Ives Gandra da Silva Martins
(Pensamentos e Poemas)

 

 

 

 

Ives Gandra da Silva Martins

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo divulga alguns pensamentos e poemas do advogado tributarista, professor, poeta e prestigiado jurista brasileiro Ives Gandra da Silva Martins.

 

 

 

 

Breve Biografia de Ives Gandra

 

 

 

Ives Gandra da Silva Martins

Ives Gandra da Silva Martins

 

 

 

Ives Gandra da Silva Martins (São Paulo, 12 de fevereiro de 1935), renomado jurista brasileiro com reconhecimento internacional, é professor emérito das universidades Mackenzie, Paulista e da ECEME – Escola de Comando do Estado Maior do Exército.

 

Presidente do Conselho da Academia Internacional de Direito e Economia, é membro das Academias de Letras Jurídicas, Brasileira e Paulista, Internacional de Cultura Portuguesa (Lisboa), Brasileira de Direito Tributário, Paulista de Letras, dentre outras.

 

Ao longo de sua notável trajetória, recebeu vários prêmios: Colar de Mérito Judiciário dos Tribunais de São Paulo e do Rio de Janeiro, Medalha Anchieta da Câmara Municipal de São Paulo, Medalha do Mérito Cultural Judiciário do Instituto Nacional da Magistratura e da Ordem do Mérito Militar do Exército Brasileiro, apenas para mencionar alguns. Já participou e organizou mais de 500 congressos e simpósios, nacionais e internacionais, sobre Direito, Economia e política.

 

O professor Ives Gandra é autor de mais de 40 livros individualmente, 150 em co-autoria e 800 estudos sobre assuntos diversos, como Direito, Filosofia, História, Literatura e música, traduzidos em mais de dez línguas em 17 países.

 

Ives Gandra participou de inúmeras bancas examinadoras em diversas universidades do País (USP, UNESP, PUC-SP, FGV, Mackenzie, Universidades Federais etc) para Professor Titular, Doutor e Mestre, assim como em várias bancas de concurso para juiz federal, estadual, procurador municipal, juízes administrativos etc.

 

 


 

Pensamentos e Poemas de Ives Gandra

 

 

 

 

 

DECÁLOGO DO ADVOGADO

 

 

O Direito é a mais universal das aspirações humanas, pois sem ele não há organização social. O advogado é seu primeiro intérprete. Se não considerares a tua como a mais nobre profissão sobre a Terra, abandona-a porque não és advogado.

O direito abstrato apenas ganha vida quando praticado. E os momentos mais dramáticos de sua realização ocorrem no aconselhamento às dúvidas, que suscita, ou no litígio dos problemas, que provoca. O advogado é o deflagrador das soluções. Sê conciliador, sem transigência de princípios, e batalhador, sem tréguas nem leviandade. Qualquer questão se encerra apenas quando transitada em julgado e, até que isto ocorra, o constituinte espera de seu procurador dedicação sem limites e fronteiras.

Nenhum país é livre sem advogados livres. Considera tua liberdade de opinião e a independência de teu julgamento os maiores valores do exercício profissional, para que não te submetas à força dos poderosos e do poder ou desprezes os fracos e insuficientes. O advogado deve ter o espírito do legendário El Cid, capaz de humilhar reis e dar de beber a leprosos.

Sem o Poder Judiciário não há Justiça. Respeita teus julgadores como desejas que teus julgadores te respeitem. Só assim, em ambiente nobre e altaneiro, as disputas judiciais revelam, em seu instante conflitual, a grandeza do Direito.

Considera sempre teu colega adversário imbuído dos mesmos ideais de que te reveste. E trata-o com a dignidade que a profissão que exerces merece ser tratada.

O advogado não recebe salários, mas honorários, pois que os primeiros causídicos, que viveram exclusivamente da profissão, eram de tal forma considerados, que o pagamento de seus serviços representava honra admirável. Sê justo na determinação do valor de teus serviços, justiça que poderá te levar a nada pedires, se legítima a causa e sem recursos o lesado. É, todavia, teu direito receberes a justa paga por teu trabalho.

