Este
texto é a 8ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
O
Espírito
de um mineral, de uma planta ou de um animal pode começar a se formar
aqui, e atingir o seu desenvolvimento final milhões de séculos
depois, em outros planetas, conhecidos ou desconhecidos, visíveis
ou invisíveis aos astrônomos. A própria Terra, como
as outras criaturas vivas a que deu origem, se tornará, ao final,
e depois de passar por todos os seus estágios de morte e dissolução,
um planeta astral eterificado.
A
harmonia é
a grande Lei da Natureza. A harmonia nos mundos físico e matemático
dos sentidos é justiça no mundo espiritual. A justiça
produz harmonia, e a injustiça, discórdia. E a discórdia,
na escala cósmica, significa caos e aniquilação.
Não
há dogma mais absurdo e egoísta do que admitir que tudo é
criado para o ser-humano-aí-no-mundo, e que só ele é
soberano no Universo. E mais: um soberano tão poderoso que para salvá-lo
das conseqüências de suas más ações, o Deus
do Universo precisou morrer para aplacar a sua própria cólera.
—
Eu sempre acreditei
que havia sido criado por Deus.
Eu sempre acreditei
que eu era uma imagem feita por Deus.
Eu sempre acreditei
que eu era semelhante a Deus.
Eu sempre acreditei
que eu era um primor feito por Deus.
Eu sempre acreditei
que eu era o escolhido de Deus.
Eu sempre acreditei
que eu era o preferido de Deus.
Eu sempre acreditei
que eu seria perdoado por Deus.
Eu sempre acreditei
que eu seria salvado por Deus.
Eu sempre acreditei
que eu seria arrebatado por Deus.
Eu sempre acreditei
que, um dia, eu iria morar com Deus.
Bafuntei e me ferrei:
do lado de lá, nunca achei esse Deus.
Aprendi e, hoje, sei:
estou caminhando para me tornar um Deus.
A
Psicometria era conhecida e grandemente praticada pelos Antigos.
A
maior ambição dos demônios
–
segundo Porfírio de Tiro (cerca de 234
–
cerca
de 304/309), que foi um discípulo
direto de Plotino (204/5 –
270) –
é fazer as vezes de deuses e de [personalidades-]alma
(espíritos
desencarnados).
O
Universo visível de Espírito e de Matéria é
apenas uma imagem concreta da Abstração Ideal (Idéia
Divina). O Universo sempre existiu, desde a eternidade, em estado latente.
A Alma que anima esse Universo puramente espiritual é o Sol Central,
a mais elevada Divindade em si mesma.
Os
antigos, que contavam apenas Quatro Elementos, fizeram do Éter o
Quinto. Em virtude de a sua Essência ter-se tornado Divina pela Presença
Inobservada, Ele foi considerado um intermediário entre este mundo
e o próximo.
Cinco Elementos
O
escritor e filósofo médio platônico romano Lucius Apuleius
(cerca de 125 –
cerca de 170) afirmou: Chegamos
a este mundo vindo de um outro, no qual tivemos uma existência cuja
lembrança perdemos. [Propriamente,
não perdemos, mas, temporariamente, esquecemos. Um Dia, recordaremos.
Mais adiante, jamais esqueceremos.]
A
Natureza nunca deixa inacabada uma obra; se se frustrar na primeira tentativa,
ela tentará novamente. [E,
obviamente, se a obra não for efetivada na segunda tentativa, ela
fará outras tentativas.]
Seja como for, quando ela faz evoluir um embrião humano, a
intenção é que o ser-humano-aí-no-mundo se torne
perfeito –
física, intelectual e espiritualmente.
O seu corpo deve crescer, amadurecer, se desgastar e morrer; a sua mente
deve se expandir, amadurecer e ser harmoniosamente equilibrada; o seu Espírito
Divino deve iluminar e se confundir facilmente com o Homem Interior. Nenhum
ser humano completa o seu Grande Círculo ou Círculo
da Necessidade até que tudo isto tenha sido implementado.
—
Nasci... Morri... Renasci...
Nasci... Morri... Renasci...
Nasci... Morri... Renasci...
............................
............................
............................
Nasci... Morri... Ascendi...
