ÍSIS SEM VÉU
(Parte 15)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

Este texto é a 15ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and Theology (em português, Ísis sem Véu: Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica, e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um texto-chave no movimento teosófico e um marco na história do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso, para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá apenas 30 fragmentos.

 

 

 

Fragmentos

 

 

 

Na Antigüidade, os gnósticos, normalmente, por prudente política, acomodavam-se, em todos os países, às formas religiosas predominantes, mas, permaneciam, secretamente, fiéis às suas próprias doutrinas essenciais.

 

Moisés era um Iniciado.

 

Desde a Antigüidade, sempre foi assim: os ritos grosseiros e populares são sempre mais bem-vindos do que a Verdade Divina, que é mais simples [mas, no mínimo, impõe mais responsabilidades.] Daí, a grande diferença que sempre existiu entre o culto esotérico e o popular.

 

 

 

 

Todos os Iniciados, de todos os países, pertencem à Religião dos Antigos Magos, a começar por Moisés e terminando com os essênios.

 

Os Sacerdotes Perfeitos conheciam os Mistérios Secretos de Iniciação, e eram todos Iniciados e Consagrados.

 

Os seguidores de Jesus, desde o início, se revelaram reformadores e inovadores.

 

O objetivo de Jesus, como foi evidentemente o de Gautama Buddha, consistia em prestar um largo benefício à Humanidade, produzindo uma reforma religiosa que lhe daria uma Religião de pura ética, pois, até então, o Verdadeiro Conhecimento de Deus e da Natureza permanecia exclusivamente nas mãos das seitas esotéricas e dos seus adeptos.

 

O Hino Órfico afirma que a água é o maior purificador dos seres-humanos-aí-no-mundo e dos Deuses.

 

O historiador e biógrafo dos antigos filósofos gregos, Diógenes Laércio (180 240) afirma positivamente que Pitágoras (cerca de 570 a. C cerca de 495 a. C), após ter sido Iniciado em todos os Mistérios dos gregos e dos bárbaros, foi ao Egito e, em seguida, visitou os caldeus e os Magos.

 

Precisamos nunca esquecer de que as Doutrinas Secretas dos magos, dos budistas pré-védicos, dos hierofantes de Thoth ou o Hermes Egípcio e dos Adeptos de qualquer século ou nacionalidade, incluindo os cabalistas caldeus e os nazars judeus, sempre foram idênticas desde o início.

 

 

 

 

Não devemos confundir o Budismo exotérico, instituído pelos seguidores de Gautama Buddha, nem a moderna Religião Budista, com a Filosofia Secreta de Sâkyamuni, que, em sua essência, é certamente idêntica à antiga Religião da Sabedoria do Santuário o Bramanismo Pré-védico. Portanto, por Budismo devemos entender a Religião que significa literalmente a Doutrina da Sabedoria, e que precede, em muitos séculos, a Filosofia Metafísica de Siddhârtha-Sâkyamuni.

 

Também devemos sempre considerar que todos os deuses, sejam os dos zoroastristas, sejam os do Veda, são apenas poderes ocultos e personificados da Natureza, servidores fiéis dos Adeptos da Sabedoria Secreta a Magia.

 

Tal como os essênios, que eram pitagóricos em todos os seus hábitos e doutrinas, Jesus era um reencarnacionista.

 

Pregamos a Sabedoria (apenas) àqueles que são Perfeitos, disse o Apóstolo Paulo. Esta frase só pode ser entendida da seguinte forma: Pregamos as Doutrinas Esotéricas mais profundas (ou finais) dos mistérios (que foram denominados Sabedoria) apenas àqueles que são Iniciados.

 

As Sete Vogais estão estreitamente relacionadas com os Sete Selos apocalípticos.

I I I I I I I...

E E E E E E E...

O O O O O O O...

U U U U U U U...

A A A A A A A...

M M M M M M M...

S S S S S S S...

 

Todas as doutrinas estão estreitamente relacionadas.