Q
uando os Governos violentam o Direito, não tenhas receio de denunciá-los, mesmo que perseguições decorram de tua postura e os pusilânimes te critiquem pela acusação. A história da Humanidade lembra-se apenas dos corajosos que não tiveram medo de enfrentar os mais fortes, se justa a causa, esquecendo ou estigmatizando os covardes e os carreiristas.

Não percas a esperança quando o arbítrio prevalece. Sua vitória é temporária. Enquanto fores advogado e lutares para recompor o Direito e a Justiça cumprirás teu papel, e a posteridade será grata à legião de pequenos e grandes heróis, que não cederam às tentações do desânimo.

O ideal da Justiça é a própria razão de ser do Direito. Não há Direito formal sem Justiça, mas apenas corrupção do Direito. Há direitos fundamentais inatos ao ser humano que não podem ser desrespeitados sem que sofra toda a sociedade. Que o ideal de Justiça seja a bússola permanente de tua ação, advogado. Por isto, estuda sempre, todos os dias, a fim de que possas distinguir o que é justo do que apenas aparenta ser justo.

Tua paixão pela advocacia deve ser tanta que nunca admitas deixar de advogar. E se o fizeres, temporariamente, continua a aspirar o retorno à profissão. Só assim poderás dizer à hora da morte: 'Cumpri minha tarefa na vida. Restei fiel à minha vocação. Fui advogado.'


 

 

Entendo que a 'PEC do divórcio relâmpago' gera insegurança familiar, em que os maiores prejudicados serão sempre, em qualquer separação, os filhos, que não contribuíram para as desavenças matrimoniais, mas que viverão a turbulência da divisão dos lares de seus pais, não podendo mais ter o aconchego e o carinho, a que teriam direito – por terem sido por eles gerados ou adotados – de com eles viverem sob o mesmo teto. Como educador há mais de 50 anos, tenho convivido com os impactos negativos que qualquer separação causa nos filhos, que levam este trauma, muitas vezes, por toda a vida.

 

A mudança da Constituição Brasileira, no que diz respeito a cláusulas pétreas, só seria possível com uma revolução.

 

 

 

 

O saldo da Democracia brasileira, em todos os Governos, de Sarney a Lula, é inequivocamente positivo.

 

A tirania cubana é, ainda, uma das maiores máculas da política latino-americana, que, bem ou mal, procura os caminhos da Democracia.

 

 

 

 

Soneto das Doze e das Dez Sílabas

 

 

Descompassado, cruzo o espaço de teu tempo
Destemperado, forjo o tempo em teu espaço.
A noite cria formas, ao relento,
Descortinando anseios, que refaço.

 

A madureza desce e ao fruto tendo
Em tudo o que passei, a cada passo,
Desenterrando a messe, no seu tempo,
Num tempo que se mede sem espaço.

 

Mormaço. Feito d’aço. Sempre escasso.
Não descobri, não desvendei e nem desvendo.
Silencio de ti mesmo, em toque lasso.

 

Aquele mesmo toque, cor do vento,
Que não venta e colora todo o espaço,
Quando a verdade eterna faz o tempo.



 

 

 

Não posso reconhecer como democratas aqueles que atacam os ditadores de direita, mas acariciam o ego dos ditadores da esquerda. Tal comportamento faccioso e contraditório denota que não passam de aprendizes de ditadores.

 

Cuba é uma ditadura. E se o Brasil interveio, sem razão, na Democracia hondurenha, cuja Constituição impunha a destituição de Zelaya, por seu artigo 239, não há porquê, tanto nas ditaduras em gestação, como na Venezuela e no Irã, como na cinqüentenária ditadura cubana, não apoiar os movimentos legítimos do povo destes países em prol da Democracia e do efetivo respeito aos verdadeiros direitos humanos.

 

Temos um Brasil curioso. O Poder Executivo assumiu funções legislativas, através das medidas provisórias. O Poder Legislativo, diminuído em suas funções, através das CPIs transformou-se em Poder Judiciário. E o Poder Judiciário de legislador negativo – ou seja, de não dar seqüência às normas constitucionais – de mais e mais assume, à luz de estranha concepção do Neoconstitucionalismo, a função de legislador positivo.

