ÍSIS SEM VÉU
(Parte 22)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este texto é a 22ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and Theology (em português, Ísis sem Véu: Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica, e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um texto-chave no movimento teosófico e um marco na história do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso, para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá apenas 30 fragmentos.

 

 

 

Fragmentos

 

 

 

A Ilíada, de Homero (Século IX a.C.), e muito do seu relato da Guerra de Tróia foram plagiados do Râmâyana.

 

 

Homero ()
[Representação idealizada feita no período helenístico (Museu Britânico)]

 

 

A forma primitiva do culto religioso egípcio, doe seu governo, da sua teocracia e do seu clero,dos seus usos e dos seus costumes indicam uma origem indiana.

 

Moisés, desde a sua infância, estava familiarizado antigos ritos egípcios.

 

A Arca de Noé (ou Nuah o Espírito das Águas, a manifestação evemerística do Irrevelado), na qual se preservam os germes de todas as coisas necessárias para repovoar a Terra, representa a sobrevivência da vida e a supremacia do Espírito sobre a matéria, através do conflito das forças opostas da Natureza. Na carta Astro-Teosófica do Rito Ocidental, a Arca corresponde ao umbigo, e é colocada no lado esquerdo, o lado da mulher (a Lua), um de cujos símbolos é a Coluna Esquerda do Templo de Salomão Boaz. O umbigo está relacionado com o receptáculo no qual se frutificam os germes da raça. A Arca é a Argha Sagrada dos hindus, e, portanto, podemos perceber com facilidade a sua relação com a Arca de Noé, quando aprendemos que a Argha era um vaso oblongo, utilizado pelos sumo-sacertotes como cálice sacrificial no culto de Ísis, de Astarte e de Vênus-Afrodite, todas Deusas dos Poderes Gerativos da Natureza ou da matéria representando, simbolicamente, portanto, a Arca, que contém os germes de todas as coisas vivas. A água do dilúvio, que na alegoria representa o mar simbólico, Tiamat, simboliza o caos turbulento, a matéria, chamado Grande Dragão. Os animais embarcados na Arca são as paixões humanas. Eles simbolizam certas provas de Iniciação e os Mistérios que foram instituídos em muitas nações em homenagem a esta alegoria.

 

 

 

 

 

Filho da Serpente significa Filho da Sabedoria Divina, e não de Satã, como alguns sacerdotes entendem a palavra. A inimizade entre a Serpente e a mulher só foi estabelecida na medida em que este mundo mortal e fenomênico nasceu da mulher.

 

 

 

 

 

Androginia = Energias Masculinas e Femininas Combinadas.

 

A Humanidade não pode morrer, pois, o Espírito é imortal. Como Espírito, Deus na Humanidade. Como Espírito, a Humanidade em Deus. Gerações incontáveis abaixo; regenerações incontáveis acima. O visível apenas como manifestação do Invisível; o ser-humano-aí-no-mundo de pó abandonado ao pó; o ser-humano-aí-no-mundo de Espírito renascido no Espírito. A Humanidade limitada é Filha do Deus Ilimitado.

 

Tao Egípcio Símbolo antigo da imortalidade e da vida.

 

O Universo não é uma criação espontânea, mas, uma evolução da matéria preexistente. O Universo não é senão uma dentre as infinitas séries de universos. A eternidade é recortada em grandes ciclos, em cada um dos quais ocorrem doze transformações de nosso mundo, causadas alternadamente pelo fogo e pela água. No curso dessas doze transformações, a Terra se torna mais grosseira a cada passagem das seis primeiras, ficando tudo que há sobre ela o ser-humano-aí-no-mundo inclusive mais material, ao passo que nas seis últimas transformações ocorre o contrário, e tanto a Terra como o homem se tornam cada vez mais refinados e espirituais a cada mudança. Quando o ápice do ciclo é atingido, ocorre uma dissolução gradual, e todas as formas vivas e objetivas são destruídas. Mas, quando esse ponto é alcançado, a Humanidade está apta a viver tanto subjetivamente como objetivamente.

