Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

DIZEM QUE É VERDADE

 

 

No Curso de Medicina, o professor catedrático se dirige ao futuro médico e pergunta:

 

Quantos rins nós temos?

 

Quatro! — Respondeu o lépido aluno.

 

Quatro? Como quatro? — Replica o arrogante professor, daqueles que sentem uma espécie de orgásmico prazer em tripudiar sobre os erros dos alunos. E emendou ordenando soberbamente ao seu auxiliar:

 

Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala.

 

Com toda a calma do mundo, o aluno solicitou ao auxiliar do professor catedrático vitalício e inamovível desde a data da posse: — E para mim um cafezinho!

 

O inamovível catedrático ficou vermelhirado e, ato contínuo, expulsou o aluno da sala. Entretanto, para desgraça azarenta do catedrático, o aluno era nada menos do que o jovem Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), que mais tarde ficaria conhecido como 'Barão de Itararé' – barão autonomeado da batalha itararense que nunca houve – mas que, na época, ainda estudava Medicina. Depois de abandonar a Medicina, viria a se tornar jornalista, escritor e consagrado humorista político. O fato é que Aparício teve a audácia picaresca de corrigir o furibundo mestre (menos para furi e mais para bundo):

 

O senhor me perguntou quantos rins 'nós temos'. 'Nós' temos quatro: dois meus e dois seus. 'Nós' é uma expressão usada para o plural. Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.

 

 

 

Outras do Barão

 

 

 

 

O Barão

 

 

 

 

Todo homem que se vende recebe mais do que vale.


A primeira ação de despejo foi a expulsão de Adão e Eva do Paraíso por falta de pagamento de aluguel e comportamento irregular.


O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro.


O casamento é uma tragédia em dois atos: civil e religioso.


Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo.


Testamento de pobre se escreve na unha.


O fígado faz muito mal à bebida.


Este mês, em dia que não conseguimos confirmar, no ano 453 a.C., verificou-se terrível encontro entre os aguerridos exércitos da Beócia e de Creta. Segundo relatam as crônicas, venceram os cretinos, que até agora se encontram no governo.


O amor é cego, mas os guardas-civis, não.


O bacalhau é um peixe lavado e passado a ferro.


Para este mundo ficar bom, é preciso fazer outro.


Vamos deixar como está para ver como eu fico.


O mal do governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta.

 

Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.


As mulheres de certa idade nunca têm idade certa.


Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...


Este mundo é redondo, mas está ficando chato.
[Aqui me lembrei do Tom Jobim (1927 – 1994) que, em Nova Iorque, justificou para o Luís Carlos Miele porque não ficaria morando temporariamente nos Estados Unidos para fazer umas trilhas sonoras para uns filmes, para os quais havia sido convidado: — Aqui, nos Estados Unidos, é bom, mas é uma merda. No Brasil, é uma merda, mas é bom.]


De onde menos se espera, daí é que não sai nada.


A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.


Não é triste mudar de idéias; triste é não ter idéias para mudar.


Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes.


Deus dá pente a quem não tem cabelo.


Quem empresta, adeus...


O Capitalismo é a exploração do homem pelo homem; no Socialismo é o contrário.


A criança diz o que faz; o velho diz o que fez; o idiota diz o que vai fazer.


Há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira.


O Brasil é feito por nós. Só falta desatar os nós.


Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Há muito tempo que eu sei

Eu já fui pobre e já fui rei,

mas continuo na Estrada!

 

 

Só dizendo: ponte que caiu!

Por que tantissima futilidade?

No popular: puta que o pariu!

Por que catedrática vaidade?

 

 

Se, como eu, você já foi rei,

e se também já foi um pobre,

e se já foi issei ou não-sei...

O ouro também já foi cobre!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:
Mamãe eu Quero
Composição: Jararaca (José Luis Rodrigues Calazans) e Vicente Paiva

Fonte:
http://www.beakauffmann.com/
mpb_m/mamae-eu-quero.html

 

Observação:

As duas animações em flash sem nome (excluindo a do Barão) foram elaboradas a partir de duas imagens digitais disponibilizadas no Blog abaixo referenciado. Logo, claro, o artista que as produziu mantém os direitos autorais sobre as duas animações em flash. O endereço do Blog é:

http://gregtaff.com/blog/