Este
texto é a 18ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
Deixou
escrito o filósofo neoplatônico Amônio Saccas (cerca
de 175 –
240/242): Tudo
o que Cristo tinha em mente era reinstalar e restaurar, em sua primitiva
integridade, a Sabedoria dos Antigos, de pôr um limite no domínio
predominante da superstição e de exterminar os vários
erros que haviam se enraizado nas diferentes religiões populares.
Por outro lado, registrou o prolífico autor das primeiras fases do
Cristianismo Quintus Septimius Florens Tertullianus (cerca de 160
–
cerca de 220: Espero
ver todos os filósofos no fogo infernal da gehenna. Como seria magnífica
esta cena! Como eu riria! Como eu me regozijaria! Como eu triunfaria ao
ver tantos reis ilustres, que passam por ter subido ao céu gemendo
com Júpiter, seu deus, nas trevas inferiores do inferno! Queimariam,
então, os soldados que perseguiram o nome de Cristo em um fogo mais
cruel do que aquele que acenderam para os santos!1
Um
beijo de Nara nos lábios de Nârî, e toda a Natureza desperta.
(Vina-Snati, poeta hindu).
Os
neoplatônicos foram destinados à morte, pela Igreja Católica,
desde o dia em que se alinharam abertamente a Aristóteles.
A
Idade Média [
período da história da Europa entre os séculos V e
XV]
foi um período de escuridão intelectual, promovido
pelo zelo piedoso da Igreja
Católica, que degradou as nações
do Ocidente e rebaixou o cidadão europeu daquela época ao
nível de um selvagem da Papua-Nova Guiné.
A
Filosofia
Primitiva compreendia o dualismo andrógino
de toda manifestação da Natureza, que procede do ideal abstrato
de uma Divindade igualmente andrógina.
Rosarium
Philosophorum
Amuleto
Messiânico do século II ou III a.C.: Pedra verde de forma pentagonal,
que possui gravado
na sua parte inferior um peixe, um pouco acima, o Selo de
Salomão, e, mais acima, as Quatro Letras Caldéias –
IOD, HE, VAV, HE –
que formam o nome da Divindade.
Amuleto
Messiânico
O
Tao, no seu sentido místico, como também a Ankh, é
a Árvore da Vida.
Ankh
Nos
primeiros dias do Cristianismo, existia uma diferença muito pequena
entre Cristo, Baco, Apolo e o Krishna Hindu, a encarnação
de Vishnu, cujo primeiro avatar originou o símbolo do peixe. No Bhâgavata-Purâna,
bem como em muitos outros livros, é mostrado o Deus Vishnu assumindo
a forma de um peixe com uma cabeça humana, a fim de reencontrar os
Vedas perdidos durante o dilúvio. Tendo ajudado Vaivasvata a escapar
com toda a sua família na arca, Vishnu, tomado de piedade pela Humanidade
fraca e ignorante, permaneceu com eles durante algum tempo. Foi esse Deus
que os ensinou a construir casas, a cultivar a terra e a agradecer à
Divindade Desconhecida, que Ele representava, por meio da construção
de templos e da instituição de uma adoração
regular; e, como Ele continuasse metade peixe, metade homem, todo o tempo,
a cada pôr do Sol, voltava ao oceano, onde passava a noite. Foi
ele –
diz o Livro Sagrado –
que ensinou
os homens, após o dilúvio, tudo o que era necessário
à sua felicidade. Certa vez, ele mergulhou na água e nunca
mais voltou, pois, a Terra se cobrira novamente com vegetação,
frutos e gado. Mas, Ele ensinara aos brâmanes o Segredo de todas as
coisas. (Bhâgavata-Purâna, VIII, 24).
IChThUS
O
peixe-homem não é outro senão Vishnu (o Deus da Água,
em certo sentido, o Logos do Parabrahman). Lembremos que, de acordo como
Gênese, o primeiro dos seres vivos criados, o primeiro tipo de vida
animal, foi o peixe.
Jonas,
segundo a alegoria bíblica, foi engolido por um grande peixe e lançado
para fora três dias depois. Sejam quais forem as circunstâncias,
a história de Jonas não pode ser considerada uma profecia.
O
lingüista
e indólogo francês Eugène
Burnouf (8 de abril de 1801 –
28 de maio de 1852, afirmou: Devemos
aprender um dia que todas as tradições antigas, que foram
desfiguradas pela emigração e pela lenda, pertencem à
História da Índia.