 

Escorpião (ou Caim) é o signo ou o patriarca que levou a Humanidade à destruição, segundo a teologia exotérica. Mas, de acordo com a Verdadeira Doutrina da Religião da Sabedoria, Ele indicou a degradação de todo o Universo em seu curso de evolução descendente, do subjetivo ao objetivo. No ponto mais baixo, a Centelha Divina, ainda cintilante do Espírito, começa a transferir o impulso ascendente. Os pratos da balança simbolizam este equilíbrio eterno necessário a um Universo de harmonia, de justiça exata, de equilíbrio entre as forças centrípetas e centrífugas, entre trevas e Luz, entre Espírito e matéria.

 

 

 

 

 

Dentre todos os livros da Bíblia, apenas o Gênese remonta a uma imensa Antigüidade. Os demais são adições posteriores, a mais antiga das quais surgiu com Hilkiah, que, evidentemente, a planejou com o auxílio de Huldah, a profetiza. Como há mais de um sentido vinculado às histórias da criação e do dilúvio, não é possível compreender o relato bíblico sem a referência à história babilônica correspondente, ao passo que nenhuma delas será totalmente clara sem a interpretação bramânica e esotérica do dilúvio, tal como se encontra no Mahâbhârata e no Satapatha-Brâhmana.

 

O Grande Abismo, a Água, simboliza a Doutrina Secreta.

 

No Início, o Espírito anima Céu e Terra,
os campos aquáticos, e o brilhante globo de Luna, e
as estrelas de Titã. A mente, instilada nos membros,
agita toda a massa, e se funde com a Grande Matéria.

 

A Água representa a dualidade do Macrocosmo e do microcosmo, em conjunto com o Espírito Vivificante e a evolução a partir do Cosmo Universal do pequeno mundo. O Dilúvio assinala, portanto, nesse sentido, a batalha final entre os elementos em conflito, que leva o primeiro grande ciclo de nosso Planeta à sua conclusão.

 

Sobre a idéia do dualismo se funda a Filosofia de todas as religiões (os poderes ou princípios opostos do bem e do mal).

 

Todas as inversões [interpolações, adulterações, acréscimos, apócopes etc.] bíblicas têm a finalidade criar confusão e de dificultar a investigação.

 

Os Patriarcas são simplesmente os signos do Zodíaco, emblemas, em seus múltiplos aspectos, da evolução espiritual e física das raças humanas, das era e das divisões do tempo.

 

A nossa Terra, após cada período de transformação geológica, dá nascimento à outra raça distinta de seres-humanos-aí-no-mundo e de outros seres.

 

As incontáveis forças da Natureza precisam morrer (consumir-se) para que possam viver. Quando uma força morre, é apenas para dar nascimento a outra força, sua prole. Ela morre, mas, vive em sua criação, e ressuscita a cada sétima geração.

 

Os peixes, as aves, as plantas, os animais e os seres-humanos-aí-no-mundo eram todos andróginos na Primeira Hora.

 