A
causa da reencarnação é a concupiscência e a
ilusão, que nos levam a ter como reais as coisas do mundo. Dos sentidos
provêm a alucinação, a sensação e a concupiscência,
e da concupiscência a enfermidade, a decrepitude e a morte.
O
karma é o poder que controla o Universo, produzindo atividade, mérito
e demérito, [isto
se traduzindo em aflições e compensações mais
ou menos dolorosas]. Portanto, o grande objetivo
de todos os seres que querem se desembaraçar dos sofrimentos dos
nascimentos sucessivos é causar a destruição da causa
moral –
o apego às coisas existentes e o desejo do mal.
—
Eu queria... E padecia...
Eu queria...
E padecia...
Eu queria... E padecia...
.........................
.........................
.........................
Desapeguei-me. Livrei-me!
Nirvana
é o Mundo
[ou Plano] das Causas, em que todos os efeitos
enganadores ou as ilusões de nossos sentidos desaparecem.
A
Causa Primeira, a Mônada Pitagórica, a Existência Una
e o AIN SOPh Cabalístico –
o Ilimitado –
são idênticos.
Quando
Brahmâ ao se dissolve no Universo visível, cada átomo
é Ele mesmo.
Animação
Meramente Simbólico-pictórica
Se
a razão se desenvolve a ponto de se tornar ativa e discriminadora,
não há reencarnação nesta Terra, pois, as três
partes do ser-humano-aí-no-mundo trino se reuniram e ele é
capaz de continuar o seu caminho. Mas, se o novo ser não passou da
condição de uma Mônada ou quando, como no caso de um
idiota, a trindade não foi completada, a Centelha Imortal que o Illumina
deve entrar novamente no Plano Terrestre porque ela falhou na sua tentativa.
O Espírito segue uma linha paralela à da matéria, e
a evolução espiritual se efetua conjunta e simultaneamente
com a evolução física.
Através
do processo da Reencarnação [Lei
do Renascimento], a entidade individual e imortal
– a Tríada
Superior –
passa de um corpo para outro, reveste-se de sucessivas
e novas formas ou personalidades transitórias, percorrendo assim,
no curso de sua evolução, uma após outra, todas as
faces da existência condicionada nos diversos Reinos da Natureza,
com o objetivo de ir entesourando as experiências relacionadas com
as condições de vida inerentes a elas, até que, uma
vez terminado o ciclo de renascimentos, esgotadas todas as experiências
e adquirida a plena perfeição do Ser, o Espírito Individual,
completamente livre de todas as travas da matéria, alcança
a Libertação e retorna a seu ponto de origem, abismando-se
novamente no seio do Espírito Universal, como uma gota d'água
no oceano. A Filosofia Esotérica afirma, pois, a existência
de um Princípio Imortal e Individual que habita e anima o corpo do
ser-humano-aí-no-mundo e que, com a morte do corpo, passa a encarnar
outro corpo, depois de um intervalo mais ou menos longo de vida subjetiva
em outros planos. Deste modo, as vidas corporais sucessivas se enlaçam
com outras tantas pérolas no fio, sendo este fio o princípio
sempre vivo e as pérolas as numerosas e diversas existências
ou vidas humanas na Terra. A Filosofia Exotérica admite que o ego
humano apenas
pode encarnar em formas humanas, pois, só estas
oferecem as condições através das quais são
possíveis as suas funções. Portanto, jamais poderá
viver em corpo animais nem retroceder aos 2º e 1º Reinos [Reino
Vegetal e Reino Mineral], porque isto iria de encontro à
Lei da Evolução.
Existências
Humanas na Terra
(Animação
Meramente Simbólico-pictórica)
Quando,
por meio dos vícios, de crimes medonhos e das paixões animais,
um espírito desencarnado cai na Oitava Esfera1
–
o Hades alegórico e a Gehenna da Bíblia –
a mais próxima da nossa Terra, ele pode, com o
auxílio do vislumbre de razão e da consciência que lhe
restou se arrepender. Isto quer dizer que ele, exercendo o resto de seu
poder de vontade, poderá se esforçar por se elevar. e, como
um homem que se afoga, voltar uma vez mais à superfície. Nos
Oráculos Caldeus de Zoroastro encontramos esta advertência
à Humanidade:
Não olheis para baixo,
pois, um precipício existe abaixo da Terra,
que se estende
por uma descida de sete degraus,
sob os quais está
o trono da horrenda necessidade.
