Este
texto é a 2ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
Para
ser uma genuína entidade espiritual, na verdadeira acepção
da palavra, o ser-humano-aí-no-mundo deverá, inicialmente,
por assim dizer, criar-se de novo
[recriar-se, renascer], isto é, eliminar
por completo da sua mente e do seu espírito não só
a influência dominante do egoísmo e de outras impurezas [manias
e coisismos], mas, também, a dupla infecção
da superstição e do preconceito.
O
Espelho Bisotê
—
Quando eu bestava por aí
– bestando morto, mas, não estando de fato Vivo –
era uma besta quadrada abestalhada.
Preconceituoso
e um chato galochento,
por fora, verruguento, por dentro, purulento,
eu colecionava coisismos e superstições,
antipatias e malquerenças,
separatividades e diferenças.
Tinha verdadeiro horror de certas coisas,
e não suportava de jeito maneira:
marafa nova e marafa velha,
cafetina velha e cafetina nova,
freira,
barriga de freira,
santo de pau oco,
santo oco de pau,
pau oco de santo,
pau de santo oco,
eunuco,
relógio cuco,
velho caduco,
(caduco bastava eu),
cafiola,
mariola,
baticola,
,
,
cola-tudo,
gay,
mayday,
replay,
enrustido,
traveco,
teleco-teco,
teco-teco,
reco-reco,
meleca balançante,
pum de elefante,
Dom Henrique, o Infante,
LGBTQIA+,
pedófilo,
zoófilo,
eosinófilo,
neutrófilo,
basófilo,
chove-não-molha,
molha-sem-chover,
chove-sem-molhar,
molha-sem-molhar,
chove-sem-chover,
ladrão de mensalão,
ladrão de petrolão,
ladrão de galinha,
ladrão-de-coco,
barata-cascuda,
rato de sacristia,
rato-de-barriga-branca,
dança de salão,
salão sem dança,
gafieira,
forrobodó,
pagode,
bate-coxa,
tango brasileiro,
tango argentino,
tango chinês,
Fumando Espero,
La Cumparsita,
A Media Luz,
Adios Muchachos,
Por Una Cabeza,
por dos cabezas,
por trescientas cabezas,
sin cabeza,
cabeçudo,
Jô Soares,
Chico Anysio,
Costinha,
Agildo Ribeiro,
múmia paralítica,
biliquê,
Chacrinha, o Velho Guerreiro,
bacalhau,
Teresinha,
trono,
a pé,
de trem,
Senor "Silvio Santos" Abravanel,
é coisa nossa,
mas, que vai, vai,
mas, que vai, vem,
mas, que vai, não vai,
mas, que vai, fica,
Frank Sinatra,
All the Way,
My Way,
Joaquín Archivaldo "El Chapo" Guzmán Loera,
Pablo Emilio Escobar Gaviria,
Salvatore "Totò" Riina,
João Francisco "Madame Satã" dos Santos,
Ilse Koch,
Belle Sorenson Gunness,
Irma Ida Ilse Grese,
Nannie Doss,
Jiang Qing,
Chitãozinho & Xororó,
chitãozó & xororinho,
Milionário & José Rico,
remediado & pobretão,
Pedro Bento & Zé da Estrada,
Dona Benta & Encerrabodes,
pecador & abençoado,
convertido & renitente,
mafarrico & pó-de-mico,
sacristão & sacristinho,
papa-defunto & esqueleto,
tricocéfalo & acéfalo,
Dom Rodrigo & mil-folhas,
Domenico & Pizzinga,
judeu,
ateu,
nabateu,
aqueronteu,
diz-que-é-religioso-mas-não-é,
diz-que-não-é-religioso-mas-é,
árabe,
aborígine,
desertícola,
apeninícola,
negro,
amarelo,
vermelho,
sarará,
tico-tico no fubá,
fubá no tico-tico,
índio,
flor-de-índio,
sertanejo,
filho-da-mãe,
filho-das-ervas,
filho-que-não-é-filho-mas-diz-que-é-filho,
filho-que-foi-filho-mas-agora-é-pai,
filho-que-foi-pai-mas-agora-é-avô,
citadino,
esquimó,
cariboca,
Sasquatch,
coveiro,
solenóide,
hemorróida,
filha de Maria,
Maria sem filha,
papa-hóstias,
papa-missas,
papa-santos,
papa-goiaba,
papa-moscas,
sem-terra,
sem-teto,
azarado,
padre,
pastor,
rabino,
coroinha,
babalaô,
filha-de-santo,
xamã,
aiatolá,
mãe-d'água,
sereia,
gato preto,
gato-pingado,
gato-com-botas,
gato-sem-botas,
saci-pererê,
saci-só-com-meio-pererê,
saci-sem-pererê,