 

Nossa esperança reside na educação e no trabalho daqueles que ainda acreditam no ensino e estão dispostos a tentar influenciar as futuras gerações com idéias não contaminadas e sem preconceitos, sabendo que a solidariedade não se faz com o semear do joio nem se cria uma grande nação com ódio e preconceitos, favorecendo grupos contrários ao Estado de Direito ou beneficiando aqueles que se enquistam no poder, não para servir à sociedade, mas para dela se servirem.

 

 

Educação e Trabalho

 

 

O administrador público brasileiro, em geral, gere mal as contas públicas e é um agente fantasticamente caloteiro, que não cumpre suas obrigações pecuniárias do Estado para com o cidadão, muito embora, na prática de uma autêntica 'vampiragem tributária', retire muito mais recursos do povo, do que seria necessário para os maus serviços públicos que presta. Se um contribuinte deixar de entregar parcela do fruto de seu trabalho ou patrimônio para pagamento de tributo no prazo de vencimento, corre o risco de ser preso. Se o administrador público deixar de pagar o que o Estado deve em virtude de sua má administração, basta recorrer ao Congresso Nacional para afastar a obrigação.

 

 

 

 

Jesus é Condenado à Corte

 

Deus Senhor e Senhor meu, no Universo,
Teu julgamento fere, há dois mil anos,
Um Judiciário cego e então imerso
Na discórdia, por ódios desumanos.

Pilatos, mais político que justo,
Soltou um criminoso e O condenou,
Embora procurasse a todo custo,
Afastá-lo da corja que O acusou.

Jesus, pleno de amor, restou silente,
E a turba ensandecida de seu sangue
Um cálice de raiva diferente
Bebeu, malgrado vendo Cristo exangue.

Soltaram Barrabás e a Sua sorte
Desventrou-se na pena, que é de morte.


 

 

 

Se o Poder Público destinasse apenas o que gasta em desnecessária e, por vezes, ilegal publicidade para pagar o que deve, já teria sido reduzida consideravelmente a inadimplência dos precatórios.

 

No Brasil, 'calote' é uma 'técnica' da administração pública.

 

A segurança jurídica é fundamental para que um país como o Brasil possa receber os investimentos de que necessita para se desenvolver na medida de suas potencialidades. Isto significa respeito ao Estado Democrático de Direito, respeito à Constituição vigente, respeito ao equilíbrio entre os Poderes da República e respeito ao estabelecimento de marcos regulatórios estáveis no que concerne às relações entre as empresas e o Estado.

 

O Brasil tem exagerado nas benesses auto-outorgadas aos governantes em detrimento da sociedade. Logo, o que sobra para investimento é muito pouco em relação ao que é destinado a uma burocracia inchada e esclerosada.

 

Nas ditaduras o detentor do poder não precisa justificar a apropriação do que bem entender porque não tem oposição. Nas Democracias, entretanto, o que as difere das ditaduras é que têm oposição e a elaboração da lei tem que ser negociada, servindo de autorização para o comando, mas também de limite ao exercício do poder. As críticas de abuso que a oposição sempre faz mudam quando esta assume o poder, passando a situação anterior à crítica, com a mesma virulência antes lhe dirigida, visto que a busca do poder é o único objetivo e não aquele de servir, que quando ocorre e dá como um mero efeito colateral da detenção do poder.

 

Quem tem o poder [de uma forma ou de outra] procura apenas se perpetuar nele.

 

Embora seja difícil mudar a natureza humana na luta pelo poder, temos muito pouco tempo de vida humana sobre o Planeta para chegarmos ao ponto de perder a esperança de que, um dia, os políticos terão como único objetivo servir à sociedade e não dela se servir.

