ÍSIS SEM VÉU
(Parte 18)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este texto é a 18ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and Theology (em português, Ísis sem Véu: Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica, e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um texto-chave no movimento teosófico e um marco na história do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso, para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá apenas 30 fragmentos.

 

 

 

Fragmentos

 

 

 

Deixou escrito o filósofo neoplatônico Amônio Saccas (cerca de 175 240/242): Tudo o que Cristo tinha em mente era reinstalar e restaurar, em sua primitiva integridade, a Sabedoria dos Antigos, de pôr um limite no domínio predominante da superstição e de exterminar os vários erros que haviam se enraizado nas diferentes religiões populares. Por outro lado, registrou o prolífico autor das primeiras fases do Cristianismo Quintus Septimius Florens Tertullianus (cerca de 160 cerca de 220: Espero ver todos os filósofos no fogo infernal da gehenna. Como seria magnífica esta cena! Como eu riria! Como eu me regozijaria! Como eu triunfaria ao ver tantos reis ilustres, que passam por ter subido ao céu gemendo com Júpiter, seu deus, nas trevas inferiores do inferno! Queimariam, então, os soldados que perseguiram o nome de Cristo em um fogo mais cruel do que aquele que acenderam para os santos!1

 

Um beijo de Nara nos lábios de Nârî, e toda a Natureza desperta. (Vina-Snati, poeta hindu).

 

Os neoplatônicos foram destinados à morte, pela Igreja Católica, desde o dia em que se alinharam abertamente a Aristóteles.

 

A Idade Média [ período da história da Europa entre os séculos V e XV] foi um período de escuridão intelectual, promovido pelo zelo piedoso da Igreja Católica, que degradou as nações do Ocidente e rebaixou o cidadão europeu daquela época ao nível de um selvagem da Papua-Nova Guiné.

 

A Filosofia Primitiva compreendia o dualismo andrógino de toda manifestação da Natureza, que procede do ideal abstrato de uma Divindade igualmente andrógina.

 

 

Rosarium Philosophorum

Rosarium Philosophorum

 

 

Amuleto Messiânico do século II ou III a.C.: Pedra verde de forma pentagonal, que possui gravado na sua parte inferior um peixe, um pouco acima, o Selo de Salomão, e, mais acima, as Quatro Letras Caldéias IOD, HE, VAV, HE que formam o nome da Divindade.

 

 

Amuleto Messiânico

Amuleto Messiânico

 

 

O Tao, no seu sentido místico, como também a Ankh, é a Árvore da Vida.

 

 

Ankh

Ankh

 

 

Nos primeiros dias do Cristianismo, existia uma diferença muito pequena entre Cristo, Baco, Apolo e o Krishna Hindu, a encarnação de Vishnu, cujo primeiro avatar originou o símbolo do peixe. No Bhâgavata-Purâna, bem como em muitos outros livros, é mostrado o Deus Vishnu assumindo a forma de um peixe com uma cabeça humana, a fim de reencontrar os Vedas perdidos durante o dilúvio. Tendo ajudado Vaivasvata a escapar com toda a sua família na arca, Vishnu, tomado de piedade pela Humanidade fraca e ignorante, permaneceu com eles durante algum tempo. Foi esse Deus que os ensinou a construir casas, a cultivar a terra e a agradecer à Divindade Desconhecida, que Ele representava, por meio da construção de templos e da instituição de uma adoração regular; e, como Ele continuasse metade peixe, metade homem, todo o tempo, a cada pôr do Sol, voltava ao oceano, onde passava a noite. Foi ele diz o Livro Sagrado que ensinou os homens, após o dilúvio, tudo o que era necessário à sua felicidade. Certa vez, ele mergulhou na água e nunca mais voltou, pois, a Terra se cobrira novamente com vegetação, frutos e gado. Mas, Ele ensinara aos brâmanes o Segredo de todas as coisas. (Bhâgavata-Purâna, VIII, 24).

 

 

IChThUS

IChThUS

 

O peixe-homem não é outro senão Vishnu (o Deus da Água, em certo sentido, o Logos do Parabrahman). Lembremos que, de acordo como Gênese, o primeiro dos seres vivos criados, o primeiro tipo de vida animal, foi o peixe.

