ÍSIS SEM VÉU
(Parte 4)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este texto é a 4ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and Theology (em português, Ísis sem Véu: Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica, e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um texto-chave no movimento teosófico e um marco na história do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso, para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá apenas 30 fragmentos.

 

 

 

Fragmentos

 

 

 

Para os Ocultistas, tanto o Éter como a Substância Primordial não são coisas hipotéticas, mas, verdadeiras realidades. Geralmente, se acredita que o Akasha, da mesma forma que a Luz Astral dos cabalistas, são o Éter, confundindo-se este com o éter hipotético da ciência. Grave erro. O Akasha é a síntese do Éter, é o Éter Superior. O Éter é o “revestimento” ou um dos aspectos do Akasha: é sua forma ou seu corpo mais grosseiro. Ocupa toda a vacuidade do Espaço (ou melhor, todo o conteúdo do Espaço) e sua propriedade é o som (a Palavra). É o quinto dos Sete Princípios ou Elementos Cósmicos, que, por sua vez, tem sete estados, aspectos ou princípios. Este Elemento Semimaterial será visível no ar no final da Quarta Ronda e se manifestará plenamente na Quinta.

 

Nada de milagres. Como Agénor Étienne Gasparin (12 de julho de 1810 – 4 de maio de 1871) insinuou muito corretamente em sua obra sobre os fenômenos, todos estão perfeitamente de acordo com a Lei Natural.

 

Eu almejava que um milagre
mudasse o movimento zodiacal,
mas, aprendi que é impossível
tentar alterar a Lei Natural.

Eu almejava que um milagre
me convertesse em belo e louro,
mas, aprendi que é impossível
chuviscar fora do mijadouro.

Eu almejava que um milagre
acabasse com o tal do petrolão,
mas, aprendi que é impossível
mudar, se não houver compreensão.

Eu almejava que um milagre
desse um fim no mal do mundo,
mas, aprendi que é impossível,
se o ser teimar em ser cacundo.

 

 

 

 

Eletricidade e magnetismo foram inquestionavelmente utilizados na produção de alguns prodígios, mas, agora, como então, eles eram requisitados por todos os sensitivos que se servem inconscientemente desses poderes pela natureza peculiar de sua organização, a qual funciona como um condutor para alguns desses fluidos imponderáveis, ainda tão ignorados pelos físicos modernos.

 

 

 

 

Os taumaturgos de todos os períodos, escolas e países operavam suas maravilhas porque estavam perfeitamente familiarizados com as imponderáveis, em seus efeitos, mas, outro lado, perfeitamente tangíveis ondas da Luz Astral. Eles controlavam as correntes, guiando-as com a sua força de vontade. As maravilhas eram de caráter físico e psicológico: as primeiras, enfeixavam os efeitos produzidos sobre objetos materiais; as últimas, os fenômenos mentais de Mesmer e dos seus sucessores. O Mesmerismo é o ramo mais importante da Magia, e seus fenômenos são os efeitos do Agente Universal que sustenta toda a Magia e que produziu em todos os tempos os chamados 'milagres'.

 

 

 

 

É a Potência Magnética que sustenta os Mistérios Teúrgicos, e, portanto, poderiam, talvez, explicar as faculdades ocultas que os antigos (e os modernos) teurgistas possuíam como um de seus mais extraordinários efeitos. Tais foram os Dons transmitidos por Jesus a alguns de Seus Discípulos. No momento de suas curas miraculosas, o Nazareno sentia que um poder saía de si.

 

Pitágoras de Samos (cerca de 570 cerca de 495 a.C.) ensinava a Seus Discípulos que Deus é a Mente Universal difundida através de todas as coisas, e que esta Mente, apenas pela virtude de sua identidade universal, poderia se comunicar de um objeto a outro e criar as coisas apenas pela força de vontade do ser-humano-aí-no-mundo. Para os antigos gregos, esta Mente Divina Universal era Kurios (Nous). Ora, Koros (Kurios) significa a Natureza Pura e Imaculada do Intelecto a Sabedoria, dizia Platão (Atenas, 428/427 Atenas, 348/347 a.C.).