só o pererê sem o saci,
lobisomem,
mula-sem-cabeça,
monstro da lagoa negra,
monstro da lagoa branca,
monstro da lagoa desidratada,
sexta-feira 13,
sexta-feira 14,
sexta-feira 15,
sexta-feira 1.789,123,456.007,
mês de agosto,
supositório,
chá-de-bico,
abrir guarda-chuva dentro de casa,
comer manga e tomar leite,
tomar leite e comer manga,
tomar sopa de nabo,
comer empadão de nabiça,
andar de costas,
ver um chinelo virado,
apontar estrelas,
assobiar à noite,
comer bananas grudadas,
ano bissexto,
ano 'bissétimo',
equinócio,
solstício,
supositício,
aurora boreal,
iglu,
gelo-seco,
papo de bêbado,
papo de crente,
papo de incréu,
papo de Testemunha de Jeová,
papo de Pai dos Ensinamentos,
papo de médium,
papo de abracadabrista,
papo de missionário,
papo de velório,
papo-furado,
papo-firme,
papo-de-peru-de-babado,
gago,
fanho,
careca,
dislálico,
analfa,
cegueta,
maneta,
perneta,
oligoqueta,
xereta,
hebdomecontacometa,
boceta (de rapé, de Pandora ou do que fosse),
chincheiro,
nazista,
fascista,
comunista,
monarquista,
abecedarianista,
mágico,
mulher que ajuda mágico,
quem gosta de mágico,
quem não gosta de mágico,
quem pensa que é mágico e não é,
quem é mágico, mas, não sabe que é,
vegetariano,
vegano,
jejunzeiro,
comilão,
macrô,
ET,
IT,
alienígena do passado,
alienígena do presente,
alienígena do futuro,
alienígena que morreu,
abduzido,
-abduzido,
não-abduzido,
±-abduzido,
marciano,
lunático,
fanático,
sorumbático,
666,
apocalipse,
Nostradamus,
São Malaquias,
São Longuinho,
são pertinho,
são logo-ali,
são já-está-aqui,
celibatário,
abambulacrário,
amarelo-canário,
ultramontano,
escolhido por deus,
predileto de deus,
povo de deus
e mais zil e uma coisas, pessoas e situações.
— Algum tempo depois de morto
– todavia, sem ter Iniciaticamente Morrido
nem ter Nascido de novo –
percebi que todas essas coisas-pessoas-situações,
que eu, preconceituoso, coisista e supersticioso,
não suportava de jeito maneira
e tinha verdadeiro horror e nojo,
sempre estiveram em mim e eu nelas!
Entendi que tudo está interligado,
interconectado, associado, amalgamado!
Que não há vazio separatório no Universo,
que tudo é uma permanente unimultiplicidade!
Compreendi que a separatividade é uma ilusão!
Que, na verdade, é uma Grande Heresia!
Bolas! Fazer o quê?
Afinal, eu já era: havia morrido!
Chorei o Oceano Atlântico de vergonha!
Não adiantou bulhufas!
Vi que não resolvia xongas lamentar
o egoísmo, a superstição,
o preconceito e a separatividade.
Aprendi que eles precisam, sim, ser corrigidos.
Em vida, não depois de virarmos defuntos!
Mas, há um tempo-limite para
fazermos essas correções!
E ninguém fará isto por nós!
A rima, então, é a seguinte:
ou desinfetamos a merda agora
ou estaremos adiando a Bela Hora!
Desinfetando
a Merda Agora!
Infelizmente,
é raro os seres-humanos-aí-no-mundo considerarem uma coisa
sob o seu verdadeiro ou falso aspecto, aceitando a conclusão por
um ato livre do seu próprio julgamento. Muito ao contrário.
Geralmente, a conclusão procede da cega adoção do modo
de ver que predomina momentaneamente entre aqueles com quem se associam.
—
Imitei, copiei, arremedei,
plagiei, macaqueei, simulei.
Como besta quadrada aceitei
tudo de aqueles que admirei.
—
Servilmente, passei a vida
sentado sobre a mesma ferida.
Das minhas idéias, aborticida;
de mim mesmo, meio autocida.
À
medida que as manifestações psicológicas (fenômenos
espiritistas) crescem em freqüência e em variedade, a escuridão
que cerca a sua origem se torna mais e mais impenetrável.