 

Os valores do Cristianismo incomodam sempre. Embora sem a virulência dos tempos dos mártires do Coliseu, a reação dos que querem impor sua maneira de ser é a mesma. Uma visão deturpada do Estado Laico, que não é um Estado sem Deus, mas um Estado em que a liberdade de pensar é plena e não pode se reputar ameaçada pelo respeito às tradições do povo e do País. Em uma Democracia, é a maioria que deve decidir os seus destinos. E a maioria acredita em Deus.

 

Estou convencido de que há um processo inverso à Democracia, que começa a invadir diversas nações da América Latina, nas quais o equilíbrio dos poderes deixa de existir, para a criação de um caudilhismo do século XIX, e utilizando-se a manipulação do povo, no mesmo estilo de Hitler, Mussolini e Stalin. Felizmente, o Brasil, graças a Constituição de 1988, não corre o risco que os nossos vizinhos estão vivendo.

 

O autoritarismo está de volta em alguns países da América Latina, com risco de contagiar muitos outros. E um dos principais sintomas deste avanço do retrocesso está nas contínuas investidas dos Governos, na tentativa de calar os jornais de oposição. As sucessivas críticas que se tem feito ao regime bolivariano da Venezuela – em que um histriônico presidente cerceia cada vez mais todas as manifestações dos que lhe são contrários, cortando-lhes os pulmões da manifestação democrática, pelo fechamento de canais de televisão, rádios e intimidações judiciais – já ganharam dimensão internacional. No modelo constitucional venezuelano (art. 232), o presidente pode tudo, desde convocar referendos e plebiscitos, governar com leis habilitantes e até dissolver a Assembléia Nacional, o mesmo ocorrendo no modelo equatoriano (arts. 130 e 148), em que o presidente pode dissolver a Assembléia, mas se esta destituir o presidente, dissolve-se, automaticamente. Não diferente é o modelo boliviano, no qual os membros da Suprema Corte devem ser eleitos pelo povo por seis anos, candidatando-se por partidos políticos (art. 182)! Em todos estes países, há restrições à liberdade de imprensa, sob a alegação de que prejudica a vocação 'bolivariana' do povo. É de se lembrar que as três Constituições se lastrearam em modelos idealizados por uma instituição de estudos espanhola, segundo a qual as Democracias só devem ter, de rigor, um representante do povo, que deve convocar o próprio povo a se manifestar mediante sucessivos referendos ou plebiscitos.

 

É necessário que a sociedade brasileira, nitidamente democrática, não se deixe contaminar pela antidemocrática política de nossos vizinhos, em que o crescimento do autoritarismo é evidente. Sem imprensa livre, não há Democracia, pois o povo não tem como se informar do que ocorre nos bastidores e porões dos poderes públicos, senão através dos órgãos de comunicação.

 

 

 

 

A Busca do Caminho

 

A confusão, Senhor, de mim afasta
Para que eu veja claro o que era escuro
E, qual papel inútil d’uma pasta,
Retira para unir-me ao meu futuro.

A pergunta que eu fiz já tem resposta.
Vale o encontro da própria vocação.
'Vem e segue-me' e segue-Te quem gosta
Da Verdade e da Luz, por dimensão.

A busca do caminho, quando existe,
É mansa, se ela é grande, se ela é forte,
E rica, quando pobre e nunca triste,
Fazendo eterna vida mesmo a morte.

Que eu seja, como fruto, uma semente
A gerar o Teu mundo diferente.

 

 

Em um País que, depois de 1988, conheceu um 'impeachment' presidencial, uma superinflação e escândalos governamentais – como dos anões do congresso, do Orçamento, do mensalão e do Senado Federal – só foi possível manter a alternância de poder, impedir a ruptura institucional e assegurar o bom funcionamento das instituições, por força do equilíbrio entre os Poderes, do amplo direito de defesa e, principalmente, da liberdade de expressão. (Grifo meu).

 

A Humanidade nos momentos em que todos os caminhos pareciam sinalizar a irreversibilidade dos padrões aéticos e o surgimento do caos, encontrou seu próprio caminho, sendo construída a ponte entre a desordem e os novos tempos, por aqueles que ainda acreditavam em um mundo de valores e por ele lutaram. Mesmo, que, na aparência, esta luta não surta resultados imediatos, ela vale sempre a pena.