Das
Escrituras Hindus: Quando
este mundo saiu das trevas, os princípios elementares sutis produziram
a semente vegetal que animou as plantas em primeiro lugar. Das plantas,
a vida passou para corpos fantásticos, que nasceram no ílus
das águas. Depois, através de uma série de formas e
de animais diversos, ela chegou ao ser-humano-aí-no-mundo. O ser-humano-aí-no-mundo,
antes de sê-lo, passou, sucessivamente, através das plantas,
dos vermes, dos insetos, dos peixes, das serpentes, das tartarugas, do gado
e dos animais selvagens. Esse é o grau inferior. Estas são,
desde Brahmâ até os vegetais, as transformações
que ocorrem neste mundo. E
disse o naturalista britânico Charles Robert Darwin (12 de fevereiro
de 1809 –
19 de abril de 1882): Eu
acredito que os animais descendem, no máximo, de quatro ou cinco
progenitores... Posso inferir, por analogia, que, provavelmente, todos os
seres orgânicos que viveram sobre esta Terra descenderam de uma mesma
forma primordial... Considero todos os seres não como criações
especiais, mas, como os descendentes lineares de alguns poucos seres, que
viveram muito tempo antes do depósito da primeira camada do sistema
siluriano. [Na
escala de tempo geológico, o Siluriano ou Silúrico é
o período da era Paleozóica do éon Fanerozóico
que está compreendido entre 443.700.000 e 416.000.000 de anos, aproximadamente.
O período Siluriano sucede o período Ordoviciano e precede
o período Devoniano, ambos de sua era. Divide-se nas épocas
Llandovery, Wenlock, Ludlow e Pridoli, da mais antiga para a mais recente.]
Nem
Kapila, nem os Brâmanes Iniciados, nem os seguidores da Escola Vedanta
admitiram a existência de um criador antropomórfico, uma Causa
Primeira no sentido
cristão.
Só
compreenderemos a
Antiga Doutrina Secreta e a sua Filosofia se tivermos a Chave
para os mil e um mistérios que elas encerram.
Teorema
de Pitágoras
(O Teorema de Pitágoras é muito mais do que
o Teorema
de Pitágoras!)
Um
brâmane do Pagode de Chidambaram: —
Eu mesmo sou um Deus.
Louis Jacolliot (31 de outubro de 1837 –
30 de outubro
de 1890): —
O que quereis dizer com isto?
O
brâmane: —
Quero dizer que tudo o que existe sobre a Terra, por mais humilde que seja,
é uma porção imortal da Matéria Imortal. Esta
teria sido a mesma resposta que acudiria a todo Filósofo Antigo,
Cabalista ou Gnóstico, dos primeiros tempos. Ela contém o
Espírito mesmo dos Mandamentos Délficos e Cabalísticos,
pois, a Filosofia Esotérica resolveu, séculos atrás,
a questão de saber o que o ser-humano-aí-no-mundo foi, é
e será. Se as pessoas que acreditam no versículo da Bíblia
que ensina que o Senhor
Deus formou o homem da poeira do chão e soprou em suas narinas o
Alento da Vida rejeitam, ao mesmo tempo, a idéia
de que todo átomo dessa poeira como toda partícula dessa [personalidade-]alma
viva contêm [in
potentia] "Deus" em si mesmos, então, é
de lamentar a lógica [escalafobética]
desse cristão. Definitivamente, todo ser-humano-aí-no-mundo
é um Deus na Terra.
As
plantas e a vegetação revelam um grande número de formas
por causa das suas ações precedentes. Estão cercadas
pela escuridão, mas, não obstante, estão dotadas de
uma alma interior e sentem igualmente prazer e dor. Se
há um grau de Alma mas formas mais inferiores da vida vegetal, e
mesmo em todos os átomos do espaço, como é possível
que fosse recusado o mesmo Princípio Imortal ao ser-humano-aí-no-mundo?
Enquanto
o Grande Ciclo (ou Idade) cumpre o seu curso, Sete Ciclos Menores são
percorridos, cada um deles marcando a evolução de uma nova
Raça que procede da raça anterior, em um mundo novo.
Na
Antigüidade, a Religião e a Ciência estavam mais intimamente
ligadas do que gêmeos. As duas, desde o momento da concepção,
formavam um só
corpo. Com atributos mutuamente conversíveis, a Ciência
era espiritual e a Religião era científica. Como o ser-humano-aí-no-mundo
andrógino do primeiro capítulo do Gênese –
macho e fêmea, passivo e ativo, criado à imagem dos Elohim.2
O fato é que, unidas, a Religião e a Ciência eram infalíveis,
pois, a intuição espiritual estava ali para confirmar as limitações
dos sentidos físicos. Separadas, a Ciência exata rejeitou o
auxílio da Voz Interior, ao passo que a Religião se tornou
simplesmente teologia dogmática. E cada uma delas se tornou um cadáver
sem alma! Precisamos compreender que o Universo fenomenal ou visível
é o resultado de uma longa cadeia de forças cósmicas
colocadas progressivamente em movimento [exalação
ou Mânvântâra].
