe para o abraço inefável e o contato com os Deuses, e não desiste até nos levar ao topo de tudo.

 

A Teurgia nos une mais fortemente com a Natureza Divina. Esta Natureza se forma por si mesma, atua por meio de seus próprios poderes, é o suporte de tudo e é inteligente. Sendo o rolamento do Universo, ela nos convida à verdade inteligível, a aperfeiçoar-nos e a compartir esta perfeição com os outros. Tão intimamente nos une a todos os atos criadores dos Deuses, segundo a capacidade de cada um, que a alma, depois de cumprir os sagrados ritos, se consolida em Suas ações e inteligências, até que se identifica com elas e é absorvida pela Essência Primordial e Divina. Tal é a finalidade das Sagradas Iniciações Egípcias.

 

A prática da oração nutre o intelecto, amplia a receptividade da nossa alma aos Deuses, revela aos homens a vida dos Deuses, acostuma os olhos para o brilho da LLuz Divina e, gradualmente, conduz à perfeição a capacidade para fazer contato com os Deuses, até nos levar ao mais alto nível de consciência. Em uma palavra: torna aqueles que empregam orações nos consortes familiares dos Deuses.

 

A Mônada,3 em sentido estrito, é o Número Inteligível.

 

Mônada Sabedoria Moral.

 

A Díade foi quem primeiro se separou da Mônada.

 

Tríade Beleza Justiça.

 

 

 

 

Espere a hora apropriada.

 

Causalmente, Deus é todas as coisas, e é capaz de afetar todas as coisas. Ele também produz todas as coisas; não por Si, mas, em conjunto com os Poderes Divinos que Dele germinam continuamente, a partir de uma Raiz Perene. Desta forma, o Universo requer Sua cooperação para a subsistência distinta dos seus diversos elementos e das suas diferentes formas.

 

 



 

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Notas:

1. Enquanto prevalecer a admissibilidade de uma deidade solitária e todo-poderosa, não poderemos jamais fazer contato com o Deus de nossos Corações. É absolutamente necessário e imperioso que nos livremos dessa idéia multimilenária e extravagante da existência um deus exterior, criador, onipotente, ciumento, mandão e sei lá mais o quê. Só assim, poderemos começar a trilhar a Senda Luminosa da Iniciação Interior – na qual seremos os nossos próprios Mestres. Ou fazemos decidida e resolutamente isto ou continuaremos ajoelhados, lacrimosos e pedinchões acreditando em totens fantasmagóricos criados pela boçalidade tantalizante e amedrontante e alimentados pela ingenuidade lêntica e inautêntica, cuja finalização será sempre, sem exceção, a inconsciência e a morte.

2. Mas, para que isto aconteça, é necessário que haja mérito. E este mérito, oportunamente, haverá de nos fazer compreender que Om Mani Padme Hum, esotericamente, como ensinou Madame Blavatsky em sua Doutrina Secreta, significa: Oh!, meu Deus que estás em mim!

3. Em muitos sistemas gnósticos (e heresiológicos), o Ser Supremo é conhecido como Mônada, o Uno, o Absoluto Aion Teleos (O Perfeito Aeon), Bythos (Profundidade), Proarche (Antes do Início), He Arche (O Início) e Pai Inefável. O Uno é a fonte primal do Pleroma, a região de LLuz. As várias emanações do Uno são chamados Aeons. Em algumas variações do Gnosticismo, especialmente as inspiradas pelo gnóstico árabe Monoimus 150 – 210), a Mônada era o mais alto Deus, que criou todas as demais divindades inferiores ou os elementos (similares aos Aeons). Algumas versões mais antigas do Gnosticismo, especialmente as da Escola Valentiana, uma divindade inferior, chamada Demiurgo, teve um papel central na criação do mundo material, complementar ao papel da Mônada. Nestas tradições, o Deus do Antigo Testamento é freqüentemente considerado como sendo o Demiurgo e não a Mônada, sendo que, em algumas passagens, Ele pode se referir a ambos.

 

Observação:

Jâmblico (Síria, 245 – Apamea, 325) foi um filósofo neoplatônico assírio e um Instrutor da Humanidade, Nada se sabe de sua infância e juventude. Ele já era culto e maduro quando ouviu pela primeira vez as palestras de Anatólio, um discípulo de Porfírio. Completamente vencido diante dos ensinamentos neoplatônicos de Plotino e dos seus sucessores, Jâmblico viajou para Roma para estudar com o próprio Porfírio. Por fim, ele voltou à Síria, mais provavelmente para Calcis, e formou uma Escola de discípulos que estudava a Filosofia Pitagórica (chamada Escola Neoplatônica Síria ou Siríaca), onde expôs sua teurgia espiritual e revitalizou a Academia. Jâmblico não transmitiu meramente os ensinamentos de seus augustos predecessores; refinou suas doutrinas em todos os níveis e as estendeu para áreas até então deixadas no silêncio. Reconhecendo que os ensinamentos filosóficos de Pitágoras e de Platão eram baseados em uma percepção do interesse no destino de cada ser humano, Jâmblico entendeu que a Natureza e as propriedades da alma, necessariamente ocultas pelo véu da persona (na Teoria do psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a Psicologia Analítica Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 – Küsnacht, 6 de junho de 1961), a persona é a personalidade que o indivíduo apresenta aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes muito diferente da verdadeira) deviam ser cultivadas conscientemente. Isto, segundo Jâmblico, requeria a ordenação da vida da pessoa em relação aos outros seres humanos, ao ambiente social e natural, e ao Universo como um todo. Para Jâmblico, eram essenciais o pensamento e a ação éticos derivados de princípios universais. Também é necessário conhecer os poderes da alma, suas conexões orgânicas com forças superiores e inferiores e seus potenciais para comando e canalização destas energias. Isto requer a teurgia. Assim como a conduta pode ser mal direcionada quando baseada em princípios ambíguos ou inconsistentes, as operações teúrgicas podem ser perigosas quando conduzidas inadequadamente. No seu ensaio Sobre os Demônios, Jâmblico advertiu contra toda sorte de intercurso com eles. A incessante purificação da consciência é um pré-requisito para a atividade filosófica ou para a evolução autoconsciente da alma, conduzindo ao conhecimento preciso e, finalmente, à Gnose Luminosa, através do Umbral da Iniciação. Assim como Porfírio havia interpretado os mitos clássicos à luz da razão filosófica, do mesmo modo Jâmblico penetrou na essência da Teurgia Oriental, lançando as fundações para um frutífero casamento entre a Filosofia rigorosa e a religião reflexiva. Seu sucesso na reunião destas correntes de pensamento afins em uma harmonia consistente, projetou-o como o primeiro filósofo escolástico, mas, o espírito em que ele trabalhou distinguiu-o dos eruditos posteriores que procuraram sistematizar a Teologia Cristã. Resumidamente, Jâmblico procurou a união com o Bem através da Inteligência.