 

Geoffrey Blayney, em sua breve História do Século XX, observa que o Socialismo, que aproximou intelectuais e dominou muitos países durante certo período, alicerçava-se na injustiça e na inveja. O tratamento injusto que as elites ofertavam às classes mais desfavorecidas e a inveja daqueles intelectuais, incapazes de, por ação própria, alcançar o desenvolvimento obtido pelas elites – uma das características dos regimes socialistas é o pouco desenvolvimento e progresso econômico – apontou-lhes o caminho mais fácil: tirar dos que construíram ao invés de construírem eles próprios o que não sabiam fazer. Estes dois fatores foram fundamentais na geração dos movimentos que alavancaram as diversas teorias socialistas no século XX.

 

As economias de mercado sofrem, de tempos em tempos, crises cíclicas, ao contrário das economias socialistas, que vivem em crises permanentes.

 

Uma das características do Socialismo é destruir a Democracia real para, no máximo, criar uma Democracia formal... A injustiça social gera o desconforto, mas também a inveja dos incompetentes, formatando crises econômicas revestidas de um democratismo formal.

 

O Brasil continua em 1º lugar no 'ranking' das exigências inúteis da burocracia... Os cidadãos 'não-governamentais', que constituem a manifesta maioria da nação, é que têm que suportar uma carga tributária quase confiscatória, para sustentar a esclerosadíssima máquina oficial. Cada vez me convenço mais que o cidadão brasileiro é um autêntico escravo da gleba dos dias atuais, destinado a sustentar, com seu trabalho e tributos, aqueles que controlam o Governo... Ou o Brasil reduz sua burocracia ou a burocracia reduzirá o crescimento nacional, e nossos tributos serão na quase totalidade destinados apenas a sustentá-la.

 

 

 

 

Textos constitucionais que são alargados, na busca de soluções para tudo, terminam gerando maior insegurança e maior instabilidade do que os textos mais enxutos ou aqueles analíticos. Prova inequívoca encontramos na lei suprema americana, que conta com 7 artigos e 26 emendas. Interpretada pela Suprema Corte, gera mais estabilidade no País do que se tivessem textos pormenorizados, que abrem campo a variada gama de análises, sobre terminarem por gerar distorções e conflitos 'interna corporis'. O Brasil, com sua Constituição de 250 artigos e 95 disposições transitórias, não trouxe a almejada segurança jurídica, a que se refere o 'caput' do artigo 5º.

 

Enfim, o pobre cidadão vive inseguro, não só no campo da criminalidade, onde o Estado lhe dá pouca proteção, mas na aplicação do Direito. A 'inflação legislativa' das três esferas da Federação termina por criar tal emaranhado de leis, que ele ou desconhece, ou, quando as conhece, não sabe como aplicá-las ou cumpri-las corretamente. Nesta República, em que os agentes públicos impõem cada vez mais obrigações, a única segurança que todos têm é a consciência de que vivemos em um País inseguro.

 

A Igreja considera o dom da vida o mais relevante entre os recebidos de Deus, desde a concepção, que não pode ser retirado, sem se incorrer em grave lesão à moral. O infanticídio e o aborto são crimes nefandos.

 

Estou convencido de que o terrorismo político, arma dos mais fracos, não pode ser combatido como se combate o narcotráfico ou a criminalidade em geral. Quando o terrorista político está disposto a sacrificar sua vida por uma causa, por mais errada que esteja – e os terroristas estão sempre errados pelos métodos adotados – acredita firmemente no ideal que abraça, a ponto de se sacrificar como 'pessoa-bomba' em seus atos tresloucados. O terrorismo político só pode ser combatido com o diálogo à exaustão, sem preconceitos, aceitando-se as diferenças culturais e nivelando-se o 'status' do mais forte com o mais fraco, como Rui Barbosa prenunciou em Haia, ao defender a igualdade das nações independentemente de sua força.