Toda a moral do Catolicismo moderno [do Movimento Evangélico e das religiões em geral] se resume no mandamento: Temei o diabo. O diabo é o gênio protetor do Catolicismo teológico. Tão santo e reverenciado é seu nome na concepção moderna, que ele não pode, exceto ocasionalmente no púlpito, ser pronunciado, para não ferir os ouvidos dos fiéis. Para alguns, a negação da existência objetiva pessoal do diabo é um pecado contra o Espírito Santo. O que precisamos entender é que a manifestação de qualquer princípio do mal não é malum in se, mas, apenas, a sombra da Luz, por assim dizer. Por isto, as teorias dos Cabalistas tratam dela como uma força que é antagônica, mas, ao mesmo tempo, essencial para a vitalidade, para a evolução e para o vigor do Princípio do Bem. Por exemplo, as plantas poderiam perecer em seu primeiro estágio de existência, se fossem expostas a uma luz solar constante; a noite, que alterna com o dia, é essencial ao seu crescimento saudável e ao seu desenvolvimento. O bem, da mesma maneira, deixaria rapidamente de sê-lo, se não alternasse com o seu oposto. Em a Natureza humana, o mal denota o antagonismo da matéria com o que é espiritual, e, assim, eles se purificam mutuamente. No cosmos, o equilíbrio deve ser preservado; a operação dos dois contrários produz a harmonia, como as forças centrípeta e centrífuga, de tal sorte que uma é necessária à outra. Se uma delas cessasse, a ação da outra se tornaria imediatamente destrutiva. Enfim, três séculos e meio antes de Cristo, Platão expressou sua opinião a respeito do mal dizendo que existe na matéria uma força cega, refratária, que resiste à vontade do Grande Artífice. Essa força cega, sob o influxo cristão, tornou-se fidedigna: foi transformada em Satã!

 

Satã é uma criação nascida da fantasia ardente dos padres da Igreja Católica.

 

Os cismas religiosos são tão poucos isentos da mesquinhez frágil e dos sentimentos vingativos da Humanidade quanto as querelas sectárias dos leigos. Prova deste fato nos é oferecida pela reforma zoroastriana, quando o Magismo se separou da velha crença dos brâmanes. Os brilhantes devas do Veda se tornaram, sob a reforma religiosa de Zoroastro, devas ou espíritos do mal do Avesta. Até mesmo Indra, o deus luminoso, foi enviado às trevas para ser substituído, com uma luz mais brilhante, por Ahura-Mazda, a Divindade Sábia e Suprema.

 

Em todas as épocas, a Serpente foi o símbolo da Sabedoria Divina, que mata para fazer ressurgir, destrói para melhor reconstruir. E Jesus foi Iniciado na Ciência da Serpente.

 

Desde a mais remota Antigüidade, a Serpente foi venerada por todos os povos como a incorporação da Sabedoria Divina e como o símbolo do Espírito.

 

O mito era o método favorito e universal de ensinar nos tempos arcaicos. Os símbolos sempre expressam alguma qualidade abstrata da Divindade, que os leigos podem apreender facilmente. As Alegorias [os Mistérios do Reino dos Céus], entretanto, sempre foram reservadas para o Santuário Interior, onde só os Iniciados eram-são admitidos. O Mito, enfim, é o pensamento não-manifestado da [personalidade-]alma. O traço característico do mito é converter a reflexão em história (uma forma histórica). Como na epopéia, também no mito predomina o elemento histórico. Os fatos (os eventos externos) constituem, freqüentemente, a base do mito, e neles se entretecem as idéias religiosas.

 

 

Ankh

 

 

Câmara de Julgamentos de Asar (Osíris)

Câmara de Julgamentos de Asar (Osíris)

 

 

A Iniciação nos Mistérios era uma representação dramática das cenas do mundo subterrâneo.

 

Com o tempo, foi adotado o plano muito simples de atribuir os muitos nomes dos Elohim (deuses/deusas) a um único Deus.

 

O Leviatã é a Ciência Oculta, em que se pode pôr a mão, não mais do que isso, e cujo poder e cuja proporção conveniente Deus não quer esconder.

 

O Satã do Velho Testamento, o Diabolos ou Diabo dos Evangelhos e das Epístolas são personificações do princípio antagônico da matéria, necessariamente inerente a ela, e não mau no sentido moral do termo.

 

 

 

Continua...

 

 

 

Música de fundo:

The Spheres
Interpretação: Stetson University Concert Choir

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=52J1RIINUYM

 

Páginas da Internet consultadas:

https://ca.wikipedia.org/wiki/Papir_d%27Ani

https://gfycat.com/

https://br.freepik.com/

https://escolakids.uol.com.br/

https://www.vectorstock.com/

https://edoc.site/queue/isis-sem-veuvoliiihpblavatsky-pdf-free.html

 

Direitos autorais:

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