 

 

Força de Vontade1

 

O poder titânico bruto, o "revestimento" de todo Deus Solar, opõe a força da matéria cega ao Espírito Divino, que tenta harmonizar todas as coisas da Natureza.

 

Todos os Deuses Solares, simbolizados pelo Sol Visível, são apenas os criadores da Natureza física. A Natureza Espiritual é Obra do Sol Oculto, Central e Espiritual e seu Demiurgo a Mente Divina de Platão, e a Sabedoria Divina de Hermes Trismegisto a Sabedoria emanada de Olam ou Cronos.

 

Após a distribuição do Fogo Puro, nos Mistérios Samotrácios, uma nova vida começava. Era esse o Novo Nascimento a que alude Jesus em seu diálogo noturno com Nicodemos. "Iniciados nos mais sagrados de todos

 

O Santo Pneuma = o Vento, o Ar, a Alma, o Espírito, a Voz, a Síntese dos Sete Sentidos.

 

Água = Prima Matéria. Os Alquimistas afirma(va)m que a Terra Primordial ou Pré-adâmica, quando reduzida à sua Substância Primeira, é, em seu segundo estágio de transformação, como a Água Límpida, sendo o primeiro degrau o Alkahest2 propriamente dito. Eis porque o filósofo, matemático, engenheiro, homem de negócios e astrônomo da Grécia Antiga Tales de Mileto (cerca de 624 546 a.C.), considerado por alguns o primeiro filósofo ocidental, sustentava que a Água era o princípio de todas as coisas da Natureza.

 

 

Animação Meramente Simbólico-pictórica

 

 

Definitivamente, com humildade, devemos admitir que os antigos estavam mais familiarizados com o fato da própria evolução, nos seus dois aspectos, físico e espiritual, do que nós hoje. Para os filósofos antigos, a evolução era um teorema universal, uma doutrina que abrangia o Todo. Já os modernos evolucionistas apresentam apenas sofismas, teorias especulativas e teoremas particulares totalmente negativos.

 

Nos dias do filósofo pré-socrático Demócrito de Abdera (cerca de 460 a.C. 370 a.C.) e do filósofo grego Aristóteles (Estagira, 384 a.C. Atenas, 322 a.C.), o ciclo já tinha começado a entrar em seu caminho descendente de progresso. E se esses dois filósofos pudessem discutir tão bem a teoria atômica e remontar o átomo ao ponto material ou físico, seus ancestrais devem ter ido mais longe.

 

Para adquirir o Poder Mágico, duas coisas são necessárias: libertar a vontade de toda servidão [fiat voluntas mea] e praticá-la sob controle. (Éliphas Lévi).

 

 

Éliphas Lévi3

 

 

A nossa Vontade precisa deixar de ser um simples desejo e se tornar uma força criadora [modificadora], de tal sorte que possa comandar os elementos e os poderes da Natureza. [Na animação abaixo, o faquir, vindo em auxílio da Natureza, com sua vontade poderosa e o espírito purificado do contato com a matéria, força a planta a amadurecer antes do tempo. A imagem concreta escrava do modelo subjetivo desenhado na imaginação do faquir é forçada a seguir o original em seus mínimos detalhes.]

 

 

 

 

A Vontade cria, pois, Vontade em movimento é Força, e Força produz Matéria. Os misteriosos efeitos de atração e de repulsão são os agentes inconscientes da Vontade.

 

Tanto a matéria inorgânica quanto a matéria orgânica possuem, em si, uma partícula da Essência Divina, por mais infinitesimalmente pequena que seja. Ainda que no curso de sua evolução cada partícula tenha passado do [inexistente] princípio ao [inexistente] fim por milhões de formas diversas, ela sempre reterá o germe inicial da Matéria Preexistente, que é a Primeira Manifestação-emanação da própria Divindade.