 

Jonas, segundo a alegoria bíblica, foi engolido por um grande peixe e lançado para fora três dias depois. Sejam quais forem as circunstâncias, a história de Jonas não pode ser considerada uma profecia.

 

O lingüista e indólogo francês Eugène Burnouf (8 de abril de 1801 28 de maio de 1852, afirmou: Devemos aprender um dia que todas as tradições antigas, que foram desfiguradas pela emigração e pela lenda, pertencem à História da Índia.

 

Das Escrituras Hindus: Quando este mundo saiu das trevas, os princípios elementares sutis produziram a semente vegetal que animou as plantas em primeiro lugar. Das plantas, a vida passou para corpos fantásticos, que nasceram no ílus das águas. Depois, através de uma série de formas e de animais diversos, ela chegou ao ser-humano-aí-no-mundo. O ser-humano-aí-no-mundo, antes de sê-lo, passou, sucessivamente, através das plantas, dos vermes, dos insetos, dos peixes, das serpentes, das tartarugas, do gado e dos animais selvagens. Esse é o grau inferior. Estas são, desde Brahmâ até os vegetais, as transformações que ocorrem neste mundo. E disse o naturalista britânico Charles Robert Darwin (12 de fevereiro de 1809 19 de abril de 1882): Eu acredito que os animais descendem, no máximo, de quatro ou cinco progenitores... Posso inferir, por analogia, que, provavelmente, todos os seres orgânicos que viveram sobre esta Terra descenderam de uma mesma forma primordial... Considero todos os seres não como criações especiais, mas, como os descendentes lineares de alguns poucos seres, que viveram muito tempo antes do depósito da primeira camada do sistema siluriano. [Na escala de tempo geológico, o Siluriano ou Silúrico é o período da era Paleozóica do éon Fanerozóico que está compreendido entre 443.700.000 e 416.000.000 de anos, aproximadamente. O período Siluriano sucede o período Ordoviciano e precede o período Devoniano, ambos de sua era. Divide-se nas épocas Llandovery, Wenlock, Ludlow e Pridoli, da mais antiga para a mais recente.]

 

 

 

 

Nem Kapila, nem os Brâmanes Iniciados, nem os seguidores da Escola Vedanta admitiram a existência de um criador antropomórfico, uma Causa Primeira no sentido
cristão.

 

Só compreenderemos a Antiga Doutrina Secreta e a sua Filosofia se tivermos a Chave para os mil e um mistérios que elas encerram.

 

 

Teorema de Pitágoras
(O Teorema de Pitágoras é muito mais do que o Teorema de Pitágoras!)

 

 

Um brâmane do Pagode de Chidambaram: Eu mesmo sou um Deus.
Louis Jacolliot (31 de outubro de 1837
30 de outubro de 1890): O que quereis dizer com isto?
O brâmane: Quero dizer que tudo o que existe sobre a Terra, por mais humilde que seja, é uma porção imortal da Matéria Imortal.
Esta teria sido a mesma resposta que acudiria a todo Filósofo Antigo, Cabalista ou Gnóstico, dos primeiros tempos. Ela contém o Espírito mesmo dos Mandamentos Délficos e Cabalísticos, pois, a Filosofia Esotérica resolveu, séculos atrás, a questão de saber o que o ser-humano-aí-no-mundo foi, é e será. Se as pessoas que acreditam no versículo da Bíblia que ensina que o Senhor Deus formou o homem da poeira do chão e soprou em suas narinas o Alento da Vida rejeitam, ao mesmo tempo, a idéia de que todo átomo dessa poeira como toda partícula dessa [personalidade-]alma viva contêm [in potentia] "Deus" em si mesmos, então, é de lamentar a lógica [escalafobética] desse cristão. Definitivamente, todo ser-humano-aí-no-mundo é um Deus na Terra.

 

As plantas e a vegetação revelam um grande número de formas por causa das suas ações precedentes. Estão cercadas pela escuridão, mas, não obstante, estão dotadas de uma alma interior e sentem igualmente prazer e dor. Se há um grau de Alma mas formas mais inferiores da vida vegetal, e mesmo em todos os átomos do espaço, como é possível que fosse recusado o mesmo Princípio Imortal ao ser-humano-aí-no-mundo?