A
grande maioria das comunicações "espirituais" é
de natureza a indignar até mesmo os investigadores de inteligência
média. Mesmo quando autênticas [porque
há muita fraude], elas são triviais,
convencionais e, amiúde, vulgares. O tráfico de nomes célebres
vinculados a comunicações idiotas (como, por exemplo, de Shakespeare,
Byron, Benjamim Franklin, Pedro, o Grande, Napoleão, Josefina e até
de Voltarie) causou no estômago dos cientistas uma tal indigestão,
que eles não puderam assimilar nem mesmo a grande verdade que repousa
nos plateaux telegráficos deste oceano de fenômenos psicológicos.
—
Não sei se ocê já
reparou
que, nas manifestações mediúnicas,
ladrões, putas, escravos e desqualificados
não pintam de modo nenhum,
nem que a vaca tussa e o boi espirre?
Os ditos 'espíritos' incorporados,
geralmente, são de ilustríssimos
que já morreram há séculos,
e que, hoje, estão embalsamados.
Seja
como for, rejeitar sem exame ou apelação fenômenos surpreendentes
é fazer mostra de inconseqüência, fortemente tingida de
timidez, se não de obliqüidade moral.
—
Um ser-humano-aí-no-mundo coerente,
inteligente, conseqüente e independente
não rejeita neca de pitibiriba 'a priori',
porém, pode rejeitar tudo 'a posteriori'.
—
'A priori' só demonstra preconceito;
'a posteriori', um modo de ser escorreito.
Mesmo assim, 'a posteriori' poderá conter
deturpações e venenos do nosso não-ser!
Os
cientistas já deveriam ter aprendido, na escola da amarga experiência,
que podem confiar na auto-suficiência das ciências positivas
apenas até um certo ponto. Enquanto um único mistério
inexplicado existir em a Natureza é perigoso pronunciar a palavra
impossível.
Na
obra Researches Into the Phenomena of Spiritualism, o químico e físico
britânico William Crookes (Londres, 17 de junho de 1832 –
Londres, 4 de abril de 1919) submete à
opinião do leitor Oito Teorias para
explicar os fenômenos observados:
William
Crookes
Primeira Teoria - Todos os fenômenos são o resultado de
truques, hábeis arranjos mecânicos ou prestidigitação;
os médiuns são impostores, e os demais observadores, tolos...
Segunda Teoria - Em uma sessão, as pessoas são vítimas
de uma espécie de obsessão ou ilusão, e imaginam que
ocorrem fenômenos que não têm qualquer existência
objetiva.
Terceira Teoria - Tudo é o resultado de uma ação cerebral
consciente ou inconsciente.
Quarta
Teoria - O resultado do espírito do médium, talvez, em associação
com os espíritos de alguns ou de todas as pessoas presentes.
Quinta
Teoria - Ações de espíritos maus ou de demônios
que personificam as pessoas ou as coisas que lhes agradam, a fim de minar
a cristandade e de fazer perder as [personalidades-]alma
dos homens. (Teoria
dos teólogos.)
Sexta Teoria - As ações de uma ordem distinta de seres que
vivem nesta Terra, mas, que são invisíveis e imateriais para
nós, capazes, contudo, ocasionalmente, de manifestar a sua presença,
conhecidos, em quase todos os países e em todas as épocas,
como demônios (não necessariamente maus), gnomos, fadas, kobolds
[espíritos
originários da Mitologia Germânica e que sobrevivem nos tempos
modernos no folclore alemão, e, embora geralmente invisíveis,
podem se materializar na forma de um animal, fogo, um ser humano e uma vela],
elfos [criaturas
místicas das Mitologias Nórdica e Céltica que aparecem
com freqüência na literatura medieval européia], duendes,
pucks (seres mitológicos
das Ilhas Britânicas de caráter brincalhão e travesso)
etc. (Uma
das opiniões dos cabalistas.)
Sétima Teoria - Ações de seres humanos mortos.
Oitava
Teoria - Teoria da Força Psíquica (auxiliar necessária
das outras).
A
certeza,
disse Francis Bacon (Londres, 22 de janeiro de 1561 –
Londres, 9 de abril de 1626), não
provém dos argumentos, mas, da experiência.
Francis
Bacon
O
mundo caminha em círculos. As raças vindouras serão
apenas a reprodução [em
oitavas mais elevadas] de Raças há
muito tempo desaparecidas [e
da nossa própria
Raça Ariana atual].
Animação
Meramente Simbólico-pictórica
Paracelso1,
controversista vitorioso, pertenceu àqueles espíritos que
criaram entre nós um novo modo de pensar na existência natural
das coisas.
Somente
as criaturas sem
[personalidade-]alma ou sem consciência
podem ser culpadas de... [Responsabilizadas
por.]