 

Ódio gera ódio. Morte de inocentes de ambos os lados gera a vontade de vingança, com o que o drama do Oriente Próximo nunca terá fim. Creio que a pressão crescente da comunidade internacional e a necessidade de abertura de um diálogo à exaustão entre as partes em conflito são as únicas tênues esperanças de que, um dia, teremos paz naquela conturbada região.

 

Pessoalmente, convenço-me de que entre os grandes desafios que o Brasil terá que enfrentar, decididamente, a Amazônia não é o menor. Como defensor histórico de um melhor tratamento para a região por parte das autoridades federais e sabendo do interesse de outras nações sobre sua universalização, considero a necessidade de todos os brasileiros refletirem e buscarem soluções para área de tão grande riqueza, principalmente após o Brasil ter assinado uma declaração sobre o direito a autodeterminação dos povos indígenas, que Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, que têm índios, negaram-se a assinar.

 

Em uma Democracia, deve-se respeitar a Lei Suprema e a liberdade das pessoas e, quando determinados comportamentos forem indesejáveis, caberá à União definir os parâmetros que deverão ser seguidos pela fiscalização das demais entidades federativas.

 

 

 

A Encruzilhada do Silêncio
(Reflexo Primeiro)

 

Pelas quedas, que levantam,
Pelos sonhos, que sustentam,
Pelos cantos, que descobrem,
E como as aves, que, eternamente, mostram
O caminho de todos os mistérios,
Hei de buscar-te, sempre,
CAUSA – SANGUE,
Desvirginando o espaço de meu tempo.

 

 

 

Mostrei a muitos dos parlamentares que o bem maior de um Estado Democrático de Direito é o direito de defesa, inexistente nas ditaduras. E o direito de defesa é fundamentalmente exercido pelo advogado.

 

Reza, no artigo 133, da Constituição Federal, que diz: 'O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.'

 

Nas manifestações de alguns magistrados ou de alguns membros do Ministério Público e das polícias, quando não de associações de classe, percebe-se que o espírito de 88, que levou o constituinte a falar em 'família forense indispensável à Democracia', está se transformando em uma 'sociedade de inimigos', em que alguns se consideram em condição superior, como se houvesse hierarquia entre as funções encarregadas da administração da Justiça.

 

Não é sem razão que Mauro Santayana e Denis Rosenfeld alertam os cidadãos para o risco que estamos correndo, diante dos seguintes fatos: as nações mais desenvolvidas falam em escassez de alimentos pelos próximos dez anos, sendo certa a inflação mundial que dela decorrerá, e a ONU, com o aval do Brasil, firma declaração de que as nações indígenas devem ter autonomia e independência, e que sua preservação é de responsabilidade internacional.

 

O presidente americano poderá, a qualquer momento, de acordo com os seus humores, complexos ou aspirações imperialistas, escolher novos alvos, temendo eu, sempre, pela Amazônia, na medida em que alguns importantes militares americanos referem-se permanentemente àquela parte do território brasileiro como se fosse território do mundo sob proteção dos Estados Unidos.

 

Para um País que não presta serviços públicos, 34% de carga tributária em relação ao PIB é acintosa, desmoralizando os Governos que insistem em mantê-la e produzindo efeito confiscatório sobre um povo sacrificado por excesso de tributos e escassez de serviços públicos.

 

Qualquer tributo criado no Brasil raramente sairá do cenário.

 

O Governo é um dependente químico da contribuição, e desconheço um tratamento para desintoxicá-lo... O dependente químico, quando toma a droga, entra em estado de euforia, que é a mesma sensação que o Governo tem com a arrecadação da CPMF. O tributo gera caixa rapidamente. Como uma droga, a contribuição começou com doses baixas. Hoje, entretanto, a sua alíquota está em 0,38%. Se, de um lado, provoca no Governo um estado de euforia, o tributo eleva a sua dívida, os juros do mercado, o 'spread', desestruturando o mercado de capitais e o sistema financeiro. Resumindo: a CPMF tem auxiliado o Governo a ter a euforia inicial, mas a aumentar a sua dívida comensuravelmente. A União sabe que a droga é ruim, mas não pode descartá-la, a não ser que entre em tratamento. Eu desconheço um tratamento para desintoxicar o Governo Federal da CPMF. Infelizmente, no Brasil, em matéria tributária, qualquer tributo criado raramente sairá do cenário.