Da mesma maneira, quando a condição passiva é retomada
[inalação
ou Prâlâya],
ocorre uma contração da Essência Divina, e a Obra anterior
da criação é aniquilada gradual e progressivamente.
O Universo visível se desintegra, seu material se dispersa e a escuridão,
solitária e abandonada, recobre uma vez mais a superfície
do abismo. Este processo tem se repetido desde toda a eternidade, e nosso
Universo atual é apenas mais um de uma série ilimitada, que
não teve começo nem terá fim. Enfim, não podemos,
por conseguinte, construir nossas teorias com base nas manifestações
dos fenômenos visíveis, naturais e objetivos da Divindade.
Aplicar a esses princípios criadores o nome de Deus é pueril
e absurdo.
O
Nome Inefável: AUM.
A
Causa Eterna não pode ser compreendida por nenhum ser-humano-aí-no-mundo.
Mas, aquele que estuda os Mantras Secretos e compreende a Vâch (o
Espírito ou Voz Oculta dos Mantras, ou seja, a manifestação
ativa da Força Latente) aprenderá a compreendê-La em
seu aspecto revelado.
Svabhavat
– a Substância Eterna auto-existente não-criada
que produz tudo.
Quando
o Poder Ativo do Auto-existente
se manifestou, foi feminino no começo, mas, subseqüentemente,
se tornou andrógino.
A
Água (caos
primevo) nasceu de uma transformação
da Luz, e de uma modificação da Água nasceu a Terra.
(Manu, Livro I, 78).
A
Matéria, por suas transformações ilimitadas, é
o produto gradual do Espírito. A unificação de uma
Causa Suprema Eterna exigiu esta correlação. E, se a Natureza
é o produto ou o efeito desta Causa, Ela deve, por sua vez, ser fecundada
pelo mesmo Raio Divino que produziu a própria Natureza.
O
Universo está sujeito a uma sucessão periódica e interminável
de criações [manifestações]
e dissoluções [não-expressões].
Os períodos de criação são chamados
Mânvântâras. [Os
períodos de dissolução são chamados Prâlâyas.]
[A animação abaixo é apenas pictórica, para
dar uma idéia aproximada de como a coisa funciona. Mas, não
está rigorosamente correta, pois, o Universo não se move no
inexistente nada.]
Nem
filósofos budistas nem os filósofos
brâmanes acreditam em uma criação do
Universo 'ex nihilo' [a
partir de coisa alguma, ou seja, do nada], mas,
acreditam na Prakriti, isto é, na indestrutibilidade da matéria.
Da
Terra, do Calor e da Água, nasceram todas as criaturas, animadas
e inanimadas, e todas foram produzidas pelo germe que o Espírito
Divino extraiu de Sua própria Substância. Assim, Brahmâ
estabeleceu as séries de transformações da planta até
o homem, e do homem até a Essência Primordial. Entre elas,
cada ser (ou elemento) sucessivo adquire a qualidade do precedente, e, à
medida que galga um dos graus, é dotado de novas propriedades.
Temos
as seguintes afirmações no primeiro livro de Manu: Sabei
que a soma de 1.000 Eras Divinas compõe a totalidade de um Dia de
Brahmâ; e que uma Noite é igual a um Dia. Mil
eras divinas,
nos cálculos bramânicos, são
iguais a 4.320.000.000 anos humanos. Na expiração
de cada Noite, Brahmâ, que estava adormecido, desperta, e (pela
energia do movimento) emana de Si-mesmo o Espírito,
que, em sua essência, é, e, entretanto, não é.
Movido pelo desejo de criar, o Espírito (a
primeira das emanações) opera a criação
e dá nascimento ao Éter, no qual os sábios reconhecem
a faculdade de transmitir o som. O Éter
engendra o Ar, cuja natureza é tangível (e
que é necessário à vida). Por uma transformação
do Ar, a Luz é produzida. (Do
Ar e) da Luz (que
engendra o Calor ou Fogo), forma-se a Água (e
a Água é o útero de todos os germes vivos).
Sempre
foi assim e sempre será assim: o Dia passa, a Noite surge, se estende
e continua até a futura Aurora.
Disse
Manu: [Quando
a Noite surge, tudo e]
todos são
absorvidos na Alma Suprema, e a [personalidade-]alma
de todos os seres dorme em completo repouso, até o Dia em que a Alma
Suprema reassume
sua forma e desperta novamente de sua escuridão primitiva.
Continua...