Quando
é o Espírito que nos dirige, nós só podemos
pronunciar a Verdade Divina.
O
Mago difere do feiticeiro pelo fato de que, enquanto o feiticeiro é
um instrumento ignorante nas mãos dos demônios, o Mago se tornou
Senhor pela intermediação poderosa de uma Ciência, que
só está ao alcance de poucos, e a qual estes são incapazes
de desobedecer.
Esta definição foi estabelecida e era conhecida desde os dias
de Moisés.
Em
que consiste a diferença entre o médium e o Mago? O médium
é um ser por meio de cujo espírito astral outros espíritos
podem se manifestar, fazendo sentir a sua presença por meio de diversos
tipos de fenômenos. Seja qual for a natureza destes fenômenos,
o médium é apenas um agente passivo em suas mãos. Ele
não pode ordenar a sua presença nem desejar a sua ausência;
não pode nunca forçar a realização de qualquer
ato especial nem dirigir a sua natureza. O Mago, ao contrário, pode
convocar e dispensar os espíritos de acordo com a sua vontade; pode
realizar muitas façanhas de poder oculto através do seu próprio
Espírito; pode forçar a presença e a ajuda de espíritos
de graus inferiores de ser do que o dele e efetuar transformações
nos Reinos da Natureza em corpos animados e inanimados.
Os
fenômenos físicos são o resultado da manifestação
de forças por meio do sistema físico do médium, pelas
inteligências inobservadas, e não importa qual classe. Em uma
palavra, a mediunidade física depende de uma organização
peculiar do sistema físico; a mediunidade espiritual, que é
acompanhada de uma certa manifestação de fenômenos subjetivos
e intelectuais, depende de uma organização peculiar da natureza
espiritual do médium. Assim como o oleiro pode fazer de uma bola
de argila um belo vaso e, de uma outra, um vaso ruim, assim também,
entre os médiuns físicos, o espírito astral plástico
de um deles pode estar preparado para uma determinada classe de fenômenos,
e o de outro, para uma classe diferente. Como regra geral, os médiuns
que foram desenvolvidos para uma classe de fenômenos raramente mudam
para uma outra, mas, repetem a mesma performance ad infinitum. A psicografia
ou escrita direta de mensagens ditadas por espíritos é comum
a ambas as formas de mediunidade. A escrita em si mesma é um fato
físico objetivo, ao passo que os sentimentos que ela exprime podem
ser do caráter mais nobre. Estes dependem inteiramente do estado
moral do médium. Não se exige que ele tenha instrução
alguma para escrever tratados filosóficos dignos de Aristóteles
nem que seja um poeta para escrever versos que fariam honra a Byron ou a
Lamartine, mas, é necessário que a [personalidade-]alma
do médium seja suficientemente pura para servir de canal para os
espíritos capazes de dar uma forma elevada a sentimentos desse gênero.
O
ser-humano-aí-no-mundo vive em muitas outras terras antes de chegar
a esta. Miríades de mundos nadam no espaço em que a [personalidade-]alma,
em estado rudimentar, faz as suas peregrinações, antes que
chegue ao grande e brilhante planeta chamado Terra, cuja função
gloriosa é lhe conferir autoconsciência. Só neste ponto
é que, de fato, ele se torna um ser-humano-aí-no-mundo. Em
qualquer outra etapa desta jornada vasta e selvagem ele é apenas
um ser embrionário – uma forma evanescente e temporária
de matéria – uma criatura de
cuja [personalidade-]alma elevada e aprisionada em parte, mas,
apenas em parte, resplandece. É uma forma rudimentar, com funções
rudimentares, sempre vivendo, morrendo e mantendo uma existência espiritual
passageira tão rudimentar quanto a forma material de que emergiu.
Uma borboleta despontando da crisálida, mas, sempre, à medida
que avança, em novos nascimentos, novas encarnações,
para daqui a pouco morrer e viver novamente, porém, ainda dando um
passo à frente, outro para trás, sobre o caminho vertiginoso,
apavorante, cansativo e acidentado, até que desperte uma vez mais,
para viver uma vez mais e ser uma forma material, um algo de poeira, uma
criatura de carne e osso, mas, agora, um ser-humano-aí-no-mundo.