 

A carga tributária no Brasil não pára de crescer, em primeiro lugar, porque o Governo Federal se nega a fazer a reforma administrativa. Todas as tentativas neste sentido fracassaram. O resultado é que a máquina administrativa, burocrática e esclerosada continua a sugar recursos da sociedade. Em segundo, a reforma da Previdência foi feita muito tarde e, mesmo assim, de forma insuficiente. O terceiro aspecto é a insistência do Governo em cumprir a meta fiscal além do que sugere o FMI (Fundo Monetário Internacional). Todos os anos, o Brasil tem um 'superavit' fiscal muito superior ao que é estabelecido pelo órgão. Isto representa uma demonstração de pujança do Brasil em relação à sua capacidade de arrecadação, mas um enfraquecimento monumental das empresas.

 

O Estado tem um setor de receitas e um setor de despesas. Se ele não consegue solucionar o setor de gastos, não adianta melhorar a área de receitas. É como disse um economista no ano passado, ao comparar a situação do Brasil a de um cidadão que está bem de vida e se casa com uma mulher que gosta de gastar. Se ela gastar mais do que a sua capacidade de receber, por mais que ele seja promovido dentro da empresa, mais ela gasta. No Governo é mais ou menos isso que acontece. Quem tem a função de receber, tem que sustentar quem tem a função de gastar. E quem tem a função de gastar não controla a gastança, razão pela qual toda a reforma que se fala no Brasil é feita para aumentar tributos. Temos hoje uma arrecadação crescente em numerário, mas decrescente em nível da capacidade do contribuinte pagar tributos. A capacidade contributiva do cidadão brasileiro está chegando à exaustão. O ideal seria termos um único imposto, como ocorre na União Européia, partilhado entre União, estados e municípios.

 

Nada substitui a Democracia. Qualquer autoritarismo é um largo passo para a ditadura.

 

Uma estratégia sem táticas é o caminho mais lento para a vitória. Táticas sem estratégia representam o caos que antecede uma derrota. (Robert Kaplan, apud Ives Gandra).

 

É melhor uma estratégia simples bem executada do que uma estratégia brilhante sem acompanhamento executivo. (Robert Kaplan, apud Ives Gandra).

 

Um país em que o povo não é tudo, o povo não é nada. (Tobias Barreto, apud Ives Gandra).

 

Uma 'grande fortuna' é mais do que apenas uma 'fortuna'. Já 'fortuna' é maior do que 'riqueza'.

 

Tributar a geração de riquezas, na sua circulação, os rendimentos ou lucros é muito mais coerente e justo do que pretender ainda tributar o resultado final daqueles fatos geradores já incididos.

 

Sendo o Direito um instrumento de convivência social, que não nasce sem a existência de um 'outro', Robinson Crusoé não precisava de Direito enquanto estava sozinho em sua ilha...1 O dano moral é, essencialmente, um dano à personalidade atingida numa relação com 'alguém', ou seja, com o mundo, pois a desfiguração da imagem, da honra e da personalidade dá-se nos limites do ambiente em que tais valores deveriam ser preservados.

 

 

 

Passagem de Ano
(2009/2010, para Ruth)

 

Cavaleiro me sinto como outrora,
Quando te vi donzela de meus sonhos,
Os tempos já se perdem pela história,
Nem saudosos, nem feios, nem tristonhos.

Meu amor, a distância não encerra,
A mesma sensação dos anos dantes,
É muito mais imenso que esta Terra
E maior que eu pensei desde eu infante.

O corpo já se faz velho e cansado
E o tempo da passagem está bem perto.
O coração, porém, segue seu fado,
Sempre jovem no seu compasso certo.

Que eu possa, até meu fim, Ruth querida,
Dizer-te que és o amor de minha vida.

 

 

 

Que cada ser, no espaço recebido,/Saiba dar à existência seu sentido.