 

Enquanto o Grande Ciclo (ou Idade) cumpre o seu curso, Sete Ciclos Menores são percorridos, cada um deles marcando a evolução de uma nova Raça que procede da raça anterior, em um mundo novo.

 

 

 

 

Na Antigüidade, a Religião e a Ciência estavam mais intimamente ligadas do que gêmeos. As duas, desde o momento da concepção, formavam um só corpo. Com atributos mutuamente conversíveis, a Ciência era espiritual e a Religião era científica. Como o ser-humano-aí-no-mundo andrógino do primeiro capítulo do Gênese macho e fêmea, passivo e ativo, criado à imagem dos Elohim.2 O fato é que, unidas, a Religião e a Ciência eram infalíveis, pois, a intuição espiritual estava ali para confirmar as limitações dos sentidos físicos. Separadas, a Ciência exata rejeitou o auxílio da Voz Interior, ao passo que a Religião se tornou simplesmente teologia dogmática. E cada uma delas se tornou um cadáver sem alma! Precisamos compreender que o Universo fenomenal ou visível é o resultado de uma longa cadeia de forças cósmicas colocadas progressivamente em movimento [exalação ou Mânvântâra]. Da mesma maneira, quando a condição passiva é retomada [inalação ou Prâlâya], ocorre uma contração da Essência Divina, e a Obra anterior da criação é aniquilada gradual e progressivamente. O Universo visível se desintegra, seu material se dispersa e a escuridão, solitária e abandonada, recobre uma vez mais a superfície do abismo. Este processo tem se repetido desde toda a eternidade, e nosso Universo atual é apenas mais um de uma série ilimitada, que não teve começo nem terá fim. Enfim, não podemos, por conseguinte, construir nossas teorias com base nas manifestações dos fenômenos visíveis, naturais e objetivos da Divindade. Aplicar a esses princípios criadores o nome de Deus é pueril e absurdo.

 

 

 

 

O Nome Inefável: AUM.

 

A Causa Eterna não pode ser compreendida por nenhum ser-humano-aí-no-mundo. Mas, aquele que estuda os Mantras Secretos e compreende a Vâch (o Espírito ou Voz Oculta dos Mantras, ou seja, a manifestação ativa da Força Latente) aprenderá a compreendê-La em seu aspecto revelado.

 

Svabhavat a Substância Eterna auto-existente não-criada que produz tudo.

 

Quando o Poder Ativo do Auto-existente se manifestou, foi feminino no começo, mas, subseqüentemente, se tornou andrógino.

 

A Água (caos primevo) nasceu de uma transformação da Luz, e de uma modificação da Água nasceu a Terra. (Manu, Livro I, 78).

 

A Matéria, por suas transformações ilimitadas, é o produto gradual do Espírito. A unificação de uma Causa Suprema Eterna exigiu esta correlação. E, se a Natureza é o produto ou o efeito desta Causa, Ela deve, por sua vez, ser fecundada pelo mesmo Raio Divino que produziu a própria Natureza.

 

O Universo está sujeito a uma sucessão periódica e interminável de criações [manifestações] e dissoluções [não-expressões]. Os períodos de criação são chamados Mânvântâras. [Os períodos de dissolução são chamados Prâlâyas.] [A animação abaixo é apenas pictórica, para dar uma idéia aproximada de como a coisa funciona. Mas, não está rigorosamente correta, pois, o Universo não se move no inexistente nada.]

 

 

 

Nem filósofos budistas nem os filósofos brâmanes acreditam em uma criação do Universo 'ex nihilo' [a partir de coisa alguma, ou seja, do nada], mas, acreditam na Prakriti, isto é, na indestrutibilidade da matéria.

 

Da Terra, do Calor e da Água, nasceram todas as criaturas, animadas e inanimadas, e todas foram produzidas pelo germe que o Espírito Divino extraiu de Sua própria Substância. Assim, Brahmâ estabeleceu as séries de transformações da planta até o homem, e do homem até a Essência Primordial. Entre elas, cada ser (ou elemento) sucessivo adquire a qualidade do precedente, e, à medida que galga um dos graus, é dotado de novas propriedades.

