Este
texto é a 6ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
A
cada segundo, tanto o ser-humano-aí-no-mundo quanto o átomo
se aproximam do solene momento na eternidade, em que a Presença Invisível
se revelará às suas Visões Espirituais.
Peregrinando,
sempre peregrinando...
Transmutando, sempre transmutando...
Ascensionando, sempre ascensionando...
Somos-todos-Deuses-no-hoje-eterno-quando.
Conscientemente
ou não, o
ser-humano-aí-no-mundo exerce, durante toda a sua encarnação,
a Faculdade Mágica da Potência Divina ou Vontade Universal,
pois, todo ser existente nesta esfera sublunar foi formado e está
impregnado do Magnale
Magnum (Alma Universal), e
todas as coisas no Universo estão em relação umas com
as outras.
Poder
Mágico =
Poder Espiritual.
A
influência da mente sobre o corpo é tão poderosa, que
ela sempre realizou os chamados milagres em todos os tempos.
Se
alguém, que está fisicamente doente, tentar curar, não
apenas falhará, como também comunicará, muitas vezes,
a sua doença ao paciente, e lhe furtará o pouco de energia
que tiver. [Isto
funciona mais ou menos como na Hidrostática, no que se conhece como
Sistema de Vasos Comunicantes.]
Se
tentarmos dar
o que não temos para dar,
acabaremos por tirar
ao invés de dar!
Também
poderá acontecer que, se uma pessoa doente –
médium ou não –
tentar curar, sua força poderá ser suficientemente robusta
para deslocar o mal, e fazê-lo sair do presente lugar, e fazê-lo
se mudar para outro, no qual, brevemente, reaparecerá. O paciente,
entrementes, se acreditará curado.
Mas,
o que acontecerá, se o curador estiver moralmente doente? As conseqüências
poderão ser infinitamente mais nocivas, pois, é mais fácil
curar uma doença física do que purificar uma compleição
infeccionada pela torpeza moral. O curador, neste caso, comunicará
ao seu paciente –
que é agora sua vítima –
o veneno moral que infecta sua mente e seu Coração.
Seu toque magnético é contaminação; seu olhar,
profanação. Contra sua tara, para um paciente passivamente
receptivo,
não existe proteção. O mal que um desses
"médiuns curadores" pode causar é incalculavelmente
grande, e tais curadores se contam às centenas. [Atualmente,
com o aumento da população mundial e a multiplicação
geométrica de diversas seitas e religiões, esses curadores
marca roscofe, ordinários e reles, que, no fundo, só querem
saber de dinheiro, se contam aos milhares. Portanto, todo cuidado é
pouco. No mínimo, não deixe ninguém pôr a mão
em sua cabeça. No mínimo! Aliás, por que procurar essa
gente, se você mesmo poderá se curar? Não se esqueça
de que as sementes de tudo são os nossos pensamentos. Quanto a tudo
isto, precisamos nos esforçar e saber que não há maior troca/interação
de energias do que em uma relação sexual, que, de fato, é
mais um Procedimento Mágico do que qualquer outra coisa.]
O
Corrupto e o Doente
—
Invejei: fiquei acescente.
Odiei: fiquei doente.
Passou um tempo: acamei.
O tempo passou: bafuntei.
Do lado de lá: não entendi.
Mais pra lá: chorei e sofri.
De
Pitágoras (cerca de 570
a.C –
cerca de
495 a.C.) a Éliphas Lévi (1810
–
1875), da mais ilustre testemunha à mais humilde,
todos ensina(ra)m que o Poder Mágico jamais foi[-será]
possuído por aqueles inclinados a prazeres viciosos. Apenas o puro
de Coração "vê Deus" ou exerce Dons Divinos.
Apenas ele pode curar as doenças do corpo e se deixar guiar com relativa
segurança pelos "Poderes Invisíveis". Apenas ele
pode dar paz aos espíritos perturbados de seus irmãos e irmãs,
pois, as Águas Curativas não provêm de uma fonte envenenada;
uvas não crescem em espinheiros, e cardos não produzem figos.
Mas, apesar disto, a Magia
nada tem de supremo. Ela é uma Ciência, e mesmo
o poder de "expulsar demônios"1
era um ramo seu, de que os Iniciados fizeram um estado especial.
Existem
médiuns cujos organismos são utilizados, às vezes,
por centenas de pseudoformas humanas.
Não
é através dos gabinetes escuros que a Luz algum dia recairá.
As
negações de todo o mundo não soprarão o suficiente
para extinguir as lâmpadas perpétuas (que não queimam
perpetuamente, mas, apenas, por um número indefinido de anos e até
por séculos) de algumas criptas subterrâneas da Índia,
do Tibete e do Japão. São os egípcios, esses filhos
do País da Química, que lhes reclamam a invenção.
Pelo menos, eles foram o povo que utilizou tais lâmpadas mais do que
qualquer outra nação, por causa de suas doutrinas religiosas.
