Este
texto é a 17ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
Isoladamente,
a Causa Primordial
– a Única Causa Eterna de todas as
coisas visíveis invisíveis
– existirá para sempre em
Sua Glória, enchendo o espaço ilimitado.
Foi
imposta à Humanidade a crença da criação do
mundo [Universo]
a partir do nada, atribuindo, além disto,
a esse mundo
[Universo]
um começo.
Uma
criação ex nihilo?1
Mas, que ex nihilo?
A partir da inexistência?
Mas, qual inexistência?
A partir de uma onipotência?
Mas, qual onipotência?
A partir do não-tempo?
Mas, que não-tempo?
A partir do não-espaço?
Mas, que não-espaço?
A partir de um átomo primordial?2
Mas, que átomo primordial?
A partir de um porquê?
Mas, qual porquê?
A partir de uma justificativa?
Mas, qual justificativa?
Por meio de mágica?
Mas, que tipo de mágica?
Uma criação do começo?
Mas, que começo?
Por isto, haverá um fim?
Mas, que fim?
E tudo e todos nós? Para onde?
Mas, onde fica esse onde?
No céu? No inferno?
No verão? No inverno?
Na Terra do Nunca?
Na quinta do funca?
O
Ponto Indivisível, que não tem limite, não pode ser
compreendido... O
termo Tempo Ilimitado [bem
como o termo Espaço Ilimitado] só
pode ser aplicado ao UM, que nunca teve começo nem terá fim.
A Glória do UM é exaltada demais e a Sua LLuz é resplandecente
demais para o intelecto do ser-humano-aí-no-mundo e para que os seus
olhos mortais possam alcançá-Las e vê-Las.
As
Três Cabeças perfazem uma só Cabeça –
que não é Cabeça!
O
Adão Primordial
é andrógino, e a Eva Espiritual está dentro
Dele.
O
Homem
Celestial é o Adão Superior.
O
Pensamento do Poder
Divino atuou em Silêncio, e, repentinamente, a Luz nasceu
das trevas. Ela é chamada de Segunda Vida, que cria ou gera a Terceira
–
o Pai de todas as coisas que vivem, como EUA é a mãe de tudo
o que vive.
IEOUAMS
Em
primeiro lugar, se manifestaram as Águas, e nelas se desenvolveu
uma Semente Produtiva –
– –›
Brahmâ, o Grande Princípio de todos os seres.
A
Serpente é a Sabedoria Divina, mas, ao cair na geração,
Ela se tornou poluída.
A
Primeira Trindade é oculta ou não-manifestada –
uma abstração pura. A Segunda
é ativa ou é a que é revelada como resultado da criação,
procedendo da anterior
–
o Protótipo Espiritual. A
Terceira é a imagem mutilada das outras duas, cristalizada na forma
de dogmas humanos, que variam de acordo com a exuberância da imaginação
materialista nacional.
Cada
ser-humano-aí-no-mundo é o Templo do Senhor ou o Templo do
seu próprio Espírito Divino.
(In: Provérbios, Salomão).
A
religião dos Mestres –
os idólatras babilônios e assírios –
foi transmitida quase corporeamente na escritura revelada
pelos cativos, e daí para o Cristianismo.
O
verdadeiro
significado do Livro de Ezequiel,
escrito a partir do íntimo como do exterior, é idêntico
ao do Apocalipse.
Cada
um dos Devatâs
ou Deuses perde um pouco da Sua Santidade
e da
Sua Pureza, à medida que se aproxima
da Terra.
Gautama
Buddha foi o último dos Avatâras encarnados.
Eve
—›
A Mãe de tudo o que vive.
Oitava
Esfera = Região Infernal.
Os
anéis concêntricos emblemam os ciclos que revolvem as grandes
eras.
Há
um Deus Supremo acima de todos os Deuses, mais Divino do que os mortais,
cuja forma não é parecida com a dos seres-humnos-aí-no-mundo,
como também não é semelhante a sua natureza. Mas, os
fúteis mortais imaginam que os Deuses são procriados como
eles mesmos, tendo sensações humanas, voz e membros
corpóreos. Desta forma, se os cavalos ou os bois tivessem mãos
e pudessem trabalhar à moda dos seres-humnos-aí-no-mundo,
e pudessem esculpir com cinzel ou pintar a sua concepção da
Divindade, então os cavalos retratariam os deuses como cavalos, os
bois os representariam como bois e cada tipo de animal representaria o Divino
com a sua forma e dotado com a sua mesma natureza.
[Xenófanes
de Cólofon, cerca de 570 a.C. – 475 a.C., apud Helena
Petrovna Blavatsky.]
Não
existe mal mais incurável do que o fanatismo cego e irrazoável.
Os
cristãos, a fim de acreditar em uma Divindade, acharam necessário
matar o seu Deus, para que eles mesmos vivessem!
Todos
os dogmas religiosos servem para ofuscar a razão humana... O culto
às divindades, sob as alegorias nas quais está escondido o
respeito às Leis Naturais, afasta a Verdade, em benefício
das superstições mais desprezíveis.
(Vyâsa). Com uma representação tão grosseira
e antropomórfica e tão blasfema da Primeira Causa, quem pode
se surpreender com qualquer extravagância iconográfica na representação
do Cristo cristão, dos apóstolos e dos supostos Santos? Com
os católicos, São Pedro se tornou, naturalmente, o porteiro
do Céu, e está sentado à porta do reino celestial –
um bilheteiro para a Trindade!
A-dão
= Sangue.
Acima
da Suprema Divindade Inteligível, há Uma ainda mais secreta
e não revelada.
Cristo
se uniu ao Corpo de Jesus apenas na Hora do Batismo, no Rio Jordão.
Tão
maliciosos eram os santos padres em sua tenaz perseguição
às pretensas heresias,
que os vemos contar, sem hesitação, as inverdades mais flagrantes
e inventar narrativas inteiras, no propósito de convencer os ignorantes
com argumentos, que de outro modo careceriam de qualquer base.
Os
Gnósticos foram únicos herdeiros dos poucos restos da verdade
não adulterada do Cristianismo primitivo.
Tudo
era confusão e desordem nos primeiros séculos, até
o momento em que um sem-número de dogmas contraditórios foram
finalmente impingidos ao mundo cristão, e a discussão foi
proibida. Por vários séculos, se tornou um sacrilégio,
punível com severas penalidades, e mesmo com a morte, procurar compreender
aquilo que a Igreja havia tão convenientemente elevado ao nível
de mistério divino.
Definitivamente,
a bancarrota é sempre o triste resultado do fanatismo das seitas
ortodoxas.
A
História mostra que nenhum dos antigos santos cristãos jamais
hesitou em derramar o sangue dos seus vizinhos, se as concepções
destes últimos não estivessem de acordo com as suas.
Continua...