 

Amor de meu amor, amor eterno,/Que sempre em primavera torna o inverno.

 

Quem luta, na existência, por ser forte,/Liberdade terá na sua morte.

 

C’est de la vie/La nostalgie/De son pas/Et solitaire/Par sur la terre/Il se va.

 

Quantos mais versos procuro,/Mais foge-me a inspiração./Que vale escrever tão puro,/Se não fala o Coração?

 

Nada de novo no mundo./Resta, porém, a esperança/De que, um dia, a Humanidade/Trilhará o bom caminho/E o que será novidade/É a novidade que Cristo/Descortinou para o mundo.

 

Se tu soubesses que eu te adoro/E como o faço ardentemente,/Talvez entrasses onde eu moro/Só, simplesmente.

 

Vislumbro quanto sofre o Senhor Deus/Pelo mundo, por mim e pelos meus.





 

 

 

 

Três Condições em Uma
Fiat Voluntas Tua!

 

 

 

Você quer?

Então, faça.

Não quer?

 

Mas, o querer

só é Vontade

quando o ser

 

Todavia, o bem

só vale a pena

 

 

 se o Sumo Bem

e se o medo tiver ido.

 

 

 

 



 

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Nota:

1. Sim e não; mas mais para não. Se o Direito só nasce com a existência de um 'outro', é tão-somente hipotético e positivo, cujo cumprimento depende de, da, do et cetera, devendo ser garantido pelo Estado por meio de seus órgãos coercitivos. Isto é primário e rudimentar quando deveria ser categórico. Ora, Robinson Crusoé, o único sobrevivente de um naufrágio, enquanto estava sozinho em sua ilha, curtindo uma amarga solidão, precisava, sim, do Direito, como se estivesse em Nova Iorque ou no Rio de Janeiro, ainda que lá, naquela ilha, em termos meramente humanos, sua convivência social fosse praticamente apenas com ele mesmo, isolado, sozinho, durante vinte e oito anos, antes de encontrar o personagem Sexta-feira. Em seu desejo infatigável, tenaz e engenhoso de se sobrepor à Natureza, Robinson Crusoé poderia tudo, menos, pelo motivo que fosse ou por nadica de nada, destroçar a Natureza e esmigalhar outros seres que, com ele, compartilhavam o viver naquela ilha. Isto é Direito – um Direito que desnecessita do 'outro' para se efetivar como Direito e que não pode jamais descurar a consciência ecológica, já que o 'outro' pode ser o 'outro' ou qualquer 'outro', mas também é o 'mesmo'. Tenho certeza de que, se Ives Gandra não pensou neste aspecto peculiar do Direito, pensando agora, concordará com este despretensioso raciocínio exordial. Enfim, penso que não possa haver Direito Verdadeiro, sem que haja, paralelamente, um estado de consciência elevado e universal, em que nada esteja excluído. É a velha (mas sempre nova) história: tudo é Um, seja Iridomyrmex humilis, seja elefante.

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://copiecole.blogspot.com/
2007/05/dumbo.html

http://www.lbl.gov/Education/index.html

http://www.hml.com.br/images/Trabalho.gif

http://germinai.wordpress.com/tag/ensino
-medio-educacao-basica-para-o-trabalho/

http://pikitita.bloguepessoal.com
/70004/O-signo-Balan-a/

http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/
boletins/bol299/atividades.htm

http://www.fiscosoft.com.br/a/45td/o-imposto-sobre
-grandes-fortunas-ives-gandra-da-silva-martins

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=274

http://www.conjur.com.br/2010-mar-05/judiciario-
prestas-contas-sociedade-assume-novos-desafios

http://blogs.abril.com.br/

http://webcache.googleusercontent.com/

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2563

http://www.aqua.eng.br/frases.htm

http://www.academus.pro.br/
professor/ivesgranda/

http://www.gandramartins.adv.br/

 

Fundo musical:

Cuando Calienta el Sol
Compositor: Rafael Gastón Pérez
Intérprete: Trini Lopez

Fonte:

http://www.charles50tao.com.br/latina.htm