O
Fluído Astral pode ser comprimido sobre uma pessoa de modo a formar
uma concha elástica, absolutamente impenetrável por qualquer
objeto físico, por maior que seja a sua velocidade. Em resumo, este
fluído pode igualar e mesmo ultrapassar em poder de resistência
a água e o ar.
A
matéria é, afinal, apenas a cópia concreta de idéias
abstratas.
(Animação
Meramente Simbólico-pictórica)
Com
freqüência, o medo mata, e a dor tem um tal poder
sobre os fluidos sutis do corpo, que não apenas desregula os órgãos
internos, mas, também, embranquece os cabelos.
Qual
é a forma primitiva do futuro ser-humano-aí-no-mundo? Primeiro,
o núcleo infinitesimal do futuro homem é composto dos mesmos
elementos que uma pedra, ou seja, dos mesmos elementos que a Terra, que
o homem está destinado a habitar. Ao cabo de três ou quatro
semanas, o óvulo assumiu as feições de uma planta.
Depois, o embrião se desenvolve-se num feto semelhante a um animal.
Sucessivamente, o feto vai assumindo as características do ser humano.
A primeira agitação do Sopro Imortal passa através
de seu ser; Ele se move. A Natureza lhe abre caminho. Introdu-lo no mundo.
E a Essência Divina se estabelece no corpo da criança, no qual
habitará até o momento de sua morte física, quando
o ser-humano-aí-no-mundo
se torna um espírito. A este misterioso processo de formação,
que dura nove meses, os cabalistas o chamam de conclusão do Ciclo
Individual de Evolução.
Assim
como o feto se desenvolve do 'liquor amnii' [líquido
amniótico ou fluido amniótico] no
útero, do mesmo modo os mundos germinam no Éter Universal
ou Fluido Astral, no Útero do Universo. Essas crianças cósmicas,
como os seus habitantes pigmeus, são, inicialmente, núcleos,
depois, óvulos, em seguida, amadurecem gradualmente, e se tornam
mães, por sua vez, desenvolvendo formas minerais, vegetais, animais
e humanas. Assim caminha a Filosofia da Evolução:
Todos
são parte
de um Todo Admirável,
cujo Corpo é a Natureza
e Deus a Alma.
Mundos incontáveis repousam
em Seu Regaço como crianças.
Segundo
o escritor, ocultista e mago cerimonialista francês Éliphas
Lévi, pseudônimo de Alphonse Louis Constant (8 de fevereiro
de 1810 –
31 de maio de 1875), a utilização
cabalística do pentagrama pode, por conseqüência, determinar
a fisionomia das crianças por nascer.
(Animação
Meramente Simbólico-pictórica)
Pitágoras
de Samos (cerca de 570
a.C. –
cerca de
495 a.C.) sustentava que a imaginação é
a lembrança de estados espirituais, mentais e físicos anteriores,
ao passo que a fantasia é a produção desordenada do
cérebro material. Seja qual for a maneira pela qual encaremos e estudemos
o assunto, a Antiga Filosofia ensinava que o mundo foi vivificado e fecundado
pela Idéia Eterna
–
o esboço abstrato e a preparação do modelo para a forma
concreta. A teoria de um cosmos que se desenvolve gradualmente a partir
de uma desordem caótica é um absurdo, pois, é altamente
antifilosófico imaginar que a matéria inerte, movida exclusivamente
por uma força cega, se transforma espontaneamente em um Universo
de harmonia tão admirável.
O Big Bang
não tá com nada,
e o Big Crunch
menos ainda.
O Big Bang
é uma besteirada,
e o Big Crunch
é uma idéia pinda.
Um
mânvântâra...
Um prâlâya...
Uma alcântara...
Uma anaia...
Só
pela LLuz
e só pelo Bem
mudaremos de Cruz
e de Gólgota também.
A
firme e inalterável experiência da Humanidade estabelece as
leis cuja operação torna os milagres ipso facto impossíveis.
Continua...