Houve
aparições antes do Espiritismo moderno e fenômenos como
os nossos em todos os séculos passados. Mas, nesta torrente diariamente
crescente de fenômenos ocultos, que se precipitam de um lado a outro
do Globo, dois terços das manifestações se revelaram
espúrias. O controle de médiuns por "espíritos"
inescrupulosos e falazes está se generalizando cada vez mais, e os
efeitos perniciosos de semelhante diabolismo se multiplica diariamente.
Platão
(Atenas, 428/427 –
Atenas, 348/347 a.C.), afirmou claramente que tudo o que é visível
foi criado ou desenvolvido pela Vontade Invisível e Eterna, e à
sua maneira. Nosso Céu
–
diz ele –
foi
produzido de acordo com o padrão eterno do Mundo Ideal, contido,
como tudo o mais, no Dodecaedro,2
o modelo geométrico utilizado pela Divindade.
Para Platão, o Ser Primordial é uma emanação
do Espírito Demiúrgico (Nous), que contém em si, desde
a eternidade, a idéia
do mundo a criar,
a qual idéia ele retira de si mesmo. As Leis da Natureza são
as relações estabelecidas desta idéia com as formas
de suas manifestações; estas
formas, diz o filósofo alemão Arthur Schopenhauer
(Danzig, 22 de fevereiro de 1788 –
Frankfurt, 21 de setembro de 1860), são
o tempo, o espaço e a causalidade. Através do tempo e do espaço,
a idéia varia em suas inumeráveis manifestações.
Entretanto,
estas idéias estão longe de ser novas, e mesmo para Platão
elas não eram originais. Eis o que lemos nos Oráculos Caldeus:
As obras da
Natureza coexistem com a Luz Espiritual e Intelectual do Pai, pois Ela é
a Alma que adornou o grande céu e que O adorna depois do Pai. Já
o filósofo judeo-helenista Fílon de Alexandria (20 a.C.
–
cerca de 50
a.C.) escreveu:
O mundo incorpóreo
já estava terminado, tendo sua sede na Razão Divina.
Dodecaedro
Para
Platão, o Cosmos é o Filho, tendo como pai e mãe o
Pensamento Divino e a Matéria.
Os
Antigos Sacerdotes colocaram no
éter a Idéia Eterna que
impregna o Universo, ou o Desejo que se torna a Força que cria ou
organiza a matéria.
A
Vontade,
diz o médico, alquimista, e fisiologista belga Jean Baptista van
Helmont (Bruxelas, 12 de janeiro de 1580 –
Flandres, 30 de dezembro de 1644), é
o primeiro de todos os Poderes.
Somente
o poder oposto da incredulidade e do ceticismo, se projetando numa corrente
de força igual, pode refrear o outro, e, às vezes, neutralizá-lo
completamente.
Mesmo
Jesus se deparou com casos em que a força inconsciente da resistência
sobrepujou até mesmo a Sua tão bem dirigida corrente de vontade.
E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.
As
forças psíquicas e tectônicas, o efeito ideomotor, os
poderes eletrobiológicos, as teorias do pensamento latente e mesmo
a teoria
da celebração inconsciente podem ser condensadas
em Luz Astral Cabalista.
O
que pode ser totalmente compreendido pela nossa razão e pelos sentidos
é apenas o
superficial. Esta compreensão jamais poderá atingir a verdadeira
substância interior das coisas [a
coisa-em-si].
Tal
era a opinião do
filósofo prussiano Immanuel Kant
(Königsberg, 22 de abril de 1724 –
Königsberg, 12 de fevereiro de 1804).
A
força, a energia, a eletricidade (ou o magnetismo) e a vontade (ou
o poder do espírito) serão sempre a manifestação
parcial da [personalidade-]alma,
esteja ela desencarnada ou, temporariamente, aprisionada em um corpo, ou
seja, de
uma porção daquela Vontade Inteligente, Onipotente e Individual,
que penetra toda a Natureza, e conhecida, devido à insuficiência
da linguagem humana para expressar corretamente imagens psicológicas,
como sendo Deus.