—
Lutei para extinguir Verdade.
Jamais consegui.
Lutei para estimular a mentira.
Jamais consegui.
Lutei para aniquilar o Bem.
Jamais consegui.
Lutei para exacerbar o mal.
Jamais consegui.
Lutei para apagar a LLuz.
Jamais consegui.
Lutei para acender a escuridão.
Jamais consegui.
Lutei para enfear a Beleza.
Jamais consegui.
Lutei para aguçar a fealdade.
Jamais consegui.
Lutei para desgastar a Paz.
Jamais consegui.
Lutei para inspirar a guerra.
Jamais consegui.
Lutei para matar a Vida.
Jamais consegui.
Lutei para vivificar a morte.
Jamais consegui.
Lutei para infernizar o Céu.
Jamais consegui.
Lutei para valorizar o Hades.
Jamais consegui.
Lutei para desbotar o Lapis.
Jamais consegui.
Lutei para importantizar o chumbo.
Jamais consegui.
O
calor, a eletricidade, o magnetismo e a luz são interconversíveis,
sendo capazes de ser num instante uma causa e no próximo um efeito.
A
Forma Primordial de tudo o que foi-está-será manifestado,
de um átomo a um globo, desde
um ser humano até um anjo, é esferoidal. Em todas as nações,
a esfera tem sido o símbolo da eternidade e da ilimitabilidade. Ela
é o círculo simbólico de Pascal e dos Cabalistas, cujo
centro está em toda parte,
e cuja circunferência não está em parte alguma.
As
formas se alternam, se misturam e, depois de uma gradual transformação
do Espírito Puro (ou o Nada
Búdico) na matéria mais grosseira, começam
a se retrair e também gradualmente a reemergir em seu estado primitivo,
que é a absorção no Nirvana. Então, o
que é isto senão correlação
de forças?
É
absolutamente necessário que
um morra para que o outro possa viver.
É
absolutamente
necessário
que o diabo pife,
para que Deus possa Viver.
É
absolutamente
necessário
que o inferno suma,
para que o Céu possa Aparecer.
É
absolutamente
necessário
que a maldade acabe,
para que o Bem possa Prevalecer.
É
absolutamente
necessário
que a escuridão se
apague,
para que a LLuz possa Resplandecer.
É
absolutamente
necessário
que a desencarnação
aconteça,
para que cada ser-aí possa Ascender.
É
absolutamente
necessário
que a Compreensão
clareie,
para que o ser-aí possa Deus vir a ser.
Quando
uma força [energia]
desaparece, ela simplesmente se converte em uma
outra força [energia].
[Para o ser, nunca houve
começo, pois o nada não pode dar origem a alguma coisa. Tudo
era trevas antes de surgir a luz. A luz, porém, não veio das
trevas, pois, as trevas são a ausência da luz...
(Mito Rosacruz da Criação). Da mesma forma que o
nada não pode dar origem a alguma coisa,
nenhuma coisa pode se transformar em nada. No Universo, propriamente, não
há criação nem destruição; o que há
é reorganização adimplente, mudança freqüente
e movimento permanente.]
Embora
a nossa Arqueologia não tenha descoberto nenhum aparelho antigo para
chegar a conclusões/confirmações
particulares, pode-se, não obstante, afirmar com perfeita razão
e com base em deduções analógicas, que quase todas
as religiões antigas se fundavam na indestrutibilidade da matéria
e da força, mais a emanação do Todo a partir de um
Fogo Etéreo (Espiritual) ou o Sol Central, que é Deus ou Espírito,
em cujo Conhecimento, potencialmente,
se baseava a antiga Magia Teúrgica.
Comentário
do filósofo neoplatônico grego Proclus Lycæus (Constantinopla,
8 de fevereiro de 412 –
17 de abril de 485) sobre a Magia: Do
mesmo modo que os amantes avançam gradualmente da beleza que é
aparente em formas sensíveis para a Beleza Divina, assim os Sacerdotes
Antigos, quando perceberam que havia uma certa aliança e simpatia
entre as coisas naturais, entre as coisas visíveis e entre as forças
ocultas, descobriram que todas as coisas subsistem em tudo, e edificaram,
desta forma, uma Ciência Sagrada com base em sua simpatia e similaridade
mútuas. Portanto, eles reconheciam nas coisas subordinadas as coisas
supremas, e, nas supremas, as secundárias, nas regiões celestes,
as propriedades terrestres subsistindo de maneira causal e celestial, e
na Terra, as propriedades celestes, mas, de acordo com a condição
terrestre. Ora, os antigos tendo contemplado a mútua simpatia das
coisas celestes e terrestres, aplicaram-na para propósitos ocultos,
de natureza celeste e terrestre, por cujo intermédio, graças
a certas semelhanças, deduziram as Virtudes Divinas nesta morada
inferior. Todas as coisas estão repletas de Naturezas Divinas. As
naturezas terrestres recebem a plenitude das que são Celestes, e
as Celestiais das Essências Supercelestiais, ao passo que cada ordem
de coisas procede gradualmente de uma bela descida do mais alto ao mais
baixo, pois, tudo que se reúne acima da ordem das coisas se dilata,
em seguida descendo, e as diversas almas se distribuindo sob a conduta de
suas diversas Divindades.