 

In potentia, eu sou Deus.
In potentia, tu és Deus.
In potentia, ele é Deus.
In potentia, nós somos Deuses.
In potentia, vós sois Deuses.
In potentia, tudo e todos são Deuses.

 

O Princípio da Vida, a cada degrau da escala sem fim, vai desenvolvendo atributos e faculdades, que vão se tornando mais determinados e mais característicos.

 

A Lei Universal da Harmonia é imutável.

 

A taça da ilusão é um abismo sem fim e vazio.

 

Os Alquimistas afirmam que o Dissolvente Universal deve ser retirado da Água.

 

Vós sois o Sal da Terra. Se o Sal for insípido, com o que se haverá de salgar? Vós sois a Luz do mundo... (Evangelho de Mateus V, 13 e 14.)

 

Todas as lendas antigas são equivalentes, sejam, por exemplo, as apresentadas no livro inspirado dos cristãos, sejam as apresentadas nas fábulas pagãs da Escandinávia e do Hindustão.

 

Os Cabalistas Caldeus relatam que o Homem Primordial, ao contrário da Teoria Darwiniana, era mais Puro, mais Sábio e muito mais Espiritual, como mostram os Mitos do Buri Escandinavo, dos Devatâs Hindus e dos Filhos de Deus Mosaicos. Em uma palavra: o Homem Primordial era de natureza muito superior à do ser-humano-aí-no-mundo desta presente Raça Adâmica. Lentamente, foi se tornando desespiritualizado e se contaminando com a matéria e, assim, pela primeira vez, recebeu o Corpo Carnal, caracterizado no Gênese neste versículo profundamente significativo: O Senhor Deus fez para o ser-humano-aí-no-mundo e sua mulher túnicas de pele, e os vestiu.

 

 

Animação Meramente Simbólica

 

 

Os hindus representam a sua Árvore Mítica, que chamam Asvattha, de uma forma que difere da dos escandinavos. Os hindus a descrevem crescendo ao contrário, isto é, os ramos se estendendo para baixo e as raízes para cima. Os ramos caracterizam o mundo externo dos sentidos, o universo cósmico visível, e as raízes, o Mundo Invisível do Espírito, porque as raízes têm sua gênese nas regiões celestes, na qual a Humanidade, desde a criação do mundo, colocou a sua divindade invisível. Como a energia criativa se originou neste ponto primordial, os símbolos religiosos de todos os povos são igualmente ilustrações desta hipótese metafísica exposta por Pitágoras, Platão e outros filósofos. Estes caldeus, diz Fílon, opinavam que o Cosmos, entre as coisas que existem, é um simples ponto, e que é ele próprio ou Deus (Theos) ou o que nele é Deus, e compreende a alma de toda as coisas. A Pirâmide Egípcia também representa simbolicamente esta idéia da Árvore Cósmica.

 

 

Árvore Mítica dos Hindus

Árvore Mítica dos Hindus

 

 

A Teoria Darwiniana sobre a origem das espécies é apenas un conjunto de hipóteses inverificáveis. Os seres-humanos-aí-no-mundo existiram em uma época tão antiga que desafia os cálculos. E assim, transformações extraordinárias e progressivas no sistema físico dos seres-humanos-aí-no-mundo, correspondentes às modificações de clima, de atmosfera e de correlações infindáveis de forças cósmicas, aconteceram e vêm acontecendo.

 

 

 

 

Deuses = Poderes.

 

A serpente, que exerce um papel proeminente nas imagens dos antigos, foi degradada por uma absurda interpretação no livro do Gênese como sinônimo de Satã, o Príncipe das Trevas, quando, em seus diversos simbolismos, ela é o mais engenhoso de todos os mitos.

 

 

 

 

A matéria, quanto mais se distancia de sua Fonte Espiritual primeira, mais se torna sujeita ao mal.

 

Quando a serpente representa a eternidade e a imortalidade, ela abarca o mundo, mordendo a cauda, não oferecendo assim nenhuma solução de continuidade.

 

 

Ouroboros4

 

 

 

Continua...