Fissão
Nuclear
O
filósofo alemão Arthur Schopenhauer (Danzig, 22 de fevereiro
de 1788 –
Frankfurt, 21 de setembro de 1860) no seu Parerga e Paralipomena -
Escritos Filosóficos Menores [Parerga
und Paralipomena. Kleine Philosophische Schriften, no
original alemão] discute
extensamente o Magnetismo Animal, a Clarividência, a Terapêutica
Simpatética, a Profecia, a Magia, os Presságios, as Visões
de Fantasmas e outros fenômenos psíquicos. Diz ele: Todas
essas manifestações são ramos de uma mesma árvore,
e nos fornecem as provas irrefutáveis da existência de uma
cadeia de seres pertencentes a uma ordem de natureza muito distinta de aquela
que se baseia nas Leis de Espaço, do Tempo e da Adaptabilidade. Esta
outra ordem de coisas é muito mais profunda, pois, é a ordem
original e direta, e, na sua presença, as Leis Comuns da Natureza,
que são meramente formais, são inúteis. Por conseguinte,
sob a sua ação imediata, nem o tempo nem o espaço podem
separar os indivíduos, e a separação determinada por
aquelas formas não apresenta quaisquer barreiras intransponíveis
para a relação entre os pensamentos e a ação
imediata da vontade. Dessa maneira, as mudanças podem ser produzidas
por um procedimento completamente diferente da causalidade física,
isto é, através de uma ação da manifestação
da vontade exibida em um caminho peculiar e externo ao próprio indivíduo.
Desta forma, o caráter peculiar de todas as manifestações
mencionadas é a visão e ação à distância,
tanto em sua relação com o tempo como em sua relação
com o espaço. Uma tal ação à distância
é justamente o que constitui o caráter fundamental do que
se chama mágico, pois, tal é a ação imediata
da nossa vontade, uma ação liberada das condições
causais da ação física, ou seja, do contato material.
Tais manifestações nos apresentam uma oposição
substancial e perfeitamente lógica ao materialismo, e mesmo ao naturalismo,
porque, à luz de tais manifestações, aquela ordem de
coisas da Natureza, que estas duas filosofias procuram apresentar como absoluta
e como a única genuína, surge diante de nós, ao contrário,
como simplesmente fenomênica e superficial, contendo, no fundo, um
conjunto de coisas à parte e perfeitamente independente de suas próprias
Leis. Eis porque aquelas manifestações - pelo menos de um
ponto
de vista puramente filosófico - entre todos os fatos que nos são
apresentados do domínio da experiência, são, sem qualquer
comparação, as mais importantes. Portanto, é dever
de todo cientista se familiarizar com elas.
De
acordo com os peripatéticos,3
a Natureza tem horror ao
vácuo.
É
na negação da Entidade Ilimitada e Eterna, possuidora da Vontade
Invisível, que nós, por falta de um termo melhor chamamos
Deus, que reside a impotência de toda ciência materialista para
explicar os fenômenos ocultos.
—
Como regra, não importa
se Deus existe ou não existe.
Fazer ou não fazer,
ser ou deixar de ser,
ajoelhar e tremer
por medo de Deus
é um Imperativo Hipotético,
e tudo o que é hipotético
é inútil, trágico e patético.
Definitivamente, tudo depende
de incompreensão ou de Compreensão.
Incompreensão —›
Prisão.
Compreensão —›
Libertação.
A
Filosofia Antiga afirmava que é em conseqüência da manifestação
da Vontade –
designada por Platão como a Idéia
Divina –
que todas as coisas visíveis
e invisíveis vieram à existência.4
Quando
a concentração
sobre a Vontade se torna mais intensa
e mais inteligente, a forma poderá se tornar concreta, visível,
objetiva. Este é o Segredo Básico da Magia.
A
Força, cujos poderes secretos eram totalmente familiares
aos antigos teurgistas, é negada pelos céticos modernos. As
crianças antediluvianas –
que, talvez, brincaram com ela, utilizando-a como os meninos do The Coming
Race do escritor, romancista, poeta, dramaturgo e político inglês
Edward George Bulwer-Lytton (Londres, 25 de maio de 1803 –
Torquay, 18 de janeiro de 1873),
utilizam o terrível Vril5
–
chamavam-na Água de Ptah. Seus descendentes A
designaram como Anima Mundi, a Alma do Universo. E, mais tarde, os hermetistas
medievais A denominaram Luz Sideral, Leite da Virgem Celeste ou Magnés
(nome que indica as suas propriedades magnéticas e revela sua Natureza
Mágica), e de muitos outros nomes.
O
filósofo neopitagórico Apolônio de Tiana (Tiana, 15
d.C. –
Éfeso, cerca de 100 d.C.) e o filósofo neoplatônico
assírio Jâmblico (Celessíria, 245
–
Apaméia, 325) sustentaram
que não é
no conhecimento das coisas exteriores, mas, na perfeição da
[personalidade-]alma
interior que repousa o império do ser-humano-aí-no-mundo
que aspira a ser mais do que simples ser-humano-aí-no-mundo.
Provérbio
persa: Quanto mais escuro
estiver o céu, mais as estrelas brilharão.
Assim
como Deus cria, o ser-humano-aí-no-mundo também
pode criar.6
Continua...