Tudo
Está Inter-relacionado
A
Magia se baseia, sólida e unicamente, nas misteriosas afinidades
existentes entre corpos orgânicos e inorgânicos, nas produções
visíveis dos Quatro Reinos [Hominal,
Animal, Vegetal e Mineral] e nos poderes invisíveis
do Universo. Um profundo e exaustivo conhecimento das Lei Naturais sempre
foi e continua sendo a base da Magia.
Afinidade
Ser-aí–Dragão
Os
Magos afirmam que a fecunda Mãe Terra está sujeita às
mesmas Leis às quais estão submetidos cada um dos seus filhos.
Há
uma Lei Universal inexorável que determina que todas as coisas passem
por novas arrumações
[rearranjos] e formem outras combinações.
Síntese
da Uréia2
Os
herméticos e, posteriormente, os Rosa+Cruzes
afirmam que todas as coisas visíveis foram produzidas pela disputa
entre a Luz e a escuridão, e que toda partícula de matéria
contém, em si mesma, uma centelha da Essência Divina –
Luz ou Espírito –
e que, por meio da sua tendência a se libertar
dos obstáculos e retornar à Fonte Central, produziu movimento
nas partículas e, deste movimento, a forma.
A
LLuz é o Grande Mago Proteo. Sob a ação da Vontade
Divina do Arquiteto, as suas ondas multifárias e onipotentes dão
origem a todas as formas, bem como a todos os seres vivos. Do seu seio avolumado
e elétrico procedem a Matéria e o Espírito. Nos seus
raios repousam o começo de todas as ações físicas
e químicas e todos os fenômenos cósmicos e espirituais.
Ela vitaliza e desorganiza, dá a vida e produz a morte, e do seu
ponto primordial emergem gradualmente e se tornam existentes as miríades
de mundos e de corpos celestiais visíveis e invisíveis.
A
diferença mais substancial entre as doutrinas dos neoplatônicos
e dos cristãos consiste apenas na amalgação forçada
por estes últimos da Mônada incompreensível com a sua
trindade criativa realizada.
Tudo
é
o que sempre foi
e sempre será.
Tudo não é
o que nunca foi
e jamais será.
Tudo será
o que sempre foi
e sempre será.
Tudo não será
o que não pode ser
e jamais poderá.
Segundo
Platão (Atenas, 428/427 –
Atenas, 348/347 a.C.), se
triunfarmos sobre a dor, o temor, a cólera e outros sentimentos,
viveremos corretamente; se formos vencidos por eles, viveremos incorretamente.
Se
nos deixarmos dominar pelos males vinculados à matéria, nos
tornaremos um instrumento dócil nas mãos dos invisíveis
seres de matéria sublimada, que pairam em nossas atmosferas e estão
sempre prontos a inspirar aqueles que foram abandonados por seu Conselheiro
Imortal –
o Espírito Divino [nosso
Deus Interior] – chamado
de Gênio
por Platão.
Segundo
o grande filósofo
e Iniciado Platão (Atenas, 428/427
–
Atenas, 348/347 a.C.), quem
viveu bem durante o tempo que lhe foi atribuído poderá voltar
a habitar a sua Estrela, e aí levará uma existência
abençoada e de acordo com a sua natureza.
Segundo
o escritor,
romancista, poeta, dramaturgo e político inglês
Edward George Bulwer-Lytton (Londres, 25 de maio de 1803
–
Torquay, 18 de janeiro de 1873), a
Ciência Verdadeira não tem crenças; a Verdadeira
Ciência tem apenas três estados mentais: negação,
convicção e o vasto intervalo entre os dois, que não
é crença, mas, suspensão do juízo.
Segundo
o filósofo neoplatônico assírio Jâmblico (Celessíria,
245 –
Apaméia, 325), Pitágoras
[cerca
de 570 a.C. –
cerca de 495 a.C.] era Iniciado em todos
os Mistérios de Biblos e de Tiro, nas Operações Sagradas
dos sírios e nos Mistérios dos fenícios, e também
passou 22 anos nos áditos dos templos do Egito, reunido com os Magos
da Babilônia, tendo sido instruído por eles em seu venerável
conhecimento. Portanto, não é nada surpreendente que ele fosse
muito versado em Magia ou Teurgia, e que fosse capaz de fazer o que ultrapassa
o mero poder humano e o que parece ser absolutamente incrível ao
vulgo.
Tetraktys
(1
+ 2 + 3 + 4 = 10)
O
Éter Universal é um oceano sem limites.
Continua...