 

 

 

 

— Aqui, quem manda sou eu!

 

 

 

Lealdades paroquianas

de raça, de cultura e de costumes

ferem como as espadas bigumes,

e são a causa de inanas.

 

Sectarismo, superstição

e embrutecimento salvacionista

fazem parte de uma longa lista

que degenera o Coração.

 

Sobrenaturalismos ilógicos

são a principal causa das prisões

e dos vai-e-vens agógicos.

 

Mais uma vez, devo repetir:

tão-só a Voz dos nossos Corações

porá fim no afligente dissentir.

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Sonata Para Dois Pianos (1º movimento - Allegro con spirito)
Composição: Wolfgang Amadeus Mozart

Fonte:

http://tirolmusic.blogspot.com.br/2007/11/
sonata-for-two-pianos-in-d-major-k448.html

 

Leia com atenção:

Pesquisas comprovaram que ouvir certas músicas de Mozart ativa os neurônios e melhora a inteligência. O primeiro indício do que viria a ser chamado Efeito Mozart surgiu em 1989, quando o neurobiólogo americano Gordon Shaw simulou a atividade cerebral em um computador. Em vez de imprimir um gráfico dessa simulação, ele decidiu transformá-la em sons. E, para sua surpresa, o ritmo do som cerebral se mostrou muito parecido com a música barroca. Não é uma música tão bonita quanto a de Mozart, mas, seu estilo é bem distinto, fácil de reconhecer — disse ele. Foi aí que pensou em testar qual seria o efeito das obras do compositor no cérebro do ouvinte. Em outras palavras, será que, de alguma forma, este tipo de composição musical amplia a atividade das células nervosas cerebrais? Os resultados foram muito positivos nos testes de Q. I. A partir de então, experiências distintas, feitas por colegas de outras universidades, chegaram a resultados diferentes. Algumas não produziram nenhum Efeito Mozart, enquanto outras confirmaram o trabalho de Shaw. Nascia assim a polêmica. O tira-teima veio mais recentemente, quando Shaw e colegas usaram aparelhos de ressonância magnética para mapear as áreas do cérebro que são ativadas pela música – ressonância magnética funcional. Percebeu-se, então, que, além do córtex auditivo, onde o cérebro processa os sons, a música também ativa partes associadas com a emoção e, com Mozart, digamos assim, o cérebro todo se acende. Apenas ele ativa áreas do cérebro envolvidas com a coordenação motora, a visão e outros processos mais sofisticados do pensamento. Infelizmente, tal aparelho não explica a razão deste fenômeno. De todo modo, este trabalho científico provou indubitavelmente que o ensino da música aumenta muito a capacidade mental das crianças. Se elas forem apresentadas a Mozart bem cedo, quando ainda estão desenvolvendo sua rede neural, o resultado positivo pode durar para toda a vida, alegam os especialistas. A composição usada como carro-chefe das pesquisas é a Sonata Para Dois Pianos, em Ré Maior, K.448. Há grande destaque, também, para os Concertos para Violino nº 3, em Sol Maior K.216 e nº 4, em Ré Maior K.218. O Efeito Mozart é a Pedra de Roseta para o código (ou linguagem) interna de funções cerebrais superiores. Então, se você tem filhos ou netos pequenos, Mozart neles e a música clássica, em geral (Ludwig van Beethoven, Johann Sebastian Bach etc.).

Matéria editada da fonte:

http://www.concertino.com.br/

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/
M%C3%B4nada_(gnosticismo)

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Virtude_diano%C3%A9tica

http://nambiquarablog.wordpress.com/
2012/11/19/pensadores-classicos-iii/

http://www.presentermedia.com/index.php?
target=closeup&maincat=animsp&id=533

http://monicabf.blogspot.com.br/2012/
04/formas-geometricas-parte-ii.html

http://www.clipartheaven.com/show/clipart/holidays
/halloween/devil-screaming-clipart-gif.html

http://eusebeis.wordpress.com/2012/
07/27/quote-iamblichus-of-chalcis/

http://izquotes.com/author/iamblichus

http://en.wikiquote.org/wiki/Iamblichus

https://pt-br.facebook.com/permalink.php?story_
fbid=408957632533440&id=189393544498213

http://www.congressohistoriajatai.org/
anais2007/doc%20(24).pdf

http://www.dec.ufcg.edu.br/
biografias/Jamblico.html

http://books.google.com.br/

http://burnaway.org/2011/03/snapshot-reviews-
ponce-crush-galleries-cultivate-fertile-ground/

http://www.teosofia.levir.com.br/inst-038.php

 

Direitos autorais:

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