 

Na Antigüidade, toda a porção civilizada dos pagãos que conheciam Jesus honrava-O como um Filósofo e um Adepto, a quem colocavam no mesmo nível de Pitágoras e de Apolônio. De fato, Jesus foi, sem qualquer margem para dúvida, um dos maiores reformadores, inimigo inveterado de todo dogmatismo religioso, perseguidor do fanatismo e mestre de um dos mais sublimes códigos de ética, o que o faz uma das maiores e mais bem-definidas figuras no panorama da história humana. Sua luta pode ser resumida da seguinte forma: reconhecimento, por parte de toda a Humanidade, de apenas um Pai o Desconhecido, no alto e apenas um irmão toda a Humanidade, embaixo.

 

O maior de todos os estados sobre a Terra o mais raro de todos os fenômenos psicológicos é a união perfeita do Espírito Imortal com a Díada Terrestre. Mas, são muito raras são essas encarnações!

 

Todo Espírito Imortal que se irradia sobre um ser humano é um Deus o Microcosmo do Macrocosmo, parte e parcela do Deus Desconhecido, a Causa Primária de que Ele é uma emanação direta. O que isto significa? Significa que todo ser-humano-aí-no-mundo possui todos os atributos da sua Fonte Original. Entre esses atributos estão a onisciência e a onipotência. Dotado de tais atributos, mas, incapaz de manifestá-los enquanto está no corpo, durante cujo período estes atributos são obscurecidos, velados e limitados pelas faculdades da natureza física, o ser-humano-aí-no-mundo, habitado pela Divindade, poderá, por esforço e mérito, se elevar, pôr em evidência seus Conhecimentos Divinos, fazer prova de seus Poderes Deíficos, se tornar imortal, enquanto está encarnado na Terra e viver para sempre na Vida Eterna.

 

Os antigos jamais sustentaram o pensamento sacrílego de que as Entidades Perfeitas [Perfeitas porque se esforçaram para se tornar Perfeitas] eram encarnações do Supremo, do Deus Para Sempre Invisível. Nenhuma profanação da terrível Majestade ocupava qualquer lugar em suas concepções. Moisés e seus protótipos e tipos eram, para eles, apenas seres-humanos-aí-no-mundo completos, Deuses sobre a Terra, pois, seus Deuses (Espíritos Divinos) haviam penetrado seus tabernáculos santificados, os Corpos Físicos purificados. Os antigos chamavam Deuses aos Espíritos Desencarnados dos Sábios e dos Heróis. Daí a acusação de politeísmo e de idolatria por parte de aqueles que foram os primeiros a antropomorfizar as abstrações mais sagradas e mais puras de seus ancestrais.

 

No passado, os Hierofantes podiam provar a legitimidade das suas afirmações e a plausibilidade de suas doutrinas, ao passo que hoje os fiéis devem se contentar com a fé cega.

 

Eu acreditava em demônios,
e morria de medo.
Eu acreditava no inferno,
e morria de medo.
Eu acreditava em bruxaria,
e morria de medo.
Eu acreditava no incrível,
e morria de medo.
Compreendi e me Illuminei,
e perdi o medo!

 

A Mente Divina é eterna e é Pura LLuz disseminada através de esplêndido e imenso espaço (Pleroma1a). É a Geradora dos Aeons.1b

 

Se o mundo tivesse se desembaraçado dos seus exageros dogmáticos, teria, certamente, possuído um sistema religioso baseado na pura Filosofia Platônica, e muito se teria ganho com isto.

 

Pai Desconhecido, Eterno, Incriado e Sem Nome (Substância Incriada do Desconhecido, Mônada Eterna e Ilimitada, o Âdi-Buddha) —› Nous (Mente) —› Logos —› Phronêsis (Inteligências) —› Sophia (Sabedoria Feminina) + Dynamis (Força).

 

Ao descrever o Sistema de Basílides (117 – 138), Ireneu ou Irineu de Lyon (cerca de 130 – 202), citando os gnósticos, declara o seguinte: Todo aquele que afirma que Cristo morreu é ainda escravo da ignorância; todo aquele que nega tal afirmação está livre, e compreendeu o Desígnio do Pai.