 

Temos as seguintes afirmações no primeiro livro de Manu: Sabei que a soma de 1.000 Eras Divinas compõe a totalidade de um Dia de Brahmâ; e que uma Noite é igual a um Dia. Mil eras divinas, nos cálculos bramânicos, são iguais a 4.320.000.000 anos humanos. Na expiração de cada Noite, Brahmâ, que estava adormecido, desperta, e (pela energia do movimento) emana de Si-mesmo o Espírito, que, em sua essência, é, e, entretanto, não é. Movido pelo desejo de criar, o Espírito (a primeira das emanações) opera a criação e dá nascimento ao Éter, no qual os sábios reconhecem a faculdade de transmitir o som. O Éter engendra o Ar, cuja natureza é tangível (e que é necessário à vida). Por uma transformação do Ar, a Luz é produzida. (Do Ar e) da Luz (que engendra o Calor ou Fogo), forma-se a Água (e a Água é o útero de todos os germes vivos).

 

Sempre foi assim e sempre será assim: o Dia passa, a Noite surge, se estende e continua até a futura Aurora.

 

Disse Manu: [Quando a Noite surge, tudo e] todos são absorvidos na Alma Suprema, e a [personalidade-]alma de todos os seres dorme em completo repouso, até o Dia em que a Alma Suprema reassume sua forma e desperta novamente de sua escuridão primitiva.

 

 

 

Continua...

 

 

 

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Notas:

1. No âmbito das religiões, a lista de erros, de superstições, de esquizofrenias, de mentiras, de dogmas, de adulterações, de interpolações, de autoritarismos e de sei lá mais o quê, ainda que supostamente bem-intencionados, é pra lá de imensa, mas, aproveito a oportunidade para citar apenas um exemplo. Sustenta a Igreja Católica que, em aparição à monja visitandina [(Ordem da Visitação de Santa Maria (em latim: Ordo Visitationis Beatissimæ Mariæ Virginis)], mística e santa católica Margarida Maria Alacoque (Verosvres, 22 de agosto de 1647 – Paray-le-Monial, 17 de outubro de 1690), Jesus teria feito fez doze promessas à Humanidade. A décima segunda promessa, conhecida como a Grande Promessa, diz o seguinte: Eu prometo, na excessiva misericórdia do meu Coração, que o meu amor onipotente concederá a todos os que comungarem durante nove primeiras sextas feiras do mês seguidas, a graça da penitência final; não haverão de morrer em pecado e sem receber os sacramentos, e meu Coração lhes servirá de asilo seguro no último momento. E o Magistério da Igreja aprovou repetidas vezes esta hipotética revelação. Ora, eu posso estar enganado, mas, penso que Jesus jamais poderia ter feito este tipo de promessa, porque, simplesmente, Ele estaria anulando a Lei da Causa e do Efeito e as necessárias compensações educativas pelos nossos equívocos pensados, falados e praticados. Pecado não é perdoado nem deletado; é compensado. Enfim, o grande problema dos estados alterados de consciência (e, provavelmente, foi o que aconteceu com Margarida Maria Alacoque), para dizer apenas o mínimo, é, entre outras coisas, atribuirmos a uma ordem superior ficticiamente manifestante os nossos desejos egoístas, ainda que inconscientes, de salvação pessoal e congenéricos.

2. A primeira frase do Gênesis é: BeREShITh BaRA ELOHIM. BeREShITh – que, simbolicamente, significa No começo – equivale às cifras 2–200–1–300–10-400. Estas seis cifras simbolizam as Seis Forças Cósmicas que presidiram a Obra, ainda inconclusa, dos seis dias. Este saber também se encontra expresso no Hexagrama de Salomão. BaRA – que significa Criar (no sentido de concepção mental da criação) – possui as cifras 2-200-1. No começo criou Elohim. Sobre a palavra Elohim (ALHIM) duas observações devem ser feitas: sua terminação IM indica caráter plural (AL e ALH) e expressa precisamente Justiça Divina.

 

Música de fundo:

The Spheres
Interpretação: Stetson University Concert Choir

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=52J1RIINUYM

 

Páginas da Internet consultadas:

https://allevents.in/fortaleza/as-raças-raízes/157210388277540

https://wifflegif.com/

https://www.ridingthebeast.com/articles/fishytale/

https://padrepauloricardo.org/episodios/a-comunhao-
das-nove-primeiras-sextas-feiras-garante-a-salvacao

https://edoc.site/queue/isis-sem-veuvoliiihpblavatsky-pdf-free.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Siluriano

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.