 

 

 

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Notas:

1. É impossível que criemos algo que já não exista desde sempre, arquetípica e paradigmaticamente, na Mente ou Consciência Cósmica. Logo, criação, como uma espécie de tiração de alguma coisa do nada, é uma impossibilidade multiversal. Nem Deus, se existir da forma como pensam os teólogos e os religiosos em geral, pode fazer isto. O que podemos fazer, se soubermos como fazer, é trazer à manifestação algo que, in potentia, digamos assim, já exista. E = mc2, e a corrente alternada, por exemplo, sempre existiram; o que Albert Einstein (Ulm, 14 de março de 1879 – Princeton, 18 de abril de 1955), Srinivasa Aiyangar Ramanujan (Erode, 22 de dezembro de 1887 – Kumbakonam, 26 de abril de 1920) e Nikola Tesla (Smiljan, Império Austríaco, 10 de julho de 1856 – Nova Iorque, 7 de janeiro de 1943) fizeram foi mostrá-las ao mundo. Portanto, todos os Prêmios Nobel que vêm sendo distribuídos desde o século XIX deveriam ser dados à Mente ou Consciência Cósmica.

2. Alkahest é um solvente universal hipotético que possui o poder de dissolver qualquer substância, incluindo o ouro. Todavia, os químicos sabem que o ouro pode ser dissolvido pela água régia (do latim, aqua regia, que significa água real), que é uma mistura de ácido nítrico e ácido clorídrico concentrados, geralmente, na proporção de uma parte de HNO3 para três partes de HCl. É um líquido altamente corrosivo de coloração alaranjada. É uma das poucas substâncias que podem dissolver o ouro e a platina, tendo o nome de água régia devido à propriedade de dissolver os metais nobres (régios), embora o tântalo (Ta), o irídio (Ir) e outros metais extremamente inertes possam suportar o seu ataque. O descobrimento da água régia é atribuído ao alquimista islâmico, farmacêutico, filósofo, astrônomo e físico Geber (cerca de 721 – cerca de 815). A água régia era muito empregada por outros alquimistas e, ainda hoje, é utilizada em diversos procedimentos analíticos. Quando eu comecei minha vida profissional como auxiliar de analista químico, quase dissolvi completamente um cadinho de platina tentando limpá-lo com água régia. O doutor Vahé Vahram Avakian, que, na época (1967), era o chefe do laboratório (Laboratórios Warner S.A) no qual eu trabalhava, quase teve um piripaque cardiovascular, e eu quase morri de vergonha! Mas, ao longo da vida, esta não foi a única merda que eu fiz como químico. Fiz outras: umas, maiores, outras, menores. Mas, não matei ninguém. Eu só fico pensando em quantas merdas os médicos não fazem por aí!

 

 

Alkahest

A Busca pelo Alkahest

 

 

3. Éliphas Lévi (8 de fevereiro de 1810 - 31 de Maio de 1875), pseudônimo de Alphonse Louis Constant, foi um escritor, ocultista e mago cerimonialista francês.

4. Ouroboros (oroboro ou uróboro) é um conceito representado pelo símbolo de uma serpente (ou um dragão) que morde a própria cauda. O Ouroboros simboliza o ciclo da evolução voltando-se sobre si mesmo. O símbolo contém as idéias de movimento, de continuidade, de autofecundação e, em conseqüência, de eterno retorno.

 

Música de fundo:

The Spheres
Interpretação: Stetson University Concert Choir

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=52J1RIINUYM

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.mattmcconnell.com/

https://www.vecteezy.com/

http://www.deinayurveda.net/wordpress/

https://www.canstockphoto.com.br/

https://fineartamerica.com/

http://operamagnablog.blogspot.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alkahest

https://pt.wikipedia.org/wiki/Srinivasa_Ramanujan

https://www.gettyimages.com/

https://thenounproject.com/

https://gifer.com/en/BbLo

https://www.crossconnectmag.com/

https://pt.depositphotos.com/

http://www.artefolk.com.br/livros/isis-sem-veu1.pdf

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.