 

Cristo vive
em cada ente-aí.
Cristo vive
em todos os entes-aí.
Cristo é
cada-todo ente-aí.

 

Tudo o que é limitado é [m]i[ra]lusão2; tudo o que é Eterno e Ilimitado é Realidade. Forma, cor, o que ouvimos, o que sentimos ou o que vemos com nossos olhos mortais só existem na medida em que cada um de nós concebe tais coisas através dos sentidos. O Universo, para um cego de nascença, não existe em forma ou cor, mas, existe em sua privação (no sentido aristotélico), e é uma realidade para os sentidos espirituais do cego. Vivemos todos sob o poderoso domínio da fantasia da [m]i[ra]lusão. Apenas os Originais Superiores e Invisíveis, emanados do Pensamento do Desconhecido, são seres, formas e idéias reais e permanentes. Na Terra, vemos apenas seus reflexos, mais ou menos corretos, e sempre dependentes da organização física e mental da pessoa que os contempla. Séculos incontáveis antes de nossa era, o Místico Hindu Kapila expressou magnificamente essa idéia nos seguintes termos: O homem (o ser-humano-aí-no-mundo físico) vale tão pouco, que é coisa árdua fazê-lo compreender sua própria existência e a da Natureza. Talvez, o que consideramos como Universo e os vários seres que parecem compô-Lo nada tenham de real, e não passem de produto da ilusão contínua mâyâ dos nossos sentidos. E disse o moderno filósofo alemão Arthur Schopenhauer (Danzig, 22 de fevereiro de 1788 Frankfurt, 21 de setembro de 1860), repetindo essa idéia filosófica de 10.000 anos de idade: A Natureza não existe per se [em si mesma]. A Natureza é a ilusão ilimitada dos nossos sentidos.

 

 

 

 

 

O ser-humano-aí-no-mundo que cumpre atos piedosos, mas, interesseiros [ou seja, hipotéticos] (visando exclusivamente à sua salvação), pode alcançar as fileiras dos devas (santos), mas, aquele que cumpre desinteressadamente os mesmos atos piedosos se vê liberto para sempre dos Cinco Elementos (da matéria). Percebendo a Alma Suprema em todos os seres-aí e todos os seres-aí na Alma Suprema, oferecendo sua própria [personalidade-]alma em sacrifício, ele se identifica com o Ser que brilha em seu próprio esplendor.

 

 

 

 

 

 

O que a História mostra à saciedade é que os padres da Antigüidade não buscavam a Verdade, mas, apenas, o reconhecimento público das suas interpretações subjetivas e afirmações injustificadas.

 

Nem na Cabala Oriental nem no Gnosticismo o 'Deus-de-Tudo' jamais foi antropomorfizado.

 

Os Apóstolos receberam de Jesus uma 'Doutrina Secreta' que Ele próprio a ensinava.

 

Alegoricamente, ao comer o Fruto, transgredindo o mandamento egoísta e injusto, o ser-humano-aí-no-mundo, lentamente, foi se tornando capaz de compreender os Mistérios da Criação. [E, simbolicamente, só continuando a comer esse Fruto ele escapulirá do calabouço de matéria e se Libertará.]

 

 

 

Continua...

 

 

 

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Notas:

1a 1b. Aeon (do grego, ), Eon, Éon ou Eão, no Gnosticismo, é cada uma das entidades emanadas de Deus e que existem no Pleroma (do grego, ), que, geralmente, se refere à totalidade dos Poderes Divinos.

2. [M]i[ra]lusão = Miragem + Ilusão.

 

Música de fundo:

The Spheres
Interpretação: Stetson University Concert Choir

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=52J1RIINUYM

 

Páginas da Internet consultadas:

http://monstergif.com/tag/skeleton/

https://marianpopovych.com/

http://www.netanimations.net/

http://www.relativelyinteresting.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aeon_(gnosticismo)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pleroma

https://www.feeduvida.com.br/

https://myloview.com.br/

https://edoc.site/queue/isis-sem-veuvoliiihpblavatsky-pdf-free.html

 

Direitos autorais:

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